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Um rapaz que estava em risco de suicídio contou num grupo que, quando era criança, perguntara a seu avô: "Vovô, quando é que você finalmente vai morrer e desocupar seu lugar?" O avô achou muita graça, mas o rapaz nunca mais conseguiu esquecer aquela frase.

O dirigente do grupo disse a ele que a frase foi verbalizada pela criança porque não pôde ser dita em outro contexto.

Eles decidiram investigar a história familiar e descobriram que há muitos anos atrás o outro avô, do lado materno, iniciou uma relação com sua secretária, e pouco tempo depois a mulher dele ficou tuberculosa. A sentença: "Quando é que você finalmente vai morrer e desocupar o lugar?" pertencia a esse contexto, embora o avô talvez não estivesse consciente dela. O desejo se realizou, e a mulher morreu.

Contudo, membros subsequentes da família assumiram inconscientemente a culpa e a expiação. Primeiro, um dos filhos fugiu com a secretária, impedindo que o pai tirasse proveito da morte da mãe. Em seguida, o neto que trouxe o problema se ofereceu para tomar sobre si a sentença funesta e expiar a culpa, colocando-se assim em risco de suicídio.

Trago mais um exemplo. Foi-me contado por um cliente através de uma carta, e atenho-me rigorosamente às suas informações.

A expiação

A bisavó do cliente casou-se com um jovem camponês e engravidou dele. Ainda durante a gestação, o marido morreu, aos 27 anos de idade, num dia 31 de dezembro

que essa mulher, quando ainda casada, teve um caso com o homem que veio a ser seu segundo marido, e que isso teve relação com a morte do primeiro. Levantou-se mesmo a suspeita de assassinato.

Essa mulher casou-se num dia 27 de janeiro com o segundo marido, que veio a ser o bisavô do cliente. Esse marido morreu de acidente quando um filho seu completou 27 anos. Nesse mesmo dia, anos depois, um neto do bisavô morreu de um acidente similar. Outro neto dele desapareceu, aos 27 anos. Exatamente cem anos depois da morte do primeiro marido da bisavó, um bisneto enlouqueceu, por volta de 31 de dezembro, aos 27 anos, - portanto, com a idade e na data em que morrera o primeiro marido da bisavó - e enforcou-se no dia 27 de janeiro, aniversário do segundo casamento dela. Nessa ocasião sua mulher estava grávida, à semelhança da bisavó por ocasião da morte de seu primeiro marido.

O filho do suicida, sobrinho do cliente, completara 27 anos um mês antes da mencionada carta. O cliente tinha o pressentimento de que algo poderia acontecer ao sobrinho, mas julgava que o perigo maior seria no dia 27 de janeiro, aniversário do suicídio do pai. Assim, fez uma viagem com o intuito de protegê-lo e visitou com ele o túmulo do pai. Mais tarde, a mãe do rapaz contou que no dia 31 de dezembro ele ficara transtornado, pegara o revólver e fizera todos os preparativos para matar-se, mas ela e o seu segundo marido conseguiram demovê-lo da ideia. Isso se passou exatamente 127 anos depois da morte do primeiro marido da bisavó, sobre o qual, aliás, esses familiares nada sabiam. No referido caso, portanto, um acontecimento atuou tragicamente até a quarta e a quinta gerações. Mas a história ainda não termina aí. Alguns meses depois dessa carta, o cliente me procurou numa aguda crise de pânico porque sentia-se ameaçado de suicídio e não conseguia se defender contra esses pensamentos. Eu lhe disse que se imaginasse diante do primeiro marido da bisavó, olhasse para ele, fizesse a ele uma profunda reverência, até o chão, e lhe dissesse: "Eu lhe presto homenagem. Você tem um lugar em meu coração. Por favor, me abençoe se eu fico".

Então o fiz dizer à bisavó e ao bisavô: "Seja qual for a sua culpa, eu a deixo com vocês. Sou apenas uma criança". A seguir, disse-lhe que se imaginasse tirando cuidadosamente sua cabeça de uma corda, caminhando lentamente para trás e deixando-a pendurada. Ele fez tudo isso, sentindo-se depois aliviado e livre de seus pensamentos de suicídio. Desde então o primeiro marido da bisavó tornou-se seu amigo e protetor.

A solução

Neste último exemplo mostrei também uma solução que satisfaz de forma curativa as exigências da consciência oculta. Os excluídos recebem a homenagem, o lugar e a posição que lhes competem. E os que vêm depois deixam a culpa e suas consequências com aqueles a quem ela pertence, retirando-se humildemente do assunto. Assim se consegue um equilíbrio que traz reconhecimento e paz para todos.

A compreensão

Os princípios subjacentes da consciência de grupo fazem-se conhecidos em nossos relacionamentos e em seus efeitos. Quem conhece tais efeitos pode transcender os limites das consciências pela compreensão. Onde as consciências cegam, a compreensão sabe; onde as consciências prendem, a compreensão libera; onde as consciências incitam, a compreensão inibe; onde as consciências paralisam, a compreensão age; e onde as consciências separam, a compreensão ama. Para terminar, contarei outra história:

O caminho

Um filho procurou o velho pai e pediu-lhe: “Pai, abençoa-me antes de partires!"

O pai falou: "Minha bênção será acompanhar-te por um trecho no início do caminho do saber". Na manhã seguinte saíram para o campo e partindo do vale estreito

subiram numa montanha.

Quando chegaram ao cume, a tarde caía mas a paisagem, em todas as direções

até a linha do horizonte, estava banhada de luz.

O sol se pôs, e com ele o seu radioso brilho. Caiu a noite.

Mas quando escureceu as estrelas luziram.

Ordens do amor