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Apesar do AMR 34 ter sido rejeitado, Gendron continou a redesenhar o veículo, com uma versão melhorada de chassis 4x4 entregue em 1935, que foi mais bem recebida, tendo não só duas rodas na retaguarda, mas também melhores rolamentos e blindagem de 15 mm. Apesar de apresentar algumas características superiores à autometralhadora Panhard, esta já tinha sido adotada. No entanto, a necessidade de mais viaturas blindadas e os problemas com a produção das torres do Panhard 178, levaram o Exército a encomendar algumas Gendron-SOMUA.

A SOMUA redesenhou alguns aspetos da versão de 1935, incluindo um motor mais potente e uma nova torre, com um canhão de 25 mm e uma metralhadora de 7,5 mm. Esta nova viatura foi testada em 1938, e em 1939 foi aceite ao serviço, com um pedido de cento e cinquenta unidades. No entanto, a Invasão de França em 1940 interrompeu a produção, com apenas quatro viaturas completas, cujo destino é desconhecido.

166 Imagem disponível em <http://aviarmor.net/tww2/halftracks/france/am_somua.htm>, [acesso em

1/8/2019].

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Imagem disponível em <https://www.chars-francais.net/2015/index.php/engins- blindes/automitrailleuses?task=view&id=702>, [acesso em 1/8/2019].

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1939 - Panhard 201 40P

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Em 1938 a Panhard desenhou um novo modelo de viatura blindada, de aparência estranha. O chassis era de 4x4, mas tinha quatro rodas metálicas no meio da viatura, atuando como rolamentos. A blindagem era de 6 mm e estava equipado com canhão de 37 mm e uma metralhadora de 7,5 mm. O protótipo, terminado em 1939, impressionou o Exército Francês, que pediu seiscentos veículos e ainda uma versão com um canhão de 47 mm, o que requereria uma torre modificada.

No entanto, a batalha de França inviabilizou estes planos. O único protótipo construído foi enviado para o Norte de África para evitar ser capturado pelos alemães, sendo o seu destino desconhecido. Após a guerra, a Panhard retomou o projeto, que eventualmente resultou no Panhard EBR, uma das mais bem-sucedidas autometralhadoras da Guerra Fria.

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Imagem disponível em <https://www.chars-francais.net/2015/index.php/engins-blindes/blindes-a- roues?task=view&id=78>, [acesso em 1/8/2019].

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3.7. Grã-Bretanha

Na Primeira Guerra Mundial a Grã-Bretanha foi um dos países pioneiros no desenvolvimento do conceito de viatura blindada. Mas a opinião pública e os políticos britânicos do pós-guerra não estavam dispostos a fazer grandes gastos no Exército, nem na preparação para uma nova guerra no continente europeu.

A defesa dos interesses britânicos nas colónias era a prioridade, principalmente nas colónias como o Egipto, Palestina e Índia, o que levou ao fabrico local de veículos blindados. Daí que a inovação em viaturas blindadas nas décadas de 1920 e 1930 fosse mais lenta do que noutros países 169.

O pensamento militar britânico depois de 1918 apontava para o uso das autometralhadoras como arma independente, embora predominasse a ideia de que deviam ser utilizados no apoio à Infantaria. No Exército havia uma corrente conservadora que se opunha aos blindados, sendo a Cavalaria o sector mais resistente às novas tecnologias.

Apesar das resistências, entre 1927 e 1928, foi criada uma Força Mecanizada Experimental que realizou alguns exercícios. Dessa experiência concluiu-se que devido a desfasamentos na mobilidade e pouca confiança na eficácia mecânica dos veículos, não era viável combinar viaturas de combate com outras armas. Esta conclusão associada à oposição conservadora e a restrições financeiras conduziram à eliminação da Força Experimental.

Para que essa experiência não se perdesse o coronel Charles Broard do Royal Tank Corps lançou o regulamento Formações Mecanizadas e Blindadas (Mechanized

and Armored Formations), onde defendia a utilização de armas combinadas, dando

relevo à Infantaria mecanizada. Mas em 1937 foi criada a Divisão Móvel, a qual se tornaria a 1ª Divisão Blindada em 1939, com separação de armas.

O Exército Britânico procurou encontrar modelos de viaturas blindadas preparadas para desempenhar diversas funções, sendo a mais importante a de reconhecimento na frente de batalha, dependendo essa função da velocidade. A proteção e o armamento da guarnição, ainda que necessários, tinham um papel secundário.

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STEEL, Brett, Military Reengineering Between the World Wars, Santa Monica, California, RAND

Corporation, 2005, disponível em

<https://www.rand.org/content/dam/rand/pubs/monographs/2005/RAND_MG253.pdf> [acesso em 1/8/2019], p.11-12.

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1920 - Rolls-Royce M1920

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Depois da Primeira Guerra Mundial a Rolls- Royce produziu novas variantes do bem-sucedido modelo de 1914, conhecidas como o Rolls-Royce 1920 Pattern, o Rolls-Royce 1924 Pattern, o Fordson Armored Car e o Rolls-Royce Indian Pattern.

Segundo David Fletcher, as análises das fotos dos blindados Rolls-Royce permitem concluir que no mesmo modelo existiam pequenas variantes, nomeadamente na posição das aberturas de visão direta frontais ou na blindagem. No entanto, de um modo geral, os chassis usados foram os do Silver Ghost, tal como no modelo de 1914.

O Rolls-Royce 1920 Pattern 171, ou Mk.I, tinha uma blindagem de 8 mm, a proteção do radiador reforçada e estava armado com a mesma metralhadora de 7,71 mm que o modelo de 1914. A guarnição era também igual. A versão Mk.IA incluía uma cúpula no tejadilho para o chefe de viatura.

O Rolls Royce Indian Pattern de 1921 tinha um casco alongado e uma torre hemisférica semelhante à do Vickers-Crossley, equipada com quatro metralhadoras de 7,71 mm.

O Rolls-Royce 1924 Pattern também era parecido com os seus antecessores (modelos de 1914 e 1920), mas com alterações na cúpula do chefe de viatura e na torre. O Fordson Armored Car foi uma variante feita no Egipto nos anos 1940 com chassis de camiões Fordson, armado com uma metralhadora de 7,71 mm e uma espingarda anticarro de 13,97 mm. Algumas variantes foram equipadas com outras metralhadoras ou ainda metralhadoras duplas. Lutaram contra os italianos na Somália (1941).

As autometralhadoras blindados Rolls-Royce estiveram ativas no Médio Oriente, onde foram usadas em patrulha e policiamento. Mas o calor excessivo levou a que, por vezes em caso de patrulha, as torres fossem removidas e a metralhadora fosse fixada a um mecanismo que lhe permitia rodar e apontar em várias direções.

170 FLETCHER, David, MORSHEAD, Henry (ilustrações), The Rolls-Royce Armoured Car, New

Vanguard 189, Oxford, Osprey Publishing, 2012, pp. 23, 24, 26, 27, 28, 32, 39, 40, 41,42, 43; FORTY, George, World War Two AFVs - Armoured Fighting Vehicles & Self-propelled Artillery, Oxford, Osprey Publishing, 1995, p. 22.

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Alguns exemplares participaram na Guerra Civil Irlandesa (1922-23), contra o Exército Republicano Irlandês. No princípio de 1927 algumas viaturas integraram a

Shanghai Defense Force (Força de Defesa de Shanghai), que tinha como objetivo

proteger a comunidade britânica naquela cidade. Aos veículos enviados para Shanghai foram acrescentados para-choques para facilitar a circulação na cidade.

Quando a Segunda Guerra Mundial começou ainda existiam blindados Rolls- Royce ao serviço do Exército Britânico, o que testemunha o seu sucesso.