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PARCELA DA UNIÃO

S. A – Pré-Sal Petróleo A – PPSA: Demonstrações financeiras intermediárias do período findo em 30 de

3.3 FONTES DE RECURSO DO FUNDO SOCIAL E O MODELO DE GESTÃO DO FUNDO

Feitas as considerações sobre as principais características e pretensões do FS, segue sendo necessário esclarecer quais são as suas fontes de recursos, bem como a forma com que deve se dar sua a gestão.

A definição das fontes está prevista no artigo 49, incisos I, II, III, IV, V e VI da Lei 12.351/2010, são elas: I) parcela do bônus de assinatura190 a ser destinada pelos contratos de partilha de produção; II) parcela dos royalties devidos à União, subtraídas aquelas destinadas aos seus órgãos específicos, como fixado nos contratos de partilha, na forma do regulamento; III) a receita proveniente da comercialização de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluídos da União; IV) os royalties e as participações especiais191192 das áreas localizadas no Pré- Sal contratadas sob o regime de concessão e de administração direta da União, observados os §§ 1º e 2º do artigo 49; VI) os resultados das aplicações financeiras sobre suas disponibilidades; e V) outros recursos destinados ao Fundo Social por lei.193

A Lei, em seu art. 49, §1º, versando sobre as fontes, modificou a Lei 9.478/1997, mais especificamente o §3º do artigo 49 e o §4º do artigo 50. Com a nova redação do artigo 49, §3º, ficou definido que nas áreas do Pré-Sal, contratadas sob o regime jurídico de concessão, a parcela dos royalties que cabe à União será destinada integralmente ao FS. O art. 50, §4º, por sua vez, também determinou que, nas áreas do Pré-Sal contratadas sob o regime de concessão, a parcela da participação especial da União será destinada em sua totalidade ao FS.194

190O bônus de assinatura corresponde ao montante ofertado pela empresa vencedora da licitação, não podendo

ser inferior ao valor mínimo fixado pela ANP no respectivo edital, e deve ser pago no ato da assinatura do contrato de concessão.

191“A taxa especial de retorno, chamada no Brasil de participação especial, constitui dispositivo de captura

progressiva de renda em projetos lucrativos e garante estabilidade de ganhos para o Estado; incide, portanto, apenas se elevados volumes de petróleo são produzidos, sendo calculada, no modelo brasileiro, a uma alíquota que varia entre dez e quarenta por cento da receita líquida auferida, isto é, deduzidos os custos de exploração e produção do petróleo.”. GOMES, Carlos Jacques Vieira. Op. cit., p.08.

192“Para apuração da participação especial sobre a produção de petróleo e de gás natural, alíquotas progressivas,

que variam de acordo com a localização da lavra, o número de anos de produção e o respectivo volume de produção trimestral fiscalizada, são aplicadas sobre a receita líquida da produção trimestral de cada campo, consideradas as deduções previstas no § 1º do Art. 50 da Lei n.º 9.478/1997 (royalties, investimentos na

exploração, custos operacionais, depreciação e tributos).” BRASIL. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Ministério de Minas e Energia. Participação Especial. 2018. Disponível em:

http://www.anp.gov.br/royalties-e-outras-participacoes/participacao-especial. Acesso em: 17 dez. 2018.

193BRASIL. Lei n.º 12.351, de 22 de dezembro de 2010. Op. cit. 194 Ibidem.

Há algumas considerações que devem ser feitas antes do tema ser aprofundado. O levantamento de informações para a consecução deste trabalho não identificou qualquer normativa que regulamente a destinação da parcela dos bônus de assinatura. Também não foram localizados documentos que exponham de forma comprobatória destinações desta fonte. De igual sorte, não foram encontrados registros de “outros recursos destinados ao Fundo Social por lei”, ou “resultados das aplicações financeiras sobre suas disponibilidades”195. No entanto, não se pretende aqui afirmar categoricamente a inexistência de tais normativas e demonstrativos contábeis. Objetiva-se, porém, esclarecer que na atual fase de desenvolvimento desta pesquisa não foi possível realizar tal identificação. Disso decorre, por via de consequência, que esse aspecto merecerá, em abordagem futura e apartada, investigação específica.

Dentre as fontes indicadas, as que estão previstas pelos incisos II e III do artigo 49 (parcela dos royalties devidos à União como fixado nos contratos de partilha e a receita advinda da comercialização de petróleo, de gás natural da União), merecem especial atenção.

Para fins expositivos, primeiro, serão abordadas as questões referentes ao inciso III, quer dizer, aos aspectos atinentes aos recursos provenientes da comercialização da parcela do excedente em óleo que cabe à União nos contratos celebrados sob o regime de partilha de produção.

A Pré-Sal Petróleo S.A, como já exposto, é a empresa pública criada em 2010 com o objetivo de gerenciar tanto os contratos de partilha de produção, quanto os contratos de comercialização da parcela de óleo da União. Como também mencionado, a PPSA pode comercializar diretamente esses recursos ou contratar um agente comercializador mediante remuneração.

A receita gerada pela comercialização, caso seja feita diretamente pela PPSA, deve ser integralmente destinada ao Fundo Social após a dedução dos tributos e dos gastos diretamente relacionados à operação, conforme o artigo 4º, §2º, inciso I, da Lei 12.304/2010. No caso de haver a contratação de um agente responsável por esse processo, de acordo com o artigo 4º, §2º, inciso II, após a dedução dos tributos, dos gastos operacionais e da remuneração do agente comercializador.196

Nesse sentido, como informado no Relatório de Demonstrações Financeiras Intermediárias do 1º trimestre de 2018 da PPSA, os volumes comercializados de óleo e gás da

195A não localização desta fonte de recurso é elucidada ao fim deste trabalho. 196BRASIL. Lei n.º 12.304, de 2 de agosto de 2010. Op. cit.

União não geram receitas para a Companhia, uma vez que há a obrigação de fazer com que os recursos sejam arrecadados ao Fundo. Assim, os compradores recolhem, por meio de uma Guia de Recolhimento da União (GRU)197, os valores diretamente à Conta Única do Tesouro Nacional.198

O outro ponto que merece atenção se refere ao inciso II do artigo 49 (parcela dos royalties devidos à União). O regime de repartição dos royalties aplicável aos contratos de partilha foi consolidado pela Lei 12.734/2012. O diploma modificou as Leis 9.478/1997 e 12.351/2010, determinando novas regras de distribuição dos royalties e das participações especiais entre os entes da Federação nos contratos celebrados sob o aludido regime.199

Antes da entrada em vigor da Lei 12.351/2010, o regime de concessão e as normativas sobre os royalties devidos, vigoravam em todo território nacional. Com a promulgação da Lei 12.351/2010, posteriormente alterada pela Lei 12.734/2012, operaram-se mudanças significativas quanto à remuneração estatal por meio dos royalties e a sua distribuição entre os entes de federação. As alterações, logicamente, incidem apenas na produção realizada na área do Pré-Sal e em outras áreas estratégias (âmbito de aplicação da Lei 12.351/2010).

A fim de possibilitar a visualização das disposições normativas que definiram as alíquotas dos royalties devidos no novo regime, a Tabela 2 discrimina as alíquotas, destinatários e a base legal.

197A Guia de Recolhimento da União (GRU) é um dos documentos instituídos pelo Ministério da Fazenda para

recolhimento das receitas de órgãos, fundos, autarquias, fundações e demais entidades integrantes dos

orçamentos fiscal e da seguridade social, tais como taxas (custas judiciais, emissão de passaporte etc.), aluguéis de imóveis públicos, serviços administrativos e educacionais (inscrição de vestibular/concursos, expedição de certificados pelas Universidades Públicas Federais), multas (da Polícia Rodoviária Federal, do Código Eleitoral, do Serviço Militar etc.), entre outras. BRASIL. Tesouro Nacional. Ministério da Fazenda. Sobre GRU. 2018. Disponível em: http://www.stn.fazenda.gov.br/web/stn/sobre-gru. Acesso em: 17 dez. 2018.

198 MACIEL AUDITORES S/S (Brasil). Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural