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formação desses profissionais

Que comportamentos são necessários para identificar os fenômenos e processos em relação aos quais há possibilidade de intervenção psicológica? Que comportamentos são descritos nas Diretrizes Curriculares que possibilitam caracterizar necessidades de uma população? A formação científica desenvolve os recursos necessários para profissionais atuarem de modo investigativo, avaliarem as variáveis que compõem os fenômenos psicológicos, identificarem as necessidades e possibilidades de intervenção e intervirem sobre os aspectos necessários em qualquer âmbito de atuação? Nesse contexto, a formação científica necessita ser desenvolvida nos cursos de graduação em Psicologia a fim de assegurar a atuação profissional crítica, comprometida com os avanços da ciência e com as mudanças sociais. Essa dimensão da formação tem sido contemplada nos cursos de graduação em Psicologia?

O objetivo da formação científica durante a graduação contempla um dos aspectos reivindicados pelos psicólogos, docentes e envolvidos na formação do psicólogo para formar profissionais críticos capazes de transformar a realidade social na qual estão inseridos. Gomes (1996) identifica a formação científica como indispensável para a atuação profissional, pois capacita o psicólogo a acompanhar criticamente as constantes mudanças e inovações na área da Psicologia e o instrumentaliza para desenvolver cuidados avaliativos continuados em relação a sua prática. Felippe (1993) também considera que a formação científica desenvolve capacidade de reflexão e crítica e possibilita ao estudante o questionamento das “verdades” muitas vezes apresentadas como irrefutáveis. Matos (2000), ao elaborar uma proposta de diretrizes para cursos de graduação em Psicologia, considera que é necessário garantir uma formação científica sólida, que promova a superação da dissociação entre ciência e prática, como requisito para uma prática profissional crítica, bem como a compreensão da atividade profissional como um campo permanente de pesquisa e produção de conhecimento.

A função da formação científica, no entanto, está, ainda, para ser contemplada nos cursos de graduação em Psicologia. Moura, Bosco, Diniz e Santos (1993), por meio de avaliações assistemáticas de dissertações de mestrado, verificaram que alunos de programas

43 de pós-graduação revelam dificuldades para descobrir e formular o problema a ser investigado. Com a hipótese de que essas dificuldades provinham da graduação, as autoras investigaram a concepção de pesquisa em Psicologia de 93 alunos de graduação, de duas universidades públicas do Rio de Janeiro, por meio da aplicação de um questionário, e descobriram pouca participação e pouco interesse dos alunos em relação à pesquisa, sendo que apenas um indicou a pesquisa como primeira possibilidade de atuação futura. Os dados apresentados pelas autoras demonstraram que os alunos consideram importantes a pesquisa e o papel do pesquisador, mas parecem não saber por que são importantes. Na discussão realizada pelas autoras, é apresentada uma concepção idealizada da atividade de pesquisa e do papel do pesquisador, o que evidencia uma dissociação entre produção do conhecimento e intervenção profissional como atuação de diferentes agentes. Lo Bianco, Bastos, Nunes e Silva (1994), ao analisarem entrevistas de 23 psicólogos clínicos sobre as atuações emergentes no subcampo clínico, concluíram que os profissionais carecem de uma melhor formação científica. Segundo os autores, essa carência revela a necessidade de, nos cursos de graduação, serem organizadas condições para que os alunos desenvolvam comportamentos científicos por considerarem que a atuação no subcampo clínico exige ao profissional ser um bom investigador. De acordo com os autores, o comportamento de investigar possibilita, aos profissionais do subcampo clínico, subsídios para observar, interpretar e agir de maneira reflexiva e contextualizada em relação aos seus clientes. Guilhardi (1987) faz uma reflexão acerca da formação de psicoterapeutas comportamentais e identifica que há uma carência quanto à formação científica de psicólogos que trabalham com clínica e que essa formação possibilitaria ao psicoterapeuta avaliar melhor seu trabalho cotidiano e tornar o trabalho mais ético e significativo devido ao desenvolvimento de método e rigor na intervenção profissional. Os estudos sobre a formação científica do psicólogo possibilitam identificar esse aspecto como insuficiente para torná-los produtores de conhecimento, condição que dificulta ao profissional identificar as necessidades sociais e as possibilidades de atuação. Se os alunos de graduação não sabem a função que a pesquisa tem para a atividade profissional, como saberão utilizá-la como recurso de trabalho? Sem saber como investigar é possível avaliar as necessidades sociais de uma comunidade? E sem investigar as necessidades sociais é possível intervir de modo a produzir modificações sociais significativas?

Para promover uma atuação consistente com as necessidades sociais da população e com as possibilidades de atuação do psicólogo, é necessário que o desenvolvimento da capacidade do profissional de problematizar a realidade seja contemplado na formação

44 científica. Botomé (1987) desenvolveu alguns procedimentos para problematizar a realidade e identificar necessidades sociais da população e, assim, partir dessas necessidades como critério definidor ou prioritário para propor os serviços que uma profissão precisa oferecer. O autor alerta que os comportamentos que deveriam ser apresentados para explicitar alternativas de atuação profissional socialmente significativas deveriam partir de decisões sobre o que fazer, onde fazer, em relação a quem fazer, quando precisa ser feito, para posteriormente, como decorrência, decidir como fazer. Essas decisões são viabilizadas pelo desenvolvimento de comportamentos científicos de avaliar a realidade social e propor explicações de determinação entre os aspectos que constituem os fenômenos psicológicos. A proposta de Botomé (1987) inverte a lógica tecnicista que caracteriza a Psicologia, na qual os instrumentos assumem destaque em detrimento das necessidades sociais, e propõe que as necessidades sociais sejam indicadores de quais instrumentos e técnicas serão necessários para a atuação do psicólogo.

A formação científica tem sido reivindicada pelos segmentos envolvidos com a formação como uma dimensão que necessita de maior amplitude para o desenvolvimento de comportamentos profissionais do psicólogo. A formação científica tem sido desenvolvida de maneira insuficiente nos cursos de graduação em Psicologia e, por essa razão, provavelmente tem contribuído para a dificuldade dos psicólogos em avaliar as necessidades sociais e propor intervenções a partir dessas necessidades, ampliando as possibilidades de atuação profissional. A capacidade de problematizar a realidade a fim de avaliar os comportamentos e as condições sobre as quais é necessário promover intervenções é uma condição básica para a atuação profissional do psicólogo. Como condição básica para atuar profissionalmente, os comportamentos científicos necessitam ser desenvolvidos como formação básica do psicólogo.

1.9 Necessidade de uma formação básica sólida para assegurar uma atuação generalista voltada a atender às necessidades da população exige uma formação científica de qualidade

Ao realizar a graduação em Psicologia, os alunos necessitam ser preparados para atuar em qualquer subcampo da Psicologia de maneira a garantir uma homogeneidade da atuação de qualquer profissional que se formar no Brasil. A formação generalista proposta nas Diretrizes Curriculares requer que os cursos de graduação ofereçam uma formação básica que

45 desenvolva os comportamentos necessários à atuação do psicólogo voltada ao campo de atuação profissional. O que, exatamente, caracteriza a formação básica? Que comportamentos são descritos como comportamentos básicos para a atuação do psicólogo?

Nos cursos de Psicologia não são desenvolvidos suficientemente os comportamentos básicos necessários para o psicólogo lidar com seu campo de atuação profissional. Dias (2001), num artigo que analisa a atuação clínica do psicólogo, ressalta que mesmo para o subcampo de atuação que mais tem sido desenvolvido na formação, não há preparação do profissional para analisar suficientemente os problemas apresentados pelos pacientes (conhecer e estimular a realidade do paciente) e ressalta que esse comportamento só é conseguido em cursos complementares à graduação. A demonstração de Japur e Osório (1998) da quantidade de profissionais que buscam algum tipo de formação complementar (20 dos 20 profissionais que responderam ao questionário) e da reflexão de Lo Bianco, Bastos, Nunes, e Silva (1994) sobre a necessidade de formação complementar do psicólogo clínico, a partir da verbalização de 23 profissionais que atuam no subcampo clínico, também são indicativos das lacunas que a graduação tem deixado na formação do profissional. Zanelli (1994) relata que, no subcampo de organizações e trabalho, também prevalece um preparo insuficiente dos profissionais pelos cursos de graduação em Psicologia, que continuam a enfatizar técnicas e assim caracterizar uma atuação diferente e ultrapassada em relação à que está sendo desenvolvida em outros países. Hoff (1999), ao analisar 185 artigos publicados na revista Psicologia, Ciência e Profissão entre 1984 e 1998, indica que a atuação do psicólogo carece de formas de ação que respondam às demandas identificadas, o que evidencia o despreparo do profissional para responder às solicitações de intervenções psicológicas feitas pela população. Esses indicadores possibilitam conjeturar que, na formação de profissionais de Psicologia, não estão sendo garantidas condições de desenvolvimento de classes de comportamentos que possibilitem a esses identificar fenômenos psicológicos que possam caracterizar necessidades de intervenção, o que requer o desenvolvimento de classes de comportamento relacionadas a produzir conhecimento sobre as variáveis que constituem os fenômenos de interesse para a intervenção. Nesse caso, não será a formação científica que suprirá o despreparo de profissionais em intervir em relação às necessidades sociais?

Apesar de ser considerada importante, nas discussões sobre a reestruturação do ensino de graduação em Psicologia, não há clareza sobre o que define a formação básica, dificultando identificar as classes de comportamentos que necessitam ser desenvolvidas na formação do psicólogo. As discussões sobre a formação em Psicologia possibilitam avaliar a

46 necessidade de os cursos de graduação promoverem uma formação básica sólida, generalista, pluralista (Bastos e Achcar, 1994; Bock, 1997; Felippe, 1993; Maluf, 1994; Weber e Carraher, 1982). Porém, os adjetivos utilizados para caracterizar o tipo de formação que necessita ser desenvolvida nos cursos são abrangentes e não esclarecem o que os egressos dos cursos necessitam ser capazes de fazer. Do mesmo modo, não há clareza quando Weber e Carraher (1982), ao proporem diretrizes para os cursos de Psicologia, relatam a necessidade de uma formação básica sólida, por não discutirem o que caracteriza essa formação básica e o que caracteriza a “solidez” da formação; e quando Felippe (1993) também ressalta a necessidade de uma formação básica geral, sem indicar do que se trata. Já Bock (1997), ao discutir a formação, descreve o significado de alguns dos adjetivos utilizados para caracterizar a formação. Segundo a autora, uma formação pluralista é aquela que abrange as diversas teorias; sólida, que ensine a perspectiva filosófica e epistemológica que embasa cada teoria; generalista, que desenvolve a especialização em pequeno grau, apenas no último ano; cuidadosa e rica que ensine o aluno a perguntar. Mesmo tendo caracterizado a que os adjetivos fazem referência, eles não elucidam com clareza o que é necessário considerar ao estruturar uma formação básica.

É possível, no entanto, derivar da literatura alguns aspectos que podem constituir a formação básica. Alguns comportamentos mínimos e gerais necessários à atuação do psicólogo comprometido com a realidade social na qual está inserido podem ser derivados de documentos sobre a formação, mas não há um conjunto completo, inequívoco, preciso e consistente sobre o que constitui a formação básica. Botomé e Kubo (2001) propuseram, num projeto de resolução de diretrizes para discussão junto ao Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina, um núcleo básico. No núcleo básico proposto pelos autores, são descritas como “competências básicas” que constituiriam a formação básica do profissional de Psicologia: localizar e organizar o conhecimento científico e extrair dele o conhecimento relevante para a atuação de interesse; identificar e caracterizar fenômenos e processos psicológicos e sua relação com fenômenos de outras áreas; identificar e caracterizar necessidades de natureza psicológica ou que requeiram intervenções próprias de um psicólogo; projetar intervenções, diretas ou indiretas, próprias do campo de atuação profissional coerente com as necessidades da população-alvo; executar intervenções projetadas; avaliar as intervenções realizadas; aperfeiçoar as intervenções ou processos de intervenções realizados; comunicar descobertas feitas no trabalho profissional. Bock (2002), avaliando a minuta de Diretrizes propostas pela Comissão de Especialista e as discussões

47 sobre a formação entre os segmentos responsáveis pela formação, apresenta proposta de estruturação burocrática e algumas classes de comportamentos (denominadas pela autora como “competências e habilidades”) gerais que necessitam ser desenvolvidas nos cursos de graduação elaboradas pelo Fórum de Entidades de Psicologia9, mas que são insuficientes para elucidar o que os profissionais necessitam apresentar depois de formados, por utilizar verbos genéricos nas proposições e contemplar diversos aspectos em uma única sentença gramatical (que descreve o sujeito, verbo e complemento), confundindo o leitor sobre o que é nuclear na sentença. Como exemplo da generalidade dos verbos utilizados pela autora, é possível analisar a sentença “aprender a pensar, avaliar, construir e relacionar conceitos” (Bock, 2002, p. 68). Na sentença, o verbo “pensar” tem como complemento “conceito”, o que significa “pensar conceitos?” “Avaliar, construir e relacionar” podem caracterizar “pensar”? E no que consiste “aprender a pensar, avaliar, construir e relacionar”? O que o aluno precisa fazer é “aprender a” ou é avaliar, construir e relacionar? As proposições apresentadas por Bock (2002) se aproximam das descrições de comportamentos que são apresentados no documento das Diretrizes Curriculares nacionais para os cursos de graduação em Psicologia (Brasil, 2004) que, por sua vez, também podem referir os comportamentos necessários ao psicólogo de maneira confusa e genérica conforme identificou Santos (2006). Mas quais são as classes de comportamentos que caracterizam comportamentos básicos ao psicólogo? O que é fundamental ao exercício da profissão de psicólogo para ser contemplado em uma formação básica? Que condições necessitam ser criadas para que os alunos de graduação em Psicologia desenvolvam os comportamentos mínimos necessários ao exercício profissional? E quais são esses comportamentos mínimos? Mesmo sem clareza dessas questões, é possível identificar que classes de comportamentos relacionadas à formação científica fazem parte do conjunto de classes caracterizadoras de uma formação básica.

A formação profissional em Psicologia seja para intervir direta ou indiretamente por meio de pesquisa ou ensino não pode ser realizada de qualquer maneira. É necessário que profissionais tenham clareza das dimensões envolvidas em seus comportamentos profissionais. Dimensões essas que qualificam a atuação profissional de nível superior para intervir de forma sistêmica e com resultados duradouros. É possível identificar, na literatura, além de algumas classes de comportamentos, algumas diretrizes de ordem estrutural relacionados à formação básica. Dentre as diretrizes da formação básica são propostas dimensões que necessitam ser contempladas na estrutura dos cursos de graduação a fim de

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Fórum de discussão no qual participam membros de diversas organizações de Psicologia entre associações, sociedades, conselhos e sindicatos.

48 ampliar as possibilidades de atuação do psicólogo. Apesar de não nomear de formação básica e não descrever comportamentos, Matos (2000), ao propor aspectos para estruturação dos cursos de graduação em Psicologia, considera que os cursos de graduação em Psicologia necessitam promover os comportamentos do psicólogo nas suas dimensões teóricas (principais correntes do pensamento psicológico contemporâneo e seu desenvolvimento histórico), metodológicas (análise da natureza do conhecimento e da investigação científica), instrumentais (manejo e desenvolvimento de técnicas e instrumentos de medida, tratamento e análise de dados) e éticas (exercício da cidadania na relação com outros seres). Bock (2002), a partir do documento elaborado pelo Fórum de Entidades de Psicologia, avalia que a formação dos psicólogos necessita abranger as dimensões: histórica, política, filosófica, científica e profissional, pedagógica, técnica. Para a autora, os comportamentos profissionais derivam dessas dimensões. No projeto pedagógico da PUC do Paraná são destacadas como dimensões que necessitam ser contempladas no ensino de profissionais de graduação (Puc, 2000): ética, afetiva, política, sociais, técnicas científicas e culturais. Botomé e Kubo (2001) propõem que os cursos de graduação em Psicologia necessitam abranger comportamentos de diferentes dimensões como diretrizes. As dimensões de formação propostas por Botomé e Kubo (2001) como diretrizes para os cursos de graduação em Psicologia são: formação técnica: aprender a utilizar com correção e precisão o instrumental de trabalho do psicólogo e o conhecimento existente relacionado ao exercício da profissão; formação histórica: aprender a avaliar e integrar as múltiplas contribuições do conhecimento produzido em diferentes épocas e contextos; formação antropológica: aprender a relacionar-se com outras culturas; formação filosófica: aprender a pensar, a raciocinar com correção; formação científica: aprender a aprender e aprender a produzir conhecimento científico; formação pedagógica e de liderança: aprender a educar e liderar; formação social: aprender a relacionar-se; formação política: aprender a equilibrar as relações de poder; formação de empreendedor: aprender a empreender; formação ética: aprender a garantir a dimensão ética na atuação profissional; formação religiosa: aprender a lidar com o absoluto, o significado da vida; formação estética: aprender a avaliar a satisfação e o prazer que produz com seu trabalho. Nesse contexto, as proposições para a formação básica em Psicologia extrapolam a formação técnica desenvolvida nos cursos até o início do século XXI, e a consideram uma dentre as dimensões que o curso deve abranger, ao mesmo tempo em que orientam para formar o psicólogo para ser cidadão, promotor de qualidade de vida por meio da análise das e intervenção sobre as necessidades da população. O que é necessário para promover esse tipo de formação? O que

49 precisar ser diferente para que o currículo dos cursos não se restrinja ao ensino do que tem sido tradicional em Psicologia e amplie as possibilidades de atuação do psicólogo? De que maneira a formação científica pode auxiliar na superação dessa intervenção tradicional?

A formação básica, embora descrita de diferentes maneiras, ainda sem a clareza necessária sobre quais comportamentos a compõe tem (ou deveria ter) a função de garantir uma homogeneidade na formação do psicólogo no Brasil e de preparar o profissional para atuar onde houver necessidade da população e não apenas onde houver oferta de emprego. A situação atual da formação no país não garante ao psicólogo preparo suficiente para responder às necessidades da população. Para propor uma formação básica efetiva, é necessário assegurar que o profissional seja capaz de produzir conhecimento sobre sua intervenção profissional e, a partir daí, propor intervenções orientadas pelas necessidades das pessoas que constituem a sociedade. Esse tipo de formação será possível à medida que os gestores dos cursos de graduação contemplem a formação científica na estruturação de seus currículos. Propor uma formação básica, desde que seja assegurada o que a caracteriza, é uma maneira de garantir que os profissionais formados em Psicologia sejam capazes de exercer a profissão em qualquer subcampo de atuação para, posteriormente, fazer a opção profissional de algum subcampo específico.

Enfim, após as discussões sobre a formação do psicólogo no Brasil, é necessário verificar que implicações efetivas essas discussões possibilitaram para a formação do profissional, a partir da reestruturação legal das Diretrizes Curriculares para os cursos de graduação em Psicologia e o quanto a formação científica tão almejada como possibilidade de superar a formação técnica tem sido efetivada na formação de psicólogos. Que classes de comportamentos estão sendo desenvolvidos na formação do psicólogo que constituem a sua capacitação para intervir por meio de pesquisa? E quais comportamentos necessitam ser mais conhecidos para garantir a capacidade de produzir conhecimento científico? Que comportamentos são propostos pelas Diretrizes Curriculares para a atuação indireta por meio de pesquisa desse profissional? Esses comportamentos que estão sendo desenvolvidos e propostos são suficientes para assegurar uma atuação comprometida com as necessidades sociais da população? Promovem uma atuação socialmente significativa? Possibilitam uma clara compreensão do fenômeno psicológico? Abrangem a identificação das possibilidades de atuação do psicólogo? Possibilitam ao profissional produzir conhecimento sobre e tecnologia de intervenção na realidade social? Para possibilitar construir respostas a algumas dessas questões fundamentais à qualificação da formação do profissional de Psicologia foram

50 investigadas quais classes de comportamentos profissionais compõem a formação do psicólogo para intervir por meio de pesquisa, derivadas das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Psicologia e da formação desse profissional?

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MÉTODO: O PROCESSO DE IDENTIFICAR CLASSES DE COMPORTAMENTOS PROFISSIONAIS QUE CONSTITUEM A INTERVENÇÃO POR MEIO DE PESQUISA A PARTIR DAS DIRETRIZES CURRICULARES, PROJETOS DE

CURSOS, PROGRAMAS DE APRENDIZAGEM E LITERATURA SOBRE FORMAÇÃO CIENTÍFICA