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fixação do estado do bem: o poder público fixa o estado do bem, fixa as condições em que se encontra o bem e determinada que o particular deverá entregá-lo naquelas condições A

No documento Resumo administrativo (páginas 32-34)

CLÁUSULAS EXORBITANTES

2) fixação do estado do bem: o poder público fixa o estado do bem, fixa as condições em que se encontra o bem e determinada que o particular deverá entregá-lo naquelas condições A

partir desse momento se o particular fizer alguma alteração não será ressarcido, mas cabe exceção, nos casos de: benfeitorias necessárias e benfeitorias úteis, desde que, essas tenham sido autorizadas pelo Estado (súmula 23 do STF).

* Depois de declarado o interesse social ou utilidade pública, o Estado tem um prazo para executar a desapropriação. O prazo decai (caducidade), nos casos de utilidade pública decai em 5 anos e nos casos de interesse social decai em 2 anos. Após a caducidade dos prazos, poderá ser feita nova declaração de interesse social ou utilidade pública, desde que, respeitado o prazo de carência de 1 ano. Com a nova fixação, deve ser feita a nova fixação do Estado do bem. (exemplo: caso da casa de praia do professor).

- Fase executória: se houver acordo, a fase executória se faz na via administrativa (a administração declara, paga, e o particular sai do bem tudo numa boa). No entanto, a maioria dos casos se faz pela via judicial, através das ações de desapropriações.

Aula 6.3

Ação de desapropriação

- A ação de desapropriação é proposta pelo Poder Público e o particular é chamado para contestar.

* A sua matéria de contestação é restritíssima. A única matéria que pode ser contestada pelo particular é o valor indenizatório (valor baixo ou valor péssimo). Os vícios nos procedimentos de desapropriação podem ser discutidos, tanto pela via administrativa como pela via judicial, no entanto, esses vícios não podem ser discutidos no bojo da ação de desapropriação, tais vícios poderão ser discutidos em ação ordinária direta (distribuição por dependência ou juiz da desapropriação).

- Na ação de desapropriação, uma vez que só se pode discutir o valor oferecido pela AP, é possível ser concedida uma medida liminar, qual seja concedida a imissão provisória na posse (como não se discute o bem e de qualquer maneira ele irá ser entregue à AP, então que se entregue ele desde logo).

* A AP irá entrar na posse do bem através da imissão provisória do bem, desde que faça declaração de urgência e faça o deposito do valor incontroverso (valor oferecido a primeiro momento). O depósito do valor incontroverso deve ser feito em até 120 dias contados da declaração de urgência, não podendo tal prazo ser renovado. * Feito o deposito, o particular tem direito de levantar 80% do valor depositado, e os outros 20% ficam garantindo o juízo (se levantar 100% presume-se que o particular aceitou a proposta). Ao final desse processo vem a sentença final que transfere a propriedade. - Se ao final, ficar entendido que o valor oferecido pela AP estava aquém da avaliação do bem, o juiz irá declarar qual o valor considerado justo. Como sabido, a AP, afim de ingressar de forma provisória na posse deve adiantar o valor que ofereceu em primeiro momento, então presume-se que a AP, terá apenas que complementar o valor até chegar ao valor estipulado na sentença, entretanto, essa diferença não será paga de forma prévia e em dinheiro ao particular. A diferença, por ser considerada decisão judicial, será paga em precatórios, respeitado a ordem cronológica de pagamento de precatórios. Uma vez que o pagamento não será mais prévio, para que se assegure o pagamento justo, correrão algumas outras verbas: a) correção monetária: incide logo após o trânsito em julgado, com índice de juros igual da cardeneta de poupança, incidente sobre o valor estipulado a maior em decisão judicial, ou seja, incidente sobre o valor a ser recebido em precatórios.

b) Juros compensatórios: os juros compensatórios incide logo após a perda da posse e incidem para compensar o fato do particular ter perdido a sua posse, anteriormente ao recebimento da indenização justa, prévia e em dinheiro. Incidentes sobre a diferença (valor que não foi possível levantar) entre o valor sentenciado e o valor que foi possível levantar a princípio-80%, com percentual estipulado pela súmula 618 do STF em 12% ao ano.

c) Juros moratórios: os juros de mora serão pagos em razão da demora do particular em receber o valor indenizatório, incidente sobre o valor a ser recebido em precatório. * Os precatórios inscritos até julho de um ano poderão ser pagos sem atraso e independente do pagamento de juros de mora, até o dia 31/12 do ano seguinte àquele em que ele foi inscrito, assim sendo, os juros de mora começarão a correr a partir do inicio do ano seguinte

àquele em que deveria ter sido pago. SV 17.

* O percentual dos juros moratórios será de 6% ao ano).

d) Honorários advocatícios: os honorários de sucumbência incidem sobre o valor sentenciado a maior pelo juiz com relação ao valor oferecido a primeiro momento pela AP (incide sobre o valor a ser recebido em precatórios). Súmula 617 do STF. O percentual pode variar entre 0,5 até 5% estipulado pelo juiz sobre o valor de sucumbência.

Aula 6.4

Conceitos dentro da desapropriação

- Direito de extensão: a desapropriação pode ser total ou parcial. Nos casos em que o Estado desapropria de forma parcial um terreno e deixa para o particular uma área, que isoladamente, é considerada praticamente inútil ou desaproveitável, o particular poderá lançar mão do direito de extensão. O Estado deverá estender a desapropriação sobre o terreno inteiro e indenizar o particular sobre tudo. “Leva tudo e paga por tudo”.

- Desapropriação indireta: acontece toda vez que o Estado esbulha/toma o bem do particular sem observar as regras para desapropriação (exemplo: caso da servidão do terreno para passar postes de energia elétrica, se essa servidão restringir de forma absoluta o direito do particular de usar seu bem, ocorrerá a desapropriação indireta, e não propriamente a servidão do bem). Apesar do Estado esbulhar/tomar o bem sem observância da lei, em razão da supremacia do interesse público sobre o privado, caberá ao particular tão somente pedir indenização.

* prazo de prescrição: súmula 119 do STJ: essa súmula diz que prescreve em 20 anos (15 anos – código civil) o prazo para propositura da ação de desapropriação indireta, seguindo o raciocínio da usucapião extraordinária (transcorrido esse prazo o Estado terá usucapido o bem do particular). No entanto, o código civil de 2002 disse que o prazo da usucapião extraordinária passa a ser de 15 anos, sendo assim, a súmula continua vigente, no entanto, o seu prazo deverá ser entendido/interpretado como 15 anos e não como 20 em sua literalidade.

- Desapropriação por zona: ocorre em terrenos vizinhos a obras públicas. O próprio decreto expropriatório deverá prever qual terreno será desapropriado e qual terreno será desapropriado em zona. A finalidade da desapropriação por zona pode ser: em razão da posterior extensão da obra e também nos casos de supervalorização dos terrenos vizinhos (é como se fosse uma contribuição de melhoria).

- Retrocessão: ocorrerá nos casos de desvio de finalidade na desapropriação.

* O desvio de finalidade é conhecido como tredestinação. Nos casos em que se apenas se desvia a finalidade da desapropriação, mas mantém a essência dela, que é o interesse público, estar-se-á diante de uma tredestinação lícita (desvio de finalidade autorizada pela lei). (ex: desapropriação para construção de escola, mas que ao final foi construído um hospital). * Quando ocorre a tredestinação ilícita ou adestinação, que é quando o Estado desapropria um bem, mas não destina qualquer finalidade a ele, neste caso o proprietário poderá

recorrer ao Estado requerendo a devolução do bem.

** O problema maior na retrocessão está quando o Estado além de não dar finalidade ao bem desapropriado, ainda, repassa (vende) para terceiro. Diante destes casos insurge duas correntes: 1) se a retrocessão for considerada um direito real ela gozará de direito de seqüela, podendo o particular buscar seu bem aonde quer que esteja ou 2) se considerada a retrocessão como sendo um direito pessoal ele não goza de direito de seqüela não podendo seu “dono” buscar aonde e com quem quer que esteja. O art. 519, tratado no capítulo dos bens pessoais no código civil, pois fim a essa discussão, e estabeleceu que o “ex dono” gozará tão somente de direito de preferência, sendo como tal, se o Estado não der destinação ao bem desapropriado deverá procurar o “ex dono”, afim de que ele se valha do seu direito de preferência (não é devolver), antes de repassar o bem desapropriado a terceiro. Se o Estado não respeitar esse direito essa relação será resolvida em perdas e danos.

No documento Resumo administrativo (páginas 32-34)