• Nenhum resultado encontrado

3 FRAMEWORK TEÓRICO PROPOSTO

3.3 FATORES INTERNOS E EXTERNOS

Os fatores apresentados neste estudo e que fazem parte do framework, além de embasar a análise quantitativa foram construídos a partir dos documentos da Innovate America (2004), OECD (2005), Milbergs e Vonortas (2007) e European Comission (2011), PINTEC e de autores, apresentados a seguir, que falam especificamente de cada tema relacionado aos fatores sociais, econômicos, organizacionais, políticos e de mercadológicos.

Os fatores sociais são apresentados como importantes ações para complementar as atividades das empresas e que contribuem com as atividades que indicam o surgimento de necessidades de modificações, de adequações, de mudanças e por fim de inovações. Para Bernoux (2005) a empresa não deve ser pensada em um contexto que não seja aquele de que ela desempenha papel tanto para o seu ambiente, para o ambiente intraorganizacional, assim como deve ser pensada pelo seu entorno, pelas ações e pelo papel que representa na

comunidade em que se insere. Dessa forma, as interações da empresa com o contexto que a envolve representam movimentos que são refletidos nos seus comportamentos e nas suas atuações, tanto internas como externas.

Assim, os fatores sociais exercem contribuição para o desenvolvimento das inovações, assim como são redirecionados e assumem novas características a partir do instante em que a organização passa a ter novas formas de atuação, com novos procedimentos para cuidados com o meio ambiente, com a saúde dos trabalhadores e com as normas para atuação no mercado e na sociedade.

Piteira (2010) apresenta os processos sociais como sendo o resultado das ações individuais de cada elemento sendo influenciadas pelos fatores da sociedade e que estão apresentados em um sistema complexo coordenando as ações dos indivíduos, a comunicação entre as organizações de onde surge a construção e o ressignificado das ações a ser partilhadas pelos membros da sociedade e das organizações.

Em relação aos fatores econômicos vale destacar a contribuição de Schumpeter desde o início do século XX, de onde partiram as ideias de que os impactos provocados pelas inovações podem ser tanto tecnológicos como visam o desenvolvimento econômico. Para Schumpeter o surgimento de novos produtos e processos na produção de uma empresa trazem como resultado uma nova realidade para o desempenho financeiro das empresa, contribuindo com seu crescimento e desenvolvimento.

Schumpeter diz que as empresas modificam seus comportamentos a partir da introdução e de ampliações das inovações tecnológicas e organizacionais e, que isto é constituído como elemento essencial as mudanças e transformações da empresa a longo prazo. Para Freemam (1991) os processos inovativos das empresas devem proporcionar a elas e aos governos condições para que sejam executados intercâmbios de recursos e de informações entre todos visando melhorar o desempenho das empresas e da economia para dessa forma combater ameaças de concorrentes melhor preparados.

A versão de Porter (1990) para os ganhos econômicos com as inovações versam sobre os aspectos de que são as novas tecnologias e as novas técnicas de aplicação dos processos que fazem com que as empresas desenvolvam e mantenham sua competitividade.

Para Nayak (1991), Drucker (1986), Lundvall (1992) e Porter (1990) a importância econômica da inovação para as empresas está apresentada na possibilidade que elas apresentam a empresa no sentido de proporcionar crescimento na sua lucratividade, no aumento e na manutenção da competitividade, na criação de valor e nos incrementos nos

índices de faturamento. Além disso, de acordo com os autores a inovação possibilita que a empresa seja avaliada em relação aos impactos no seu desempenho econômico, político e social obtendo ganhos a partir das suas implementações.

Os fatores organizacionais são apresentados por autores como Burns e Stalker (1961), Kanter (1983), Mintzberg (1979) e Brown e Eisenhardt (1997) como sendo fatores que são constituídos de três tipos de variáveis, as quais podem facilitar as inovações ou servir de entrave para que as empresas inovem. Os autores apresentam estas variáveis destacando a possibilidade de surgimento de inovações a partir de sua utilização pelas empresas.

Na variável estrutura de acordo com os autores citados acima aquelas que facilitam as inovações são as estruturas orgânicas, as que promovem atividades de interação ou interatividade, as integrativas ou adhocráticas. Enquanto que as estruturas que inibem as inovações são as mecânicas, as segmentadas ou burocráticas. Em função disso, Piteira (2010) propõe que sejam utilizadas as formas mistas com ações mecanicistas e orgânicas para promover as inovações nas empresas.

Além dos elementos apresentados por Piteira (2010) salienta que as inovações são oriundas de interações entre os diferentes departamentos nas empresas, assim como entre os diferentes atores no contexto das organizações de empresas. Outro elemento citado ressaltando as proposições de Mintzberg (1979) para o desenvolvimento da criatividade e surgimento das inovações é a liderança e o reconhecimento, assim como as oportunidades de crescimento e desenvolvimento dos funcionários.

A variável processo representa os fluxos e a circulação das informações, as influências executadas pelos profissionais que detém o poder nas empresas, as formas como as decisões são tomadas, o estilo de liderança, o caminho trilhado pela comunicação entre os departamentos, a disseminação e o compartilhamento das informações, do conhecimento e dos seus saberes, além da confiança adquirida (TUSHMAN, 1977; KANTER, 1983).

A terceira variável é a ambiental de onde partem as características que envolvem as organizações, as características do ambiente onde a empresa está inserida, o nível de sofisticação dos consumidores, além da origem dos ciclos de vida dos seus produtos (STREBEL, 1987; PORTER, 1990; MOORE; TUSHMAN, 1982).

Os fatores políticos para Mintzberg (1979) são caracterizados pela presença de leis, de autoridade e de normas que regem a forma como as organizações devem se comportar e embasar sua atuação. Para o autor a legislação de um País, tanto na esfera municipal como

estadual ou federal é o que influência os salários, as contribuições, os impostos, as taxas e os tributos interferindo nos direitos das pessoas e nas responsabilidades das empresas.

Para Porter (1990) as atividades políticas e seus elementos, como leis e normas, são fatores que, em alguns momentos fomentam a criatividade e a inovação e em outros momentos oferecem restrições para que elas aconteçam. Para o autor as leis, em muitas circunstâncias, estimulam o incremento da qualidade dos produtos e dos serviços, contribuindo para aumentar a eficiência, a eficácia e a competitividade das empresas.

Segundo Mintzberg (1979) destaca que as empresas buscam constantemente a sobrevivência, em função disso procuram mudar e se adaptar de forma permanente com a intenção de se manter ou de tornarem-se mais competitivas. Para isso o autor destaca que as legislações são elementos importantes para a normatização tano no que tange a crescimento como no desenvolvimento das empresas. Assim as atividades políticas e econômicas são aspectos que devem ser levados em consideração para o desenvolvimento das mudanças e para a concretização das novas atividades.

De acordo com Mintzberg (1983) faz referência a relação apresentada entre aquilo que é demonstrado pela empresa em seu ambiente interno e as interferências que ela sofre do ambiente externo. O autor destaca que essa atividade é encarada como um jogo, onde é definido quem tem maior poder organizacional e que os jogadores interagem, barganham entre si, sempre com a intenção de obter um incremento no nível de poder que exercem na empresa e no entorno, de onde é formada uma coalizão externa e outra interna. O autor salienta que jogadores influenciam e são influenciados. Os fatores políticos, no instante em que o desenvolvimento é apresentado, são elementos que contribuem com os investimentos em outros elementos, como melhora do padrão de vida, adoção de novos investimentos e incrementos nas responsabilidades e nas atribuições das empresas. Os fatores políticos no contexto organizacional é um elemento que deve ser encarado como propulsor das melhorias nas condições de vida das pessoas e na normatização das ações tomadas pelos diferentes atores que compõem a sociedade.

Os fatores mercadológicos sob o ponto de vista do empreendedor visam a obtenção de sucesso, sobretudo através do aumento do percentual de mercado em que a empresa atua. Porém de acordo com Porter (1990) é preciso que a empresa tenha cautela em suas participações em novos mercados para não gerar entraves que podem ser prejudiciais aos negócios consolidados e as novas oportunidades.

Para Porter (1990) destaca que as dificuldades de mercado são apresentadas em função da falta de preparo por parte das empresas para realizar estudos que apresentem a situação real do seu mercado de atuação atual e das oportunidades que podem ser exploradas.

A visão de mercado de acordo com Wind e Mahajan (1997) deve ter como enfoque a ideia de que o cliente não adquire simplesmente um produto, em geral, o cliente busca um conjunto de atributos e de benefícios que apresentem um valor igual ou superior àquele que ele buscava no instante em que decidiu pela compra.

Assim, os fatores mercadológicos são elementos que envolvem aspectos externos a empresa e representam incremento na competitividade e mercados potenciais. Surge então, a necessidade de pensar a empresa sob o ponto de vista de quem compra, além de estar atento as atividades e ações apresentadas pelos concorrentes.

No aspecto mercadológico são retomados os pressupostos de Schumpeter (1950) de onde renovam-se a ideia de que a inovação é destacada pela utilização dos recursos produtivos com a finalidade e desenvolver novos produtos e processos, ao desenvolvimento de novos mercados de atuação, assim como a utilização de novas fontes de fornecimento e novas técnicas organizacionais.

3.4 FRAMEWORK TEÓRICO PROPOSTO

O framework teórico desta tese foi elaborado a partir do circuito sugerido por Morin (1977). O autor ressalta a importância da ocorrência de determinadas etapas para que seja entendida a construção e o resultado dos diferentes fenômenos que ocorrem na natureza, na sociedade e no cotidiano dos indivíduos. A partir destes pressupostos teóricos o framework apresenta uma sequência para o surgimento e desenvolvimento das inovações na cadeia produtiva da maçã brasileira. A partir do referencial teórico sobre a teoria da complexidade e inovação, foi inicialmente desenhado um modelo, o qual foi encaminhado para dois (2) especialistas em inovação da Universidade Federal de Sergipe e três (3) especialistas da cadeia produtiva da maçã brasileira (Presidente da ABPM e Presidente e Vice da AGAPOMI), três (3) responsáveis técnicos dos packing-houses, sendo dois (2) do Rio Grande do Sul e um (1) de Santa Catarina e dez (10) produtores, sendo cinco (5) do Rio Grande do Sul e cinco (5) de Santa Catarina os quais após análise sugeriram algumas alterações. As alterações foram realizadas e o modelo foi reencaminhado para os especialistas que fizeram a

validação. O modelo validado foi denominado framework teórico, que foi trabalhado durante a realização da tese de doutorado para o seu aprimoramento e está representado na Figura 10.

Figura 10 – Framework teórico

Fonte: Autora (2012)

Assim, conforme os modelos de inovação, apresentado no capítulo 2, os quais sugerem que os processos de inovação passam por uma sequência de descoberta, percepção e procura, seguida de decisões no sentido de escolher o melhor caminho a ser trilhado para a sequência das atividades, assim como são verificadas também as etapas de obtenção, aquisição e implementação de ideias, recursos e procedimentos culminando com o lançamento de inovações, podendo ser estas um novo processo, produto, procedimentos de

DESORDEM Oportunidade de

Inovação

Clima

granizo, chuva, seca e frio

Mão de Obra desqualificada, escassez e rotatividade Políticas de Governo relações de mercado, comercialização, normas de importação e exportação, financiamento e empréstimo Comercialização

oscilação no preço, mercado- demanda, profissionalização, instabilidade econômica INTERAÇÕES Instituições e pessoas Elos da Cadeia Fornecedores, produtores, packing-house, distribuição e comercialização Associações e Cooperativas

ABPM, AGAPOMI, AMAP-SC, FRUTIPAR, COOPERSERRA,

FRUTIVAL, COOPERMAÇÃ

Ensino, Pesquisa e Órgãos Governo

Instituições de Ensino, EPAGRI, EMBRAPA, Secretarias da Agricultura, EMATER, MAPA,

Inmetro, IBRAF

ORDEM Inovações lançadas no

mercado ORGANIZAÇÃO

Inovações de produto, processo, marketing e organizacionais Implementações produtores, packing-house Fatores sociais, econômicos, organizacionais, mercadológicos e políticos Empresa de Consultoria Estados do RS, SC e PR

marketing ou organizacional (OECD, 2005; TIDD et al., 2005; MILBERGS; VONORTAS, 2007; INNOVATE AMERICA, 2004; EUROPEAN COMISSION, 2011).