• Nenhum resultado encontrado

2.5 Disease Management

2.5.5 Fatores críticos de sucesso

Os objetivos dos programas de disease management incluem redução de custos para as operadoras de plano de saúde e melhora na qualidade de vida do

paciente (ADOMEIT ET AL, 2001;OFMAN ET AL, 2004; HAM & FERRERA, 2006; BRANDT ET AL, 2010). Nesse mesmo sentido, a Care Continuum Alliance10, organização fundada por empresas que trabalham para a prevenção das exacerbações da doença crônica, relata que um programa de disease management deve sustentar a relação entre o médico e o paciente, enfatizar a prevenção de complicações através de estratégias de empowerment do paciente. Além disso, deve avaliar os resultados clínicos e econômicos em uma base contínua. Da mesma forma, Ham e Ferrera (2006) afirmam que o programa de disease management deve incentivar os pacientes na administração de sua própria saúde. Araujo (2009), por sua vez, destaca a falta de adesão do paciente como uma das principais barreiras para o desenvolvimento do programa e defende que alguns incentivos sejam oferecidos aos pacientes, como benefícios farmacêuticos, ou assistência 24 horas por telefone.

Outro fator fundamental é a adesão do médico ao programa, uma vez que os programas de gerenciamento de doenças podem ser percebidos por esses profissionais como uma interferência na relação entre o médico e o paciente, além de uma imposição de conduta médica através de protocolos de atendimento pré estabelecidos (HUNTER E FAIRFIELD 1997;ARAÚJO, 2009). Jordan e Osborne (2006) avaliam que as incertezas que cercam os benefícios aos pacientes também são obstáculos para o comprometimento dos médicos ao programa. Os autores alertam que tais informações relacionadas aos benefícios, são necessárias para convencer médicos e pacientes do valor do programa de disease management.

A tecnologia de informação também é citada por diversos autores como fator essencial para a realização de programas de disease Management, pois serve para acesso à informação do atendimento ao cliente para a gestão do programa (FAIRFIELD & HUNTER, 1997; ADOMEIT et al, 2001; ARAÚJO, 2009; RIZK, 2010). Eisenberg (2009) reforça que o futuro dos programas de disease Management depende do uso da tecnologia de informação para acompanhamento do estado de saúde dos pacientes e, para tal, o autor aponta diversos dispositivos que foram desenvolvidos para monitorar o estado clínico do paciente de forma remota como, por exemplo, um aparelho que a partir de uma amostra muito pequena mede alterações no sangue que são enviadas ao médico em tempo real.

Após estudarem diversos programas de disease management em vários países, Brandt et al (2010) acreditam que 5 características são importantes para um programa de disease management: tamanho; simplicidade; foco no paciente; transparência de informação; e incentivo.

Tamanho: programas maiores são mais propensos ao sucesso, uma vez que podem se beneficiar dos ganhos de escala. Além disso, em programas maiores é mais fácil convencer os médicos a seguir um procedimento de tratamento ao paciente. Os autores julgam que programas menores perdem por não terem relevância estatística para análise de dados e lembram que os primeiros programas de gerenciamento de doenças possuíam no máximo 100 pacientes e que não é de surpreender que seus resultados fossem inconclusivos ou até negativos.

Simplicidade: um único médico deve ser responsável por todo o tratamento do paciente, assim como o monitoramento do avanço de sua saúde e sua aderência ao programa. Dessa forma, é possível que o médico estabeleça metas claras ao paciente.

Foco no paciente: as intervenções devem focar nas necessidades dos pacientes, além de serem replicáveis de forma simples à maioria dos pacientes. O autor relata que um dos programas de gerenciamento de doenças estudado adquiriu um monitor cardíaco de ultima geração para pacientes com problemas cardíacos; no entanto, aqueles que realmente tinham alguma chance de internação por causa do problema cardíaco não estavam familiarizados com a tecnologia e não faziam uso correto do equipamento.

Transparência de informação: antes do lançamento do programa, é necessária a definição de métricas para avaliação do que é desejado e mecanismos de coleta das informações necessárias para medi-las. Os autores colocam como exemplo de métricas, taxa de utilização, resultados da evolução do paciente e custos.

Incentivos: todos os stakeholders (pacientes, médicos e planos de saúde) de um programa de disease management devem receber incentivos tanto financeiros como não-financeiros. Por exemplo, os pacientes podem ser alertados que a participação no programa lhes trará melhor qualidade de vida, ou então receber uma coparticipação para compra de medicamentos.

Zitter (1996) em seu estudo também relaciona seis fatores-chave para o sucesso dos programas de disease management. O primeiro deles está relacionado à doença do paciente. O autor considera essencial compreender o curso da doença, ou seja, suas causas e padrões de manifestação.

Outro fator importante no disease management é a segmentação de pacientes. Isso significa que o programa de gerenciamento de doenças deve se iniciar através de uma identificação da população-alvo para a qual o programa será desenhado. Dentre diversos critérios, sugere-se: dados demográficos; gravidade da doença; comportamento em relação à adesão; histórico de custo do paciente; freqüência de uso dos recursos médicos, etc.

O terceiro ponto relevante para o programa de disease management é o seu foco em prevenção. Na visão de Zitter (1996), o verdadeiro gerenciamento de doença deve concentrar-se na prevenção, tanto por meio de medicações, como mudanças no comportamento do paciente.

O comportamento do paciente é um fator determinante na manifestação da doença crônica. Portanto, de acordo com Zitter (1996), educar o paciente é chave para o sucesso do programa. Em relação à educação, o autor coloca que é essencial que o paciente tenha disciplina com seus medicamentos e, dessa forma, o programa de disease management deve prover estímulos para o paciente seguir o tratamento, como por exemplo: telefonemas, correspondências, vídeos educativos, caixa de remédio com aviso sonoro e folhetos explicativos sobre a importância do uso do medicamento. O autor alerta que os incentivos também devem alcançar os familiares.

Proporcionar um tratamento continuado foi proposto por Zitter (1996) como o quinto fator crítico de sucesso do disease management. De acordo com o autor, o programa deve permear todas as ações de prevenção e tratamento do paciente com objetivo de evitar tratamentos mais custosos, como internações hospitalares.

Por fim, o último ponto colocado por Zitter (1996) como essencial para o desenvolvimento do disease management é o uso da tecnologia para integrar toda a informação do paciente. De acordo com o autor, tal avanço tecnológico foi fundamental para permitir o armazenamento, de forma agregada, de todos os registros dos pacientes, cujo objetivo é rastrear todo seu tratamento.

Da mesma forma, Eichert et al (1996) relacionaram o sistema de informação como um dos quatro elementos fundamentais dos programas de disease management. Os demais elementos colocados pelos autores são: tratamento clínico; avaliação de resultado; e incentivo à mudança de comportamento do paciente. Este último,

também compartilhado com Zitter (1996), que considera a educação do paciente como fator crítico de sucesso do disease management.

De acordo com Eichert et al (1996), o tratamento inclui diversos componentes que foram denominados pelos autores como um “conjunto de ferramentas” para gerenciar o paciente no sistema. A primeira ferramenta considerada pelos autores são os procedimentos clínicos. No dizer dos autores, tais instruções devem conjugar todo o tratamento do paciente. Além disso, os procedimentos devem ser apoiados por todos os agentes de saúde que interagem com o paciente. O Quadro 3 resume os principais fatores críticos de sucesso de um programa de disease management encontrados na revisão de literatura.

Fatores críticos de sucesso para DM Autores

Ser capaz de reduzir custos através de uma

melhora na qualidade de vida do paciente Adomeit et al, 2001;Ofman et al, 2004; Ham & Ferrera, 2006; Brandt et al, 2010

Adesão do Paciente (incerteza nos

resultados); educação do paciente Eichert Araujo,2009; Jordan e Osborne, 2006 et al, 1996; Zitter, 1996;

Adesão do medico ao programa Hunter e Fairfield, 1997; Araújo, 2009

Incentivos financeiros ou não financeiros aos stakeholders do programa (pacientes médicos e operadoras de plano de saúde).

Jordan e Osborne (2006), Araújo, 2009; Brandt et al, 2010;.

Presença da tecnologia de informação Eichert et al, 1996; Zitter, 1996; Hunter e Fairfield , 1997; Adomeit et al, 2001; Araújo, 2009; Eisenberg, 2009; Rizk, 2010

Programas maiores para ganhos de escala e

representatividade de avaliação Brandt et al, 2010 O médico deve ser responsável por todo o

tratamento do paciente Brandt et al, 2010 O tratamento deve focar no problema do

paciente Zitter, 1996; Brandt et al, 2010 Organização e planejamento do controle das

métricas que se desejam medir no programa Brandt et al, 2010 Foco na prevenção Zitter, 1996

Padronização do processo Eichert et al, 1996; Araujo, 2009