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FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR AS ORGANIZAÇÕES A NÃO UTILIZAREM PROGRAMAS DE MENTORIA FORMAL

1 PERFIL DOS RESPONDENTES

MENTORES RESPONDENTES

3.3. FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR AS ORGANIZAÇÕES A NÃO UTILIZAREM PROGRAMAS DE MENTORIA FORMAL

Através do questionário de pesquisa aplicado nos Mentores, foi questionada a opinião dos mesmos acerca do(s) motivo(s) da maioria das empresas no Brasil não utilizarem um Programa de Mentoria Formal. Os fatores revelados serão descritos abaixo.

Para isso, foram apresentadas as seguintes opções de respostas, podendo ser escolhido mais de uma delas: "Desconhecem o processo de Mentoria"; "Não acham importante a Mentoria"; "Programa de Mentoria é muito caro"; "Programa de Mentoria é difícil de implantar na organização"; "Programa de Mentoria requer muito tempo dos Mentores"; "Utilizam outra prática de gestão do conhecimento"; "Não há uma preocupação com a gestão do conhecimento" e "Outro:", podendo neste último, o Mentor expressar um outro motivo não listado.

Como pode ser observado na Tabela 11 abaixo - o porquê das empresas brasileiras não utilizarem Programas de Mentoria, para os Mentores respondentes, a maioria das empresas no Brasil, não utilizam um Programa de Mentoria Formal porque "Desconhecem o Processo de Mentoria" (66,9%). Por isto não utilizam esta ferramenta de Gestão do Conhecimento em suas empresas. Alguns Mentores endossaram afirmando que a Mentoria Formal ainda é uma minoria em práticas usuais nas empresas.

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Tabela 11: Motivos das Empresas não utilizarem a Mentoria na visão dos Mentores

Motivos das Empresas não utilizarem a Mentoria Responses N Percent of Cases

Motivos das Empresas não utilizarem a Mentoria

Desconhecem o processo de Mentoria. 91 66,9%

Não acham importante A Mentoria. 39 28,7%

Programa de Mentoria é muito caro. 13 9,6%

Programa de Mentoria é difícil de

implantar na organização. 48 35,3%

Programa de Mentoria requer muito

tempo dos Mentores. 29 21,3%

Utilizam outra prática de gestão do

conhecimento. 34 25,0%

Não há uma preocupação com a gestão

do conhecimento. 45 33,1%

Fonte: Banco de dados da pesquisa

É possível perceber que as informações contidas nas publicações sobre o tema é algo que vem sendo crescente, mesmo que lentamente, e que as empresas estão buscando a gestão do conhecimento. E a Mentoria ainda é pouco conhecida ou até mesmo não é vista como uma ferramenta para esta gestão. Principalmente no Brasil onde apenas 10,9% das empresas fazem uso dessa prática (Nockel, 2013). Para Ragins e Kram (2007), esse desconhecimento não causa estranheza, pois é comum identificar pessoas que, mesmo participando de organizações que utilizam programa de Mentoria, desconhecem o processo e seus benefícios, ou não têm uma visão clara sobre ele. Isso significa que para esses Mentores que responderam a pesquisa, não há a rede nem a cultura empresarial da Mentoria. Por isto que desconhecem a ferramenta.

A esse respeito, foi evidenciado que em alguns encontros iniciais do processo de Mentoria, do Mentor com o seu Mentorado, o primeiro verificou que havia ausência de informação do segundo sobre o significado da Mentoria, havendo pela parte dos Mentorados, descomprometimento e confusão de ideias, achando que o programa é de coaching, ou seja, o Mentorado não sabia o que era Mentoria nem a diferença desta com o coaching. Além disso, observa-se que mesmo que, os resultados observados com a Mentoria sejam bem positivos, infelizmente, não são todas as áreas da empresa que utilizam o Mentoring, principalmente por puro desconhecimento.

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Outros motivos também emergiram nas respostas dos Mentores. Não tão enfáticos como o primeiro, mas significativos. Eles afirmaram que é porque as empresas julgam que um "Programa de Mentoria é difícil de implantar na organização" (35,3%). E complementando esta escolha, alguns respondentes detalharam suas respostas, afirmando que "há falta de pessoas (bons profissionais) com conhecimento na área para implantar um programa do gênero"; "o programa necessita de um conhecimento que a maioria das empresas não tem ou não consegue priorizar, seja pelo custo ou outras necessidades". E, ainda, "inicialmente, patinamos um pouco, pois não tínhamos muito conhecimento de como implementá-lo. Foi difícil, fomos com a cara e a coragem, e hoje, podemos afirmar que é uma prática que veio decididamente para ficar!"

É possível observar, nas respostas dos Mentores respondentes, que a implantação dos programas de Mentoria não é fáceis. Que algumas empresas estruturaram o programa, fazem o piloto, reajustam, implementam, põe em prática, mas não vão adiante porque não conseguem atingir os objetivos, geralmente por falta de acompanhamento. E isto acontece no governo federal brasileiro, onde, no mínimo, há uma década, foi proposta a implantação da gestão do conhecimento e nela a ferramenta Mentoria. Porém, raras as empresas que estão a utilizar. Em virtude disso, a Gestão do Conhecimento vêm sendo disseminada muito lentamente nas organizações. Desconhecem que ações de retenção do conhecimento e preservação da memória organizacional são importantes, e entre elas, está a Mentoria. A exemplo disso, em última pesquisa realizada em 2014 pelo IPEA, apenas uma empresa do executivo do governo federal brasileiro está utilizando um programa de Mentoria Formal como ferramenta da gestão do conhecimento (Batista, 2015).

Alguns aspectos são relatados como dificultadores na implantação de programa de Mentoria Formal, entre eles, a falta de informação sobre o programa, a falta de interesse e disponibilidade de tempo, além de acharem que o estabelecimento de relações de Mentoria Informal supriria a necessidade da experiência formal (Chaves, Ladeira, Costa, e Ramos, 2014).

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E ainda, os respondentes afirmam que nas empresas "Não há uma preocupação com a gestão do conhecimento" (33,1%). Para esses Mentores, as empresas acreditam na seleção de profissionais no mercado com os conhecimentos necessários, por isso não se preocupam com a gestão do conhecimento.

Não há uma preocupação por que: ou não se julga importante essa gestão ou porque muitas instituições não conhecem ou utilizam o termo “Gestão do Conhecimento”; todavia, executam processos – com a utilização de técnicas e ferramentas – que podem ser classificados como práticas de gestão do conhecimento (Batista, 2004). Ou até mesmo porque de fato há uma inexistência da gestão do conhecimento, limitando a aprendizagem ao nível individual (Sá Freire, Soares, Nakayama e Spanhol, 2010).

Ou mesmo, as empresas "Não acham importante a Mentoria" (28,7%). Os respondentes alegam que a grande maioria das empresas ainda não dá valor para as ações de Mentoria, qualificação e desenvolvimento de pessoas. As empresas estão mais preocupadas com os negócios e não priorizam o investimento na gestão de conhecimentos. Neste sentido, entre os respondentes, um Mentor é enfático quando diz: "se queremos formar um gestor completo, temos que falar lógico nos negócios, mas também nos processos e principalmente nas pessoas".

A não valorização da Mentoria e o julgamento de que ela não é importante está associada também ao que alguns Mentores pensam a respeito. Um Mentor pode ter a sensação de que gasta o seu tempo e energia com o Mentorado em vez de gastá-lo com os negócios (Zey, 1997). Além do que, existem Mentores que apresentam falta de interesse, de compromisso, falta de tempo, de informação sobre a Mentoria, e, ainda, julgam que as relações de Mentoria Informal suprem a necessidade da formal (Chaves, Ladeira, Costa, e Ramos, 2014).

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Os Mentores respondentes afirmam que programa de Mentoring é algo recente e ainda está em processo de amadurecimento. Mas, o que não se pode desprezar é que o recurso realmente controlador, o fator de produção decisivo é o Conhecimento (Druker, 1999). A gestão é necessária pelo valor do conhecimento como vantagem competitiva (Chiavenato, 2008). E a Mentoria é uma das formas tradicionais de transferência de conhecimento (Kammeyer- Mueller e Judge, 2008), uma técnica ou estratégia utilizada para gestão do conhecimento em empresas (Abdul-Rahman e Wang, 2010; Fehér e Gábor, 2006).

Outro motivo apontado foi que no meio empresarial "Utilizam outra prática de gestão do conhecimento nas empresas" (25%). E ainda, que "Programa de Mentoria requer muito tempo dos Mentores" (21,3%). Para os Mentores respondentes, a Mentoria exige tempo e dedicação. E por fim, "Programa de Mentoria é muito caro" (9,6%). Sua implantação e multiplicação tem custo muito alto.

De fato, o investimento direto por parte do Mentor é o tempo (Zey, 1997). Chaves et al. (2014) apontam como maior dificuldade a relacionada à disponibilidade de tempo, por parte tanto dos Mentores quanto dos Mentorados. E associam também a falta de tempo com a extensa carga horária com a necessidade de cumprir outras atividades.

Então, quando se fala em utilização de outras práticas de gestão do conhecimento que não seja a Mentoria, é que as empresas estão utilizando outras práticas, atividades ou ferramentas de gestão que possibilitam a criação, disseminação, compartilhamento e aplicação da informação e do conhecimento dentro de um ambiente e sua relação com o ambiente externo (Queiroz et al., 2009).

Pensando-se na Gestão do Conhecimento e que uma das formas de se fazer esta gestão é através da Mentoria, não podemos ignorar que o conhecimento passou a ser visto como um

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diferencial proporcionador de vantagem competitiva (Júnior, 2005) tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores (Davenport; Prusak, 1998). Então a Mentoria necessita de ser conhecida pelas empresas e pessoas que lá estão, como uma ferramenta da gestão do conhecimento dentro das organizações.

Estes resultados confirmam parcialmente as Hipóteses H2 e H3 deste estudo - H2: A não utilização de programa de Mentoria se dá devido à utilização de outras ferramentas de gestão do conhecimento (25%), porque há falta de informação (67%) ou interesse por parte das organizações sobre a Mentoria. (28,7%); e H3: A não utilização de programa de Mentoria se dá porque é difícil de implantar (35,3%) e possui desvantagens como custo (9,6%) e tempo (21,3%) dos envolvidos no processo.

A seguir serão descritos os benefícios que a Mentoria gera para os Mentores, Mentorados e organização, na visão dos Mentores respondentes.