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Questões de concurso comentadas

7. FCC – Procurador TCM/GO 2015

Durante o curso de uma ação de execução de título extrajudicial ajuizada por uma empresa particular em face de uma sociedade de economia mista, foi identificado um terreno localizado às margens de uma rodovia, pertencente à estatal e desocupado de pessoas, construções e coisas. A empresa credora requereu a penhora do bem para garantia do crédito, com intenção de levar o bem à hasta pública caso perdurasse a inadimplência da estatal. O requerimento

a) não pode ser deferido, tendo em vista que os bens imóveis que compõem o patrimônio das empresas estatais são protegidos pelo regime jurídico de direito público, sendo, portanto, impenhoráveis.

b) pode ser deferido apenas para fins de garantia do crédito, decidindo-se pela penhora e bloqueio do bem, vedada, no entanto, a alienação judicial do imóvel.

c) não pode ser deferido porque todos os bens das estatais são tacitamente afetados à prestação de serviço público, cuja essencialidade impede a disposição judicial do imóvel.

d) pode ser deferido, porque se trata de bem de natureza privada e presume-se desafetado, porque desocupado, facultado à empresa estatal a comprovação de eventual afetação do bem à prestação de serviço público para pleitear a suposta impenhorabilidade.

e) não pode ser penhorado, em razão do domínio pertencer à empresa estatal, mas pode ser adjudicado pelo credor, mantida eventual afetação à prestação de serviço público.

Comentários:

Vamos analisar cada item:

a) ERRADA. Os bens das sociedades de economia mista, entidades administrativas de direito privado, são considerados bens privados, razão pela qual não são protegidos pelo regime jurídico de direito público, que impede a penhora.

b) ERRADA. Como o terreno em questão é um bem privado, não há impedimento para que ele seja penhorado e alienado judicialmente.

c) ERRADA. Não há um reconhecimento tácito de que todos os bens das estatais são afetados à prestação de serviço público. O terreno em questão, por exemplo, nitidamente não é empregado na atividade-fim da estatal, razão pela qual não poderia ser considerado afetado à prestação de serviço público. Ressalte-se que, embora os bens das entidades administrativas de direito privado sejam bens privados, a doutrina e a jurisprudência reconhecem que, caso sejam diretamente empregados na prestação de serviço público (e isso deve ser demonstrado, e não reconhecido tacitamente), ficam submetidos a regras características do regime jurídico dos bens públicos, especialmente a impenhorabilidade e a não onerabilidade.

d) CERTA. Como dito, os bens das estatais diretamente empregados na prestação de serviço público gozam dos privilégios inerentes aos bens públicos, inclusive a impenhorabilidade. Na situação em análise, o terreno, à primeira vista, parece não atender a essa condição, pois se encontra desocupado, cabendo à estatal provar o contrário. Se não for demonstrada a afetação à prestação do serviço, o terreno poderá ser penhorado.

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e) ERRADA. O terreno pode sim ser penhorado, pois se trata de um bem privado que não está diretamente empregado na prestação de serviço público.

Gabarito: alternativa “d”

8. (FCC – TCE/CE 2015)

De acordo com a Constituição Federal e a Lei no 8.666/1993, os bens públicos I. dependem, em regra, de prévia autorização legislativa para alienação.

II. são imprescritíveis, o que significa que não são alcançados em execuções por dívidas.

III. caracterizam-se como dominicais, quando afetados a finalidade pública.

IV. os de uso especial não estão protegidos pela impenhorabilidade.

Está correto o que se afirma APENAS em a) III e IV.

b) I e III.

c) II e III.

d) II e IV.

e) I.

Comentário:

Vamos analisar cada alternativa:

I) CERTA. Na verdade, a Lei 8.666/93 exige autorização legislativa apenas para a alienação de bens públicos imóveis pertencentes a órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e não para bens móveis (art. 17).

II) ERRADA. A imprescritibilidade impede que os bens públicos sejam objeto de usucapião. A não onerabilidade é que impede os bens públicos de serem alcançados em execuções por dívidas.

III) ERRADA. Os bens dominicais são aqueles não afetados a finalidade pública.

IV) Todas as espécies de bens públicos estão protegidas pela impenhorabilidade.

Gabarito: alternativa “e”

9. (FCC – Juiz TJ/SC 2015)

Pela perspectiva tão somente das definições constantes do direito positivo brasileiro, consideram-se “bens públicos” os pertencentes a

a) um estado, mas não os pertencentes a um território.

b) um município, mas não os pertencentes a uma autarquia.

c) uma sociedade de economia mista, mas não os pertencentes ao distrito federal.

d) uma fundação pública, mas não os pertencentes a uma autarquia.

e) uma associação pública, mas não os pertencentes a uma empresa pública.

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Comentário:

No direito positivo brasileiro, o conceito de bem público é dado pelo Código Civil de 2002:

Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.

Sendo assim, correta a alternativa “e”, pois as empresas públicas não são pessoas jurídicas de direito público, e sim de direito privado. Nas opções “a”, ”b” e “d”, o erro é que estado, território, município, autarquia e fundação pública são pessoas jurídicas de direito público; logo, seus bens são bens públicos. Na opção “c”, o erro é que sociedade de economia mista é pessoa jurídica de direito privado, ao contrário do distrito federal, que é de direito público; logo, os bens da SEM são bens privados e os bens do DF são públicos.

Gabarito: alternativa “e”

10. (FCC – Analista TRT3 2015)

Rogério ajuizou ação de usucapião contra o Município de Belo Horizonte sustentando ter residido por mais de 20 anos em imóvel de propriedade da municipalidade, o qual jamais foi franqueado ao público nem utilizado para prestação de serviço ou estabelecimento da Administração. Tal bem público é denominado

a) de uso especial, não podendo ser objeto de usucapião, salvo se for desafetado por meio de lei, ganhando a qualidade de dominical.

b) de uso especial, não podendo ser objeto de usucapião.

c) dominical, podendo ser objeto de usucapião, observadas as exigências legais.

d) de uso comum do povo, não podendo ser objeto de usucapião, salvo se for desafetado por meio de lei, ganhando a qualidade de dominical.

e) dominical, não podendo ser objeto de usucapião.

Comentários:

O bem público que jamais foi franqueado ao público nem utilizado para prestação de serviço ou estabelecimento da Administração é um bem dominical. Não obstante, ainda que esteja desafetado, o bem público dominical é protegido pela imprescritibilidade (que protege todos os bens públicos, sem exceção), não podendo ser objeto de usucapião.

Gabarito: alternativa “e”

11. (FCC – MPE/PB 2015)

O Ministério Público do Estado da Paraíba ajuizou ação civil pública contra a Prefeitura de Campina Grande, haja vista a desafetação irregular de bem público. A propósito do tema, considere as seguintes assertivas:

I. Na desafetação, o bem é subtraído à dominialidade pública para ser incorporado ao domínio privado, do Estado ou do administrado.

II. Os bens dominicais são alienáveis, porém a alienabilidade não é absoluta, já que podem perdê-la pelo instituto da afetação.

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III. Os bens de uso comum do povo não comportam desafetação, pois, por sua própria natureza, são insuscetíveis de valoração patrimonial.

Está correto o que se afirma em a) II e III, apenas.

b) I, apenas.

c) II, apenas.

d) I e II, apenas.

e) I, II e III.

Comentários:

Vamos analisar cada alternativa:

I) CERTA. Conforme ensina Carvalho Filho, desafetação é o “fato administrativo pelo qual um bem público é desativado, deixando de servir à finalidade pública anterior”. Se o bem desafetado permanecer na propriedade do Poder Público, ele será incorporado ao domínio privado do Estado, podendo ser alienado para fazer renda. Mas a desafetação também pode incorporar o bem ao domínio privado do administrado. É o que ocorre, por exemplo, nas desestatizações, em que o patrimônio público antes empregado na prestação de determinado serviço público é transferido para o domínio privado.

II) CERTA. Se um bem dominical for afetado, passará a ser de uso comum ou especial, perdendo, assim, a possibilidade de ser alienado.

III) ERRADA. Não há impedimento para que os bens de uso comum do sejam desafetados.

Gabarito: alternativa “d”

12. (FCC – Juiz TJ/PE 2015)

Observe as seguintes características, atribuíveis a determinados bens públicos:

I. pertencem ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizado(a)s nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situado(a)s em território federal.

II. são de titularidade da União, assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios participação no resultado de sua exploração.

III. pertencem aos Estados, salvo se, por algum título, forem do domínio federal, municipal ou particular.

As descrições I, II e III correspondem, correta e respectivamente, aos seguintes bens:

a) terrenos de marinha e acrescidos − cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos − os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva.

b) bens arrecadados de herança vacante − recursos minerais e potenciais de energia hidráulica − terrenos reservados às margens das correntes e lagos navegáveis.

c) águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito − terras tradicionalmente ocupadas pelos índios − terras devolutas indispensáveis à preservação ambiental.

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d) cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos − terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras − recursos minerais e potenciais de energia hidráulica.

e) recursos minerais e potenciais de energia elétrica − terras devolutas indispensáveis à defesa das vias federais de comunicação − terrenos marginais.

Comentários: A classificação correta é a seguinte:

I. Bens arrecadados de herança vacante: pertencem ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizado(a)s nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situado(a)s em território federal.

Fundamento legal: Código Civil

Art. 1.822. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que legalmente se habilitarem;

mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em território federal.

II. Cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos: são de titularidade da União, assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios participação no resultado de sua exploração.

Fundamento legal: Constituição Federal:

Art. 20. São bens da União:

X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;

§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.

III. Terrenos reservados às margens das correntes e lagos navegáveis: pertencem aos Estados, salvo se, por algum título, forem do domínio federal, municipal ou particular.

Fundamento legal: Decreto 24.643/34:

Art. 31. Pertencem aos Estados os terrenos reservados as margens das correntes e lagos navegáveis, si, por algum título, não forem do domínio federal, municipal ou particular.

Gabarito: alternativa “b”

13. (FCC – Procurador TCM/RJ 2015)

Uma concessionária de serviço de distribuição de energia elétrica estava, em razão de atraso na recomposição de equilíbrio econômico-financeiro já reconhecido pelo poder concedente, com fluxo de caixa negativo, o que

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ocasionou inadimplência de muitos compromissos, especialmente trabalhistas. Para garantia de alguns débitos, foram penhorados bens imóveis afetados ao serviço concedido. Esses bens

a) têm natureza de bens públicos sujeitos ao regime jurídico de direito privado, porque penhoráveis, cabendo ao poder concedente zelar e providenciar o necessário para que a prestação do serviço público não seja interrompida.

b) podem receber proteção do regime jurídico de direito público em razão de sua afetação à prestação de serviço público e, portanto, à concessão, mesmo pertencendo a pessoa jurídica de direito privado na condição de bens reversíveis.

c) dependem de autorização legislativa para serem penhorados, porque consistem em bens públicos de uso especial, de modo que dependem de prévia desafetação.

d) têm natureza de bens privados dominicais, porque apesar de estarem afetados a prestação de um serviço público, pertencem a pessoa jurídica de direito privado.

e) pertencem, obrigatoriamente, por expressa disposição legal, ao poder concedente durante toda a vigência do contrato de concessão de serviço público, ficando registrados em nome do titular do serviço público, que deverá impugnar as penhoras como terceiro.

Comentários:

Em razão do princípio da continuidade do serviço público, os bens das concessionários de serviços públicos que estejam diretamente empregados na prestação de serviço público, embora sejam bens privados, ficam submetidos às proteções características do regime jurídico dos bens públicos, especialmente a impenhorabilidade e a não onerabilidade. Portanto, na situação em questão, os bens da concessionária diretamente afetados ao serviço concedido não podem ser penhorados para garantia de seus débitos.

Gabarito: alternativa “b”

14.(FCC – Sefaz/PI 2015)

Diante de levantamentos e estudos dos setores produtivos de determinado Estado, a Administração Estadual pretende atrair para seu território determinado setor do mercado de tecnologia, do qual constatou ser carente, a fim de fomentar o desenvolvimento e promover incremento da arrecadação com impostos, além de viabilizar a criação de relevante número de empregos diretos e indiretos no Estado. Para tanto, disponibilizará um terreno de grandes dimensões para instalação de um parque industrial tecnológico, mediante outorga de concessões de uso de partes da área às empresas do setor que se interessarem. Esse projeto da Administração pública

a) é inconstitucional, na medida em que o emprego de terrenos públicos para projetos particulares encontra vedação constitucional expressa.

b) é ilegal e irregular, tendo em vista que não cabe à Administração estadual promover interferências diretas para beneficiar setores específicos privados, devendo limitar-se à instituição de benefícios indiretos pela alocação de unidades empresariais.

c) é válida e regular, tendo em vista que inexiste vedação para o Poder Público alocar seu patrimônio imobiliário a serviço da iniciativa privada que, ao fim da ocupação, terá direito à aquisição compulsória da parcela do terreno.

d) é regular e válida, tendo em vista que se insere dentro dos limites das atividades de fomento, devendo atentar a Administração para eventual necessidade de instauração de licitação, caso haja mais potenciais interessados do que espaço disponível.

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e) será regular desde que as empresas interessadas integrem a Administração Indireta ou se enquadrem em hipóteses de dispensa ou inexigibilidade de licitação.

Comentário:

Vamos analisar cada alternativa:

a) ERRADA. Não há vedação constitucional ao emprego de terrenos públicos para projetos particulares.

b) ERRADA. É perfeitamente legítimo que a Administração estadual promova interferências diretas para beneficiar setores privados específicos, dentro da sua atividade de fomento. Logicamente, tais interferências devem ser justificadas pelo interesse público.

c) ERRADA. Não há previsão de aquisição compulsória do bem após o fim da concessão.

d) CERTA. A concessão de uso de bem público é firmada por contrato administrativo e, por isso, deve ser precedida de licitação, exceto nos casos de dispensa e inexigibilidade previstos em lei.

e) ERRADA. A concessão de uso pode ser feita para particulares e deve ser precedida de licitação.

Gabarito: alternativa “d”

15. (FCC – Sefaz/PI 2015)

A Administração estadual inaugurou recentemente um parque urbano de lazer de grande dimensão em uma região que era desprovida de espaços públicos. Como o local é afastado do centro urbano, inexiste adequada estrutura de serviços para dar suporte à população que passará a frequentar e se deslocar para lá. Diante desse quadro, pretende a Administração pública instalar dentro dos limites do referido parque urbano, um bolsão de estacionamento e alguns quiosques para lanchonetes e outras atividades que se façam necessárias. A pretensão da Administração

a) não pode ter êxito, tendo em vista que os bens de uso comum do povo não admitem a utilização de espaços privativos por particulares.

b) possui amparo legal somente no que concerne ao bolsão de estacionamento, que será delimitado e excluído dos limites do parque, para que seja cabível licitação para escolha do particular que explorará o espaço.

c) pode ser viabilizada por meio de licitação para outorga de autorizações de uso remuneradas, cabendo à Administração demonstrar a necessidade dos serviços e a compatibilidade do uso com a principal vocação do espaço público.

d) deve ser operacionalizada mediante outorgas de concessões de uso precárias e por prazo indeterminado, passíveis de revogação a qualquer tempo e desde que a escolha se faça mediante licitação.

e) depende de demonstração da necessidade das atividades e de desafetação dos perímetros destinados para essa finalidade, para que seja realizada licitação para outorga de contratos de permissão de uso ou autorização de uso.

Comentários:

Vamos analisar cada alternativa:

a) ERRADA. Os bens de uso comum do povo admitem sim a utilização de espaços privativos por particulares, desde que a utilização privativa seja firmada por meio de instrumentos de direito público, como autorização de uso, permissão de uso ou concessão de uso.

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b) ERRADA. Tanto o estacionamento como os quiosques podem ser objeto de outorga de uso privativo por particulares.

c) CERTA. A autorização de uso é um ato administrativo unilateral e discricionário, pelo qual a Administração consente, a título precário, que o particular se utilize de bem público com exclusividade, de forma gratuita ou onerosa. Como se trata de um ato administrativo, a Administração não precisa fazer licitação para outorgar a autorização de uso, mas nada impede que o faça.

d) ERRADA. Concessões de uso são firmadas por contrato administrativo; logo; não são precárias e não possuem prazo indeterminado.

e) ERRADA. Para que seja realizada a outorga mediante permissão de uso ou autorização de uso não é necessária a desafetação dos bens públicos. Ademais, as autorizações de uso não são firmadas por contrato, e sim são outorgadas por ato administrativo.

Gabarito: alternativa “c”

16.(FCC – Juiz TJ/GO 2015)

Suponha que determinada empresa privada promotora de eventos pretenda utilizar um imóvel público, atualmente sem destinação e cuja propriedade foi adquirida pelo Estado por meio de adjudicação levada a efeito em processo de execução fiscal, para a instalação de um centro de convenções com a finalidade de realizar feiras agropecuárias. Considerando o regime jurídico a que se sujeitam os bens públicos, a utilização do imóvel pelo referido particular, em caráter exclusivo, poderá se dar mediante

a) permissão de uso, em caráter discricionário e precário em razão do interesse no uso beneficiar exclusivamente o particular.

b) autorização de uso, sem prazo determinado e revogável mediante indenização ao particular.

c) permissão qualificada, onerosa e precedida de licitação, que não admite indenização ao particular no caso de revogação a critério da Administração.

d) concessão de uso, precedida de licitação, com prazo determinado, com direito do particular a indenização caso rescindida antes do termo final.

e) cessão de uso, que pressupõe a transferência do domínio e se dá, necessariamente, a título oneroso.

Comentários:

Vamos analisar cada alternativa:

a) ERRADA. Na permissão de uso, que possui caráter discricionário e precário, é mais relevante o interesse público que o particular.

b) ERRADA. A autorização de uso precária, sem prazo determinado, não gera indenização ao particular em caso de revogação.

c) ERRADA. Permissão qualificada é aquela concedida por prazo certo, hipótese em que o particular terá direito a indenização em caso de revogação.

d) CERTA. A concessão de uso, exceto nas hipóteses de dispensa e inexigibilidade, deve ser precedida de licitação.

Por ser formalizada mediante contrato, a concessão é sempre outorgada por prazo determinado, e só admite

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rescisão (e não revogação) nas hipóteses previstas em lei, cabendo indenização se a causa não for imputável ao concessionário.

e) ERRADA. A cessão de uso se dá a título gratuito, e não pressupõe a transferência do domínio do bem.

Gabarito: alternativa “d”

17. (FCC – TCE/CE 2015)

Asdrúbal havia recebido permissão de uso de bem público para a instalação de banca de jornal em praça aprazível do Bairro das Flores. Após 20 anos no mesmo local, o Município entendeu que a banca de Asdrúbal atrapalhava o trânsito, tendo em vista o crescimento do comércio no bairro. Para retirar a banca de Asdrúbal, o Município deve a) revogar a permissão de uso de bem público, concedendo a Asdrúbal direito à indenização.

b) anular a permissão de uso de bem público, não tendo Asdrúbal direito à indenização.

c) revogar a permissão de uso de bem público, não tendo Asdrúbal direito à indenização.

d) anular a permissão de uso de bem público, concedendo a Asdrúbal direito à indenização.

e) proceder à cassação da permissão de uso de bem público, realizando uma apuração de haveres para certificar-se de que Asdrúbal terá direito à indenização.

Comentários:

A permissão de uso, como regra, é um ato administrativo unilateral, discricionário e precário, razão pela qual pode ser revogada a qualquer tempo, por razões de interesse público, independentemente de indenização ao particular.

Não se trata de anulação porque não houve ilegalidade, e sim extinção da permissão por razões de interesse público.

Gabarito: alternativa “c”

18. (FCC – TCE/AM 2015)

O Estado é proprietário de quase duas dezenas de terrenos localizados em determinado bairro onde a empresa pública responsável pelo saneamento está promovendo inúmeras obras. Em razão disso, seu representante entrou em contato com o Estado para solicitar a utilização de um dos imóveis, que é dos poucos de grandes dimensões, como canteiro de obras. Considerando que não se trata de um bairro muito valorizado, a avaliação do uso do referido imóvel não resultou significativa. Como alternativa de otimização de gestão imobiliária,

a) o Estado pode locar o terreno pelo valor que entender pertinente, independentemente do valor de mercado, tendo em vista que a empresa pública tem necessidade e urgência no uso e, em razão de sua natureza jurídica de direito privado, não se submete ao regime da Lei nº 8.666/1993.

b) o Estado pode outorgar permissão de uso onerosa em favor da empresa pública e, como contrapartida, estabelecer obrigação de fazer de modo que, ao invés de remuneração em espécie, a permissionária fique responsável pela guarda e vigilância dos demais terrenos de titularidade do Estado, o que representaria melhor custo-benefício do que a mera precificação do uso.

c) a empresa pública pode ocupar temporariamente o terreno, tendo em vista que é concessionária de serviço público e, como tal, lhe foram delegados poderes inclusive para desapropriação, por meio da lei que rege as concessões públicas e do respectivo contrato firmado com o titular do serviço.