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Kroeck, Lowe e Brown (2004, p. 81) apresentaram uma lista de 30 diferentes modelos para medição dos estilos e fatores de liderança, a qual chamou de “uma amostra representativa da diversidade dos instrumentos e técnicas para avaliar a liderança”.

Os autores apresentam avaliação da liderança como uma “valiosa ferramenta para melhorar a eficácia organizacional” (p. 78) e reforçam algumas das diferenças entre estas ferramentas como, por exemplo, escala de medição, embasamento teórico, avaliador e finalidade de uso.

Desta lista, somente dois questionários apresentam como base teórica a Teoria da Liderança Transformacional, sendo que os demais refletem as diferentes teorias apresentadas no capítulo de revisão da literatura sobre Liderança. O primeiro é o Questionário do Comportamento do Líder (Leader Behavior Questionnaire), proposto por Sashkin, em 1984 e depois revisado em 1988 e 2003 (Sashkin, 2004). Este apesar de já ter sido utilizado em diferentes tipos de organização, ainda está em fase de amadurecimento, se comparado ao segundo, o Questionário de Liderança Multifatorial (MLQ). O MLQ será descrito em detalhes na sequência por ter sido o escolhido para o presente trabalho. Foram diferenciais nesta tomada de decisão: o nível de aceitação, avaliado através da quantidade de citações, e da validação da ferramenta.

6.1 Questionário de Liderança Multifatorial (MLQ)

Como já adiantado, na atual pesquisa, será usado o modelo de liderança proposto por Bass que pertence à Nova Escola de Liderança e considera três estilos: transformacional, transacional e não-transacional. O instrumento de medição usado por tal modelo é o Questionário de Liderança Multifatorial (Multifactor Leadership

Questionnaire - MLQ), que, já vem sendo utilizado com frequência há mais de 25

anos no campo. Trata-se também de um modelo já amplamente reconhecido, validado e aceito: “A última versão do MLQ, Form 5x, tem sido empregado em cerca

de 300 pesquisas, teses de doutorado e dissertações de mestrado em todo o globo por quase dez anos...” (Avolio e Bass, 2004, p. 35). Uma opinião semelhante é compartilhada por Hinkin e Schriesheim (2008, p. 502): “a grande maioria de pesquisas empíricas publicadas neste tópico tem utilizado o Questionário de Liderança Multifatorial (MLQ)...”.

O MLQ tem sido utilizado numa ampla gama de organizações, desde manufatura, até instituições religiosas, passando por organizações militares e educacionais. Ele tem sido aplicado para diferentes níveis da organização desde supervisores até diretores (Lowe e Kroeck, 1996).

A versão aplicada é a terceira e a mais atual da ferramenta. Esta evolução aconteceu com o objetivo de acompanhar as novas pesquisas em liderança, sanar algumas deficiências apontadas, como principal, a alta correlação entre dois fatores na versão anterior (MLQ Form 5R) e inclusão de aspectos de desempenho de liderança. Por se tratar de um questionário protegido por direitos autorais, o MLQ não pôde ser anexado nesta Dissertação, o mesmo ocorre para os diversos trabalhos que usaram o MLQ que também não trazem as questões explícitas. É possível se conhecer todas as perguntas que compõem o questionário em uma publicação da própria Mind Garden (Bass e Avolio, 2004).

A validação do questionário foi feita através de uma Análise Fatorial Confirmatória, comparando o novo modelo proposto de 9 fatores, com o anterior de 6. Na análise foi utilizada toda a base de dados global coletada até 2003.

Como conclusão da validação do questionário, Bass e Avolio (2004, p. 79) afirmam que: “o teste do modelo de nove fatores através de regiões e avaliadores, em geral mostrou um sólido e consistente apoio para o mesmo.” Os nove fatores, medidos pela ferramenta, estão descritos a seguir:

Influência Idealizada (atributo) (Idealized Influence Atribute - IIA): este fator busca medir o nível de admiração, respeito e confiança que os seguidores depositam no líder, para este caso os itens são baseados em atributos do líder, como por exemplo, “Gero orgulho nos outros por estarem associados a mim.” Influência Idealizada (comportamento) (Idealized Influence Behavior - IIB): mede um fator bastante semelhante ao anterior, mas neste caso, ele está relacionado ao comportamento como: “Especifico a importância de se ter um forte senso de propósito.”

Motivação Inspiradora (Inspirational Motivation - IM): avalia o quanto inspirador é o líder, baseado no compartilhamento dos objetivos, na visão de longo prazo e de que forma os objetivos serão alcançados.

Estimulação Intelectual (Intellectual Stimulation - IS): aponta o quanto o líder desafia as idéias, valores e crenças dos seus subordinados a fim de que estes desenvolvam uma melhor capacidade de solucionar problemas atuais e futuros. Consideração Individualizada (Individual Consideration - IC): este fator é baseado no tratamento individual de cada subordinado. Com afirmações como: “Considero cada indivíduo como tendo necessidades, habilidades e aspirações diferentes dos outros.”, ele reforça as necessidades particulares, e também considera a extensão das necessidades atuais.

Recompensa Contingencial (Contingent Reward - CR): é bastante característico de uma liderança transacional, pois “... esclarece as expectativas e oferece reconhecimento quando os objetivos são atingidos.” (Avolio e Bass, 2004, p. 97) Gestão por Exceção (ativa) (Management-by-Exception: Active - MEA): pode ser bem caracterizada pelo seguinte item do questionário: “Focalizo a atenção nas irregularidades, erros, exceções e desvios aos padrões esperados.” O líder, após a identificação dos padrões de qualidade e funcionamento dos processos, faz um acompanhamento próximo baseado nas exceções.

Gestão por Exceção (passiva) (Management-by-Exception: Passive - MEP): de forma diferente ao item anterior, na Gestão por Exceção (passiva), o líder não faz tal acompanhamento e aguarda pelo acontecimento dos erros.

Laissez-Faire (LF): expressão oriunda do francês, representa um princípio

defendido por economistas liberais em que o governo deve interferir o mínimo possível na atividade econômica. Este fator também carrega o mesmo significado ao líder de forma que ele evita ser envolvido e tomar decisões.

Vale ressaltar aqui que os cinco fatores inicialmente descritos: Influência Idealizada (atributo), Influência Idealizada (comportamento), Motivação Inspiradora, Estimulação Intelectual e Consideração Individualizada estão relacionadas ao estilo de liderança transformacional. As duas seguintes: Recompensa Contingencial, Gestão por Exceção (ativa) estão relacionadas ao estilo de liderança transacional. As duas últimas: Gestão por Exceção (passiva) e Laissez-Faire, vão caracterizar o

terceiro estilo de liderança que recebe o mesmo nome do último fator: não- transacional (Laissez-Faire).

Como foi mencionado anteriormente, uma das alterações do MLQ Form 5x foi a inclusão de fatores para medição do desempenho da liderança. Servem como medidas de sucesso para o grupo e estão baseados no grau de motivação dos subordinados, na atuação do líder junto a outras esferas da organização e, por último, no nível de satisfação dos subordinados diante do líder.

Apesar destas questões não terem sido analisadas e utilizadas no presente trabalho, elas também foram coletadas com o objetivo de futuras publicações. Segue um exemplo de questão para cada um dos fatores:

Esforço Extra (Extra Effort - EE): “Aumento a vontade dos outros em tentar com maior afinco.”

Eficácia (Effectiveness - E): “Sou eficaz em representar os outros para níveis hierárquicos superiores.”

Satisfação com a Liderança (Satisfaction with the Leadership - S): “Trabalho com os outros de maneira satisfatória.”

O MLQ, ferramenta devidamente fundada na Nova Escola de Liderança, atende de forma adequada os critérios buscados. Além de já estar validado, e ser altamente aceito, é o principal questionário utilizado em estudos com enfoque neste paradigma de liderança. O MLQ também apresenta uma escala adequada para os fins deste trabalho. De acordo com estes critérios e também, pelo que foi exposto nesta seção, esta será a ferramenta utilizada.