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Líquido Cefalorraquidiano

Introdução

O Líquido Cefalorraquidiano ou Líquor (LCR) é o terceiro principal uido biológico (Figura 28). O seu exame é utilizado para o diagnóstico de pelo menos quatro das principais afecções neurológicas, como as infecções; hemorragias; doenças degenerativas; e doenças neoplásicas.

Figura 28 – Processo de Amniocentese

Fonte: <http://draramispedroteixeira.blogspot.com.br/2011/09/liquido-cefalorraquidiano-liquor.html>.  Acesso em: 3 out. 2012.

O volume do LCR na primeira infância é de 40 a 60 mL e no adulto é de 90 a 150 mL, sendo 25% encontrado no sistema ventricular e o restante no espaço subaracnóideo. Normalmente, há uma renovação de 40 a 50 mL desse líquido por dia.

O LCR apresenta algumas funções, sendo as principais delas:

» Proteção mecânica do Sistema Nervoso Central (SNC) contra amortecimentos de

traumatismos que venham a atingir o encéfalo e/ou a medula espinhal;

»  Via de eliminação de produtos do metabolismo do SNC;

» Defesa contra agentes infecciosos, pela distribuição homogênea de células de

defesa; e

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Coleta

 A coleta só pode ser realizada por um prossional especializado, que saiba evitar a ocorrência de acidentes, mesmo fatais, em casos imprevisíveis.

Geralmente, colhe-se por punção lombar entre a 3ª e a 4ª ou entre a 4ª e a 5ª vértebra. É um procedimento que exige algumas precauções, que compreendem a medida da pressão intracraniana (PIC) e o emprego de técnica com a intenção de não haver introdução de infecção ou provocar lesão no tecido neural.

 As amostras devem ser colhidas em três tubos estéreis, marcados conforme a ordem que forem

sendo obtidos:

» 1º Tubo = utilizado para análises bioquímicas e sorológicas; » 2º Tubo = usado para microbiologia; e

» 3º Tubo = destinado à contagem celular.

Se possível, recomenda-se coletar o 4º tubo para análises que venham a ser solicitadas, pois amostras destinadas a outros tipos de avaliações bioquímicas e sorológicas mais especícas devem ser congeladas (como no caso da dosagem do VDRL – Venereal Disease Research Laboratories – para diagnosticar Sílis).

Durante a obtenção da amostra, pode se formar uma brina dentro do tubo algum tempo após a coleta. Esse fenômeno leva à suspeita de meningite tuberculosa.

 Análise

 A rotina do exame de LCR inclui suas propriedades físicas, o exame de citologia, de seus aspectos  bioquímicos e imunológicos. Em casos de processo inamatório, realiza-se a pesquisa do

agente etiológico.

Em condições normais, o LCR é límpido, incolor, levemente alcalino, com a densidade entre 1.006 a 1.009 e contém até 4 células por mm3.

Nos homens, a taxa de proteína é pouco maior do que nas mulheres, sendo maior nos velhos do que em pessoas jovens.

 A coloração normal desse uido é límpido e incolor “como água de rocha”. A terminologia mais adequada para descrever a aparência do LCR é: cristalino; opaco ou turvo; leitoso; xantocrômico; e sanguinolento.

Eventualmente, aparecem amostras de cor esverdeadas ou azuladas, em certos casos de meningite  bacteriana causada por Pseudomonas.

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 A turvação pode ser resultado de elevada concentração de proteínas ou lipídios, mas também ser indicativo de infecção, sendo a opacidade causada pela presença de leucócitos.

LCR xantocrômico poder estar associado à turvação em certas meningites bacterianas. Xantocromia associada à hemorragia ocorre em hemorragias intracranianas. O exame microscópico, no qual se visualiza macrófagos com hemácias fagocitadas, é um dado seguro de hemorragia intracraniana.

O exame citológico é realizado pela contagem global de células por mm3 e pela contagem especíca

dessas células (neutrólos, linfócitos, monócitos, plasmócitos, células histioides e outras), que, por sua vez, deve ser feita em um esfregaço corado.

 A análise bioquímica mais frequentemente realizada no LCR é a dosagem proteica. Glicose, lactato, glutamina e desidrogenase láctica (DHL) também são dosados no LCR.

 A técnica de Contra-Imunoeletroforese (CIE) é o método sorológico utilizado nos setores de microbiologia para detectar e identicar antígenos bacterianos no LCR.

 A função do setor de microbiologia na análise do LCR é identicar a etiologia da meningite.

Para a realização do exame microbiológico é preciso que a contagem global esteja com mais de 4 células por mm3. Em seguida, após a centrifugação do tubo, separa-se o sobrenadante para as

análises imunológicas. Então, utilizando o sedimento, será feito o exame a fresco do LCR entre lâmina-lamínula para a pesquisa de fungos. Confeccionam-se diversos esfregaços:

» 1º: corado pelo método de Gram = detecção de organismos bacterianos e fúngicos; » 2º: corado pelo método de Ziehl-Neelsen = bacterioscopia para pesquisa de Bacilos

 Álcool-Ácido-Resistentes (BAAR) quando há suspeita de meningite tuberculosa (Figura 29).

Figura 29 – Bacilos Álcool-Ácido-Resistentes

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Eventualmente, faz-se a pesquisa de cápsulas misturando-se, numa lâmina, uma alçada de LCR com uma gora de Tinta Nanquim ou Tinta da China; então, cobre-se com uma lamínula e examina- se ao microscópio, com objetiva de imersão. Esse preparo tem por nalidade detectar umas das causas mais comuns de meningite fúngica, oCryptococcus neoformans (Figura 30).

Figura 30 –Cryptococcus neoformans

Fonte: <http://pgodoy.com/?gallery=micoses-sistemicas>. Acesso em: 29 set. 2012.

Quadro 5 – Resumo dos Principais Resultados no Diagnóstico Diferencial da Meningite

Bacteriana Viral Tuberculosa Fúngica

Contagem elevada de leucócitos Contagem elevada de leucócitos Contagem elevada de leucócitos Contagem elevada de leucócitos Presença de neutrófilos Presença de linfócitos Presença de linfócitos emonócitos Presença de linfócitos emonócitos

Grande elevação nos níveis de proteínas

Elevação moderada nos níveis de proteínas

Elevação moderada ou acentuada nos níveis de

proteínas

Elevação moderada ou acentuada nos níveis de

proteínas  Acentuada diminuição do nível

de glicose Níveis normais de glicose Níveis baixos de glicose

Níveis normais ou baixos de glicose

Níveis elevados de lactato Níveis normais de lactato Níveis elevados de lactato Níveis elevados de lactato Níveis elevados de DHL (LD4

e LD5)

Níveis elevados de DHL (LD2 e LD3)

Formação de película Prova de tinta da China positivapara

Cryptococcus neoformans 

Organismos gram-positivos; e CIE Prova com látex positiva

Fonte: STRASINGER, S.K. Uroanálise e Fluidos Biológicos. 3. ed. São Paulo: Premier, 2001, p. 147.

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