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Foleys no canal central quando as personagens estão dentro de campo

5. Exercício de re-mistura

5.3. Técnicos participantes

5.4.4. Foleys no canal central quando as personagens estão dentro de campo

Mais uma vez todos os técnicos colocaram os foleys no canal central, sem nenhuma excepção.

5.4.5. Ambientes stereo e ambientes surround

Todos os técnicos misturaram, pelo menos uma vez no excerto, os ambientes stereo originais como ambientes surround. O que os diferenciou foram os ambientes stereo escolhidos para os canais traseiros e a quantidade de ambientes utilizados.

O Hugo Leitão foi o único a utilizar ambientes stereo, na cena 2 (casa de banho) e na cena 4 (quarto do pai). Por sua vez, o Vasco Pucarinho não utilizou qualquer ambiente nesta última cena (talvez por possível distracção) e noutras cenas o ambiente stereo está colocado completamente no centro (quase como o estado default das panorâmicas do Pro Tools), como por exemplo na cena 1 onde tecnicamente não há ambiente a não ser no canal central.

O único ambiente surround (na cena 3) não foi utilizado pelo Adrian Santos e pelo Vasco.

5.4.6. Música não diegética e respectiva disposição de reverberação

Dos 6 técnicos, 5 utilizaram música e destes apenas 4 optaram por utilizar o duplo MS em vez do MS stereo. O que diferenciava este parâmetro eram os routings que cada um aplicava e a utilização de reverberação. O Branko Neskov colocou a música nos canais L+R, sem reverberação adicionada, embora a reverberação natural do canal traseiro do sinal do duplo MS estivesse nos canais Ls+Rs. Os outros técnicos colocaram a música nos 3 canais frontais com diferentes métodos de reverberação.

O Adrian Santos optou por adicionar reverberação apenas no sinal do microfone cardióide traseiro, de modo a aumentar a reverberação já existente na captação.

Por sua vez, o Dinis Henriques adicionou reverberação em paralelo em todos os sinais do duplo MS e colocou a reverberação de acordo com o sinal onde estava a ser aplicado (fig. 7).

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Fig. 13 - Print Screen da sessão de Pro Tools do Dinis Henriques. Faixas dos sinais do duplo MS.

O Hugo Leitão apresentou um método diferente, apesar de não ser perceptível qual. Mesmo após ser questionado sobre o método, o Hugo apenas referiu que fez o que lhe soava melhor. Evidenciando, mais uma vez, que nem sempre o material fornecido é utilizado com a sua intenção incial. Contudo, a música do Hugo Leitão aparenta estar nos três canais frontais com reverberação nos canais traseiros. Como é possível observar na figura 15, foi utilizado um plug-in (Spanner), que faz a distribuição do sinal stereo para os 5 canais.

Fig. 14 - Print Screen da sessão de Pro Tools do Hugo Leitão. Faixas da música.

A aplicação de reverberação por parte do João Almeida também é interessante, uma vez que ele opta por aplicar dois tipos de reverberação paralela: uma para o sinal do microfone cardióide frontal e outro para o traseiro; nos sinais do microfone bidirecional estavam aplicados as duas reverberações (fig. 9).

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Fig. 15 - Print Screen da sessão de Pro Tools o João Almeida. Faixas dos sinais do duplo MS da música.

5.4.7. Disposição de reverberação dos diálogos

A utilização de reverberação foi um pouco variada, com 3 técnicos a aplicarem reverberação em surround (Dinis Henriques, João Almeida e Hugo Leitão), enquanto que o Branko Neskov não apresentou qualquer reverberação. O Adrian Santos apenas utiliza reverberação nos canais L+R na cena 3. O Vasco Pucarinho apenas colocou reverberação nos canais traseiros na cena 1.

Uma vez que na cena 4 é fornecida uma gravação de reverberação natural, a disposição de reverberação foi bastante diferentes do resto do excerto, em determinados casos.

O Adrian Santos não adicionou reverberação natural, mas colocou esta gravação no meio da sala, de forma a que o sinal fique disposto pelos 5 canais.

O Branko Neskov e o Dinis Henriques foram os únicos a colocar o sinal no canal central. O Hugo Leitão não utilizou a reverberação natural, preferindo utilizar reverberação artificial na faixa de gravação da perche. O Vasco Pucarinho também não utiliza reverberação natural. O João Almeida misturou a reverberação natural com reverberação artificial. A gravação de reverberação está colocada no canal central e na faixa do sinal do microfone de lapela e na perche está inserida a reverberação artificial disposta em surround.

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5.4.8. Valor RMS

Em todas as misturas, os valores de RMS dos canais esquerdo e direito são aproximados, com uma diferença máxima de -4dB. O mesmo acontece nos dois canais traseiros. Dos 6 misturadores apenas 3 técnicos recorreram ao canal do LFE. Estes valores médios também são muito semelhantes, com uma diferença menos significativa entre eles. Finalmente, os valores médios do canal central têm uma diferença muito mais elevada, sendo o valor mais elevado da mistura do Hugo Leitão (com -25,31dB), que utilizou uma faixa de VCA para diálogos. A mistura com os valores médios mais baixos é a do Adrian Santos (com -34,02dB).

5.4.9. Nível de True Peak

No que toca ao nível de True Peak, os valores entre as misturas já são mais discrepantes. Três das misturas não cumpriram, no canal central, o limite de -1dBTP recomendado pela EBU. Estas foram dos misturadores Dinis Henriques, Hugo Leitão e Vasco Pucarinho, sendo que o valor deste último é o mais elevado dos 3. Os canais esquerdo e direito têm valores relativamente diferentes, contudo a mistura do Dinis Henriques é a que apresenta uma diferença mais acentuada, com uma diferença de -5 dBTP. A mistura que apresenta valores mais aproximados foi a mistura do Branko Neskov.

Os níveis dos canais traseiros estão bastante discrepantes, onde a mistura com maior diferença é a do Hugo Leitão com -9dBTP e com a menor diferença as misturas do Branko Neskov e do Vasco Pucarinho.

Dos 3 misturadores que utilizaram o canal LFE, o que apresentou níveis mais altos foi a do Dinis Henriques. A mistura com níveis mais baixos pertence ao Adrian Santos.

5.4.10. Nível de intensidade sonora

Comparando os níveis de intensidade sonora das misturas submetidas, as misturas do Hugo Leitão e do Vasco Pucarinho são únicas acima do nível de referência da EBU (-23LUFS). Destas duas, a mistura com o nível mais elevado é a do Hugo Leitão com um valor de -21,87 LUFS. No outro extremo a mistura com a intensidade mais baixa é a do Adrian Santos, com um valor de -30,23 LUFS. Os misturadores Dinis Henriques, Hugo Leitão e Vasco Pucarinho apresentam os níveis mais altos, enquanto que o Adrian Santos, Branko Neskov e João Almeida fizeram misturas com menos intensidade.

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5.4.11. Análise espectral

Nas fichas de análise de cada exercício (disponíveis no anexo I) encontra-se a análise espectral de canal onde é possível observar que todos os canais apresentam um espectro de frequências dos 20 aos 20 000 Hz.

Cinco misturas (do Branko Neskov, Dinis Henriques, Hugo Leitão, João Almeida e Vasco Pucarinho) apresentam frequências graves (entre o 20 e 100 Hz) com mais intensidade do que a gama de frequências entre 100 a 1000 Hz. A mistura do Adrian Santos assemelha-se aos espetros dos filmes, previamente mencionados, onde a distribuiçãoo de energia é idêntica ao ruído rosa.

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