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Facilitadores da Transferência de Tecnologia

1. INTRODUÇÃO

2.4 TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA

2.4.3 Facilitadores da Transferência de Tecnologia

Existem muitos fatores que podem facilitar os resultados da transferência de tecnologia universitária, como as mudanças políticas internas e as práticas organizacionais, além das políticas públicas que aumentarão o fluxo de tecnologia para o setor privado (FRIEDMAN; SILBERMAN, 2003). Muitos são os fatores que levam à variação na transferência de tecnologia entre instituições, primeiramente, podem-se citar as diferenças inerentes a cada país: o Reino Unido foi o primeiro a desenvolver alguma política e a fazer um esforço intensivo para a criação de incentivos para as universidades se engajarem em interações sistemáticas com as empresas e a sociedade, enquanto a Itália somente em anos recentes introduziu algumas políticas deste tipo (GEUNA; MUSCIO, 2009).

Para Geuna e Muscio (2009), a empresa, a universidade e as próprias características do pesquisador explicam a variedade de aspectos que podem facilitar a transferência de tecnologia. Em alguns casos, decisões estratégicas da universidade levam-na ao investimento da institucionalização das atividades de transferência de tecnologia; já em outros, a rede de contatos do pesquisador facilitará o sucesso de cada interação; e, finalmente, as características da empresa e sua disponibilidade para capturar os conhecimentos vindos da universidade serão fatores determinantes (GEUNA; MUSCIO 2009).

Analisando sob a perspectiva das empresas, a diversidade de modelos de cooperação U-E é dependente de atributos específicos relacionados e que podem facilitar a interação com a academia, quais sejam: tamanho, status (matriz ou subsidiária), setor, capacidade de inovação (medida pelo nível de gastos em P&D) e proximidade geográfica com a universidade (LEVY; ROUX; WOLF, 2009).Em relação às universidades, após a análise de 309 departamentos universitários na Áustria, destacam-se os seguintes atributos que incidem nesta interação com a empresa: o tamanho, características de pesquisa, como o número de publicações internacionais por pesquisador e o tipo de campo científico (SCHARTINGER; SCHIBANY; GASSLER, 2001).

Além desses, pode-se dizer que um clima empreendedor tem um impacto significativo e positivo sobre todas as produções da transferência de tecnologia universitária (RASMUSSEN; MOEN; GULBRANDSEN, 2006); assim como uma missão clara do NIT, focada no licenciamento e na geração de rendimento através

de royalties, obterá uma maior produção de licenciamentos e rendimentos através de royalties; e um alto percentual de pagamento de royalties para os membros da faculdade facilita a produtividade das atividades de transferência de tecnologia (LINK; SIEGEL, 2005; MAYA, 2008), sendo o fator mais importante, que influencia o número de acordos para licenciamento e o número de invenções avaliáveis para licenciamento.

Siegel, Waldman e Link (2003) investigaram noventa e oito interações U-E em cinco universidades americanas e concluíram que os fatores mais críticos são os sistemas de gratificação para a faculdade envolvida na interação, a remuneração e as práticas do staff do NIT e as barreiras culturais entre empresas e universidades (SCHATINGER; SCHIBANY; GASSLER; 2001; MAYA, 2008). Facilitariam, frente a esses fatores críticos, o compromisso mútuo para obter os resultados esperados e o estabelecimento de canais e mecanismos de comunicação (MAYA, 2008), podendo influenciar nas atividades de transferência de tecnologia.

Sendo assim, a comunicação pode ser reconhecida como um dos fatores que influenciam a busca de uma relação satisfatória entre universidade e empresa (CRUZ; SEGATTO, 2009). Isso pode ser observado na carência de comunicação em relação ao que está sendo pesquisado nas universidades e as tecnologias disponíveis, bem como o que pode ser relevante para a empresa (SCHARTINGER; SCHIBANY; GASSLER, 2001; RAPINI; RIGHI, 2006).

Na realidade brasileira, os estudos de Cruz e Segatto-Mendes (2009), Segatto-Mendes e Mendes (2006) e Silva (2007) ressaltaram como facilitadores da transferência de tecnologia: a percepção dos distintos objetivos e culturas de cada ator envolvido na interação, a intensificação dos contatos informais para o desenvolvimento de confiança e linguagem comum e a realização de cursos na universidade pelos integrantes das empresas.

No que diz respeito aos recursos para pesquisa, ficou evidenciada a importância do momento atual vivido pelo país, no que tange a atuação do governo e das agências de fomento, no sentido de disponibilização de financiamento para as atividades em parceria entre universidade e empresa (SEGATTO-MENDES; MENDES, 2006; CUNHA; NEVES, 2008; AMADEI; TORKOMIAN, 2009). A proximidade geográfica foi demonstrada como um facilitador da interação U-E, dada a característica parcialmente tácita do conhecimento que vem a originar as inovações (BOTELHO; CARRIJO; KAMASAKI, 2007).

Fatores ligados a estruturas de apoio e o mecanismo de gestão por elas desenvolvido podem facilitar a interação (FUJINO; STAL, 2007; SANTANA; PORTO, 2009; GUARNICA; TORKOMIAN, 2009), bem como políticas claras da universidade que incentivem uma cultura de depósito de patentes (AMADEI; TORKOMIAN, 2009; GUARNICA; TORKOMIAN, 2009). Cabe à alta administração definir políticas de operação dos escritórios e a estrutura organizacional, as quais terão impacto direto sobre sua atuação (FUJINO; STAL, 2007).

A existência de um setor específico na empresa para tratar as atividades de interação com a universidade também facilita o processo de transferência tecnológica (GUARNICA; TORKOMIAN, 2009). Segatto-Mendes e Mendes (2006) destacam em um estudo de interação U-E, a realização, pelos engenheiros da empresa, do curso de mestrado na universidade parceira. Esse fato promoveu uma maior facilidade de comunicação, entrosamento e aproximação, com relação tanto aos objetivos quanto ao ambiente acadêmico e empresarial (SEGATTO-MENDES; MENDES, 2006).

O Quadro 7 apresenta os fatores que podem facilitar a transferência de tecnologia, na interação U-E.

Quadro 7. Fatores que intervêm na transferência de tecnologia. Fonte: a autora (2011)

FACI

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UNIVERSIDADE AUTORES

- Políticas internas e práticas organizacionais favoráveis.

Friedman e Silberman (2003); Segatto-Mendes e Mendes (2006); Fugino e Stal (2007); Cunha e Neves (2008); Santana e Porto (2009); Amadeie Torkomian (2009); Guarnica e Torkomian (2009) eGeuna e Muscio (2009).

- Características do pesquisador. Geuna e Muscio (2009). - Rede de contatos do pesquisador. Geuna e Muscio (2009).

- Tamanho. Schartinger, Schibany e Gassler (2001). - Características da pesquisa. Schartinger, Schibany e Gassler (2001). - Tipo de campo científico. Schartinger, Schibany e Gassler (2001). - Número de publicações por pesquisador. Schartinger, Schibany e Gassler (2001).

- Clima empreendedor. Rasmussen, Moen e Gulbrandsen (2006).

- Missão clara do NIT. Rasmussen, Moen e Gulbrandsen (2006); Segatto-Mendes e Mendes (2006); Cunha e Neves (2008) e Amadeie Torkomian (2009).

- Alto percentual de pagamentos de royalties

para os membros da faculdade. Rasmussen, Moen e Gulbrandsen (2006); Link, e Siegel (2005); Maya (2008); Siegel, Waldman e Link (2003). - Número de tecnologias licenciáveis. Link e Siegel (2005).

- Remuneração e práticas do staff do NIT. Schatinger, Schibany e Gassler (2001); Maya (2008). - Estabelecimento de canais de comunicação. Cruz e Segatto (2009);Schatinger, Schibany e Gassler (2001);Rapini e Righi (2006).

-Intensificação dos contatos informais. Segatto-Mendes e Mendes (2006); Silva (2007). - Estruturas de apoio e seus mecanismos de

gestão. Fugino e Stal (2007); Santana e Porto (2009) e Guarnica e Torkomian (2009); Amadeie Torkomian (2009).

EMPRESA AUTORES

- Disponibilidade da empresa em absorver

conhecimentos vindos da universidade. Geuna e Muscio (2009); Maya (2008).

- Tamanho. Levy, Roux e Wolf (2009);Schartinger, Schibany e Gassler (2001). - Status (matriz ou subsidiária). Levy, Roux e Wolf (2009).

- Setor. Levy, Roux e Wolf (2009). - Capacidade inovativa (medida pelo nível de

gasto de P&D). Levy, Roux e Wolf (2009).

- Proximidade geográfica com a universidade. Levy, Roux e Wolf (2009) e Botelho, Carrijo e Kamasaki (2007). - Percepção dos distintos objetivos e culturas. Schartinger, Schibany e Gassler (2001); Segatto-Mendes e Mendes (2006); Silva (2007); Maya (2008).

- Realizar cursos de pós-graduação nas

universidades parceiras. Segatto-Mendes e Mendes (2006); Silva (2007). - Setor específico na empresa para tratar

atividades de transferência de tecnologia. Guarnica e Torkomian (2009).

GOVERNO AUTORES

- Políticas públicas. Friedman e Silberman (2003). - Disponibilidade de recursos via agências de