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Walmor de Lucca, Deputado Federal (PMDB-SC), tem sido um dos políticos que se aliou a luta dos mineiros em prol da alteraçao da atual lei previden

No documento A pirita humana : os mineiros de Criciúma (páginas 197-200)

LOCALIZA­ ILUMINAÇÃO

E. Sounis assim define as doenças profissionais;

L. 0 ESTADO Fpolis, 16/10/80 p.2 2 Pneumoconiose na Comunidade.

1. Walmor de Lucca, Deputado Federal (PMDB-SC), tem sido um dos políticos que se aliou a luta dos mineiros em prol da alteraçao da atual lei previden

ciaria.

0 Projeto de Lei do deputado, aprovado neste ano-1982-na Camara, espera a mesma aprovaçao no Senado.Pelo projeto de Lei, tres modificaçoes fundameri tais sao estabelecidas na legislaçao:"1- Restabelece os conceitos anteriçj res a 1976, quando o INPS adotava as prescrições da Organizaçao Internacio^ nal do Trabalho sobre a Pneumoconiose; 2- Permite que o portador da doen­ ça tenha o auxílio-suplementar de que trata a lei 6.367, de 1976, podendo permanecer no mesmo trabalho, mas submetendo-se a reinspeçoes médicas pe­ riódicas; 3- Garante que, apos verificada a inspeção periódica do trabalha dor, com progressão ou agravamento de seu estado de saúde, o segurado de­ verá ser removido para trabalho a "céu aberto", conforme artigo 300, da

CLT, fazendo jus a percepção do auxílio por invalidez acidentaria." (Jor­ nal da Cidade, Tubarao, Ano I, n? 21, p.3).

questão encerra razões de ordem político-econômicas, que merece­ riam um estudo mais pormenorizado, para esclarecer as implicações e as relações que o sistema preza em resguardar, mesmo em prejujt zo da saúde de seus trabalhadores.

9. Aposentadoria

A aposentadoria se constitui num instituto existente nas sociedades modernas em que a produção social de bens se processa dentro de variada divisão do trabalho. A aposentadoria ê regida por critérios básicos que levam o indivíduo ligado ao processo de produção a se desligar dele, seja por idade, tempo de serviço,sáü de, ou outras razões de ordem política e social.

A aposentadoria não significa, em geral, para o indiví­ duo, começo de um período inativo. 0 aposentado deixa de exercer atividades normalmente disciplinadas por control.-ís rígidos, seja de horário, de ritmo de trabalho, de quantidade e qualidade do produto e passa a exercer outras atividades, eventuais ou de ca­ ráter disciplinar mais flexível. Dos aposentados que passam a executar outros trabalhos, alguns o fazem por entretenimento; a grande maioria, contudo, que se constitui da classe trabalhadora, o faz por necessidade de suplementar a renda familiar, face às minguadas pensões que recebem.

No Brasil a lei prevê a alternativa de aposentadoria aos trinta anos de serviço para as mulheres e trinta e cinco para os homens, ou a idade de sessenta anos para as mulheres e s e s s e n t a e cinco para os homens. Ha categorias profissionais em que o tempo de serviço mínimo para a aposentadoria é inferior aos índices ge rais. Nestes casos, os critérios básicos para estabelecer tempo

se fundamentam no desgaste da força de trabalho que a atividade

exige.

No caso específico da industria extrativa do carvão, a . lei previ o tempo de 15 anos para os trabalhadores das frentes e 20 anos para os trabalhadores de subsolo que não operem nas fren tes. Os criterios para estabelecer estes tempos, são: insalubri­ dade, desgaste físico e difíceis condições de trabalho.

A regulamentação da aposentadoria do mineiro apõs 15 ános de trabalho foi exigência das companhias carboníferas, apõs o golpe militar de 64. Até esta data, o trabalhador se "encosta­ va". Em 1964, deram alta em massa para os "encostados" na previ­ dência social. As empresas viram suas frentes congestionadas de trabalhadores que voltavam âs atividades. Foi aí que as empresas pressionaram o Governo e se regulamentou a aposentadoria "espe - ciai" (15 anos de serviço). Os que tinham estabilidade foram apo sentados; os demais "postos na rua", declara um dirigente sindi­

cal de então. .

A aposentadoria, se por um .lado é o objetivo do traba - lhador, por outro, o preocupa. O salário do aposentado fica redu zido a 60 ou, às vezes, até a 40% do seu rendimento como operã ~ rio ativo. O aposentado deixa de receber horas extras, o salário produção, a produtividade; a isto se junta que o reajuste se da­ rá sobre o salário referência, que estã abaixo do salário mínimo, sobre os quais.se calculam os índices de reajustes.

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Os mineiros aposentados veem-se na necessidade de suple mentar suas pensões exercendo outras atividades, que vão desde o biscate, atividades agrícolas è pesqueiras de subsistência, ate emprego assalariado em outras empresas, ou mesmo na mineração.

aposentados, mesmo sem saüde, voltou a trabalhar, porque o salá­

rio não dã".

Um mineiro aposentado, Sr. Arino, 61 anos, conta sua si_ tuação:

"Tive 35 anos de trabalho em minas, direto,sem nun ca um "encosto". Trabalhava encurvado o tempo todo, na galeria com menos de um metro e meio. Quando me aposentei, tirei uma chapa e deu dois pulmões dila tados. Eu sofro muito o problema da coluna e do pu]L mão. Quase não dã de dormir. Sõ sentado, apertando o pulmão com o travesseiro. Mesmo sem saüde voltei a trabalhar, porque a aposentadoria não dã. Pela aposentadoria ganho mais ou menos o salário (salá­ rio mínimo) e gasto no armazém dois salários. A m_i nha sorte é um filho que está em casa e trabalha , porque o outro está desempregado. Hoje em dia está mais fácil de fichar uma mulher que um homem. Saí de mineiro e fui pra diarista. Sou obrigado a tra­ balhar no "eucalipe", tirando lenha e madeira e carregando tora nas costas até o caminhão.Sou obri gado, pra viver. Corto lenha por Cr$ 80,00 o metro quadrado; e- um pau que corto me pagam Cr$ 2,00. Fa ço Cr$ 150,00 por dia (em fevereiro de 1981).

Fracassei e me aposentei. 12 anos de aposentado,com um salário ruim. Queriam fundar a associação dos aposentados pra dar uma ajuda. O pessoal fala e a gente tem medo que dã em nada; e pra gastar este dl nheiro, a gente jã ganha tão pouco..."

Outro mineiro, Raul, que no passado foi dirigente sindi^ cal, hoje com 55 anos, está um homem velho, ofegante, mal conse-

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gue falar. Diz que enquanto estava na'empresa, as radiografias não apresentavam pneumoconiose. Depois de aposentado, (trabalhou 23 anos no subsolo) a doença f o i ! constatada. Diz que acreditava que jã estava doente, mas eles escondiam o resultado dos exames.

No documento A pirita humana : os mineiros de Criciúma (páginas 197-200)