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Introdução

O Fluido Sinovial ou Líquido Sinovial (LS) tem a função de proteger, nutrir e lubricar as cartilagens não vascularizadas das articulações (Figura 21). Derivado do plasma sanguíneo por ultraltração e enriquecido de mucoproteínas secretadas pelos sinoviócitos do tecido sinovial, esse líquido apresenta-se normalmente límpido e transparente, de cor amarelada, contendo 2 g/dL de proteínas isentas de brinogênio (não coagula espontaneamente) e não apresenta cristais.

Em termos de etiologia, a análise do LS é usada para classicar distúrbios articulares.

Em casos patológicos, o volume do LS pode aumentar devido à elevação da permeabilidade capilar. Nos casos de traumatismos, hemácias estão presentes e o número de leucócitos é maior do que o normal.

Figura 21 – Líquido Sinovial

Fonte: <http://pilatessaocaetanodosul.blogspot.com.br/2012/02/articulacoes-sinoviais.html>. Acesso em: 3 out. 2012.

O aumento na quantidade das proteínas totais está relacionado com a gravidade de afecções das articulações e, principalmente, de artrites e doenças reumáticas, em que a análise dos constituintes do LS encontra aplicação diagnóstica e prognóstica.

Coleta

 A amostra geralmente recebida pelo laboratório é aspirada do joelho com agulha, num procedimento chamado Artrocentese, realizada em condições de esterilidade estrita.

UNIDADE II

OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS

 A quantidade normal de LS contida na cavidade articular do joelho é inferior a 3,5 mL, aumentando nos distúrbios articulares.

O LS deve ser colhido em condições estéreis e em frasco com e sem anticoagulante. O mais utilizado é a heparina ou o EDTA líquido. Esses anticoagulantes evitam a presença de artefatos que poderiam prejudicar a análise da amostragem.

Em amostras patológicas pode haver brinogênio em quantidade aumentada; por isso, é recomendável que se colham amostras com anticoagulante para as análises citológica e bioquímica, e sem anticoagulante para a análise microbiológica, respectivamente.

O paciente deve estar de jejum de, no mínimo, 6 horas, de forma a permitir um equilíbrio da glicose do plasma com a do LS. Deve ser colhida uma glicemia de jejum. O LS pode fornecer informações úteis para o diagnóstico das seguintes situações: suspeita de infecção (artrite supurativa aguda), artrite devido a ácido úrico (gota) ou a pirofosfato de cálcio (pseudo-gota) e diagnóstico diferencial de artrite.

 Análise

 A análise do LS começa pela determinação do volume total colhido. A aparência e coloração são observadas em um tubo transparente contra um fundo branco. A leucocitose e a presença de cristais e gotas de gordura, ou outras células degeneradas, podem produzir um aspecto turvo. A coloração avermelhada produzida pela presença de sangue deve ser diferenciada entre coleta traumática e condições patológicas, como fratura, atingindo a superfície articular, tumor, artrite traumática, artropatia neurogênica, artrite hemofílica, entre outras.

 A viscosidade é avaliada grosseiramente deixando-se o uido percorrer a partir da ponta de uma seringa, sendo um o ininterrupto de 4 a 6 cm considerado normal. Estará diminuída em condições inamatórias e nas efusões traumáticas rápidas. Pelo Método de Ropes, a adição de ácido acético causa a formação de um coágulo que pode ser avaliado como:

»  bom = coágulo sólido; » regular = coágulo mole; » pobre = coágulo friável; e » ruim = coágulo ausente.

O valor da glicose dosada é inferior em cerda de 0 a 10 mg/dL à do sangue. Irá encontrar-se diminuída nas artrites bacterianas (incluindo a tuberculosa). O aumento da concentração de proteínas pode ocorrer em casos de gota, artrite reumatoide e artrite séptica, reetindo tanto o aumento da permeabilidade vascular como a síntese de imunoglobulinas (anticorpos).

 A análise imunológica pode ser feita pela determinação do fator reumatoide, que, embora inespecíco, esteja presente em cerca de 60% dos pacientes com artrite reumatoide. A detecção de  Adenosina Deaminase (ADA) em concentração elevada é indicativa da tuberculose.

OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS

 UNIDADE II

 A avaliação microscópica inclui a contagem celular total e diferencial, que podem ser efetuadas por meio da contagem celular em câmara de Neubauer, seguida da análise de distensão corada por corantes do tipo Leishman ou May-Grünwald-Giemsa. Um microscópio de luz polarizada deve ser usado para a avaliação da presença de cristais. Qualquer cristal presente no líquido sinovial é considerado anormal, sendo muito comuns os cristais de ácido úrico, associados ao acometimento por Gota.

 As provas microbiológicas devem sempre incluir a coloração de Gram e, sempre que a tuberculose for suspeita, a coloração de Ziehl-Neelsen. A cultura é positiva na maioria das atrites não gonocóccicas, mas a Neisseria gonorrhoeae é isolada em apenas cerca de 50% dos casos positivos. A cultura para  Mycobacterium tuberculosis é positiva em cerca de 80% dos casos. Esse germe pode também ser

detectado por meio de técnicas de biologia molecular.

Quadro 4 – Células e Inclusões Observadas no Líquido Sinovial

Célula/Inclusão Descrição Significado

Neutrófilos Leucócitos polimorfonucleares Infecção bacteriana Inflamação provocada por cristais Linfócitos Leucócitos mononucleares Inflamação não bacteriana Macrófagos (Monócitos) Grandes leucócitos mononucleares, que podem servacuolados Normal

Infecções virais Células da Membrana

Sinovial

Semelhantes a macrófagos, mas podem ser

multinucleados Normal

Células de Reiter Macrófagos vacuolados com neutrófilos fagocitados Síndrome de Reiter Inflamação inespecífica Células RA (Ragócito) Neutrófilos com grânulos citoplasmático escuro, contendocomplexos imunes  Artrite reumatoide

Inflamação imunológica Células de Cartilagens Grandes células multinucleadas Osteoartrite

Corpos Riciformes

 A olho nu lembra arroz polido

 Ao microscópio assemelha-se com colágeno e fibrina

Tuberculose

 Artrite reumatoide e bacteriana Gotículas de Gordura Glóbulos intracelulares e extracelulares refringentes Traumatismo

Hemossiderina Inclusões com aglomerados de células sinoviais Sinovite vilonodular pigmentada

CAPÍTULO 9

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