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4.1 Metodologia de Implementação de Plano de Manutenção para Equipamentos Indiretos

4.1.4 Fase 4 Manutenção Autónoma

Este tipo de Manutenção não é atualmente utilizado na IKEA Industry Portugal, no entanto existem algumas fábricas do grupo, em que esta prática já se encontra em funcionamento. Portanto, foi pensado e estudado qual seria a possibilidade de implementar, num período de curto/médio prazo, a técnica de Manutenção Autónoma sem que isto afetasse o rendimento atual da fábrica e as condições dos equipamentos que esta possui.

Como tal, foi necessário definir várias linhas orientadoras, agrupadas em 3 grandes pontos, que levariam a uma introdução correta e eficaz desta técnica.

Preparação e Criação de Condições à implementação de Manutenção Autónoma

Antes de se introduzir uma nova filosofia devem estar reunidas algumas condições para que esta não falhe logo na fase de implementação. Para tal, é necessário que seja definida a estratégia de implementação de cuidada e com tempo para que nenhum passo seja ultrapassado e que, posteriormente, venha a ser prejudicial para a empresa. Este passo é bastante importante uma vez que condiciona o seu sucesso, como é possível verificar no ponto 2.3.1 da presente dissertação.

A primeira tarefa que deve ser realizada pela empresa é perceber em que consiste esta nova filosofia, quais as alterações que esta irá trazer ao processo produtivo e às funções dos operadores de produção e dos técnicos de manutenção e quais são as vantagens e desvantagens da introdução de uma filosofia de Manutenção Autónoma. Associado a isto, a gestão do IKEA Industry Portugal deve identificar qual a melhor altura para se iniciar este processo, uma vez que, se este for introduzido numa época em que a necessidade de produção é demasiada elevada a probabilidade de falhar também aumenta. Um bom período para se iniciar a implementação desta técnica é o mês de Setembro, início de um ano fiscal, uma vez que a produção se encontra parada nas duas primeiras semanas de Agosto, permitindo assim treinar e formar os colaboradores para a nova filosofia.

Analisados todos os prós e contras da aplicação, o próximo passo deve ser a análise dos KPIs definidos na primeira fase do Plano de Manutenção, com especial atenção para o indicador de percentagem de cumprimento de Manutenções de 1º Nível. Isto deve-se ao facto de estas intervenções serem realizadas pelos operadores de produção, à semelhança do que acontecerá quando este tipo de manutenção for implementado.

Posto os dois pontos anteriores, e quando decidido o avanço para a implementação de Manutenção Autónoma, os responsáveis do Departamento de Manutenção e de Produção devem ser os primeiros a procurar conhecer e perceber como irá funcionar o processo produtivo da fábrica quando a nova estratégia se encontrar completamente operacional e quais

as alterações que esta trará a nível organizacional. Para isto, podem ser realizadas algumas atividades, tais como:

 Visitas a empresas do grupo IKEA Industry, onde esta prática já se encontra em prática e com sucesso;

 Participar em formações, lecionadas por profissionais com experiencia nesta filosofia, onde serão descritas todas as técnicas necessárias e essenciais para a implementação de manutenção autónoma;

 Analisar os indicadores chaves destas empresas, antes e depois da aplicação da nova filosofia, de modo a perceber quais os benefícios e as desvantagens que esta acarreta. A participação dos responsáveis é importante desde o início do processo uma vez que é bastante provável que existam casos de colaboradores que resistam à mudança de filosofia, e a sua participação desde o primeiro momento passa a imagem de um total comprometimento com o projeto por parte de toda a organização.

Definição de tarefas dos operadores

Nesta fase, é importante definir quais serão as tarefas que serão realizadas nesta prática de manutenção. Na Manutenção de 1º Nível todas as tarefas realizadas pelos operadores de produção passam pela utilização dos sentidos humanos, como é o caso da visão, tato, olfato e audição, para verificar a condição de um determinado componentes, o desgaste e a degradação dos mesmos, se os equipamentos enquanto trabalham fazem ruídos que nunca antes fizeram, se a produção de pó e sujidade é maior que o normal, se existem fugas de óleo, entre outras atividades.

Com a introdução da técnica de Manutenção Autónoma, o número de tarefas a realizar pelos operadores de produção irá aumentar uma vez a partir do momento em que seja implementada os operadores passarão a ser “donos” dos equipamentos e, consequente, as responsabilidades e o número de tarefas irão aumentar. Para além das tarefas descritas no parágrafo anterior, juntam-se novas tarefas como por exemplo: limpeza dos equipamentos e componentes, lubrificação dos mesmos, do aperto de parafusos e porcas, eliminação de fontes de sujidade e facilitar acesso a áreas que necessitam limpeza e/ou lubrificação.

Como tal, é de extrema importância definir com clareza quais serão as tarefas que os operadores de produção e que os técnicos de manutenção irão realizar, de modo a que não ocorram tarefas repetidas, evitando assim a perda de tempo que poderia ser utilizado em outras tarefas. É também bastante importante ter definido quais os equipamentos e máquinas que serão responsabilidade de cada operador de produção.

O ponto anterior ajuda na definição da tarefa considerada como a mais importante quando uma organização deseja implementar esta prática, o treino e a formação dos operadores. Antes de se iniciar esta fase, é necessário definir que tipo de formações cada operador de produção deve ser sujeito de forma a não ocorrer formações desnecessários e, por consequência, ocorrer confusão nas tarefas que cada deve realizar posteriormente. A formação e o treino dos operadores podem ser realizados segundo diversas estratégias:

 Os formadores deslocam-se a outras fábricas do grupo e recebem formação de colaboradores desses locais e, posteriormente, treinarão os operadores da fábrica do IKEA Industry Portugal.

 As empresas fornecedoras das máquinas e dos equipamentos são contratadas para darem formação e treino aos operadores de produção, visto que conhecem todas as necessidades e cuidados que os equipamentos necessitam;

 Os técnicos de manutenção realizam as tarefas de formação e treino dos operadores de produção, uma vez que, até ao momento, eram estes que realizavam as tarefas de manutenção.

A empresa pode optar por seguir apenas uma destas estratégias ou uma combinação das mesmas, sendo a segunda hipótese a mais aconselhada. É importante numa primeira fase a visita a outras instalações do grupo e receber formação dos seus trabalhadores, no entanto, serão os técnicos de manutenção e os colaboradores que trabalham na fábrica em Portugal que melhor conhecem o equipamento e as condições de trabalho uma vez que se encontram todos os dias em contacto com eles. Todavia, as informações dos fornecedores também devem ser consideradas e consultadas, sendo que estes são especializados nos respetivos equipamentos. Relativamente ao conteúdo das formações, estas devem ser divididas em teóricas, onde são explicadas as técnicas de manutenção, como se devem realizar, o porquê e as vantagens da sua realização, e em práticas, no local de trabalho onde se encontram os equipamentos. Durante as formações práticas, os formadores ou os técnicos de manutenção devem realizar a intervenção de modo a que todos os operadores percebam como se realiza a intervenção de forma detalhada. Para além das formações recebidas, é aconselhado que os operadores consultem os manuais dos equipamentos pelos quais irão ficar responsáveis.

Por fim, durante esta fase do processo de implementação deve ser realizada uma constante monitorização e controlo das formações, pois é imprescindível que todos os operadores adquiram as competências e conhecimentos para a realização das intervenções. Como tal, no final de cada formação deve ser realizada uma pequena avaliação dos conceitos abordados de modo a garantir que estes foram assimilados e compreendidos.

Controlo das atividades de Manutenção Autónoma

Terminado o processo de formação dos operadores, é necessário realizar um passo importante antes do inicio efetivo do processo de Manutenção Autónoma, a criação por parte do Departamento de Manutenção de novas instruções de trabalho para que tanto os operadores como os técnicos de manutenção possam consultar sempre que existe uma dúvida durante a realização de uma intervenção.

As novas instruções de trabalho devem identificar qual o equipamento, área em que se encontra e o(s) operador(es) responsável(eis) pela manutenção a realizar. Deve também conter detalhadamente a ordem sequencial de trabalhos que são necessários realizar num equipamento ou componente, o tempo que demora cada atividade, fotos dos pontos do equipamento a ter em consideração e todas as indicações de segurança que um operador deve ter quando intervém na máquina.

Durante a realização das instruções de Manutenção Autónoma e quando terminadas, as atividades devem ser analisadas e discutidas com os técnicos de manutenção e com empresas externas especializadas nos diferentes equipamentos. Esta constante análise permite corrigir pequenos erros, uniformizar ferramentas, matérias, óleo e lubrificantes necessários, aqueles que já existem e os que é preciso comprar, perceber quais as condições necessárias para se efetuar a intervenção e realizar uma estimativa de tempo que é necessário disponibilizar para cada atividade.

Posto o processo de realização e aprovação das instruções de trabalho, estas devem ser introduzidas nas diversas plataformas da empresa disponíveis para todos os colaboradores para que possam ser consultadas sempre que necessário.

O último passo a definir antes dos inícios dos trabalhos de Manutenção Autónoma é a definição de alguns padrões para se realizar a comparação quando são efetuadas inspeções das intervenções. Foi pensado que seria importante definir standards de limpeza, de lubrificação, para fluxo de materiais, para métodos de registo de dados e para a gestão das ferramentas. Após esta definição, pode-se iniciar os trabalhos de Manutenção Autónoma na empresa. Todavia seria mais benéfico para a organização que a implementação iniciasse pelas zonas

apresentar resultados negativos, a influência no fluxo produtivo da fábrica será muito menor. No caso de a implementação apresentar resultados positivos, esta filosofia deverá ser introduzida nas restantes áreas.

Durante as primeiras intervenções autónomas, será necessário o auxílio e a supervisão por parte dos técnicos de manutenção, de modo a corrigir alguns erros efetuados, fornecer apoio e dar algumas informações úteis para a realização de tarefas. Durante esse período, os técnicos de manutenção acumularão com as suas tarefas habituais, o apoio aos operadores de produção.

Também, é importante durante o mesmo período, medir os tempos que cada intervenção demora a ser concluída, seguido de uma comparação com aquele tempo definido como

standard quando foram realizadas as instruções de trabalho. Com isto, será possível analisar

quais as atividades que demoram mais tempo a serem efetuada, quais podem ser melhoradas e se existem alternativas mais viáveis e mais vantajosas.

Para além disto, será necessário realizar inspeções gerais periódicas, para encontrar e corrigir pequenas anormalidades dos diferentes equipamentos, por parte dos operadores de produção. Periodicamente, serão realizadas auditorias nas diferentes linhas de produção, por parte de um membro da equipa de manutenção, com o objetivo de perceber se os operadores possuem todas as competências e conhecimentos suficientes para efetuarem a estratégia de manutenção autónoma. Será possível, através da rotina de auditorias, conhecer qual a percentagem de cumprimento das manutenções autónomas e, consoante esta, estabelecer um paralelismo com os tempos de inatividade e taxas de avarias das diferentes máquinas.

Por fim, no final de cada mês, deverão ser recolhidos todos os dados necessário para se calcular indicadores, como a disponibilidade ou a eficiência de uma linha. Após serem calculados todos os indicadores, estes deverão ser comparados com os definidos como objetivo, com a finalidade de perceber onde é que a política em questão está a apresentar piores resultados e a falhar e onde é possível melhorar. Realizada a comparação deve ser realizada uma reunião onde participa os responsáveis dos departamentos de Manutenção, Produção e Planeamento, para serem discutidas novas soluções e fazerem ajustes, se necessário, aos objetivos definidos no início do ano fiscal.

O Departamento de Manutenção deve também analisar os custos no final de cada mês, compará-los com o orçamento mensal e encontrar soluções para os reduzir, caso ultrapassem o orçamento definido. Assim, a implementação da prática de Manutenção Autónoma é realizada nos 3 níveis de atividade, descrito no ponto 2.3.2 da presente dissertação.

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