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C ONSIDERAÇÕES I NICIAIS

III. A COMPETITIVIDADE REGIONAL NA REGIÃO DE BARREIRAS A ocupação de fronteiras agrícolas e a promoção de territórios produtivos tem

III.1. F ATORES C OMPETITIVOS P RESENTES NA R EGIÃO DE B ARREIRAS

O ineditismo da pesquisa realizada por Giordano (1999:173) foi propor um sistema de comparação de competitividade inter-regional, baseado em critérios definidos, que possibilitou graduar qual região de fronteiras agrícolas, avaliando-se Barreiras/BA e Balsas/MA, é mais competitiva que a outra, no atual processo de globalização. Para a análise de competitividade das regiões, o autor optou por escolher uma série de critérios demonstrativos.

O primeiro deles são os fatores de competitividade presentes no país, sejam: localização geográfica, estoque de terras, preços da terra, disponibilidade e custo da força de trabalho, capital, crédito, conhecimento, compradores, industrializadores, infra-estrutura, saúde pública e educação. Outros fatores de competitividade regional selecionados para a análise são: as políticas públicas – verificando se existem, se são compatíveis com os programas e temas existentes e se estão em andamento ou paralisados; a demanda doméstica pelos produtos do complexo – verificando-se a existência de mercado interno para os produtos ofertados; a demanda internacional pelos produtos do complexo agroindustrial trabalhado; o standard internacional de qualidade com habilidade para exportar dentro do tempo, local e forma desejado pelos consumidores; a capacidade de sobreviver e crescer em mercados concorrentes ou novos; e, por fim, a evolução da participação no mercado, com custos de produção compatíveis.

Os estudos elaborados por Giordano (1999) concluem que a região de Barreiras, no Oeste Baiano, leva uma vantagem competitiva regional em relação à Balsas/MA, de acordo com o método proposto na tese por ele apresentada.

Os resultados da pesquisa de campo elaborada por GIORDANO (1999:187- 190) apontam que a região de Barreiras tem boas vantagens relativas à sua localização, situada na formação geográfica denominada Serra Geral; além de possuir amplas áreas desocupadas e, portanto, contando com disponibilidade de terras, cujos preços ainda são baratos, em grande parte por conta da sua acessibilidade e quantidade de estradas e rodovias asfaltadas, comparando-se com a região de Balsas/MA.

A força de trabalho presente em Barreiras é mais qualificada e abundante e a preços mais razoáveis, devido em grande parte à maior oferta de trabalhadores especializados e disponíveis para trabalhar assalariadamente nas fazendas. Segundo a pesquisa realizada, a concorrência e oferta deste tipo de trabalhadores em Barreiras são maiores do que em Balsas, no Maranhão; devido, essencialmente, à estrutura agrária de cada estado. Para Giordano (1999:167), “o Maranhão tem uma estrutura menos concentrada que a Bahia, com um grande número de pequenos produtores que ainda estão ligados e trabalhando em suas propriedades, enquanto que na Bahia, com módulos maiores e estrutura mais concentrada, favoreceu o aparecimento de um número maior de trabalhadores especializados e disponíveis para trabalhar assalariadamente nas fazendas”.

Avaliando-se os escritórios de assistência técnica, responsáveis pelos projetos técnicos que dão suporte aos financiamentos e pelos técnicos e funcionários das agências locais do Banco do Nordeste, verifica-se que o capital disponível para investimentos e o crédito destinado às atividades agropecuárias estão presentes em Barreiras e em bom nível. O item conhecimento técnico apresentou um padrão melhor em Barreiras quando comparado a Balsas. Há a presença de compradores, multinacionais e traders em ambas as regiões, sendo que os industrializadores estão presentes apenas em Barreiras, conferindo a esta região uma vantagem muito expressiva. A saúde pública e educação também registraram melhores níveis do que aqueles encontrados em Balsas, e são considerados fatores fundamentais para a atratividade de pioneiros para esta região.

O autor avalia, ainda, outros fatores, para o conjunto das duas regiões. As políticas públicas, praticamente as mesmas para as duas regiões, foram melhor orientadas em Balsas, tanto no volume quanto na atração de agricultores através de

projetos específicos. Com relação às demandas domésticas e internacionais, verificou-se que Barreiras atende principalmente o mercado doméstico do Nordeste com óleo e farelo lá processados, enquanto Balsas atende principalmente o mercado internacional, fornecendo soja grão para a exportação.

Face o desempenho recente na atividade sojícola, tanto Barreiras como Balsas apresentam standard internacional de qualidade, com muito boa capacidade de sobrevivência e crescimento em mercados concorrentes ou novos. Quanto à evolução da participação no mercado, com custos de produção compatíveis, Barreiras registra melhor desempenho.

O estudo elaborado por Giordano aborda a produção de soja, no mercado globalizado, como uma atividade acumuladora de riquezas e formadora de regiões no Brasil. Descreve o agronegócio da soja, avaliando as condições e fatores da ciência, técnica e informação envolvidos; e, por fim, prova em sua tese que o mercado sojícola brasileiro é globalizado. E, ao propor um método comparativo analisando-se fatores que exprimam a competitividade regional, conclui que a região de fronteira agrícola presente em Barreiras/BA insere-se no processo de globalização de forma competitiva.

A pesquisa realizada foi de cunho qualitativo, como afirma Giordano (1999:191), contando com “a qualificação dos entrevistados, escolhidos em função de suas atividades e do grau de interferência nos negócios da região, ao invés de realizar uma amostragem estatística”.

Na análise empírica aqui pretendida, toma-se como ponto de partida a tese comprovada por Giordano, de que a região de Barreiras é competitiva, inserindo-se no processo de globalização, a partir da sua especialização produtiva no sistema agroindustrial. A tentativa agora é por reconhecer os efeitos gerados por tais processos, avaliando-se as mudanças na ocupação espacial e na dinâmica urbana, devidas pela intensificação da produção agrícola, maior ocupação por unidades de armazenamento e de processamento dos produtos, bem como pelo espaço que deverá ser ocupado pelos terminais multimodais de transporte. A análise dos impactos sentidos pelo meio sócio-econômico é realizada no Capítulo IV, mensurando-se alguns indicadores quanto à disparidade de renda, à mobilidade da

população, à dinâmica econômica e a análise de alguns aspectos ambientais relevantes.