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Factores que incidem no crescimento do Turismo Desportivo

CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA INVESTIGAÇÃO

2.3 O Desporto

2.3.4 Factores que incidem no crescimento do Turismo Desportivo

Entre os diferentes factores que permitem a expansão do turismo desportivo, Esteve (1995), aponta os seguintes:

1. A faculdade de captar o interesse e a atenção de grandes audiências; 2. A faculdade de gerar e promover grandes fluxos de espectadores; 3. Ser razão e permanente fonte de notícias.

Estes factores são encontrados em diferentes e em inúmeras ocasiões e estão em íntima conexão com o fenómeno do turismo. Assim, uns Jogos Olímpicos ou uns Campeonatos do Mundo geram enormes expectativas no local onde se celebram os eventos. Este poder de “convocatória” reflecte-se em muitas ocasiões em milhares de espectadores.

Também pode acontecer que um espectador passivo se possa converter num espectador activo, fazendo desse mesmo espectador um participante caso se trate de uma competição desportiva popular.

Por outro lado, todo o fluxo de notícias, gerado pelos jornalistas destacados para o local, constitui um foco muito importante de atracção turística, contribuindo dessa forma para a promoção turística desse local (Esteve:1995).

A análise de Esteve (1995) reforça a nossa ideia da compatibilidade e necessária conexão entre o turismo desportivo activo e passivo. Para De Knop (2004) existem outros factores mais específicos, quer positivos, quer negativos e que se podem resumir em cinco grupos:

1) Aspectos sociológicos e psicológicos:

 Para um determinado segmento populacional a prática desportiva poderá permitir aceder a elevados índices de auto estima e status;

 A existência de uma necessidade de mostrar afecto pela vida familiar conduz às férias, que constituem um momento válido para desfrutar com a família;

 As pessoas que manifestam um desejo de auto confiança e auto respeito, recorrem ao desporto para alcançar algo na sua vida;  Na sociedade urbana a fuga à realidade e problemas

quotidianos, explica a necessidade do regresso à natureza e a preferência por actividades desportivas em espaços abertos;  A sociedade está fechada sobre si mesma e ao mesmo tempo

sente a necessidade de manter contactos sociais, com a actividade desportiva, entre outras, favorece esses contactos. 2) Aspectos relacionados com a saúde:

 Aqueles que vão de férias sentem a necessidade de obter uma boa forma e de a manter no futuro. Cuidar do corpo, bem-estar, o sol e o esforço físico proporcionam uma sensação de saúde;  Existe a necessidade de as pessoas se afastarem da

confusão/stress das cidades e se deslocarem para a costa, montanha.

3) Aspectos Económicos:

 Para De Knop, o turismo desportivo é um fenómeno que interessa principalmente à classe económica média alta. O autor refere ainda o aparecimento de uma nova profissão, a gestão dos fenómenos desportivos, resultante do aparecimento do segmento turístico desportivo.

4) Aspectos Políticos:

 O autor afirma de forma contundente que a estabilidade política é uma condição sine qua non para o turismo desportivo, dando como exemplo, os acontecimentos turístico-desportivos de grande envergadura com os Jogos Olímpicos que se viram afectados

negativamente por determinadas circunstâncias políticas (Apartheid).

5) Aspectos Técnicos:

 A quantidade e qualidade dos meios de transporte e acessibilidades possibilitam as viagens e férias de desporto para locais distantes, do local de residência habitual;

 As novas tecnologias permitem a prática da actividade desportiva fora do contexto natural da sua prática (por exemplo, esquiar numa pista artificial).

Hoje em dia e previsivelmente em contínuo crescimento, a sociedade reconhece as inúmeras possibilidades e vantagens proporcionadas pelas férias activas.

O Professor De Knop distingue três distintos sectores que combinam o desporto com o turismo:

1. O sector 1 corresponde às férias em que o lazer é o principal objectivo, possuindo no entanto algum conteúdo desportivo activo;

2. O segundo sector é constituído pelas férias ou, não férias, com algum conteúdo desportivo, como por exemplo uma viagem de negócios intercalada com a prática de golfe ou uma semana de formação com momentos de relax. Neste sector, os hotéis apresentam grande importância dado que oferecem aos seus clientes instalações desportivas.

3. O terceiro é constituído pelas não férias mas com conteúdo desportivo como por exemplo, a viagem de uma equipa desportiva para participar numa prova desportiva. Aqui entram todos os acontecimentos mega desportivos (Torneio de Wimbledon e Jogos Olímpicos) e outros acontecimentos de índole desportiva que atendem a diferentes factores (por exemplo, por regiões geográficas, Jogos da Ásia e Jogos do Mediterrâneo; por carreiras ou profissões, as universíadas; políticos, a

Commonwealth; orientação sexual, Jogos Gay, etc.).

Como existe alguma sobreposição entre estes três sectores, a inter relação entre o desporto e o turismo segundo De Knop pode ser representada no esquema da figura 2.14.

Figura 2.14 – Inter relação entre Desporto e Turismo

Fonte: Adaptado de Fernández, Pilar: 2002; 75

Seguindo este autor, no que ele denomina as férias com um determinado conteúdo desportivo (Sector 1), abordam-se quatro distintas categorias de férias:

1. As férias desportivas puras – para este autor a forma mais conhecida de férias desportivas, são as que são constituídas pelas férias de esqui em neve e que revestem diferentes formas: para principiantes ou participantes experimentados, para jovens e adultos, numa escola de esqui, num curso de esqui, num clube de esqui ou de uma forma privada e por último, organizado como actividade privada livre. Outra das formas que se destaca neste grupo é as viagens de aventura (excursões com sherpas no Nepal,

rafting, etc.).

2. As férias (organizadas) em o que o desporto está claramente identificado como não sendo o objecto principal, se bem que constitui uma parte importante do tempo de férias. Neste caso, é referida a fórmula de clube, tendo como exemplo, a notoriedade e o valor que possui a nível mundial o Clube francês Med16.

3. Participação esporádica em desportos que se promovem durante o período de férias. Por exemplo, a participação num curso de vela, surf ou de mergulho decorrente de uma oferta promocional, durante o período de férias na praia.

16 O Club Med tem mais de 40 anos de existência, tendo-se convertido num império de 1,3 biliões de dólares, com 110 1

Férias

3 Não Férias

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4. A actividade desportiva privada durante as férias (individual ou em grupo). É cada vez mais frequente, durante o período de férias, a prática de diferentes modalidades desportivas.

2.3.5 Novas tendências do Desporto – Os Desportos de Aventura em