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1 INTRODUÇÃO

2.5 MENSURAÇÃO EM INOVAÇÃO

O grande desafio das empresas que investem em inovação ainda é como e qual é a melhor forma para avaliar os resultados que as implementações das atividades inovadoras trazem a partir da sua efetivação. Existe dificuldade na mensuração dos impactos que a inovação oferece para as empresas e para o mercado (BRENTANI; KLEINSCHMIDT, 2004; FRISHAMMAR; HÖRTE, 2005).

Para Rosenberg (1976) a dificuldade de encontrar uma maneira de mensurar os resultados da inovação se dá muito em função de que estas medições são realizadas por outros setores e não aqueles que produziram na sua originalidade os processos de inovação. As medições dos investimentos em inovação vão além da mensuração daquilo que foi investido e dos resultados obtidos a partir do desempenho apresentado. Para a OECD (2005) as economias mais avançadas utilizam as diversas formas de conhecimento para o entendimento das tendências econômicas, níveis elevados de competência, além de diversas formas de informações para ter um panorama da realidade dos casos.

Assim sendo o papel que o conhecimento exerce sobre os procedimentos econômicos é essencial para o alcance de um levantamento mais adequado dos fatos e também fundamental para a criação de cenários e estratégias futuras nas organizações (OECD, 2005).

Para que sejam efetivados os diversos processos que envolvem a gestão da inovação em uma organização, assim como a mensuração dos resultados que a inovação traz a partir dos investimentos realizados, faz-se necessário o gerenciamento das competências da organização, a gestão do conhecimento e das habilidades dos seus sistemas globalmente.

OECD (2005) para uma empresa ser considerada inovadora ela deve possuir algumas características e em especial competências, as quais podem estar agrupadas em duas principais categorias, sendo então as competências estratégicas, que buscam uma visão de longo prazo, é a capacidade de identificação e de antecipação das necessidades e tendências do mercado de atuação, essas organizações devem ter uma base voltada para o entendimento e gerenciamento das informações tecnológicas e econômicas, tanto em capacidade de assimilação, entendimento, processamento e aplicação (SALOMO et al., 2007).

Se para Schumpeter (1950) a inovação é o cerne das mudanças econômicas, então significa que as inovações radicais são responsáveis por grandes alterações no mundo, ao

mesmo tempo em que as inovações incrementais vão ao longo tempo preenchendo de forma continua os processos de mudança.

De acordo com o Innovate America (2004) e Hajiyev (2006) as políticas governamentais são essenciais no apoio às empresas e ou setores que visam às inovações sejam elas oriundas de seus processos, produtos, gestão ou marketing. Sendo assim os incentivos para P&D vão além de uma simples contribuição para as mudanças econômicas são um passo no auxilio ao desenvolvimento de novas possibilidades de negócios, empreendimentos ou ampliação das atividades econômicas existentes.

Além dos levantamentos de investimentos em P&D existem outras áreas que devem ser avaliadas e que podem auxiliar tanto na promoção, quanto na restrição das inovações, sendo estes a educação, o desenvolvimento de competências, as políticas fiscais, as normas regulamentadoras ou regulamentos das atividades que envolvem uma organização. Além disso, os controles de qualidade podem ser limitadores de inovação, bem como a sistematização dos direitos autorais, de propriedade intelectual, os sistemas de patenteamento, copyright e as operações de mercado de capital (OECD, 2005).

Na mensuração das inovações podem ser levados em conta todos os fatores anteriores tanto em relação ao que limita as inovações, como os resultados atingidos com esses fatores. Também através da obtenção de dados de P&D podem ser explorados até que ponto as aplicações industriais dependem dos resultados obtidos através de pesquisa básica realizados por instituições de ensino e pesquisa, universidades e laboratórios, obtendo-se dessa forma um parâmetro para medição dos investimentos em inovação (BLANK, 2010; OECD, 2005).

A OECD (2005) apresenta que os aspectos importantes das pesquisas para medição das inovações estão diretamente ligados a capacidade de investimentos em P&D, mesmo que estes investimentos sejam muito concentrados, tanto na indústria como em áreas geográficas.

Porém, a delimitação do que é inovação ainda é um ponto crucial que apresenta muitas dificuldades, pois a grande maioria dos processos e produtos são considerados de alta complexidade em sua constituição.

As modificações são atribuídas a partir das definições quanto à caracterização e atributos de desempenho na sua forma global, assim como através das mudanças nas composições dos produtos e em que isso melhora sua eficiência e o retorno que irão proporcionar. Essas modificações embora sejam pequenas quando se leva em consideração a

sua totalidade, no entanto o impacto cumulativo pode ter consequências importantes se vistos sob uma perspectiva analítica (RANKIN, 2008; CHENG; SHIU, 2008; DING et al., 2009).

Para OECD (2005) as etapas incluídas na mensuração dos processos de inovação são constituídas da descrição dos aspectos que constituem a atividade inovadora e que podem ser medidos, tendo cuidado de não incluir aquilo que não pode ser mensurado, além de serem feitos os esclarecimentos sobre as etapas de medição e o processo realizado em paralelo. A OECD (2005) considera todo o contexto do processo em avaliação, enfatizando a relevância da empresa na inovação. Como o foco é a empresa, a medição pode ser delineada a partir de questionamentos: O que queremos medir? Como queremos medi-lo? Onde se deve medi-lo?

Onde o questionamento sobre o que queremos medir refere-se às inovações tecnológicas de produtos e processos e é tratado no nível da empresa, em um contexto complexo que envolve múltiplos resultados que podem ir além dos limites da empresa em estudo e aí surge um obstáculo que é relacionado à decisão de quais atividades e resultados podem e devem ser medidos (OECD, 2005).

O Manual de Oslo (2005) concentrou as atividades de mensuração de inovação nas categorias propostas por Schumpeter (1950). No entanto na prática percebe-se que todas as mudanças que ocorrem nos produtos e nos processos podem ser enquadradas nas delimitações citadas para mensuração. Essas mudanças não englobam somente grandes alterações, mas, também, mudanças na estética, que, por exemplo, podem ter um importante impacto na sua atratividade para os clientes, além de que podem influenciar no desempenho da empresa.

A Figura 4 apresenta a proposição da OECD (2005) para a mensuração das inovações.

Milbergs e Vonortas (2007) apresentam um framework de indicadores para análise das inovações partindo de projetos de tecnologia individual, para a empresa, para um setor da indústria ou para um nível global. Para os autores, a inovação não é uma atividade singular linear e independente, mas sim como um sistema multidimensional com interação dos fatores, processos e dos agentes colaboradores, sendo considerado ecossistema de inovação nacional.

Os autores adotaram um modelo abrangente, capaz de integrar uma ampla gama de indicadores a partir do tradicional modelo de cadeia de P&D linear. O modelo desenvolvido apresenta uma visão da inovação que reconhece o ciclo de ideation-to-market completo, incluindo entradas, os processos de empresas inovadoras, as saídas de inovação e os fatores que envolvem o contexto de impacto nas atividades de inovação. O modelo consiste basicamente nos seguintes domínios e fatores de inovação: Insumos de inovação - P&D,

talento, capital e redes; Processos de inovação - empresa privada como fonte de ideias, tempo de ciclo de desenvolvimento produto, gestão da estratégia e práticas, modelo de negócio, internacionalização da atividade inovativa e comercialização; Resultados da

inovação - que incluem saídas ao nível da empresa, tais como novos produtos, penetração e

crescimento de mercado, redução de custos, lucros, receitas e valor aos clientes. Os indicadores de impacto, como contribuição para o crescimento do PIB, emprego, produtividade, padrão de vida, competitividade e participação no mercado global.

Figura 4 – Estrutura de mensuração da inovação

Fonte: OCDE (2005, p. 42)

Milbergs e Vonortas (2007), Figura 5, além dos elementos diretamente relacionados identificaram quatro domínios que influenciam a taxa e a direção da atividade inovativa. Sendo: as condições macroeconômicas, que envolvem o ambiente fiscal/monetária, taxas de juros, taxas de crescimento econômico, globais e tendências de investimento bruto. As condições de políticas públicas como a política de financiamento de P&D, impostos, propriedade intelectual, regulação, normas e políticas de acesso ao mercado. As condições de

infraestrutura, o sistema legal, infraestrutura de informação, direitos de propriedade

intelectual, qualidade da infraestrutura física. Mentalidade nacional incluindo interesse dos jovens na ciência, fatores culturais e alfabetização científica, atitude e abertura à colaboração.

Figura 5 – Ecossistema de inovação: subsistemas e suas ligações

Fonte: Milbergs e Vonortas (2007, p. 11)

O framework da innovation union scoreboard está apresentado na Figura 6.

Figura 6 – Framework innovation union Scoreboard

Assim, o modelo do Innovate America para o contexto das inovações está apresentado na Figura 7.

Figura 7 – Framework de inovação

Fonte: Innovate America (2004, p. 7)

No Brasil o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, apoiado pela Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP, tem como parâmetro para pesquisar e mensurar as inovações do País a chamada Pesquisa de Inovação - PINTEC. A pesquisa tem a finalidade de investigar as empresas da indústria e determinados serviços selecionados. Por exemplo, na edição de 2011 os segmentos pesquisados em serviços, foram: edição e gravação, e edição de música, de telecomunicações, de tecnologia da informação, de pesquisa e desenvolvimento, de arquitetura, engenharia, testes e análises técnicas (IBGE, 2012).

Os temas abordados e a conceituação das variáveis investigadas pela PINTEC, de acordo com o IBGE (2012, que seguem a estrutura lógica para o conteúdo do questionário, cuja divisão está apresentada por blocos, onde estão dispostos os temas da pesquisa e as condições de habilitação dos 13 blocos do questionário estão representadas pela Figura 8.

Figura 8 – Temas abordados e conceituação das variáveis investigadas

Fonte: IBGE (2012, p. 17)

O objetivo da PINTEC de acordo com o IBGE é conhecer as atividades inovativas que são desenvolvidas em empresas industriais e de serviços, com a intenção de fazer o acompanhamento da evolução no tempo. A pesquisa é dirigida às empresas registradas no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) do Ministério da Fazenda, e também as registradas no cadastro do IBGE, que constam ter como sua atividade principal compreendida nas seções C e D (indústrias extrativas e indústrias de transformação, respectivamente). Pertencentes ao grupo 59.2 (edição e gravação e edição de música) e grupo 63.1 (tratamento de dados, hospedagem na internet, e atividades relacionadas); nas divisões 61 (telecomunicações), 62 (serviços de tecnologia da informação), 71 (serviços de arquitetura, engenharia, testes e análises técnicas) e 72 (serviços de pesquisa e desenvolvimento) da Classificação Nacional de Atividades Econômicas versão 2.0 (CNAE 2.0) (IBGE, 2012).

A PINTEC, IBGE (2012), apresenta às empresas pesquisadas um questionário, o qual é composto de um capítulo inicial de apresentação da pesquisa, a identificação da empresa e mais treze capítulos, os quais são destinados ao levantamento de dados dos seguintes aspectos, que podem ser subdivididos nos subitens: características da empresa; produtos e processos novos ou substancialmente aperfeiçoados; inovação de produto; inovação de processo; projetos incompletos e abandonados; atividades inovativas; fontes de financiamento das atividades inovativas; compra de serviços de pesquisa e desenvolvimento; atividades internas de pesquisa e desenvolvimento; impactos das inovações; fontes de informação; cooperação para inovação; apoio do governo; problemas e obstáculos à inovação; inovações organizacionais e de marketing e; uso da biotecnologia e da nanotecnologia.