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2 RENDIMENTO ESCOLAR: UM OLHAR SOBRE SEUS PRINCIPAIS

3.1 Proposições de Ações para o Colégio

3.1.1 Formação Continuada

Retomando as percepções das coordenadoras investigadas e tendo o relato dos alunos sobre suas rotinas de estudo, percebemos como os alunos estão desengajados no processo de aprendizagem. Uma das causas do baixo engajamento escolar ocorre quando há inadequação curricular ou nas práticas de ensino. Nesse sentido, os alunos reprovados que participaram do estudo demonstraram que se envolvem mais quando estão afetivamente ligados ao conteúdo ministrado, bem como indicaram também que gostariam de ter mais aulas e atividades fora de classe. Cabe ressaltar que apenas dois alunos afirmaram adorar estudar na escola. Sendo

assim, compreendemos que o ensino, quando utiliza âncoras lúdicas, pode promover maior interesse dos alunos.

Outro dado que esta pesquisa evidenciou é que o desempenho escolar durante o 6º ano escolar no Colégio de Aplicação João XXIII está relacionado aos fatores socioeconômicos.

Diante desses dados, como primeira ação, com o objetivo de desenvolver práticas de ensino mais inclusivas e atraentes para os alunos, propomos que a equipe escolar passe por processos de formação continuada que privilegiem o aumento do engajamento escolar. Sammons (2008) defende que o desenvolvimento do pessoal em escolas deve acontecer na própria instituição. Além disso, deve ser contínuo, crescente e voltado à melhoria do ensino em sala de aula.

O ingresso via sorteio garante ao Colégio de Aplicação João XXIII um público mais diversificado conforme preza o modelo educacional vigente mais flexível e includente. Inegavelmente, a inclusão desafia os docentes a lidarem com os diferentes alunos, cada um trazendo em si uma particularidade subjetiva ou do contexto que o cerca. Nesse sentido, Veiga, Leite e Duarte (2005) acreditam que cabe aos docentes serem criativos na busca de métodos e técnicas que estimulem os alunos a se engajarem no processo de ensino. Destarte, a formação continuada pode atuar como um facilitador de práticas mais assertivas que considerem a diversidade na qual a escola encontra-se inserida.

As mudanças ocorridas no interior da escola, que passa a contar com diferentes grupos lutando por legitimidade e reconhecimento, trazem à cena a insegurança dos atores ao lidarem com a diferença. O que se nota é que a formação inicial, muitas vezes, mostra-se insuficiente frente a tamanha diversidade tal como relata Diniz (2011, p. 41):

O que temos constatado nos discursos dos profissionais da educação é que a formação inicial dos cursos de graduação não tem suprido essa formação. Esses profissionais não se sentem preparados para lidar com essa gama de questões, embora já tragam em seus discursos a vontade de construir uma sociedade inclusiva. Silenciadas nos conteúdos disciplinares e nos aspectos mais gerais da formação desses profissionais que atuam no campo educacional, as questões que envolvem as diferenças ficam, muitas vezes, reservadas às suas vivências e atuações nas quais se veem impotentes diante dessa diversidade de situações.

Diante disso, reconhece-se a formação continuada como “lócus privilegiado” para reflexão e discussão dessas questões tão angustiantes, possibilitando-se um espaço para criação e implementação de possibilidades de novos caminhos (CANEN; XAVIER, 2011).

Sammons (2008) afirma que professores sensíveis às necessidades dos seus alunos e atentos aos diferentes estilos de aprendizagem são capazes de identificar estratégias adequadas para cada um. Na percepção das coordenadoras do colégio, é fundamental para melhorar o desempenho estudantil focar nas necessidades específicas de cada aluno. A formação continuada pode, então, voltar-se à instrumentalização dos docentes para lidarem com as singularidades, provocando engajamento escolar dos discentes.

A formação continuada proposta visa a atender as necessidades dos docentes e dos técnicos que lidam com os alunos, pois entendemos que os trabalhos devem ser articulados e colaborativos. Desse modo, compreendemos que os conselhos de classe que acontecem a cada trimestre são excelentes oportunidades para que se discutam as situações dos alunos e para que se indiquem quais seriam as necessidades de formação do grupo para lidarem com os principais desafios que vão sendo estabelecidos. O objetivo da formação é apoiar a equipe na construção de novas alternativas e práticas visando o melhoramento escolar. Os quadros 5 e 6 a seguir trazem a delimitação e a justificativa dessa proposta, bem como o planejamento e o cronograma de ações previstos para colocá-la em prática:

Quadro 5 – Formação continuada para a Equipe Escolar

Formação Continuada para a Equipe Escolar

O que? Formação continuada para os docentes e para o quadro técnico que atuam com os alunos do colégio.

Por que? Preparar os profissionais da instituição para lidarem com as diversidades promovendo equidade nas oportunidades educacionais, por meio do desenvolvimento de habilidades e técnicas que respondam as demandas de adaptação provocando engajamento escolar dos discentes.

Onde? Colégio de Aplicação João XXIII. Quando? Ao longo do ano de 2019.

Quem? Gestão e Núcleo de Apoio Escolar

Como? A cada trimestre após as reuniões do conselho de classe, os professores indicaram para os coordenadores de segmento suas principais necessidades de apoio para formação continuada, então os gestores e o núcleo de apoio buscarão parcerias para contemplar as necessidades de formação continuada.

Quanto? Os especialistas serão trazidos mediante colaboração da própria universidade ou de outras instituições. O colégio pode colaborar com os palestrantes de outras localidades via fornecimento de diárias para custeio de viagem, realizado dentro

da própria matriz orçamentária prevista para esses gastos.

Fonte: elaborado pela autora.

Quadro 6 – Cronograma formação continuada

Mês Planejamento Ações

Abril Levantamento das demandas no Conselho de Classe

Núcleo e Gestão em parceria promovem ações de formação continuada no colégio

(palestra, treinamento, cursos, oficinas, entre outros).

Setembro Levantamento das demandas

no Conselho de Classe ações de formação continuada no colégio Núcleo e Gestão em parceria promovem (palestra, treinamento, cursos, oficinas,

entre outros). Novembro Levantamento das demandas

no Conselho de Classe

Núcleo e Gestão em parceria promovem ações de formação continuada no colégio

(palestra, treinamento, cursos, oficinas, entre outros).

Fonte: elaborado pela autora.

Segundo Mortimore et al. (1988 apud SAMMONS, 2008), a formação continuada deve também contemplar os aspectos subjetivos subjacentes ao processo de ensino, já que professores capazes de transmitir entusiasmo quando ensinam e interessados nos alunos como indivíduos produzem efeitos positivos. Assim, ainda segundo os autores, as atitudes dos professores são expressas de diversas maneiras. Pode-se percebê-las através da comunicação estabelecida com seus alunos, pela capacidade de fazer com que o aluno se sinta respeitado e compreendido e pelo atendimento das necessidades dos discentes. Tais atitudes impactam na autoestima do educando e, também, no seu desempenho, por isso a formação continuada tem que refletir o compromisso ético de uma construção de um espaço saudável para aprendizagem. Nesse sentido, a próxima seção dedica-se ao desenvolvimento de habilidades emocionais para os alunos por compreender o desenvolvimento integral do sujeito como um dos objetivos a serem alcançados pela escola.

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