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. Comparando-se os dois quadros acima, vemos a importan ^ • cia e o significado de Criciúma na indústria carbonífera. Das 11 companhias de mineração dá região, seis estão em Criciúma; entre 25 minas, 11 operam ali. 0 total de operários nas minas ê de 7 734; só Criciúma emprega 4 865, ou seja, mais de 60%. A produ­ ção de Criciúma significa praticamente dois terços da produção to tal de carvão da área explorada.

Além dessas minas em funcionamento, as empresas estão com outras nove em processo de implantação. Destas, cinco serão mecanizadas, duas mecanizadas com Bobcats e outras duas serãò ma

nuais.^

4.4. Situação atual da Produção de Carvão Mineral

A exploração do carvão no Estado de Santa Catarina ê realizada por dois tipos de empresas, representando grupos. As em presas do grupo A são de economia mista, com participação m a jori­ tária de capital do Estado (União). As empresas do grupo B são concessionárias das cartas exploratórias concedidas pela União a grupos particulares.

No Estado de Santa Catarina todas as empresas minerado- ras tem à boca das minas um sistema de pré-lavagem. Desta prê-la- vagem resulta a pirita, que fica amontoada nas imediações da mina e o carvão-prê-lavado (CPL), que é transportado por ferrovia ate o lavador de Capivari, onde o beneficiamento classifica doiô ti­ pos: o carvão metalúrgico e o carvão vapor.

O carvão metalúrgico é transportado, novamente por fer­ rovia, ate o porto de Imbituba e, daí, por cabotagem, a três usuã rios: Companhia Siderúrgica Nacional, Usiminas e COSIPA. O mesmo trajeto segue o carvão energético consumido pela Companhia Auxi - liar das Empresas Eletrônicas Brasileiras do Paraná e São Paulo.0 carvão vapor fica depositado em Capivari e é consumido, em parte, por duas termoelêtricas - a UTE e Jorge Lacerda - e pela Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina - EFDTC (carvão grosso e f i n o ) . E n ­ contram-se no Capivari cerca de cinco milhões de toneladas de car vão vapor, amontoadas, que não se esgotam pelo consumo nas termoe létricas e estrada de ferro, pois seu estoque é renovado a cada beneficiamento do carvão prê-lavado.

A pirita carbonosa ê outra fração do beneficiamento,es tocado (cinco a seis milhões de toneladas) no Banhado da Estiva,

proximo ao Capivari. A Cia. Metropolitana está transformando es­ ta pirita em concentrado piritoso, que ê empregado na fabricação de ácido sulfúrico na Usina da Cia. Carboquímica Catarinense (ICC). A ICC, subsidiária da Petrofértil, por sua vez ligada à ^Petro- brás, prevé que as demais companhias carboníferas transformem a pirita amontoada nas imediações das minas em concentrado pirito­ so, garantindo assim, constantemente, a matéria prima necessária. Outra indústria alimentada pelo carvão de prê-lavados ë a de coque para a fundição. Algumas indústrias de coque são m ui­ to precárias e poluentes, outras já têm melhores condições;no to tal, seis coquerias funcionam na região.

Para aproveitar os resíduos da ICC, prevê-se a implanta ção de outras indústrias em Imbituba - uma usina siderúrgica da SIDERBRÃS, usina de gaseificação - e fala-se também em usina de liquefação de carvão, visando à produção de metano, gasolina sin tética e óleos leves.

Em Criciúma está em construção uma indústria de gaseif^L cação de carvão. 0 objetivo é fornecer combustível para as indúis trias cerâmicas da região.

0 Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), implantado em t - 1978, órgão do Ministério de Minas e Energia, subordinado ao De­ partamento Nacional de Produção Mineral e operacionalizado pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), apresenta uma série de projetos relacionados â exploração e beneficiamento do

; / carvão.

Através do Plano Trienal do CETEM , o Ministerio de MjL nas e Energia apresenta uma política de aproveitamento racional do carvão e derivados. Hã perspectivas de evolução tecnológica no

beneficiamento do carvão, o que, significará também a expansão da industria carbonífera.1 '

Os recursos ora investidos na tecnologia do carvão, re­ velam que a política do governo é tornar a indústria carbonífera um recurso econômico para a nação.

Convêm registrar, contudo, que no momento em que se atri bui grande importância ao carvão, os õrgãos, sejam públicos ou privados, envolvidos na dinamização do setor, não mencionam e nem demonstram qualquer preocupação com a mão-de-obra diretamente Li gada â produção - o trabalhador. Toda a política ë de caráter emi nentemente econômico. É crítico o aspecto social da indústria ex trativa carbonífera e indústrias ligadas a ela. As consequências, são ameaçadoras para a saúde do trabalhador, de suas famílias,pa ra a população em geral, nas áreas de mineração, beneficiamento ou transformação do carvão. A poluição ambiental, a destruição paisagística,- a destruição da fauna e flora, a poluição ' das águas, a ameaça de chuvas ácidas na região se constituem no alto preço social da indústria carbonífera. Problemas estes que são decorrentes, principalmente, do tratamento que as empresas e os órgãos públicos emprestam â atividade, valorizando extremamente o produto e o lucro, em prejuízo da qualidade de vida.

0 Relatório Final dos "ESTUDOS SOBRE 0 IMPACTO ECOLÓGI­ CO DA MINERAÇÃO E DO BENEFICIAMENTO DO CARVÃO NA REGIÃO SUL DO

, • / ^

ESTADO DE SANTA CATARINA", realizado num convênio entre a FATMA e UFRGS, ao analisar as características econômicas e sociais da

mineração de carvão do Estado de Santa C a t a r i n a , termina com as seguintes considerações: ,

"Do exame das características econômicas e sociais resultou a identificação do elevado potencial eco- nômico-financeiro das atividades de extração e be- neficiamento do carvão. Revelou, por outro lado, que o benefício social, independentemente do eleva do numero de empregos gerados, é bem menor do que seria desejável. 0 custo ambiental e, consequente­ mente, social se torna extremamente elevado em uma região onde a qualidade da vida é profundamente afe tada pela intensa poluição do ar, dos solos e da água. Os prejuízos criados para a saüde, para os bens móveis e imóveis, para a vegetação,para a fau na, para a paisagem, para a recreação e o lazer,pa ra o valor da propriedade e para numerosos outros valores associáveis ao ambiente natural do homem não tiveram, ate aqui, qualquer tipo de cobertura ou compensação. Sem pretender-se invadir, neste re latõrio preliminar, a complexa problemática das re lações entre a qualidade do ambiente e o desenvol­ vimento tecnológico e industrial, caberia,no entan to, ativar os estudos que visem a assegurar o re­ torno de uma boa parte dos lucros auferidos direta ou indiretamente na região para o saneamento am­ biental*'

Até o presente, o problema social e humano não foi ain­ da enfrentado pelos órgãos públicos ou entidades privadas, e nem há previsão de implantação de programas a curto ou médio prazos, que visem a elevar o nível de vida das pessoas que mais diretamen te estão ligadas â produção de fontes de energia para a nação ao preço da dilapidação rápida e intensa das próprias energias p es­ soais.

No documento A pirita humana : os mineiros de Criciúma (páginas 59-64)