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Capítulo 3 ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: CARACTERÍSTICAS DESAFIOS E

4.2 Ferramentas de análise dos dados

Para a análise das falas obtidas durante a SEI optamos pela análise do conteúdo como procedimento capaz de auxiliar na intepretação dos dados obtidos. Para Bardin (2011, p. 44) “a intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção”. Nesse sentido, buscamos verificar as falas das crianças a fim de compreendermos se diante das atividades presentes na SEI os alunos demonstram o início do desenvolvimento de habilidades científicas.

Sendo assim, fizemos a transcrição das falas orientadas por Carvalho (2013) criando tabelas onde são inseridas a sequência de diálogos durante a SEI assim como as categorias que correspondem a cada fala. Utilizamos as categorias propostas por Samarapungavan, Mantzicopoulos e Patrick (2008) e pelos autores Howitt, Lewis e Upson (2011). De acordo com Bardin (2011, p. 43) a categorização é uma “[..] espécie de gavetas ou rubricas significativas que permitem a classificação dos elementos de significação constitutivos da mensagem”. Desta forma, diante da totalidade dos dados obtidos buscamos verificar na fala dos alunos indícios que contribuíssem para que pudéssemos categorizar. Bardin (2011) destaca que as categorias podem ser apriorísticas e não apriorísticas, neste estudo as categorias e subcategorias já existiam.

Destacamos que a pesquisa desenvolvida por Howitt, Lewis e Upson (2011) tem como foco fazer uso da observação, sendo este um elemento muito presente na infância. Os autores compreendem que as crianças ao serem estimuladas podem iniciar um processo de desenvolvimento de habilidades científicas como fazer predição, observar, explorar o ambiente onde está inserido e comunicar seus achados, para isso é importante que estejam inseridos em atividades investigativas.

Para Samarapungavan, Mantzicopoulos e Patrick (2008) não resta dúvidas sobre a possibilidade de trabalhar Ciência com crianças já no jardim de infância tal comprovação é resultado das evidencias obtidas por meio de seu grupo de pesquisa onde foi possível constatar a capacidade das crianças de estarem envolvidas em situações de aprendizagem que envolvam investigação científica.

Samarapungavan, Mantzicopoulos e Patrick (2008) esclarecem que mediante o desenvolvimento de aulas que visem desenvolver a alfabetização científica com crianças se torna imprescindível verificar as produções dos alunos a fim de analisar as habilidades científicas que estão sendo avaliadas. Nesse contexto os autores estabelecem duas categorias a primeira é denominada de “processo de investigação científica” dentro dessa categoria há subcategorias: gerar questões científicas por meio de seus conhecimentos biológico, observar e registrar os dados provenientes de sua investigação e comunicar sobre seus achados.

Na segunda categoria denominada de “conhecimento da vida científica” Samarapungavan, Mantzicopoulos e Patrick (2008) destacam que os alunos podem compreender na subcategoria estrutura e função “que as plantas e animais possuem estruturas e traços específicos (ex. características físicas e comportamentais) que ajudam na adaptação ao ambiente e sobrevivência, crescimento e reprodução e o entendimento de que coisas vivas crescem e se desenvolvem.” (SAMARAPUNGAVAN, MANTZICOPOULOS E PATRICK, 2008, p. 885, tradução nossa, ênfase no original).

As categorias também propostas por Howitt, Lewis e Upson (2011) destacam que as crianças quando possuem a oportunidade de estarem imersas em um ambiente pautado na investigação científica podem formular questões e predições, observar, registar e comunicar seus achados. Para análise dos dados nesta pesquisa nos interessa a categoria denominada pelos autores de “ferramentas de investigação científica”. Dentro desta categoria existem as subcategorias: as crianças exploram, fazem perguntas e fazem predições, as crianças observam usando seus sentidos e registram dados, as crianças usam com segurança o equipamento apropriado, as crianças usam observações como evidência e as crianças representam e comunicam suas descobertas.

Categorias

(Samarapungavan, Mantzicopoulos e Patrick (2008)

Subcategorias

Processo de Investigação a) Usar conhecimento biológico para gerar questões científicas

b) Observar e registrar dados importantes por meio de suas investigações c) Comunicar sobre suas investigações Conhecimento da vida científica d) Estrutura e Função: Compreender as

especificidades estruturais de plantas e animais assim como suas características que ajudam a se adaptaram ao meio ambiente.

Categorias

Howitt, Lewis e Upson (2011)

Subcategorias

Ferramenta de investigação a) as crianças exploram, fazem perguntas e fazem predições

b) as crianças observam usando seus sentidos e registram dados c) as crianças usam com segurança o

equipamento apropriado

d) as crianças usam observações como evidência

e) As crianças representam e comunicam suas descobertas

Grupo de indicadores de Alfabetização Científica

Sasseron e Carvalho (2008) levantamento e teste de hipóteses, justificativa, previsão e explicação Quadro 1 categorias e subcategorias

Fonte: Autor (2020)

(Tradução nossa, ênfase no original)

Buscando conhecer quais elementos presente nas falas dos alunos apontam para o desenvolvimento da alfabetização científica fizemos uso de um grupo de indicadores de alfabetização científica proposto por Carvalho e Sasseron (2008) que são: levantamento e teste de hipóteses, justificativa, previsão e explicação. É importante destacar que autores como Samarapungavan, Mantzicopoulos e Patrick (2008) e Howitt, Lewis e Upson (2011) compartilham alguns desses indicadores.

Segundo Carvalho e Sasseron (2008) o indicador levantamento de hipóteses mostra as suposições levantadas pelos alunos durante a aula, uma atitude que é observada na Ciência quando o cientista se depara com um problema. O teste de hipótese é um indicador que surge

quando os alunos precisam realizar ações para provar suas suposições, testar hipóteses segundo Sasseron e Carvalho (2008) pode ocorrer mediante a manipulação do objeto de estudo ou por meio de atividades de pensamento.

Já a justificativa é um indicador de alfabetização científica que é identificado quando os alunos fornecem informações para mostrar a veracidade de sua argumentação tornando a informação proferida mais segura. Segundo as autoras o indicador previsão “é explicitado quando se afirmar uma ação e/ou fenômeno que sucede associado a certos acontecimentos” (op.cit. 339). Enquanto que o indicador explicação surge quando os alunos realizam uma relação entre as informações e as hipóteses que foram levantadas para fornecer explicação para o problema. Carvalho e Sasseron (2008) chamam atenção para o fato de que a presença de um indicador de alfabetização científica não impede que ocorra a presença de outros. Diferentes indicadores podem estar presentes quando os alunos expõem suas argumentações

5 ENSINAR E APRENDER BOTÂNICA POR INVESTIGAÇÃO