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3 METODOLOGIA

3.2 DELIMITAÇÃO E DESIGN DA PESQUISA

3.2.3 Fonte e Coleta dos Dados

A coleta de dados realizou-se por meio de três fontes: entrevista em profundidade, observação participante – os quais se caracterizam por dados primários – e documentos, caracterizado por dados secundários (OLIVIER, 2006). A utilização de diferentes técnicas de coleta é uma das contribuições da escolha pela estratégia de pesquisa “estudo de caso”, o qual permite “lidar com uma ampla variedade de evidencias – documentos, artefatos, entrevistas e observações” (YIN, 2001, p. 27).

As entrevistas em profundidade foram aplicadas por meio de um roteiro (Apêndice B) e foram realizadas com atores diretamente envolvidos nos processos de Formulação, Reformulação e Implementação do Projeto “Compatibilização de Áreas de Policiamento”. A necessidade de conhecer como os gestores e atores envolvidos na área da segurança interpretaram ou como promoveram as interações no desenvolvimento da política pública de segurança no Estado, ensejou a opção pela aplicação de questões abertas (COZBY, 2003) ou entrevistas em profundidade (RICHARDSON, 1999). Este tipo de entrevista permite o conhecimento de informações detalhadas que podem ser utilizadas na análise qualitativa.

O roteiro adotado pode ser melhor compreendido por meio da explicação dos seus dois focos abrangentes:

(i) O primeiro foco destinou-se aos atores envolvidos nos processos de Formulação e Reformulação do Projeto. As perguntas (2.8 e 2.9) buscaram explorar aspectos previstos no planejamento do Projeto que contribuíram e aqueles que dificultaram a implementação do Projeto; e,

(ii) O segundo foco refere-se às perguntas destinadas aos atores envolvidos no processo de Implementação do Projeto. Neste caso, as perguntas (2.1 a 2.8) objetivaram identificar o perfil da rede de interações, as ações desenvolvidas, os atores envolvidos na implementação do projeto e a presença de características de interações justapostas e interações frouxamente articuladas promovidas entre os atores envolvidos. O processo de aprendizado dos agentes, resultado das dificuldades encontradas e as medidas alternativas adotadas

durante a Implementação do Projeto também foram explorados por tratar-se de uma característica intrínseca aos Sistemas Adaptativos Complexos.

Portanto, o roteiro de entrevista foi aplicado a dois grupos de atores: um deles participou do processo de Formulação e Reformulação do Projeto e o outro grupo participou da Implementação do Projeto. Para a coleta de dados sobre o processo de Formulação e Reformulação do Projeto foram 9 (nove) os atores entrevistados. Selecionou-se intencionalmente 8 (oito) atores que compuseram a Comissão de Elaboração do Projeto, atuante nos anos de 2007 a 2010 (Elaboração do Projeto) e um ator que coordenou a Reformulação do Projeto no ano de 2011. O critério de seleção dos entrevistados foi intencional para privilegiar os agentes que tiveram participação direta nas duas primeiras etapas (Formulação e Reformulação) do projeto-foco do estudo. Ressalta-se que do total de nove entrevistados citados, cinco destes atuaram também no processo de Implementação, portanto, responderam o roteiro em sua totalidade.

Em se tratando do processo de Implementação do Projeto, os entrevistados foram selecionados a partir da técnica “bola de neve” (snowballing) (FLICK, 2004). Partiu-se dos 5 (cinco) entrevistados iniciais (aqueles que participaram dos processos de Elaboração/Reformulação e Implementação) os quais indicaram outros atores considerados relevantes na implementação das ações do Projeto e, assim, desencadeando uma cadeia de outros entrevistados. Vila Velha foi o município selecionado por critério de conveniência da pesquisadora e por, geograficamente, localizar-se próximo à capital Vitória e à sede da SESP.

Assim, a partir da amostragem por “bola de neve” as entrevistas referentes à Implementação do Projeto foram direcionadas a outros 7 (sete) atores (além dos cinco iniciais). Ao todo, foram realizadas, portanto, 16 (dezesseis) entrevistas, as quais foram realizadas nos meses de dezembro de 2014 e janeiro de 2015. O público-alvo das entrevistas envolveu os seguintes atores: membro da direção superior da SESP, coordenador do processo de Reformulação do Projeto e da elaboração da política pública de segurança, policiais militares e civis com atuação em nível tático e operacional, representante da Prefeitura Municipal de Vila Velha, representante (promotor) do Ministério Público Estadual e membro da comunidade denominada Região da Grande Terra Vermelha, localizada em Vila Velha, Espírito Santo. Ademais, as dezesseis entrevistas foram gravadas e transcritas em 143 páginas, assegurando fidedignidade do procedimento e, por conseguinte, sua validade para a análise.

Quanto ao método de Observação, assumiu a qualidade de participante (FLICK, 2004) em razão de a pesquisadora ter ocupado função administrativa tanto na SEAE (à época da Reformulação do Projeto) e na SESP (à época da Implementação), permitindo a observação na perspectiva de membro dos órgãos estaduais responsáveis pela concepção da política pública e da coordenação das ações do Projeto estudado, respectivamente, e ter acesso privilegiado ao campo em análise e aos atores envolvidos no Projeto. Isto ocorreu por meio da participação em várias reuniões de monitoramento e avaliação de metas operacionais realizadas na SESP no período de agosto a dezembro de 2014, bem como na condição de participante da rede de interações formada entre policiais civis e militares, atuantes no município de Vila Velha, por meio de grupo instituído no aplicativo do WhatsApp, durante o mês de dezembro de 2014. Neste último caso, especificamente, a pesquisadora foi convidada por um dos membros do grupo – também ator-entrevistado – a compor a rede social e observar as interações realizadas pelos policiais – estritamente em razão da pesquisa realizada –, comprometendo-se a não se manifestar no grupo e resguardar o sigilo das informações compartilhadas. As observações, por sua vez, foram registradas em um diário de campo, que totalizaram dez páginas transcritas.

A pesquisa utilizou ainda de dados secundários. Estes foram coletados na SESP, PMES e PCES e abrangeram: (i) Decreto Estadual nº 2579-R, de 10 de setembro de 2010, que organizou a atuação dos órgãos de segurança pública, estabeleceu áreas de compatibilização mediante a integração de suas atividades operacionais e dispôs sobre a comunitarização de políticas de segurança pública; (ii) Manual de Gestão de Indicadores de Segurança Pública, produzido em 2011, com a finalidade de estabelecer instrumentos de articulação institucional em nível territorial e descrever um conjunto de rotinas e práticas a serem adotadas no processo de monitoramento e avaliação de indicadores estratégicos de segurança pública e defesa social; e, (iii) Atas das Reuniões da Área Integrada de Segurança Pública do município de Vila Velha dos anos de 2013 e 2014.