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CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA INVESTIGAÇÃO

2.2 O Turismo

2.2.6 O Cluster do Turismo em Portugal

O Mercado do Turismo em Portugal

O turismo, sendo uma multiplicidade de actividades de resposta a procuras diferenciadas, apresenta por isso uma enorme heterogeneidade que não permite que se considere o Turismo um sector típico de uma classificação de actividades económicas. As actividades turísticas radicam num denominador comum, a existência do viajante. Nesta perspectiva, a análise do cluster turismo pressupõe como foco “o visitante”8, a partir do qual se tenta perceber o conjunto de actividades ligadas às

crescentes movimentações das pessoas.

Portugal, ocupa a 16ª posição quanto a chegadas de turistas (12 milhões em 2000) quando em 1995 estava na 17ª posição do ranking mundial, tendo já estado na 14ª posição em 1990.

Quanto a receitas geradas pela actividade turística, Portugal, em 2000, contabilizou 5.131 milhões de dólares americanos, estando na 24ª posição mundial, enquanto em 1995 estava na 22ª posição e em 1990 na 19ª.

Em termos europeus, Portugal detém uma quota de mercado das chegadas de 3%, enquanto a quota das receitas é cerca de 2%.

Turismo Nacional Perfil dos Turistas

Segundo a D.G.T., no segundo trimestre de 2006, cerca de 18,1% dos turistas nacionais com 15 ou mais anos realizaram viagens turísticas, o que significa um acréscimo de 0,8% de viagens comparativamente com o trimestre homólogo do ano anterior. Considerando as características sócio-demográficas da população que viajou, observa-se que a repartição por sexo manteve a tendência de períodos anteriores, com uma ligeira predominância do sexo feminino (51,6%) relativamente ao sexo masculino (48,4%). Quanto à situação perante o trabalho a população activa representava 64,0% e 36,0% a população inactiva.

8 A Organização Mundial de Turismo (OMT:1995) define visitante como qualquer indivíduo que viaje a um local que esteja fora do seu ambiente habitual por um período inferior a 12 meses e cujo motivo principal da visita não seja o de exercer uma actividade remunerada no local visitado.

No que diz respeito ao nível de instrução, verifica-se que 47,7% dos turistas possuíam o ensino básico, 21,8% o ensino secundário, 23,2% o ensino superior. Os restantes 7,3% não possuíam qualquer grau de ensino.

Do conjunto de indivíduos que realizaram viagens, verifica-se que 51,2% viajou por Lazer, Recreio e Férias, 29,6% em Visita a Familiares e Amigos, 11,4% por razões Profissionais e de Negócios e 7,8% por Outros Motivos.

Características das Viagens

Ainda segundo a D.G.T. no segundo trimestre de 2006 os turistas residentes em Portugal realizaram 3,2 milhões de viagens, menos 5,9% do que no trimestre homólogo do ano anterior. Portugal foi o principal destino para 87,1% das viagens, enquanto as deslocações ao estrangeiro representaram os restantes 12,9%.

Cerca de metade destas viagens (49,7%), ocorreram por motivo de lazer, recreio e férias, 30,9% por visitas a familiares e amigos, 13,2% por razões profissionais e de negócios e 6,2% por outros motivos.

Portugal foi o principal destino para cerca de 87,1% das viagens, representando as deslocações ao estrangeiro os restantes 12,9%. Destas, aproximadamente 43,2% realizaram-se por motivos profissionais e de negócios, 42,8% por lazer, recreio e férias e 14,0% por visita a familiares e amigos.

O automóvel foi o principal meio de transporte, utilizado em 74,0% das viagens, seguindo-se o avião (11,8%), o autocarro (8,6%) e o comboio (2,2%). Nas viagens ao estrangeiro destacou-se a preferência pelo avião (63,5%), que foi igualmente a principal opção nas deslocações profissionais (72,5% desse total).

No que diz respeito à organização da viagem, cerca de 48,2% não beneficiaram de qualquer tipo de marcação, 45,5% foram organizadas directamente pelos turistas e apenas 6,3% resultaram do recurso a agências de viagem ou operadores turísticos. As deslocações profissionais e de negócios apresentaram o maior número médio de viagens por turista (2,3), com a duração média mais prolongada (5,9 noites) e o maior montante de despesa média diária por turista (71,0 euros). As visitas a familiares e amigos originaram, em média, 2,1 viagens por turista, com uma duração média de 3,4 noites e o menor valor de despesa média diária (21,1 euros).

As deslocações por motivo de lazer, recreio e férias determinaram em média 1,9 viagens por turista, com uma duração média de 3,9 noites, correspondendo a uma despesa média diária de 44,1 euros.

Relativamente ao ambiente de gozo de férias dos portugueses, tal como se pode verificar no gráfico 2.2, a Praia ainda continua a ser o destino preferido de 66,6% dos turistas nacionais. No entanto, em 2005 verificou-se uma diminuição de 5,1% da procura face ao ano de 2004.

O crescimento da procura por outro tipo de ambientes, como as montanhas, o termalismo e o turismo urbano revela efectivamente variações homólogas positivas de 1,4%, 0,9% e 1,5% respectivamente.

Gráfico 2.2– Distribuição em %, das férias dos portugueses por tipo de ambiente

Fonte: DGT, “Férias dos Portugueses 2005”

O turismo urbano, que inclui cidades históricas e culturais, é outro segmento relevante do turismo mais tradicional que continua a expandir-se. No entanto, as mais elevadas taxas de expansão comercial registam-se nos nichos de mercado constituídos, por exemplo, pelo turismo aventura ou o Ecoturismo. O turismo de negócios representa também um segmento em acentuado crescimento, que tem merecido uma atenção especial por parte dos operadores turísticos.

Tradicionalmente, o nosso país apresenta uma elevada dependência de um número reduzido de mercados emissores: em 2005, somente 5 países originaram 82% do total das entradas de turistas em território nacional – Espanha: 48%, Reino Unido: 15%, Alemanha: 8%, França: 6% e Holanda: 4%.

Gráfico 2.3 – Entradas e gastos médios diários dos turistas estrangeiros (2000- 2006)

Fonte: DGT, “Os números do turismo em Portugal – 2006”

Entre 2000 e 2006, os gastos médios diários por turista (gráfico 2.3) apresentaram uma redução média anual de 1,9% a preços constantes. Estes números poderão indicar que o mercado português tem sido visitado sobretudo pelas classes médias baixas dos principais países europeus, indiciando uma menor eficiência em termos qualitativos.

No entanto, entre 1998 e 1999, parece ter existido uma inversão desta tendência (eventualmente como resultado da Expo 98), uma vez que o crescimento das receitas (8%) foi claramente superior ao crescimento das entradas (2,7%), traduzindo um crescimento da receita média por turista (5,2%) superior ao da taxa de inflação (4,1%). As alterações na estrutura etária da população influenciam muito a natureza das férias. O "turismo sénior" é um segmento de mercado que se tem evidenciado como emergente, apresentando elevadas taxas de crescimento, representando ainda mais de 20% das viagens feitas por europeus, sendo um segmento de mercado particularmente importante para Portugal.

Os reformados representaram 19,8% de todos os turistas, em 2002, sendo esta procura liderada pelos ingleses (25%), alemães (21%) e franceses (20%) que são claramente superiores à dos espanhóis (11%).

Apesar de Portugal ser um mercado com condições para atrair praticamente todo o tipo de turismo: sol/praia, cultural /histórico, desporto/saúde, religioso, de negócios, etc., o recurso turístico mais explorado é indubitavelmente o sol/praia, proporcionado por um clima aprazível e uma faixa costeira extensa e diversificada.

No entanto, nos últimos anos tem-se verificado uma tendência para diversificação da oferta, nomeadamente, nas actividades culturais, desportivas e ligadas à natureza, suportada pelo desenvolvimento e integração de recursos como o alojamento em pousadas e turismo em espaço rural, campos de golfe, parques naturais e outras áreas protegidas, assim como, portos e marinas. Assim, alguns dos “novos” produtos turísticos que têm vindo a ser promovidos passam por aldeias preservadas, com características paisagísticas e culturais únicas; casas senhoriais, preservadas ou recuperadas e que permitem turismo de habitação; marinas, ligadas à prática de desportos náuticos e ao contacto com a natureza; estâncias termais de diversos tipos; diversas localizações classificadas como património mundial e atracções diversas, como, por exemplo, os casinos ou outro tipo de animação como o campo de golfe.

Actividades do Cluster Turismo

O conceito de cluster subjacente à presente abordagem pressupõe que a actividade turística depende de actividades e empresas relacionadas, a montante, a jusante e na órbita da sua própria esfera da oferta, actuando de forma interligada através da co- responsabilização dos diversos intervenientes, fundamental para a competitividade do turismo. Desta forma, consideram-se as actividades do cluster (conforme a figura 2.8) segundo os seguintes níveis de aproximação ao foco que é o visitante:

 Conjunto de actividades com determinadas características que oferecem bens e/ou serviços e que deixariam de existir em quantidades significativas se não houvesse consumo turístico, núcleo ou core do cluster, como sejam a restauração, o alojamento, os transportes, as agências de viagem e os operadores turísticos;

 Conjunto de actividades conexas que oferecem serviços ou produtos que são afectados significativamente pelo turismo, ou são importantes para o turismo, independentemente do nível de utilização do produto;

 Actividades económicas, não directamente turísticas, nomeadamente, a construção e outras de forte conteúdo local, potenciadas pelo turismo;

 Outras actividades, de cariz horizontal, que influenciam o desenvolvimento do turismo.

Figura 2.8– Actividades do cluster turismo e suas relações com o foco

Fonte: GEPE, 1998

TIC no Turismo

As inter-relações entre estes diferentes intervenientes só são possíveis através da troca de informação (quadro 2.2), que se constitui assim, como determinante na actividade turística. Assiste-se a uma alteração da cadeia operacional turística, com tendência para a concentração da procura através dos meios de informação, existindo, actualmente, quatro grandes intervenientes e que são essenciais nas relações produtor/distribuidor e de grande importância para as agências de viagens, a saber:

• Galileo (representação a nível mundial); • Sabre (líder na América do Norte); • Amadeus (líder na Europa);

• Worldsplan/Abacus (líder na Ásia/Pacífico).

Conexas FOCO • •• Transportes • ••

Actividades culturais/ recreativas • •• Aluguer de veículos • •• Actividades Desportivas Potenciadas • •• Comércio • •• Construção Core do Cluster ••• Alojamento • •• Transportes Aéreos • •• Agências de Viagens • •• Operadores Turísticos Ordenamento do Território Promoção Preservação Ambiental Ensino/Formação Financiamento

Quadro 2.2 - Importância da informação no turismo

Actores Necessidades de informação turística Visitante (procura) Sobre destinos turísticos, facilidades,

disponibilidades, preços, informação geográfica, clima…

Alojamento, restauração e transportes

(oferta) Sobre empresas, turistas, intermediários, concorrentes… Operadores turísticos e agências de viagem

(intermediários Sobre tendências no mercado turístico, destinos turísticos, facilidades, disponibilidades, preços, pacotes turísticos, concorrentes…

Organizações de promoção e marketing Sobre tendências do turismo, dimensão e natureza de fluxos turísticos, políticas e planos de desenvolvimento…

Fonte: Adaptado de: “Tendências Internacionais em Turismo”, Costa, J., Rita, P. e Águas, P., 2001.

O desenvolvimento de redes no âmbito da oferta turística apoiado pelas TIC permite o fornecimento de produtos turísticos especializados inovadores e completos. As organizações turísticas cada vez mais beneficiam com a crescente utilização da Internet no fornecimento de serviços de informação personalizados, na obtenção de conhecimento sobre o mercado, sobre a concorrência, e no desenvolvimento do próprio comércio electrónico.

O turismo é uma das actividades que mais rapidamente se integrou na dinâmica da nova economia, assente nas TIC, com a divulgação e comercialização dos seus produtos pela Internet, onde assumiu desde logo uma posição destacada.

A oportunidade de trabalhar em rede conduz a uma maior divulgação da oferta turística disponível, fornecendo, simultaneamente, um instrumento adicional para melhorar a gestão empresarial e a informação relativamente ao mercado.