CAPITULO V 5 OS CÁRCERES NO ESTADO DO PARÁ.
FONTE: SUSIPE, 2005.
A pesquisa traçou o perfil da população carcerária também atestou que 69% dos detentos
são católicos. Os outros 31% estão distribuídos em religiões evangélicas. Do total,17% mudaram de religião depois de presos.19% reclamam que não contam com assistência jurídica. Outros 17% dizem que sofrem de solidão e 15% querem trabalhar na penitenciária, mas não conseguem.
RELIGIÃO
77% 0%
20% 1%2%0%
CATÓLICO ESPÍRITA EVAGELICO NÃO DECLARADA SEM RELIGIÃO UMBANDISTA
96% 4%
Masculino Femenino
133 FONTE: SUSIPE,2003.
Ficou empatado em 36% o índice de presos que contam com advogados particulares e com advogados da própria SUSIPE, 51% assumiram que são usuários de drogas (62% de
maconha e 18% de cocaína). 31% moravam em famílias que passavam um mês inteiro apenas com um salário mínimo. Outros 23% se tornaram pais entre 15 e 18 anos.
Segundo a pesquisa negros e pardos27 representam cerca de 84% da população carcerária, situação que confirma que nesta etnia o percentual de segregação social é maior.
Percentual da População Carcerária por Cor/Raça.
FONTE: SUSIPE, 2005.
6.3. A MORBIDADE E A QUESTÃO DA SAÚDE NO SISTEMA PENAL
O direito da população confinada aos serviços de saúde - bem como aos testes, remédios e
assistência integral aos portadores do HIV - tem sido defendido pela Coordenação Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids desde 1998, quando foi feito um dos primeiros estudos sobre a situação dos presos no Brasil e iniciada a distribuição dos anti-retrovirais aos
27
Dados estatísticos extraídos da AFROBRAS (Sociedade Brasileira de Desenvolvimento Sócio Cultural), que é uma organização não-governamental sem fins lucrativos que tem por objetivo trabalhar para o progresso, desenvolvimento social, cultural, educacional da comunidade de afro-descendente brasileiro.
73% 11%
14% 1%
1%
134 doentes com Aids. Além da Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, doenças como hepatite, hanseníase e tuberculose completam o quadro de desamparo e abandono em que vive a
população carcerária.
Recentemente foi criado o Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário. Serão aplicados, já este ano, R$ 18,2 milhões de recursos para a criação de serviços de assistência
médica dentro dos presídios, atendendo a uma população aproximada de cerca de 200 mil detentos. O Sistema Único de Saúde (SUS) vai disponibilizar, para cada grupo de 500 presos, uma equipe de sete profissionais (médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, dentista, auxiliar
odontológico, psicólogo e assistente social). Esperamos, com isso, que se ofereça um tratamento humano aos que já estão doentes, e reduzir as transmissões do HIV e das hepatite B e C, que atingem também 20% da população carcerária, da sífilis (10%) e de outras doenças graves como a hanseníase e a tuberculose.
O atendimento médico é um dos principais problemas enfrentados hoje na gestão do mundo carcerário. O país não possui um sistema de apoio médico-hospitalar padronizado, o que
provoca sérios entraves ao tratamento dos presos. As prisões se limitam ao atendimento ambulatorial que na maioria das vezes em que, por exemplo, ocorre uma rebelião de grande porte o setor de saúde é inutilizado. A estrutura hospitalar é um dos quesitos mais condenados nas
casas penais do Brasil; uma vez que as condições sanitárias dos presídios é um fator que contribui para tornar o cotidiano dessas instituições uma constante ameaça à vida dos internos. Por serem umas instituições fechadas; as doenças tendem a se propagar com incrível rapidez dentro dos
cárceres. Infelizmente o plano de saúde do sistema penitenciário constitui um rol de generalidades muito difícil de ser posto em prática, pois, o tratamento de saúde dos presos tem
135 muitos entraves. O plano foi uma formulação do governo federal que se dispõe a arcar com os recursos financeiros para a consecução dos objetivos do plano.
Além das ações de saúde pretende-se a implantação urgente das penas sociais, como forma de reduzir a população carcerária e não punir de forma igual pessoas que cometeram delitos de diferente gravidade. O sistema penitenciário do Estado do Pará, segundo a diretora do
Núcleo de Execução Criminal, Giane Salzer, em 2005 começou a estruturar um projeto de individualização dos detentos visando padronizar perfis criminais semelhantes para poder encaminhar os presos às casas penais adequadas ao seu comportamento de acordo com o que
prevê a Lei.
A situação dos internos com relação à saúde do Sistema Penitenciário do Estado é
preocupante quando se trata de observar a infra-estrutura dos presídios, situação que acaba por influenciar diretamente na questão da saúde dos presos. Em alguns capítulos acima analisou-se que o sistema penal ainda não dispõe de estatística sobre a morbidade dos presos, sobre a classificação das enfermidades que mais afetam os presos, os tipos mais comuns de doenças da
população carcerária, as endemias e os distúrbios psico-sociais, como os dependentes químicos que se sabe dentro do sistema penal ser um percentual alto e outros que acometem os detentos, não há um registro sistemático e rigoroso sobre essas questões ligadas ao tratamento médico
dentro do sistema penal.
DROGADIÇÃO Drogadição
38%
36% 26%
136 Fonte: SISCOP/SUSIPE, 2006
Em recente entrevista para o Jornal Diário do Pará do dia 18/10/2006, a juíza Marguir Bittencourt responsável pela Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Estado disse que a situação da saúde no sistema penal local é preocupante, “os médicos pouco comparecem e
há casos de presos doentes, com tuberculose, doenças de pele, infecções dentárias e problemas de hérnia. Quem compra os medicamentos para estes presos é a própria família, quando pode”. Essa situação descrita pela magistrada reflete um quadro médio da situação atual da saúde no sistema
penal brasileiro, mas que no Estado do Pará não está pior porque o sistema penal local executa rearranjos no dia a dia para tratar dos presos de forma paliativa: órgãos realizam freqüentemente os mutirões penais, projetos de liberdade assistida e participação em programas fora das casas penais.
Outro grave problema diz respeito ao tratamento psiquiátrico penal do Estado. Nos anos 90, o prefeito da capital, o médico Almir José de Oliveira Gabriel, mandou desativar o principal
hospital de custódia dos doentes mentais do Estado localizado no município de Belém. Hoje existe no complexo penitenciário de Americano, localizado na região metropolitana de Belém, próximo ao município de Santa Isabel, um pavilhão para onde são mandados os presos com
algum tipo de enfermidade mental grave, a chamada medida de segurança. Este local é chamado de Centro de Recuperação Psiquiátrica (CRP). Atualmente, o CRP está enfrentando sérios problemas de gestão como a falta de médicos, enfermeiros, técnicos, medicamentos; e também falta, no local, um laboratório especializado para a emissão de laudos psiquiátricos. Segundo a
137 juíza, na mesma entrevista, a vara de execuções penais improvisa não o tratamento, mas a emissão de laudos por meio do Hospital de Clínicas Gaspar Viana.
6.4. GÊNERO
Outra informação importante sobre o sistema penitenciário paraense é a situação jurídica geral da população carcerária que se apresenta nestes números:
TABELA
PRESOS RECOLHIDOS NAS CASAS PENAIS DE ACORDO COM A SITUAÇÃO