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FOLICULOGÊNESE OVARIANA E CARACTERIZAÇÃO FOLICULAR (ASPECTOS BÁSICOS DA FOLICULOGÊNESE OVARIANA)

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 FOLICULOGÊNESE OVARIANA E CARACTERIZAÇÃO FOLICULAR (ASPECTOS BÁSICOS DA FOLICULOGÊNESE OVARIANA)

A foliculogênese pode ser definida como o processo de formação e desenvolvimento (crescimento e maturação) dos folículos. É um evento iniciado ainda na vida pré-natal, na maioria das espécies, com a formação do folículo primordial e culminando com a formação do folículo de De Graaf ou pré-ovulatório (van den HURK; ZHAO, 2005). Ocorre simultaneamente à oogênese na maioria das espécies quando o oócito está entre as fases de prófase I e metáfase II. A foliculogênese pode ser dividida em duas fases, considerando o grau de evolução dos folículos: 1) fase pré- antral, composta pelos folículos não cavitários em que ocorre a ativação dos folículos primordiais e crescimento dos folículos primários e secundários; e 2) fase antral, na qual ocorre o crescimento inicial e terminal dos folículos terciários dando origem aos folículos pré-ovulatórios.

2.1.1 Formação e início do crescimento de folículos primordiais

Na espécie caprina, os folículos primordiais são formados por volta do 62° dia de vida fetal. Estes folículos apresentam um oócito circundado por uma camada de células somáticas planas, conhecidas como células da pré-granulosa, originárias do epitélio celômico (BEZERRA et al., 1998). Os folículos primordiais representam cerca de 95% do total de folículos pré-antrais presentes no ovário (ERICKSON, 1986). Estes folículos possuem diâmetro médio de 35, 22 e 20 µm em bovinos (HULSHOF et al., 1994), ovinos (AMORIM et al., 2000) e caprinos (LUCCI et al., 1999), respectivamente. Após a formação dos folículos primordiais, as células da pré-granulosa param de se multiplicar e entram num período de quiescência.

Com a evolução folicular e após a ativação, os folículos pré-antrais iniciam uma série de mudanças morfofisiológicas que envolvem o crescimento e a diferenciação do oócito, bem como a proliferação e a diferenciação das células da granulosa, além do desenvolvimento das células da teca (SUH et al., 2002). No início do crescimento folicular, fase conhecida como ativação, os folículos primordiais passam do pool de reserva ou folículos quiescentes para o pool de folículos em crescimento (primário,

secundário, terciário e/ou pré-ovulatório; RÜSSE, 1983). Os sinais de ativação dos folículos primordiais incluem a retomada da proliferação das células da granulosa (van den HURK; BEVERS; BECKERS, 1997) e a mudança na morfologia dessas células de pavimentosas para cúbicas. No entanto, os fatores e mecanismos responsáveis pela ativação de folículos primordiais, bem como os mecanismos envolvidos no início do crescimento folicular, são ainda enigmáticos e representam uma das maiores questões relacionadas com a biologia ovariana.

Vários fatores de crescimento produzidos pelas células foliculares podem estar relacionados com a ativação dos folículos primordiais. O kit ligand (KL), também conhecido como fator de células-tronco (Stem cell factor – SCF), e o fator de crescimento fibroblástico básico (bFGF), por exemplo, foram relatados como fatores necessários à ativação de folículos primordiais caprinos (bFGF: MATOS et al., 2007b; KL: CELESTINO et al., 2010a) e bovinos (bFGF: TANG et al., 2012). Além disso, gonadotrofinas, como o hormônio folículo estimulante (FSH), promovem a ativação de folículos primordiais, bem como o crescimento dos folículos ativados, uma vez que o FSH parece estar envolvido na proliferação e diferenciação das células da granulosa in

vitro (MATOS et al., 2007a; MAGALHÃES et al., 2009; TANG et al., 2012).

2.1.2 Crescimento de folículos primários e secundários

Após a ativação, os folículos primordiais gradualmente adquirem células da granulosa de formato cúbico, tornando-se folículos de transição. Em seguida, quando todas as células que circundam o oócito tornam-se cúbicas, aumentando em número e volume, os folículos são chamados folículos primários (van den HURK; BEVERS; BECKERS, 1997). Em caprinos, o aparecimento de folículos primários e secundários ocorre aos 71 e 80 dias de gestação, respectivamente (BEZERRA et al., 1998). Os folículos primários possuem diâmetro médio de 34,7 µm e apresentam-se com uma camada completa de células da granulosa. Com a multiplicação destas células, ocorre a formação de várias camadas de células ao redor do oócito formando os folículos secundários, cujo diâmetro médio é de 58,94 µm (LUCCI et al., 1999). Nestas categorias foliculares (folículos primários e secundários), a zona pelúcida (ZP) começa a ser formada circundando o oócito (RANKIN et al., 2001). No entanto, na espécie humana (GOOK et al., 2008) e ovina (MATOS et al., 2004), foram verificadas a presença de proteínas, bem como de pequenas quantidades visíveis de material de ZP

em folículos desde o estágio primordial. Tais resultados sugerem que estas proteínas estão presentes desde o início da foliculogênese.

O crescimento folicular após o estágio de folículo primário é, também caracterizado pelo aparecimento das células da teca recrutadas de seus precursores presentes no tecido circundante do estroma (PARROTT; SKINNER, 2000) além de ser dependente de fatores de crescimento como o fator de crescimento e diferenciação-9 (GDF-9). Martins et al. (2008) verificaram que a adição de GDF-9 ao meio de cultivo de folículos pré-antrais caprinos permitiu o desenvolvimento folicular in vitro com aumento no número de folículos secundários. Além disso, outros fatores também são considerados como estimuladores do desenvolvimento folicular como o KL (CELESTINO et al., 2010a) e o fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF – YANG; FORTUNE, 2007; BRUNO et al., 2009).

À medida que ocorre o crescimento dos folículos secundários e a organização das células da granulosa em várias camadas, inicia-se a formação do antro folicular, definido como sendo uma cavidade repleta de líquido folicular entre as células da granulosa. A partir deste estágio, os folículos passam a ser denominados terciários ou antrais, os quais aparecem na fase fetal aos 110 dias de gestação (RÜSSE, 1983). Em bovinos, a formação do antro inicia-se em folículos com diâmetro em torno de 130 µm (LUSSIER et al., 1987). Em caprinos, o menor diâmetro observado no folículo terciário de fetos foi de 130 µm (BEZERRA et al., 1998). Contudo, já foram observados diâmetros superiores a 200 µm em folículos secundários em várias espécies, tais como: caprinos (SARAIVA et al., 2010, 2011; CELESTINO et al., 2011; MAGALHÃES et al., 2011; 2012), ovinos (ARUNAKUMARI; SHANMUGASUNDARAM; RAO, 2010; LUZ et al., 2012), bovinos (McLAUGHLIN et al., 2010; McLAUGHLIN; TELFER, 2010; ROSSETTO et al., 2012, 2013) e caninos (SERAFIM et al., 2010, 2012).

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