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Fontes de informação e instrumentos

No documento PAULA.COLARES.Relacao.Pais.Professores (páginas 173-179)

2 3 Procedimento de recolha de dados

Versão para pais Versão para professores

2.4. Fontes de informação e instrumentos

A presente investigação segue as principais recomendações para a investigação desenvolvimentista (Cummings et al, 2000): utilização de múltiplos informadores (crianças, pais e professores), recurso a métodos de avaliação (questionários de auto-resposta e entrevistas).

Os instrumentos para a avaliação das variáveis anteriormente referidas foram seleccionados após análise das suas características e das suas qualidades psicométricas (Pereira 2003-7). Em anexo juntamos os principais instrumentos utilizados por esta autora, em virtude de terem servido de suporte à realização deste trabalho (anexos 1,2,3,4,5,6,7).

No questionário de Envolvimento Parental na Escola versão para pais (QEPVPa) foram considerados os seguintes aspectos: a inclusão de comportamentos representativos de três dimensões da tipologia de Epstein – comunicação entre a escola e a família, envolvimento da família em actividades na escola e envolvimento da família em actividades de aprendizagem em casa -, e a inclusão de comportamentos mais reactivos (adesão dos pais a iniciativas da escola) e de outros mais proactivos (por iniciativa dos pais) do envolvimento parental.

Em virtude, de fazermos parte da equipa de investigação, o acesso aos dados bem como a sua livre utilização, foram determinantes para a elaboração e realização das entrevistas neste trabalho que decorreram em simultâneo com o segundo momento de avaliação do projecto de investigação. O guião construído para as entrevistas procura compreender junto dos informantes as dimensões atrás referidas contextualizando à realidade concreta de cada família.

Os outros instrumentos de trabalho foram o guião das entrevistas às famílias (anexo 8) e guião das entrevistas por telefone aos educadores e professores (anexo 9).

2.5. Justificação

A avaliação do envolvimento parental através da aplicação de questionários não permitiu uma aproximação ao meio familiar e um relacionamento próximo, real e directo. A aplicação da entrevista possibilitou essa aproximação e relacionamento o que permitiu uma descrição e compreensão do contexto e do ambiente familiar muito vivas.

Desta forma as entrevistas permitiram obter informações reveladoras e indiciadoras:

• Na caracterização e particularização dos factores que promovem ou inibem o envolvimento parental;

• No conhecimento da disponibilidade dos pais em relação à escola, à aprendizagem e à educação dos filhos;

• Na identificação de formas de agir;

• Na verificação de práticas educativas entre a família e a escola; • Na identificação de problemas na mudança de ciclos;

• Na análise de quais os factores, a nível da escola, do professor e da família, que promovem o envolvimento parental.

• Na análise dos principais factores que influenciam o comportamento dos educadores/professores após formação sobre esta temática

O guião da entrevista às famílias contemplou e foi organizado em função de quatro factores identificados na análise dos dados resultantes da aplicação dos questionários e confirmados na literatura por Epstein (1987;1992):

• Envolvimento da família em actividades na escola,

• Envolvimento da família em actividades de aprendizagem em casa, • A comunicação escola-família e

• Envolvimento em actividades na escola e participação em reuniões de pais.

Os factores que podem estar associados a um maior ou um menor envolvimento parental podem aparecer a diferentes níveis; da família, da escola, do professor, da turma e do aluno. Como tal a entrevista pretendeu conhecer esses factores e níveis.

2.6. Entrevistas

Tendo em conta a importância das entrevistas no presente trabalho, estas, foram elaboradas e organizadas a partir das informações recolhidas nos questionários, e, realizadas na mesma altura do ano, por forma, a fazer coincidir no tempo uma idêntica situação escolar das crianças.

Optou-se por uma entrevista semi-estruturada. Nesse sentido, planeou-se a entrevista em sete blocos organizados segundo os sub-temas a abordar na entrevista e que, no seu conjunto, poderiam fornecer informação sobre os objectivos desta entrevista.

Apresentam-se de seguida o tema e os objectivos específicos de cada bloco.

Bloco A - Legitimação da entrevista. Pretende-se legitimar a entrevista e motivar os pais para as respostas.

Bloco B - Identificação. Pretende-se recolher dados de identificação dos membros do agregado familiar, número de filhos e frateria, profissão dos progenitores, idade e percurso escolar dos filhos.

Bloco C - Atribuições sobre a aprendizagem. Pretende-se recolher a opinião dos pais sobre o valor que atribuem à aprendizagem escolar, aos trabalhos de casa, às notas, a outras aprendizagens e, identificar quais as prioridades, quais as sugestões que dariam e quais as dificuldades que encontram.

Bloco D - Expectativas, e aspirações. Pretende-se recolher a opinião dos pais sobre a escolaridade desejada para os filhos e outros desejos para o futuro.

Bloco E - Disponibilidade. Pretende-se saber de que forma ocupam e organizam os tempos livres dos filhos, e a forma como planeiam os tempos em família (fins de semana ou férias escolares).

Bloco F - O valor do professor e da escola. Pretende-se saber como é que o professor é percepcionado pelos pais, que tipo de relação estabelecem e, como se manifesta, qual é o papel do professor e da escola.

Bloco G - As experiências escolares dos pais. Pretende-se conhecer como foram estas experiências e de que forma elas influenciaram a sua atitude perante esta problemática.

Dentro de cada bloco elaborou-se um guião, sob a forma de perguntas tipo que constituem sub temas a abordar, de uma forma estruturada mas não rígida, que deu a possibilidade às entrevistadas de desenvolverem as suas respostas na direcção que entenderam. A condução da entrevista permitiu uma maleabilidade que favoreceu a compreensão e o desenvolvimento da mesma.

Adoptou-se a resposta livre pois permite a identificação de outros temas e factores não previsíveis na elaboração do guião.

As entrevistas foram aplicadas pela autora e gravadas em áudio.

O pedido para que ambos os progenitores estivessem presentes foi impossível de se concretizar, tendo sido logo explicado pelas entrevistadas, por sinal, as mães que seria muito difícil conciliar os horários durante o dia e, que há noite não lhes dava jeito, e seria difícil arranjarem quem lhes ficasse com os filhos. (Considero que a presença dos filhos durante a realização da entrevista não seria positiva, não só porque iriam distrair os pais como limitar, influenciar as suas respostas ou mesmo contradizer as suas respostas).

No início da entrevista, foi estabelecido, com cada mãe, a legitimação da entrevista e a respectiva motivação das mães. Evitou dirigir-se a entrevista, não restringindo a temática abordada, esclarecendo ou reformulando alguma pergunta que não fosse bem entendida, procurando manter o interesse e a motivação das respostas.

Não foi possível entrevistar directamente uma das mães (em virtude do falecimento do marido no mês anterior), tendo sido apenas realizada uma conversa breve mas esclarecedora pelo telefone onde, de uma maneira menos formal, foi possível recolher diversas informações sobre a filha e a sua situação na escola, para além de alguns comentários que as outras entrevistadas disseram.

Nas entrevistas aos educadores e professores do ensino básico adoptou-se um plano altamente estruturado para maximizar a informação obtida com o mínimo de tempo ao telefone.

A maioria das questões foram específicas e pré-codificadas, em forma de resposta ordenada. Com esta codificação visámos reduzir os dados a uma forma na qual as semelhanças e as diferenças a nível das respostas pudessem ser classificadas segundo tabelas. Nas respostas abertas procedemos à sua categorização após a realização das mesmas.

As questões apresentadas reflectem o objectivo que pretendemos verificar, ou seja, o papel da formação inicial para um maior envolvimento entre os educadores e os professores e

as famílias dos seus alunos; e se este envolvimento contribui para o sucesso escolar das crianças; e se será igual o envolvimento dos educadores e dos professores.

Em virtude do entrevistador conhecer muito bem os entrevistados, este tipo de entrevista permitiria uma maior fidelidade quer no registo das respostas quer na sua codificação.

A escolha do tipo de resposta esteve directamente relacionada com a forma como iriam ser tratados os dados. Assim, seria mais fácil, certificarmo-nos sobre a forma de respostas codificadas.

Para a especificação das variáveis interessava relacionar a formação inicial com a atitude do entrevistado; o professor com a escola onde lecciona e com os colegas; comparar as opiniões dos educadores e dos professores; levar os entrevistados a reagir a um conjunto de afirmações sobre o ambiente da escola, de modo a considerarem favorável ou não favorável.

A entrevista pelo telefone com respostas estruturadas a sujeitos que o investigador conhecia permitiria de uma forma rápida chegar a todos em virtude da temática ter sido muito desenvolvida no decorrer das aulas bem como permitir uma nova oportunidade para realizar questões subsequentes. Um outro aspecto relevante prende-se com o conhecimento de diversos relatos, situações ocorridas, estratégias para a resolução de problemas que vários alunos manifestaram vontade de partilhar ao longo do ano.

Para a preparação do guião da entrevista foi necessário numa primeira etapa especificar as variáveis que se pretendiam medir e elaborar. Ao longo do ano a maioria dos alunos recorreu ao correio electrónico onde iam relatando algumas situações e confirmando outras que tinham sido faladas nas aulas. O apoio prestado também incidiu sobre outros itens, por exemplo: avaliação das crianças, planificações de aulas, sugestões de materiais para aulas, pequenos desabafos e conversas. No início de Setembro foi enviado aos 50 alunos um mail onde era desejado um bom ano lectivo e o pedido para realizarem uma entrevista pelo telefone, apenas precisavam de referir a melhor hora e o dia da semana. No mail enviavam o número de telefone da sua conveniência.

Como tem vindo a ser referido ao longo do trabalho, todos os entrevistados conheciam o projecto de investigação e o presente estudo bem como terem frequentado a unidade curricular que tem como um dos objectivos desenvolver e promover esta temática, no último ano da formação inicial.

A entrevista pelo telefone foi organizada com 25 respostas estruturadas e 3 questões de resposta aberta (anexo V).

Na primeira resposta procedia-se à identificação do aluno e à duração da chamada. Após a identificação do sexo e da idade, procedia-se à definição do curso, anos de serviço e instituição onde trabalhava.

De seguida recolhia-se informação sobre a caracterização da turma e o número total de alunos.

Nas questões seguintes (7 – 25) dava-se início às perguntas de resposta rápida (sim ou não) relacionadas com a temática do envolvimento:

Ao longo do ano estes pais tomaram a iniciativa de o procurar?

Estes pais procuram manterem-se informados sobre o regulamento e as normas de funcionamento da escola?

São assíduos às reuniões que convoca?

Costumam intervir nas reuniões de pais?

• Dão ideias para organizar actividades na escola (ex: festas, actividades desportivas, jogos) Se respondeu sim diga quais:

Conversam com o filho sobre o que se passa na escola?

Procuram realizar com o filho actividades que são pedidas por si?

Procuram realizar com o filho actividades que não são pedidas por si mas que sabem que o ajudam nas aprendizagens (ex: ler histórias, ir a uma biblioteca)

Quando sabem que se vai realizar uma actividade fora da escola oferecem ajuda?

Quando há qualquer problema com o filho na escola procuram informá-lo?

Estão disponíveis para participar em actividades na sala de aula que você propõe?

Sente dificuldade em conversar/aproximar-se dos pais destas crianças?

Com que frequência vê estes pais? (diariamente, semanalmente quinzenalmente, uma vez por mês)

Com que frequência conversa com eles?

Considera que a formação inicial o preparou para esta temática?

O que pensa sobre o envolvimento parental na escola?

Considera que o envolvimento dos pais na escola contribui para o sucesso escolar dos alunos?

Como definiria o envolvimento dos outros professores da sua escola?

Como definiria um bom encarregado de educação?

Considera que a sua escola de formação o poderia ajudar mais? Como?

Enumere quais são os maiores obstáculos que encontrou no ano lectivo anterior?

No decorrer das entrevistas foram-se registando os diferentes comentários realizados pelos entrevistados.

No documento PAULA.COLARES.Relacao.Pais.Professores (páginas 173-179)