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QUADRILHA JUNINA PULA FOGUEIRA

PALMAS: MEMÓRIA, TRADIÇÃO E PATRIMÔNIO

3. ORIGENS HISTÓRICAS DO MOVIMENTO JUNINO EM PALMAS

3.2. QUADRILHA JUNINA PULA FOGUEIRA

A quadrilha junina Pula Fogueira foi fundada em 1º de outubro de 2011, por um grupo de 12 pessoas, com o objetivo de se apresentar nos maiores eventos da capital. Todos já faziam parte de outros grupos juninos, porém havia a vontade de fazer algo inovador. A quadrilha nasceu com o desejo de trazer mudanças estéticas significativas e de fazer uso da criatividade em suas apresentações. Sua Sede fica na região Norte de Palmas, na Quadra 305 Norte, onde desen- volve suas atividades sem fins lucrativos. A Pula Fogueira utiliza o espaço da Escola Municipal Paulo Freire para ensaios. De forma idêntica a outros grupos, seus gestores não tiram férias, pois precisam se debruçar sobre a elaboração e o formato do próximo espetáculo, mesmo antes do final de uma temporada. Essa quadrilha se apresentou pela primeira vez em 2013, após um ano e meio de sua fundação. Isso aconteceu porque o grupo passou esse período se estruturando, tanto financeiramente quanto na conquista de brincantes. Para que a quadrilha pudesse competir tinha que ter, no mínimo, 16 pares, sendo essa uma tarefa difícil, já que o grupo era novo na capital. A Figura 3 nos mostra uma fotografia da Pula Fogueira, em 2015:

Figura 3 - Quadrilha Junina Pula Fogueira

Fonte: Arquivo pessoal de Diego Neves, 2015.

Ao longo desse período, da pós-fundação até chegar em 2018, permaneceram apenas dois integrantes da formação original: a Presidente Bruna Martinovski e seu Vice-Presidente. Essa é uma realidade de muitos grupos, já que vários componentes não permanecem motivos de trabalho, estudo e família. Tais impedimentos se tornam mais evidentes durantes os ensaios das apresentações, ou seja, conciliar o compromisso de fazer parte da quadrilha com os afazeres do dia a dia pode ser um empecilho para alguns integrantes, já que não há uma remuneração, apenas dedicação à quadrilha.

A Pula Fogueira visa competir no mesmo nível das quadrilhas que já estão há muito tempo no Movimento Junino, sempre trabalhando com ideias diferentes, priorizando a qualidade no figurino e no repertório musical, produzidos e importados do Ceará, que é considerado um grande polo junino, além do fato de que o valor orçamentário das peças a serem compradas é menor do que o é cobrado em Palmas.

O resultado do trabalho sério, persistente e dedicado converte-se em títulos e boas classi- ficações nas competições que a quadrilha Pula Fogueira participa. Em 2015, foi a campeã do grupo de acesso. Ainda, em 2015, obteve o primeiro lugar no Centro-Oeste, em um concurso nacional que aconteceu em Palmas. Em 2016, a Pula Fogueira foi vice-campeã do circuito junino de quadrilhas. A Figura 4 apresenta uma de suas fotografia, em 2016:

Figura 4 - Quadrilha Junina Pula Fogueira

Fonte: Arquivo pessoal Diego Neves, 2016.

Em 2017, a Quadrilha Junina Pula Fogueira conquistou o título de Melhor Rainha do TO, garantindo a vaga para representar o Estado no Concurso Nacional de Rainhas. No ano seguinte, a quadrilha conquistou o título de segunda Melhor Rainha do Brasil. Atualmente a quadrilha contabiliza 50 pessoas em sua equipe, dividida em: brincantes, equipe de cenário, maquiadores, cabelereiros e os familiares mais próximos dos brincantes, que acompanham e ajudam no trans- porte de alguns membros. A Figura 5 nos mostra a Rainha da Pula Fogueira, em 2017:

Figura 5 - Rainha da Quadrilha Junina Pula Fogueira

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As quadrilhas juninas em Palmas fazem parte do saber e do fazer cultural, com antigos e novos saberes que se mesclam e são passados de geração em geração, sem seguirem um modelo ou padrão em um formato único a ser seguido. Diferentemente do que ocorre no Nordeste, no Pará e em Brasília, em que muitos grupos se assemelham, é possível perceber a unidade de temáticas, dos figurinos, das músicas e das coreografias, as quadrilhas de Palmas se diferenciam pelo marcapasso, nos giros, na ordem de apresentações e dos destaques, e na forma como o marcador se apresenta no espetáculo.

As quadrilhas juninas de Palmas apresentam uma miscelânea de influências e de refe- rências culturais, vindas de vários lugares do Brasil. Vale ressaltar que não foi sempre assim, haja vista que os grupos juninos foram se modificando ao longo do tempo, passando do estilo tradicional matuto/caipira para o estilizado. E essas modificações são satisfatórias e bem aceitas por todos os quadrilheiros. As festas juninas, nascidas do sincretismo religioso17 e cultural, têm

apresentado cada vez mais um formato carnavalesco, trazendo inovações e grandes investi- mentos para entreter o público com espetáculos que valorizam a cultura e a expressão cultural brasileiras.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Decreto-Lei nº 12.390, de 3 de março de 2011. Disponível em: https://www.al.to.leg. br/arquivos/Lei_3278-2017_43148.PDF. Acesso em: 10 abr. 2020.

BRASIL. Decreto-Lei nº 3.278, de 8 de novembro de 2017. Disponível em: https://www.al.to. leg.br/arquivos/Lei_3278-2017_43148.PDF. Acesso em: 10 abr. 2020.

BRASIL. Decreto-Lei Federal nº 3.551, de 4 de agosto de 2000. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3551.htm. Acesso em: 10 abr. 2020.

CASTRO, Maria Laura Viveiros de; FONSECA, Maria Cecília Londres Fonseca. Patrimônio

imaterial no Brasil. Brasília, DF: Unesco/Educarte, 2008.

FEQUAJUTO. Disponível em: https://pt-br.facebook.com/FederacaoDeQuadrilhasJuninasDo- Tocantins/. Acesso em: 10 abr. 2020.

IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Disponível em: http://portal. iphan.gov.br/. Acesso em: 10 abr. 2020.

17 O sincretismo religioso remonta as origens de outros povos antigos e foi trazida para o Brasil no formato de homenagem a três santos católicos: São João, São Pedro e Santo Antônio.

RUSSO, Vincenzo. Pater, pátria e a memória como patrimônio: sobre K.: relato de uma busca, de Bernardo Kucinski. Estud. Lit. Bras. Contemp., n. 50, p. 35-46, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2316-4018503. Acesso em: Acesso em: 11 abr. 2020.

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Disponível em: https://en.unesco.org/. Acesso em: 11 abr. 2020.

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