• Nenhum resultado encontrado

Objetivos e metodologia |

3. Explorar, a um nível regional e tomando como referência uma perspetiva ecológica sobre os antecedentes da gravidez na adolescência, a influência de variáveis que

2.2. Seleção da amostra

2.4.1. Ficha de dados sociodemográficos e entrevista semi-estruturada

Esta ficha foi construída a partir da entrevista semi-estruturada sobre as dimensões psicológicas da gravidez utilizada na avaliação e triagem das utentes da Consulta de Grávidas Adolescentes da Maternidade Dr. Daniel de Matos – Hospitais da Universidade de Coimbra, E.P.E. (Pedrosa, Canavarro, & Pereira, 2003). Esta ficha era constituída maioritariamente por questões de seleção de resposta simples e composta, embora constassem, também, perguntas de produção aberta.

Este instrumento possibilita a recolha dos dados de identificação e caracterização sociodemográfica, informação escolar e profissional. Permite ainda obter dados acerca do contexto familiar (na infância e atualmente), da história de saúde médica e psicopatologia (da adolescente, companheiro e progenitores) e saúde reprodutiva, projeto de vida e gravidez na adolescência na família. Um segundo grupo de questões diz respeito à gravidez, nomeadamente, permite obter dados sobre a história de saúde reprodutiva e a gravidez atual, aspetos obstétricos e neonatais e acerca da vivência psicológica e emocional da gravidez (expectativas prévias, reação emocional da própria e de outros significativos, mudanças percecionadas, entre outros aspetos). Um último grupo de questões permite a recolha de informação relativa à satisfação geral com a vida, mudanças desejadas e projetos de vida em áreas como a família e a vida escolar e profissional. As versões desta entrevista utilizadas num e noutro grupo diferiam em alguns aspetos de formulação, que visavam ajustá-la à realidade de ambos.

No caso das jovens grávidas o questionário incluía adicionalmente tópicos sobre a gravidez, dados sóciodemográficos do pai do bebé e reações e atitudes face à gravidez, vigilância e impacto da mesma na vida da adolescente e ainda informações sobre projetos futuros da adolescente para si própria e para o bebé.

Codificação das variáveis sociais e demográficas

A variável idade foi registada de acordo com o que era referido pelas adolescentes em anos e agrupada em dois grupos etários38: menos de 15 anos e 15 a 19 anos. Relativamente ao

estado civil, a classificação obedeceu à situação legal ou à existência de uma rotina habitual com um companheiro (situação de coabitação); assim, considerámos os seguintes grupos: solteiras, casadas, em união de fato, e separadas ou divorciadas. Dentro do grupo de participantes casadas, fizemos a distinção entre casamento religioso e casamento civil.

O grau de instrução foi classificado tendo em conta o grau de escolaridade atingido (ano escolar frequentado ou ultimo ano frequentado antes de abandonar a escola) e foi categorizada de acordo com os níveis de ensino habituais: 1º ciclo do Ensino Básico (até ao 4º

38 Utilizamos estas categorias tendo por referência o valor utilizado pelo Instituto Nacional de Estatística

na divulgação das estatísticas demográficas nacionais relativas à taxa de fecundidade e ao número de filhos de mães adolescentes.

ano de escolaridade), 2º ciclo (5º e 6º anos), 3º ciclo (até ao 9º ano de escolaridade) e Ensino Secundário (do 10º ao 12º ano de escolaridade).

No caso de ter ocorrido abandono escolar, era registado o ano em que tal tinha ocorrido, bem como os motivos pelos quais havia acontecido. As expectativas das jovens acerca de continuação ou não dos estudos e respetivos motivos, bem como os projetos profissionais futuros eram também alvo de questionamento. Registavam-se, ainda, informações relacionadas com o percurso escolar anterior, nomeadamente a ocorrência ou não de reprovações, o ano em que ocorreram e o tipo de ensino frequentado (regular ou profissional).

Os dados acerca da situação profissional foram classificados em três categorias: empregada, desempregada/inativa e estudante. Na situação de emprego, era também registada a profissão exercida (estes dados foram recolhidos para as participantes e em relação aos progenitores e, no caso das jovens casadas ou em união de fato, também para o companheiro).

Tendo por base as informações acerca das habilitações escolares e da situação profissional da própria, ou do elemento cujo rendimento era predominante dentro do agregado familiar, foi codificado o NSE, utilizando-se para tal a tipologia estabelecida por Simões (1994), que recomenda três níveis: baixo, médio e elevado (cf. pg. 102).

As variáveis relativas ao estilo de vida (consumo de álcool, tabaco ou outros estupefacientes), foram recolhidas em relação às adolescentes, aos progenitores e ao companheiro e as respostas foram categorizadas dicotomicamente em sim e não, sendo colocadas questões adicionais para elucidação acerca das frequências de consumo. Em relação às grávidas, foram inquiridos os consumos habituais e os ocorridos durante a gravidez.

Variáveis relativas à história de saúde reprodutiva e gravidez

A informação acerca da história sexual e reprodutiva (idade da menarca, idade de início da vida sexual, número de parceiros, existência ou não de gestações prévias e respetivo resultado obstétrico), o conhecimento e utilização de métodos contracetivos (antes da gestação e depois do parto, no caso das participantes com história de gravidez), as formas de prevenção e práticas individuais nesse sentido, e a verificação das expectativas (prévias à ocorrência de gestação) acerca das mudanças decorrentes de uma gravidez na adolescência, foi obtida através da realização de questões (abertas e fechadas).

No caso das jovens grávidas foram colocadas questões de modo a suscitarem uma resposta dicotómica (sim ou não), acerca do desejo e planeamento da gravidez e respetivos motivos, bem como a ponderação e realização ou não de interrupção voluntária da gestação, e respetivas justificações pessoais, sendo seguidas por questões abertas que permitissem esclarecer o significado das respostas. Analisou-se também a sua experiência prévia

(existência ou não de outras gestações, e curso e resultado obstétrico das mesmas), sendo classificadas como primíparas ou multíparas. O GA foi ainda inquirido acerca do impacto e reações emocionais à gestação (da própria e de outros significativos, nomeadamente pais e companheiro), vigilância e possíveis intercorrências médicas ao longo da gravidez.

A reação à gravidez foi avaliada solicitando às grávidas que classificassem a sua reação e a de outros significativos, numa escala ordinal - com sete possibilidades de resposta - que vai de (Extremamente mal a Extremamente bem), sendo-lhes pedido em seguida que justificassem a sua escolha com exemplos dos comportamentos em que se fundamentaram para responder. Analogamente, foram inquiridas as atitudes dessas mesmas figuras da rede relacional em relação à gravidez (com possibilidades de resposta que iam desde Distanciou-se e não apoia, até Aceitou e apoia), e foi-lhes pedido que qualificassem a mudança ou a persistência dessas atitudes ao longo da gravidez (Não mudou, Mudou para pior, Mudou para melhor).

Foi ainda solicitado que avaliassem o impacto da ocorrência de gravidez na adolescência em várias áreas de vida (autoimagem, estado emocional, relação com outros significativos, disponibilidade de dinheiro e tempo para si mesma, vida escolar ou profissional), referindo se consideravam que essas dimensões ficavam igual, melhor ou pior depois da sua ocorrência. No GASHG esta questão era efetuada acerca da perceção do impacto que a ocorrência de uma gravidez tinha numa jovem nesta fase do ciclo de vida. A existência ou não de gravidez na adolescência na família foi apurada questionando as jovens acerca de outros membros femininos da família que tivessem engravidado antes dos 18 anos; no caso de resposta afirmativa, era pedido que indicassem o parentesco com elas.