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A FACULDADE DE FILOSOFIA DO NORTE GOIANO E O PROFESSOR NAPOLEÃO ARAÚJO DE AQUINO:

No documento Patrimônio cultural no Estado do Tocantins: (páginas 124-126)

HISTÓRIA EM PORTO NACIONAL (1985-1992)

2. A FACULDADE DE FILOSOFIA DO NORTE GOIANO E O PROFESSOR NAPOLEÃO ARAÚJO DE AQUINO:

INTERFASES

A Faculdade de Filosofia do Norte Goiano (FAFING), traz no seu “sobrenome” a sua localização, o “Norte Goiano”. Assim, Porto Nacional, foi o município goiano escolhido para sediar a primeira instituição de ensino superior nessa região. Com a promulgação da Constitui- ção Federal de 1988 e consequentemente, a criação do Estado do Tocantins (TO), o município de Porto Nacional passou a fazer parte desse estado.

Assim, com a criação do TO, a Faculdade de Filosofia do Norte Goiano (FAFING), passou pelo processo de mudança de “sobrenome”. Na Lei Estadual nº. 136 de 21 de fevereiro de 1990, por meio da qual a entidade foi incorporada à Fundação Universidade do Tocantins (UNITINS), está denominada de Faculdade de Filosofia do Tocantins (FAFITINS), no entanto, mediante o Decreto nº 173 de 27 de julho de 1990, foi alterado para Faculdade de Filosofia de Porto Nacional.

Em se tratando do professor Napoleão, ele também fez essa trajetória, pois nascido no município de Pedro Afonso, então Estado de Goiás, perto da Aldeia do Funil e Rio do Sono (zona rural), com o desmembramento do município de Pedro Afonso criou se a cidade de Lizarda e, assim sendo, os seus documentos de identificação pessoal constam como natural dessa cidade.

O professor Napoleão de Aquino, por meio das suas memórias, apresenta a discussão realizada em Porto Nacional, em torno de uma nova nomenclatura para a FAFING:

Politicamente, o termo Norte Goiano era uma palavra-chave até então porque estava associada com a ideia de isolamento. O isolamento que era cantado em prosa e verso por sulistas e nortistas. Para o pessoal do sul, nele estava explicito toda uma questão um pouco discriminatória. Os intelectuais do norte reforça- vam esse sentimento, só que para justificar a criação do Tocantins. Mas era im- portante também para marcar a identidade do povo daqui, em oposição ao sul. Com a criação do Tocantins, no primeiro momento nós queríamos transformar a FAFING em FAFITINS, Faculdade de Filosofia do Tocantins. Uma tentativa meio petulante porque se queria dar novamente uma expressão regional para a Faculdade, mas nessa época já existiam outras no estado. Por isso decidimos e voltamos atrás. Nós fizemos a discussão para ficar como Faculdade de Filosofia de Porto Nacional. (TITO, 2011, p. 62).

Se tratando, portanto, da criação da FAFING, teve como mentor do projeto o professor Ruy Rodrigues da Silva, natural de Porto Nacional, então Secretário de Educação e Cultura de Goiás. A Lei de criação nº 4.505 do dia 12 de agosto de 1963, aprovada pelo governador Mauro Borges Teixeira, estabelecia a implantação dos cursos de Línguas Modernas, Vernáculas, Pedagogia, Matemática, Física, Geografia e História.

De acordo com Tito (2011), a criação dessa instituição está alinhada a alguns fatores como: O Plano de Desenvolvimento Regional proposto por Mauro Borges, e precisamente como parte integrante desse projeto político a educação de qualidade por meio de professores qualificados em instituições de ensino superior, o que não existia nessa região central do Brasil e, consequen- temente, no norte do estado de Goiás.

No entanto, percebe-se que, principalmente, por algumas razões políticas como a implan- tação do Regime Militar no Brasil (1964-1985) e consequentemente, a cassação do Secretário de Educação de Goiás no período, Ruy Rodrigues e a falta de professores especializados para o magistério do ensino superior, essa instituição só iniciou as suas atividades no ano de 1985, duas décadas depois da sua criação.

Vale destacar que, enquanto isso, por outro lado, o professor Napoleão mudou-se, como muitos outros jovens do norte de Goiás que queriam continuar os estudos, para a capital do Estado, Goiânia, em janeiro de 1978. Fez o exame vestibular para o curso de História e passou na Universidade Católica de Goiás (UCG), atual Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e, posteriormente, conseguiu transferência para a Universidade Federal de Goiás (UFG), na qual concluiu o curso em 1986.

Nos anos 1980 a Secretaria de Educação do Estado de Goiás, com o propósito de prover a extrema necessidade de qualificar professores para as escolas de 1º e de 2º graus de ensino público e particular do norte do Estado, e, acompanhando o processo de expansão do ensino superior via interiorização do ensino (BALDINO, 1991; DOURADO,1997), propõe a criação de três Faculdades de Ciências e Letras na região centro-norte de Goiás. Pelo Decreto nº 2.413/84 e Lei 9.550/84 foram criadas as Faculdades de Educação Ciências e Letras a serem instaladas nas cidades de Araguaína e Porangatu.

Conforme a professora Ivanilde Mascarenhas, ex-aluna da 2ª turma do curso de História, a criação dessas instituições provocou a reação da população de Porto Nacional a exigir a implan- tação da FAFING, nesse município, que por sua vez já tinha sido contemplada legalmente por meio da Lei Estadual nº. 4.505, de 12 de agosto de 1963.

Esta faculdade foi transformada em autarquia estadual por meio da Lei nº 9.449, de 30 de maio de 1984, tendo por sede e foro a cidade de Porto Nacional (GOIÁS, 1984). Em comple- mentação foi assinado o Decreto 2.428, de 12 de dezembro de 1984 que dispõe sobre a estru- turação e as atribuições dessa instituição. Por meio desse decreto, a FAFING teria autonomia patrimonial, financeira, administrativa, disciplinar e didático-científica, enquanto a Secretaria de Educação e Cultura de Goiás exerceria as atribuições do poder público estadual cooperando técnica e financeiramente com a instituição a ela jurisdicionada (MAYA, 2007).

O seu funcionamento, portanto, foi autorizado por meio do Decreto Federal nº 91.365 de 21 de junho de 1985, com base na Resolução do Conselho Estadual de Educação de Goiás – CEE -GO nº 049 de 14 de março do mesmo ano (MEC/CFE,1992).

Com a criação da Faculdade de Educação Ciências e Letras de Porangatu (FECELP) e a necessidade de professores licenciados, o professor Napoleão de Aquino, que já era concur- sado do Estado de Goiás, para o magistério da educação básica, foi para Porangatu, trabalhar na Delegacia Regional de Ensino (DRE) e na Faculdade, como professor auxiliar, a partir de abril de 1987. No ano seguinte, 1988, passou, também a ministrar disciplinas na FAFING e como professor substituto na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas de Gurupi (FAFICH). Esta Faculdade, de cunho privado, mantida pela Fundação Educacional de Gurupi, entidade municipal, tomou como base o Decreto nº. 94.787 de agosto de 1987. Dessa forma o professor Napoleão, em 1988, atendia as três faculdades.

Assim, com a criação do Estado de Tocantins, o professor Napoleão faz opção pelo quadro de funcionários da Secretaria de Educação desse novo Estado e pela Faculdade de Filosofia em

Porto Nacional. Portanto, no mês de fevereiro de 1989, o professor inicia a sua trajetória pro- fissional definitiva na FAFING, curso de História, e a partir, principalmente, desse ano, as suas histórias se confundem.

A sede da FAFING foi o Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Porto Nacional, Tocantins. O prédio, de propriedade particular, pertencente às Irmãs Dominicanas, foi cedido à Faculdade através de um convênio celebrado inicialmente, entre a Secretaria de Educação de Goiás e o Colégio Sagrado Coração de Jesus. Com a criação do Estado do Tocantins, o Convênio foi celebrado entre o Colégio Sagrado Coração de Jesus e a Secretaria de Educação do Tocantins (MEC/CFE,1992).

Em relação à instalação e o funcionamento da FAFING no Colégio Sagrado Coração de Jesus, o professor Napoleão Araújo de Aquino destaca que:

A estrutura do Colégio emprestada para a fundação da Faculdade era magnífica. Aquilo chamava a atenção para os professores que vinham de outras regiões. Foi um papel realmente importante que precisa ser sempre lembrado por todos que hoje frequentam o atual campus que abriga o curso de História. Essa contri- buição possibilitou o surgimento de uma Faculdade em Porto Nacional. (TITO, 2011, p. 56).

Com a promulgação da Lei 136 de 1990, a FAFING foi incorporada à UNITINS, porém só foi efetivamente integrada à essa instituição por meio do Decreto n.º 2080 de 1991 e, posterior- mente, ao Centro Universitário de Porto Nacional, em 1992, via Decreto n.º 5697.

3. O CURSO DE HISTÓRIA EM PORTO NACIONAL: SUA

No documento Patrimônio cultural no Estado do Tocantins: (páginas 124-126)