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O relevo montanhoso da Itália não era favorável à utilização de viaturas blindadas. Após a Primeira Guerra Mundial, a Terni desenhou uma nova viatura, para uso colonial. Tinha um chassis 4x2 do FIAT 15b e um casco de perfil semelhante a veículos contemporâneos, mas com uma blindagem arredondada, de 6mm de espessura. Tinha duas portas, escotilhas de visão frontais para o condutor e assistente e um compartimento de carga na retaguarda. A torre era cilíndrica, levava dois homens e estava equipada com uma metralhadora de 6,5 mm.

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Em 1934 os italianos ocuparam territórios ingleses e franceses na Líbia e na Segunda Guerra Italo- Etíope (1935-36) a Itália invadiu e anexou a Abissínia.

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Segundo Brett Steel, os gastos com o Exército Italiano no final dos anos 1930 era próximo dos da França e Grã-Bretanha, sendo uma grande parte usada nas intervenções em Espanha e Etiópia. (Military Reengineering Between the World Wars, Santa Monica, California, RAND Corporation, 2005, disponível em <https://www.rand.org/content/dam/rand/pubs/monographs/2005/RAND_MG253.pdf> [acesso em 1/8/2019], p. 10).

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CAPPELLANO, Filippo, BATTISTELLI, Pier Paolo, MORSHEAD, Henry (ilustrações), Italian Armoured Reconnaissance Cars 1911 - 45, New Vanguard 261, Oxford, Osprey Publishing Ltd., 2018, p. 6.

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O protótipo estava equipado com a torre de uma viatura Lanchester, diferente da dos modelos de produção. Fabricaram-se doze viaturas, que formaram um esquadrão na Líbia. Em 1923 outras duas viaturas foram feitas e formaram um novo esquadrão juntamente com dois veículos Lancia 1ZM. Em 1926 participaram na ofensiva para capturar os oásis de Cufra e Giarabub.

Quando a Segunda Guerra Mundial começou, já tinham sido modificados com novos chassis FIAT SPA-38R e as torres sido substituídas por barbetas com metralhadoras de 12,7 mm. Nesta altura as viaturas pertenciam à Brigada Blindada Especial Babini. Dois veículos foram capturados pelos Ingleses, sendo o resto perdido em combate.

1924 – Pavesi P4

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Durante a Primeira Guerra Mundial os italianos aperceberam-se que o terreno montanhoso da Península Itálica não era favorável a veículos a motor. Mesmo assim, o Exército necessitava de tratores para transportar peças de Artilharia e pediu a construção de um novo modelo. O engenheiro Ugo Pavesi (1886-1945) criou um trator com um sistema de articulação oscilante, que permitia a retaguarda do veículo mover-se independentemente da frente, semelhante a um atrelado. Este trator, o Pavesi P4, foi um sucesso e Ugo Pavesi decidiu criar uma viatura blindada neste chassis.

Devido às especificidades dos veículos blindados, o chassis 4x4 teve que ser modificado e reforçado. A primeira variante, designada Pavesi 30 PS, tinha um casco blindado articulado, tal como o chassis, e possuía blindagem de 6 mm de espessura. As rodas eram de grandes dimensões para permitirem a viatura operar em terrenos acidentados. A torre era semelhante à da viatura de trilhos Renault FT17, cilíndrica e equipada com uma metralhadora de 6,5 mm ou um canhão de 37 mm.

O veículo era impressionante e estava classificado não como uma autometralhadora mas como uma viatura de combate de rodas. No entanto, os delegados do Exército Italiano não ficaram impressionados, apesar do P4 ter mostrado melhor desempenho quando comparado com as viaturas de trilhos FIAT 3000 existentes. Hugo

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Pavesi criou então uma versão melhorada, chamada Pavesi 35 PS, que mantinha a torre, mas aumentou o tamanho das rodas e tornou o casco mais largo, com blindagem de 10 a 16 mm. Apesar de ser mais pesado, era mais veloz do que a versão original, graças a um motor mais potente. Ugo Pavesi criou ainda uma versão baseada no 35 PS. Nesta substituiu a torre por uma cúpula de observação e montou um canhão de 57 mm na frente do casco.

Mesmo assim, o Exército Italiano continuou a não estar interessado. A blindagem foi considerada insuficiente e as rodas não se podiam substituir facilmente fora da fábrica, o que levou os delegados do Exército a considerar o veículo inferior às viaturas de trilhos FIAT 3000 que já estavam em uso.

Apesar de todas as rejeições, Ugo Pavesi decidiu tentar uma última vez, e desenhou uma nova versão, designada Pavesi L140. Esta viatura tinha um motor ainda mais poderoso, rodas maiores e um casco de grandes dimensões que mantinha a espessura da blindagem da variante 35 PS. À esquerda do condutor estava uma metralhadora de 6,5 mm, com outra na retaguarda do veículo. A torre, redesenhada, montava uma terceira metralhadora de 6,5 mm.

Fizeram-se testes que mostraram que esta versão final tinha ainda melhores características, mas o Exército Italiano rejeitou esta variante, tal como as anteriores. Finalmente, Ugo Pavesi desistiu de desenhar veículos blindados e voltou a fazer tratores.

Uma comissão do Exército Português, que viajou até Itália por volta de 1926, e ponderou comprar viaturas L140 modificadas para uso português, mas rejeitou-as a favor da viatura de rodas Ansaldo.

1924 – Ansaldo M1925

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Apesar de Ugo Pavesi não ter sido bem-sucedido no desenvolvimento de veículos blindados com base no seu trator P4, a empresa Ansaldo ficou impressionada com o trator e decidiu criar uma viatura blindada naquele chassis.

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Imagem disponível em <http://aviarmor.net/tww2/armored_cars/italy/ansaldo_1929.htm>, [acesso em 1/8/2019].

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Ao contrário do trator e dos blindados desenhados por Pavesi, o casco do Ansaldo não oscilava com o chassis. A retaguarda do casco foi estreitada para as rodas de trás se poderem mover sem problemas. Tinha blindagem inclinada de 6 a 16 mm de espessura, toda rebitada. A torre estava equipada com um canhão de 37 mm na frente e uma metralhadora de 6,5 mm na retaguarda, montada num munhão.

O protótipo mostrou boas características, mas algumas deficiências, como a falta de bom equipamento de óticas, juntamente com a sua aparência invulgar, resultaram na rejeição do Ansaldo. A já referida comissão do Exército Português, que viajou até Itália, avaliou o Ansaldo após ter visto o Pavesi L140. Os oficiais portugueses mostraram-se interessados na viatura e foi projetada uma versão modificada para uso português 197, mas que, por razões desconhecidas, não foi construída.

1928 - FIAT AB 501 e AB 604

Por volta de 1928 a FIAT desenvolveu projetos para a criação de uma autometralhadora com base na sua viatura 4x2 FIAT. Do que se sabe destas viaturas, designadas A 501 e AB 604, é que estão referenciadas em Robert Icks 198. Na internet também é possível encontrar os seus desenhos 199.

1930 - «Nebiolo»

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Esta viatura foi criada pelos engenheiros da empresa italiana Corni Scognamiglio em 1930, por iniciativa própria. Designada «Autoblinda leggera Corni-Scognamiglio» ou «Nebiolo», tinha um chassis de camião 4x4.

O casco do veículo tinha blindagem de dupla curvatura com espessura desconhecida. O condutor sentava-se à direita, com uma metralhadora à sua esquerda, montada num munhão, com uma segunda metralhadora carregada no interior. A viatura

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Ver fig. 23 em Anexos.

198 Robert Icks refere estes veículos em Tanks and Armored vehicles, New York, Phillip Andrews

Publishing Company, 1945, p. 190.

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Ver fig. 18 em Anexos.

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CAPPELLANO, Filippo, BATTISTELLI, Pier Paolo, MORSHEAD, Henry (ilustrações), Italian Armoured Reconnaissance Cars 1911 - 45, New Vanguard 261, Oxford, Osprey Publishing Ltd., 2018, p.

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não tinha torre, tendo apenas escotilhas no topo para usar a segunda metralhadora Foi construído um protótipo, mas este não foi adquirido pelo Exército, sendo usado para treinar pessoal, numa escola de condução militar.

1932 - FIAT AB 611

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Apesar de vários projetos terem sido criados no período entre guerras, em 1932 o Exército Italiano ainda estava equipado com autometralhadoras Lancia da Primeira Guerra Mundial. Precisavam de uma viatura moderna e a FIAT respondeu ao pedido do Exército com a AB 611. Esta tinha como base o chassis 6x4 FIAT 611, com posto de condutor de retaguarda. Entre o primeiro e o segundo eixo estavam as rodas sobresselentes, que serviam de rolamentos, protegidas por guarda-lamas. O casco blindado era de 6,13 a 15 mm de espessura. Tinha uma porta no flanco esquerdo e várias escotilhas de observação. Na retaguarda do casco, à esquerda do segundo condutor, estava uma metralhadora de 6,5 mm. A torre tinha duas metralhadoras de 6,5 mm, uma na frente e outra atrás. A segunda versão da viatura teve uma torre maior, com as duas metralhadoras da frente substituídas por um canhão de 37mm.

Como a demonstração do protótipo foi bem-sucedida, construíram-se quarenta e seis veículos. No entanto, descobriu-se que o AB 611 tinha problemas de velocidade e mobilidade, mas dada a necessidade de viaturas blindadas, mantiveram-se em uso. Cinco veículos foram requisitados pelo Exército Real e enviados para a Somália em 1935, onde as suas deficiências se tornaram ainda mais evidentes. Continuaram ao serviço até à Segunda Guerra Mundial, no Norte de África, para combater as forças inglesas. Nenhum AB 611 sobreviveu até hoje.

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CAPPELLANO, Filippo, BATTISTELLI, Pier Paolo, MORSHEAD, Henry (ilustrações), Italian Armoured Reconnaissance Cars 1911 - 45, New Vanguard 261, Oxford, Osprey Publishing Ltd., 2018, pp. 10 e 11; FORTY, George, World War Two AFVs - Armoured Fighting Vehicles & Self-propelled Artillery, Oxford, Osprey Publishing, 1995, pp. 176 e 179.

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3.11. Japão

O Japão começou no fim da década de 1920 com um pequeno número de blindados, produzidos pelas fábricas Ford e GM no Japão. Mas não consideravam a viatura blindada como arma vencedora, preferindo usá-la para apoiar a infantaria, tal como os franceses. Os blindados foram utilizados nos vários conflitos com a China 202.

Como o relevo era acidentado e a rede de estradas muito limitada, acabaram por os adaptar para circular nas vias férreas. Uma das tarefas das viaturas blindadas foi proteger as linhas de caminho-de-ferro de ataques. Para além dos veículos importados, fez-se alguma produção local, mas em pequeno número 203