• Nenhum resultado encontrado

Após a proclamação da Segunda República em abril de 1931, o novo governo com o intuito de reforçar as forças policiais, resolveu criar uma unidade especial, a «Guarda de Assalto», uma polícia de choque motorizada. Esta força, que tinha vários tipos de veículos, foi integrada no Corpo de Segurança e passou a chamar-se «Corpo de Segurança e Assalto», atuando em todo o território espanhol. Do seu equipamento motorizado fazia parte o veículo designado como Autometralhadora Modelo Bilbao 1932. Esta viatura foi encomendada à SECN (Sociedade Espanhola de Construção Naval), com fábrica em Bilbau. A base era para ser o chassis de um camião 4x2 Ford V8 Modelo 1930, mas a fábrica Ford Ibérica não os produziu a tempo, pelo que os primeiros trinta e seis veículos acabaram baseados em chassis 4x2 Dodge Modelo 1932. O SECN Bilbao 1932 tinha um casco com blindagem frontal de 10 mm e lateral de 3 mm. O condutor e o chefe de viatura posicionavam-se à frente, o atirador na torre e havia ainda espaço livre para transportar cinco soldados. A torre era cilíndrica e estava equipada com uma metralhadora de 7,92 mm. Algumas das viaturas capturadas pelas forças nacionalistas e usadas pelos militares alemães da

99

MAZARRASA, Javier de, Fresno’s (ilustrações), Blindados en España - La Guerra Civil 1936-1939, La Maquina y la História nº. 2, Valladolid, Quiron Ediciones, 1991, p. 10.

100

61

Legião Condor, foram modificados com um lança-chamas instalado no casco do veículo. A produção foi feita nas fábricas em Sestao, no Norte de Espanha, com todos os quarenta e oito veículos entregues por volta de 1936 101. Catorze viaturas foram entregues ao Grupo de Autometralhadoras de Cavalaria, sendo duas enviadas de volta para a fábrica. Os veículos restantes foram dados ao Grupo de Assalto.

Quando a guerra começou, sete autometralhadoras foram capturadas pelas forças nacionalistas, sendo duas destas usadas para ocupar o quartel de La Montana. Duas viaturas republicanas foram perdidas em combate em Toledo, com duas outras aprendidas pelos nacionalistas em Alto del Leon e mais duas capturadas em Mérida e usadas contra os republicanos no ataque a Badajoz.

Dois Bilbaos sobrevivem até hoje, um no Parque Y Centro De Mantenimiento

De Vehiculos Rueda em Madrid e outro na Academia de Logística em Catalayud,

Zaragoza.

1936 - Ferrol

102

Nos meses antes de eclodir a Guerra Civil de Espanha, havia uma grande tensão política. Várias unidades do Exército decidiram criar veículos blindados, antecipando um potencial conflito. O Regimento de Artilharia de Costa Nº 2, localizado em Ferrol, decidiu blindar pelo menos quatro dos seus camiões Hispano-Suiza 30/40 103.

A viatura resultante tinha blindagem de 6 a 8 mm de espessura, múltiplas seteiras nos flancos e retaguarda do veículo, para permitir disparos a partir do interior da viatura. A torre, semelhante em design à da autometralhadora Rolls-Royce britânica, estava equipada com uma metralhadora de 7,92 mm e tinha alguns blocos de visão direta para observação.

As autometralhadoras Ferrol que ficaram na posse dos nacionalistas no início da guerra foram usadas para controlar Ferrol e as áreas à volta da cidade, mais tarde participando na defesa de Oviedo. Quando chegaram as viaturas blindadas de trilhos

101 MAZARRASA, Javier de, Fresno’s (ilustrações), Blindados en España - La Guerra Civil 1936-1939,

La Maquina y la História nº. 2, Valladolid, Quiron Ediciones, 1991, pp. 26 e 27.

102

FRANCO, Lucas Molina, GARCIA, José Maria Manrique, Blindados Españoles en el Ejército de Franco 1936-1939, Valladolid, Galland Editorial Books, 2009, p. 8.

103

62

Panzer I da Alemanha e os L3/33 da Itália, os Ferrol foram retirados das linhas da frente

e usados para operações policiais e de patrulha. O seu destino final é desconhecido, mas após a guerra deixaram de existir.

Não se sabe o número exato de veículos Ferrol construídos. Pelo menos quatro foram criados, mas algumas fontes mencionam a existência de um quinto ou ainda de um sexto veículo. Existia ainda uma versão do Ferrol que tinha um design de blindagem diferente e não possuía torre. Não se sabe se essa versão era uma das quatro viaturas referenciadas, se era um protótipo, ou talvez uma outra viatura.

1936 - Pamplona

104

Dos blindados Pamplona construíram-se dez exemplares, entre julho e agosto de 1936. Estiveram na conquista de San Sebastian, integrados na Companhia de Camiões Blindados.

Eram modelos muito rudimentares e pouco eficazes. Os de Palencia e Valladolid possuíam pouco poder militar, embora um destes veículos tivesse acompanhado o Exército dos nacionalistas no ataque a Madrid. Já os fabricados em Saragoça eram de melhor qualidade, mas sem serem superiores aos dos inimigos. Eram pesados, lentos, sem condições para atuar em todo-o-terreno e com uma proteção muito vulnerável.

1936 - Ebro

105

Entre julho e agosto de 1936, nas fábricas de Saragoça, blindaram-se camiões com chapa soldada o que deu origem ao modelo Ebro, de que se fizeram duas séries, uma de dois exemplares e outra de oito. A blindagem cobria todo o veículo, incluindo as rodas. Na frente encontrava-se o motor com o lugar do condutor. A torre circular estava equipada com metralhadora de 7,92 mm. Nas laterais havia seteiras para disparo de pistola. Os

104

FRANCO, Lucas Molina, GARCIA, José Maria Manrique, Blindados Españoles en el Ejército de Franco 1936-1939, Valladolid, Galland Editorial Books, 2009, pp. 13, 16 e 17.

105

63

veículos da segunda série, Ebro 2, foram fabricados em diferentes oficinas e eram talvez dos maiores construídos em Espanha durante a guerra. Seriam veículos muito pesados e difíceis de manobrar e a sua participação nos combates foi reduzida. A utilização dos «tiznaos» foi mais de ordem logística, atuando no apoio ao Exército na retaguarda e atemorizando o inimigo.

Com base em fotografias publicadas conclui-se que o requetés 106 do «Tercio Maria de Molina» usou um Ebro 2 na frente de Aragão. Na mesma província, mas nos Pirenéus, um Ebro 1 abastecia o Forte de Santa Helena, e terá sido aprisionado pelas milícias republicanas em 1937 107.

1937 - UNL-35

No início da Guerra Civil o Exército Republicano necessitava desesperadamente de armamento, enquanto a União Soviética procurava travar a expansão das forças fascistas na Europa. Os russos enviaram armas, canhões veículos, e pessoal para Espanha para ajudar o lado republicano. Entre estes estavam vários engenheiros e especialistas que ajudaram a produzir equipamento doméstico. Em 1935 estes colaboraram no projeto do UNL-35, criado pelo coronel Nikolai Alimov, juntamente com outros engenheiros e técnicos espanhóis pertencentes à União Naval do Levante, em Valência.

O design foi influenciado pela autometralhadora BA-20 soviética, usando o chassis do camião ZiS-5 e de vários outros veículos, como os do GAZ-AA, do Chevrolet e de alguns britânicos. O casco da viatura possuía blindagem inclinada de 8 a 10 mm, fabricada nos altos-fornos de Sagunto, sob a responsabilidade de A. Vorobiov, um engenheiro soviético.

Havia uma metralhadora na torre e outra no casco da viatura, à direita do condutor. O calibre da metralhadora variava entre 7,62 mm e 7,92 mm, podendo ser refrigerada a água ou a ar. A produção começou no início de 1937, com cerca de cinco veículos por mês. No início de 1938 começaram os bombardeamentos aéreos, que, na

106 Requetés era o nome dado a uma milícia com cerca de 60 000 combatentes, que lutaram ao lado de

Franco durante a Guerra Civil de Espanha. Ver fig. 12 em anexos.

107

MAZARRASA, Javier de, Fresno`s (ilustrações), Blindados en España - La Guerra Civil 1936-1939, La Maquina y la História nº. 2, Valladolid, Quiron Ediciones, 1991, pp. 26 e 27.

64

Primavera do mesmo ano levaram as fábricas da União Naval do Levante (UNL) a serem evacuadas, pelo que o fabrico foi deslocado para Elda e Pertel, em Alicante, a Sul de Valência. A produção terminou em março de 1939, tendo até então sido construídos cento e vinte veículos.

Sobre a sua utilização pouco se sabe, para além de que participaram nos conflitos de maio de 1937 na Catalunha, entre várias fações republicanas rivais 108. Estiveram ainda noutras batalhas, como Brunete, Segovia, Teruel e Belchite, e alguns veículos sobreviventes foram para França com as forças republicanas sobreviventes. Estes participaram na batalha de França e na evacuação de Dunquerque, onde acabaram capturados pelos alemães.