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Fora da Escola não pode!

4 ANALISANDO O GÊNERO SOB NOVA LENTE

4.6 Fora da Escola não pode!

O webdocumentário Fora da Escola não pode!203 (Unicef e Campanha Nacional

pelo Direito à Educação, 2014) integra uma iniciativa multiplataforma ao lado de materiais como: o relatório “Todas as Crianças na Escola em 2015” (iniciativa global pelas crianças fora da escola); as publicações “Fora da Escola Não Pode! O Desafio da Exclusão Escolar” (2013); “O Enfrentamento da Exclusão Escolar no Brasil” (2014); campanha de mobilização com outdoor, cartaz, folder e outras peças - entre elas uma versão inclusiva204 de folder com narrativa audiodescritiva, legendada e com tradução em libras.

De acordo com análise feita pela Unicef e Campanha Nacional pelo Direito à Educação205 a partir do Censo Demográfico 2010 do IBGE, o número de crianças e adolescentes brasileiros fora da escola, entre as idades de 4 e 17 anos, era superior a 3,8 milhões, sendo mais atingidas: as crianças de 4 e 5 anos (pré-escola); os adolescentes de 15 a 17 (ensino médio); as crianças e os adolescentes negros e indígenas, com deficiência e que

203 Produzido pela Cross Content. Disponível em: http://www.foradaescolanaopode.org.br/. Acesso em: 17 jan.

2017.

204 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fB5ktDV8MBI. Acesso em: 17 jan. 2017.

205 Desde 2010, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Instituto de Estatística da Unesco (UIS)

deram início à Iniciativa Global Out of School Children (GOSC) – Pelas Crianças Fora da Escola, tendo como parceira no Brasil a Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/pt/activities_26691.htm. Acesso em: 17 jan. 2017.

vivem na zona rural, no Semiárido, na Amazônia e na periferia de grandes centros urbanos. O webdocumentário compreende uma plataforma que disponibiliza pesquisas sobre essa realidade, subdivididas em “Pesquise”, “Participe”, “Conheça”, “Veja” e “Baixe”.

Na opção “Pesquise”, o usuário tem acesso a estatísticas sobre a exclusão escolar por Estado e município brasileiro. Em “Participe”, o projeto facilita a promoção de debates por município. Na opção “Conheça”, são apresentados vídeos com iniciativas empreendidas em algumas cidades com a finalidade de garantir o direito das crianças ao aprendizado. Em “Veja”, por meio de textos, infográficos e gráficos, estão sintetizados os principais desafios a serem superados e oferecidos links externos para acesso a informações complementares. A opção “Baixe” fornece acesso a publicações e materiais da campanha de mobilização para serem baixados e utilizados.

Na introdução, o projeto conta com um pequeno vídeo em que dois estudantes fazem prévia abordagem sobre o tema, afirmando que “Criança fora da escola não pode” e “Na escola sem aprender também não pode”. É possível seguir adiante em “Pular introdução”. Ao permanecer na mesma interface, os estudantes informam sobre o aprendizado que será possível por meio do site, convidando o usuário a começar selecionando e pesquisando em seu estado/município. Surgem na interface menus em barra de rolagem vertical para seleção de Estado e município (figura 72), após a qual o usuário pode selecionar “Mais detalhes” para continuar a sua pesquisa pelo município ou “Pular Introdução”.

Figura 72 – Navegação a partir da introdução, em Fora da escola não pode!

A partir das escolhas - a título de exemplificação da navegação – “Minas Gerais” e “Uberlândia”, o usuário acede a uma interface com os menus principais “Pesquise”, “Conheça”, “Veja”, “Participe” e “Baixe” sobre um fundo com foto ou vídeo, a depender da seleção feita na introdução (figura 73) e trazendo dado estatístico relativo ao município selecionado. A mudança de interface se dá como uma transição padrão de páginas em html, sendo possível escolher e abrir as opções de menu e links em mais de uma aba no navegador, como um outro tipo de percurso possível. De forma padronizada, durante a navegação pelo usuário, os menus principais permanecem no rodapé da interface e, na parte superior, os links para compartilhamento em redes sociais.

Figura 73 – Menus principais com dados segmentados, em Fora da escola não pode!

Fonte: http://www.foradaescolanaopode.org.br/.

No menu “Pesquise” - sobre o número e o perfil das crianças fora da escola nos 5.565 municípios brasileiros, em 2010 - o usuário tem acesso a uma interface com mapa satélite do Estado, sendo possível passar o cursor por sobre qualquer município e visualizar os respectivos dados de percentual e número absoluto de alunos fora da escola. As opções “Em porcentagem” e “Em números absolutos” junto ao mapa, quando selecionadas, modificam de forma respectiva os dados apresentados em sua legenda (figura 74).

Em “Mais detalhes” - correspondendo à mesma página resultante do menu “Participe” -, tem-se um detalhamento estatístico relativo aos dados de Uberlândia, com submenus nas opções: “Dados gerais”, “Dados por idade”, “Comentários” (específicos por município) e “Divulgue” (código do detalhamento para publicação em sites).

Figura 74 – Navegação com lógica de ligação reativa, em Fora da escola não pode!

Fonte: http://www.foradaescolanaopode.org.br/.

É possível fazer a troca por outro município nesse ponto da navegação. Em “Comparar municípios” pode-se organizar um comparativo do mesmo detalhamento entre até 3 Estados/municípios à escolha (figura 75), cujo resultado é apresentado em uma nova janela sobreposta à interface.

Figura 75 – Lógica de ligação reativa na interface em Fora da escola não pode!

Fonte: http://www.foradaescolanaopode.org.br/.

No menu “Conheça” o usuário navega entre 6 vídeos, com duração média de 5 minutos, constituídos de fotos e imagens em movimento. Durante a reprodução dos vídeos não é possível avançar ou retroceder as cenas. A navegação entre eles pode ser feita por meio

de setas na parte superior e inferior da janela ou por meio do próprio menu no rodapé, que ao ser apontado com o cursor faz surgir hiperlinks em uma ordenação vertical (figura 76). Cada hiperlink apresenta uma das iniciativas bem-sucedidas de enfretamento à exclusão escolar, realizadas nas cidades de: Acrelândia e Plácido de Castro (AC); Lagoa Santa (MG); Osasco (SP); Pedra Branca (CE); Rio Bonito do Iguaçu (PR) e Rio Branco (AC). Retratam depoimentos de pais, professores e coordenadores de escolas, agentes de educação, dirigentes de creches e secretários de Educação, com todos os nomes identificados em legendas.

Figura 76 – Interface de navegação entre vídeos, em Fora da escola não pode!

Fonte: http://www.foradaescolanaopode.org.br/.

O menu “Veja” acede a uma interface com hiperlinks dispostos como painéis informativos com fotos, textos e dados e é subdividido nos submenus “Desafios – Acesso”, “Desafios – Permanência” e “Desafios – Conclusão na idade certa” (figura 77). A navegação

entre os submenus se dá por meio da utilização das setas na parte superior e inferior da interface de maneira idêntica em todos, ocorrendo variação apenas de painéis e conteúdos. A escolha de qualquer um dos painéis resulta na abertura de uma nova janela sobreposta, que aprofunda as informações e oferece as opções “Consulta dados por município”, link para baixar publicação (remetendo ao menu “Baixe”) e, eventualmente, links para estudos em outros sites.

Figura 77 – Interface com painéis informativos, em Fora da escola não pode!

Fonte: http://www.foradaescolanaopode.org.br/.

Com abordagem totalmente centrada em relação ao tema, apresentando delimitação quanto ao espaço – municípios brasileiros - e tempo – ano de 2010 -, o webdocumentário Fora da escola não pode! também é um exemplo de dinâmica de navegação disseminada, no qual predominam menus e submenus. Inexiste a possibilidade de adicionar dados ou deixar testemunhos, ocorrendo a interação entre usuários sob a forma de comentários, sem afetar ou alterar o projeto. A atuação do usuário se restringe a explorar uma base de dados fechada, com armazenagem limitada e um comportamento fixado – uma seleção, um resultado -, atribuindo ao projeto características de um documentário interativo no modo hipertextual, com lógica de ligação reativa na interface. Aproxima-se de projetos como Moss Landing, One Day on Earth e Becoming Human.