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2 O RECURSO DE AGRAVO NA SISTEMÁTICA DO NOVO CÓDIGO DE

2.1 Da modificação do regime de agravo

2.1.3 O novo agravo de instrumento

2.1.3.2 Formação do instrumento

A sistemática do agravo de instrumento implementada pelo novo código, assim como no regime do Código de 1973, traz expressamente os requisitos formais da peça de razões do citado recurso e o rol de peças consideradas obrigatórias e facultativas aptas a formar o instrumento, ampliando a previsão hoje existente, conforme veremos a seguir.

No que tange aos requisitos formais da petição das razões do agravo de instrumento, verifica-se que a norma prevista no artigo 1.016 do NCPC amplia a norma contida no artigo 524 do atual Código, inovando quanto à exigência de alguns requisitos.

Nessa esteira, o artigo 524 do atual CPC impõe que a peça do recurso deve conter a narrativa do fato e do direito, os motivos do pedido de reforma da decisão, bem como o nome e o endereço dos procuradores que atuam no processo. Já, o novo CPC, de acordo com a previsão contida no artigo 1.016, além dos pressupostos exigidos atualmente, prevê como requisitos os nomes do recorrente e recorrido, os motivos do pedido de invalidação ou reforma da decisão, não só do pedido de reforma como exigido atualmente, assim como a exposição do próprio pedido.

É importante destacar, que o artigo 1.016, além de enumerar os requisitos que devem integrar a petição do agravo instrumental, também trata da competência para a interposição do agravo instrumental, mantendo a regra atualmente prevista no caput do artigo 524 do CPC/73. Assim, o agravante deve dirigir o agravo de instrumento diretamente ao tribunal competente para o seu julgamento (BUENO, 2015).

A propósito, vale colacionar a norma contida no artigo 1.016 do novo diploma processual civil (BRASIL, 2015):

Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio de petição com os seguintes requisitos:

I - os nomes das partes;

III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido;

IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo.

Com relação à formação do instrumento para processamento do recurso perante o órgão competente, é de ser ressaltado que restaram mantidas, no novo sistema, as peças que podem ou devem instruir o agravo de instrumento, não havendo grandes mudanças.

Por oportuno, como já sabemos, a nomenclatura agravo de instrumento conduz à ideia de que a peça do recurso deve vir instruída por cópias de peças obrigatórias e facultativas já constantes no processo, o que formam o instrumento (NEVES, 2010, grifo nosso).

Hoje, como estipula o artigo 525 em seu inciso I do CPC, são consideradas peças obrigatórias: a cópia da decisão recorrida, a fim de permitir o exame do cabimento do recurso; a cópia das procurações de ambas as partes do processo, no intuito de verificar se as partes estão representadas; e a cópia da certidão de intimação da decisão impugnada, cuja função é apurar a tempestividade recursal (NEVES, 2010).

Na redação do novo sistema processual civil, a novidade trazida fica por conta da ampliação do rol atualmente existente, uma vez que o artigo 1.017, inciso I, indica como peças obrigatórias as cópias da petição inicial que deu início ao processo, da contestação e da peça que ocasionou a decisão recorrida, somando-se às cópias das peças já exigidas. Além disso, prevê que “[...] a certidão de intimação pode ser suprimida por outro documento oficial que comprove a tempestividade do recurso (a exemplo da publicação no diário da justiça) [...]”, conforme ensinam Jobim e Carvalho (2015, p. 639).

Na dicção do artigo 1.017, inciso I do NCPC/2015 (BRASIL):

Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:

I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;

Seguindo o estudo, o inciso II do dispositivo ora analisado é outra novidade apresentada pelo NCPC, que prevê ao advogado do recorrente, sob sua responsabilidade, a

possibilidade de manifestar a falta de algum dos documentos tidos como obrigatórias quando estes inexistirem à formação do instrumento, consoante leciona Bueno (2015).

Assim dispõe a legislação (BRASIL, 2015):

Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída: [...]

II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal;

No que tange às peças facultativas, permanece inalterada no novo Código a regra da atual sistemática estabelecida no artigo 525, inciso II, do CPC/1973. Dessa forma, o inciso III do artigo 1.017 do NCPC/2015 preceitua que são peças facultativas todas aquelas que o agravante julgar como úteis ao acolhimento de suas razões (NEVES, 2015).

Com igual previsão no CPC de 1973, o parágrafo primeiro do artigo 1.017 do novo regime, estabelece que “acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais.” (BRASIL, 2015).

Ainda a respeito da formação do instrumento, torna-se pertinente abordarmos a previsão contida no parágrafo terceiro do artigo 1.017 do NCPC, o qual dispõe que deve ser aplicado o artigo 932, parágrafo único, do mesmo diploma legal, quando a parte deixar de juntar qualquer peça obrigatória e/ou facultativa, bem como no caso de eventual vício capaz de prejudicar a admissibilidade do recurso, tal qual como acontece na atual sistemática.

Nesse fio, leciona Neves (2015, p. 558) que “[...] antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de cinco dias ao recorrente para que seja sanado o vício ou complementada a documentação exigível.”

Para melhor compreensão, vejamos a norma contida no parágrafo terceiro do artigo 1.017 do novo Código: “§ 3o na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932, parágrafo único.” (BRASIL, 2015).

O parágrafo único do artigo 932 do novo CPC, mencionado no dispositivo acima reproduzido, tem a seguinte redação (BRASIL, 2015):

Art. 932. Incumbe ao relator: [...]

Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível.

Teresa Arruda Alvim Wambier (2015, p. 1.460), a respeito da previsão acima abordada, destaca que “tem-se aqui dispositivo que concretiza uma das principais inspirações deste novo Código: sanação de nulidades ou vícios em geral deve ser a regra, para que os processos atinjam bem sua finalidade (que é a resolução do mérito).”

Feitas estas considerações acerca da formação do instrumento, torna-se necessário compreendermos as formas de interposição do agravo instrumental e como é feita a comunicação da interposição do agravo ao juízo de primeiro grau, uma vez que também sofreram algumas mudanças.

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