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Formas de interposição do agravo e sua informação ao juízo a quo

2 O RECURSO DE AGRAVO NA SISTEMÁTICA DO NOVO CÓDIGO DE

2.1 Da modificação do regime de agravo

2.1.3 O novo agravo de instrumento

2.1.3.3 Formas de interposição do agravo e sua informação ao juízo a quo

Como já antecipado na seção anterior, o novo diploma processual trata de forma inovadora as formas de interposição do agravo de instrumento, ampliando as já existentes no regime atual. Por outro lado, mantêm, em linhas gerais, as regras quanto à informação de interposição do recurso ao juízo prolator da decisão recorrida, o que será igualmente abordado neste tópico.

Iniciando o estudo quanto às formas de interposição, destaca-se que o parágrafo segundo do artigo 1.017 do NCPC expande a redação do parágrafo segundo do artigo 525 do diploma vigente. Deste modo, o § 2.º do referido artigo dispõe que (BRASIL, 2015):

§ 2o No prazo do recurso, o agravo será interposto por:

I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente para julgá-lo; II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção judiciárias; III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento;

IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei; V - outra forma prevista em lei.

Fazendo um comparativo do tema entre os dois dispositivos da nova e da vigente sistemática, lecionam Jobim e Carvalho (2015, p. 640):

O CPC/1973 prevê apenas o protocolo da petição diretamente no tribunal competente ou postagem no correio sob registro com aviso de recebimento, ou, ainda, interposta por outra forma prevista na lei local. No novo código são acrescentadas as possibilidades de interposição, no prazo do recurso [...] por protocolo na própria comarca, seção ou subseção judiciárias, e ainda por transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei [...]

Aproveitando a linha de raciocínio supra, a nova legislação amolda a regra da juntada das peças que formam o instrumento ao meio utilizado para a interposição do recurso, aperfeiçoando o sistema atual. A inovação reporta-se aos §§ 4.º e 5.º, ambos do art. 1.017 do NCPC, que prescrevem que as peças devem ser juntadas no ato do protocolo quando o recurso for interposto através de transmissão de dados, dispensando a juntada dos documentos obrigatórios e da declaração de inexistência de alguma peça obrigatória, e permitindo a juntada de peças facultativas (NEVES, 2015).

Isto posto, segue colacionada a norma contida nos parágrafos acima referidos (BRASIL, 2015):

§ 4o Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de dados tipo fac-

símile ou similar, as peças devem ser juntadas no momento de protocolo da petição original.

§ 5o Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas

nos incisos I e II do caput, facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a compreensão da controvérsia.

Sobre o tema da informação da interposição do agravo instrumental ao juízo a quo, a nova sistemática manteve a obrigação da comunicação da interposição do recurso ao juízo de primeiro grau, havendo, somente uma ressalva a ser anotada.

Tal como vislumbramos no artigo 526, caput, do regime vigente, o novo diploma processual dá ao agravante o direito de pedir a juntada aos autos do recurso da cópia da petição e do comprovante de interposição do agravo e do rol de documentos que formaram o instrumento. Ao teor do caput do artigo 1.018 do NCPC, “o agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o recurso.” (BRASIL, 2015).

Entretanto, esta previsão deve ser interpretada diferentemente do artigo 526 do CPC/73, uma vez que a nova sistemática torna facultativa essa prática quando o recurso for interposto por meio eletrônico, sendo que a falta da juntada dos documentos acima referidos não traz nenhum prejuízo processual, apenas interfere na retratação do juízo naquele momento processual, cuja possibilidade está expressa no § 1.º do artigo 1.018 do NCPC/15, de acordo com Misael Montenegro Filho (2015).

A título de conhecimento, o § 1.º do artigo 1.108 da nova legislação processual, referido acima, contém o seguinte teor: “se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo de instrumento.” (BRASIL, 2015).

Nessa esteira, a obrigatoriedade de informar o juízo de primeiro grau da interposição do agravo permanece somente quando a interposição não se der por meio eletrônico, consoante trata o § 2.º do artigo em comento, sendo que o não cumprimento dessa exigência legal importa na inadmissão do recurso, desde que alegado e provado pela parte, conforme § 3.º do referido artigo, mantendo-se a regra atualmente estabelecida no parágrafo único do artigo 525 do CPC/73 (MONTENEGRO FILHO, 2015).

A fim de assimilar as regras referidas no parágrafo anterior, torna-se pertinente a transcrição dos mesmos (BRASIL, 2015):

§ 2o Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência

prevista no caput, no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento.

§ 3o O descumprimento da exigência de que trata o § 2o, desde que arguido e

provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento.

Sobre a interpretação do dispositivo que trata da informação da interposição do agravo, Gomes Jr. e Chueiri (2015, p. 413, grifo nosso) esclarecem que a interpretação deve ser realizada sob a lógica de que não há obrigatoriedade do exercício do ato, uma vez que “utilizada a expressão poderá e não deverá. Em outros termos, simples faculdade quando se tratar de processo eletrônico, sendo obrigatória a prática do ato no caso de processos físicos (art. 1.018, §§ 2º e 3º).”

De todo o exposto, em síntese, nota-se que as alterações realizadas pela nova legislação fundamentam-se na tentativa de tornar mais simples o procedimento de

interposição do agravo, bem como a fim de evitar a prática de atos desnecessários por parte do agravante, porquanto preceitua quando a comunicação ao juízo singular da interposição do recurso é obrigatória ou facultativa, o que não acontece na legislação em vigor.

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