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Para Edgar Morin, a noção de Sujeito está relacionada a um conjunto de idéias, dentre as quais, autonomia e auto-organização que são inseparáveis, e estão implícitas no conceito de indivíduo que, para ele,

“é produto de um ciclo de reprodução, mas este produto é, ele próprio, reprodutor em seu ciclo, (...).Assim também, quando se considera, o fenômeno social, são as interações entre os indivíduos que produzem a sociedade, com sua cultura, suas normas, e esta retroage sobre os indivíduos humanos e os produz enquanto indivíduos sociais dotados de uma cultura.” (MORIN, 2004,p.118)

O conceito de Morin é o ponto de partida para a compreensão do problema da pesquisa, na medida em que Morin, uma das principais referências da Teoria da Complexidade, quando se refere à autonomia, não fala de uma liberdade absoluta, mas de uma autonomia que depende do meio ambiente (biológico, cultural e social) que impacta, de alguma forma, a vida das pessoas, e como vamos ver neste estudo, até o modo como trabalham em equipe.

Para Morin, cinco princípios (egocentrismo, auto-referência, exclusão, inclusão e incerteza) regem a construção do Sujeito, além de uma profunda e intrínseca relação com a afetividade e a liberdade, como está explicado adiante com os conceitos do autor, depoimentos dos próprios Sujeitos da pesquisa somados à s minhas reflexões.

Para chegar à noção de sujeito, é preciso considerar que toda a dimensão biológica necessita de uma dimensão cognitiva, que é individual, porque

“é o ato pelo qual o sujeito se constitui posicionando-se no centro de seu mundo para lid ar com ele, considerá- lo, realizar nele todos os atos de preservação, proteção, defesa, etc”. (MORIN, 2004,p.120).

Neste sentido, o primeiro movimento do sujeito seria o egocentrismo, ou seja, se colocar no centro do mundo. “O EU é o ato de ocupação do espaço que se torna o centro do mundo”. A identidade do sujeito comporta um princípio de distinção, de diferenciação e de reunificação. (MORIN, 2004,p.120).

As três ONGs pesquisadas, têm como ponto comum em suas respectivas missões, a formação do Sujeito e da Cidadania. Este princípio de distinção e esta ocupação do espaço, essenciais ao sentido de identidade, aparecem muitas vezes nos discursos das pessoas envolvidas na pesquisa, mesmo que de forma implícita. Por caminhos diferentes (inclusão digital, c ultura, educação e outras ações sociais), o propósito sempre é levar o indivíduo a encontrar o seu espaço e a se perceber diferente, ainda que parte de um grande sistema. Um fato me chamou atenção e será apresentado mais à frente, neste capítulo: que as pes soas que trabalham nesses projetos, acabam também, consolidando a sua própria noção de Sujeito e de Cidadania.

Como vemos neste trecho em que a entrevistada B diz:

Cabe a nós, à sociedade civil essa responsabilidade; esse amor, que nós devemos e podemos ter com o próximo; por acreditar no resgate da cidadania; que nós temos, sim, direitos e deveres a cumprir; acreditar que o jovem pode se tornar um cidadão com uma identidade positiva; que ele pode produzir; ele tem estima; ele merece respeito; ele tem direitos mesmo numa comunidade de baixa renda.

Há um segundo princípio de identidade, o da permanência da auto- referência, isto é, apesar das transformações e por meio delas, o EU pode continuar o mesmo, a despeito de suas modificações (mudança de caráter, de humor, transformações físicas devidas à idade), já que o indivíduo modifica-se somaticamente do nascimento até a morte, mas o sujeito continua o mesmo (MORIN, 2004,p.121).

Este outro aspecto parece útil para tentar explicar o limite da influência do gr upo sobre o indivíduo, pois mesmo assumindo uma identidade grupal, aceitando decisões por consenso, cedendo em alguns pontos de vista, cooperando com terceiros, não necessariamente o indivíduo perde a noção de que é sujeito.

Este aspecto da permanência e da auto-referência também pode ser uma das explicações para a percepção da entrevistada C, quando diz:

Eu acho que não é porque o 3o setor não é lucrativo, que não exista

competitividade acirrada, em termos de posições, em termos de idéias, em

termos de ideais, mas a grande diferença do 2 o para o 3o setor, que eu

vejo nesse sentido, é que, no 2o setor, não é tanto por ideais, mas por

posição e gratificações, e promoções, é que há competição. No 3o setor,

também tem a competição, algumas vezes positiva, como no caso de ideais e por uma causa, mas também, muitas vezes, no âmbito profissional, dentro da Organização mesmo, tem aí uma certa briga, entre aspas, por status. Muitas vezes isso é muito positivo, mas não deixa de ter, em alguns momentos de “saias justas” no que se refere à competitividade.

A citação mostra que existem alguns aspectos, que fazem parte da natureza humana, independentemente do contexto em que a pessoa esteja e se esta característica de competitividade for muito desenvolvida nesta pessoa, ela poderá se manifestar mesmo num ambiente onde isto não seja valorizado.

Morin fala de um terceiro e um quarto princípios que não podem ser tratados separadamente, pois apesar de antagônicos, são complementares: a exclusão e a inclusão. O princípio da exclusão refere-se ao fato de que o EU é único e ninguém pode dizê- lo em meu lugar. Já o dá inclusão refere- se ao NÓS, isto é, “eu posso incluir o meu EU em um NÓS, posso introduzir, em minha subjetividade e minhas finalidades, os meus parentes, minha família, minha pátria...” (MORIN, 2004,p.122).

Este princípio supõe a possibilidade de comunicação entre os sujeitos de uma mesma espécie, de uma mesma cultura, de uma mesma sociedade, fato que tem significativa importância para o trabalho em equipe, já que não há equipe sem comunicação e sem este sentido de NÓS. Sabemos que trabalhar em equipe exigirá, em alguns momentos, ceder posições, o que significa que não ser necessária a alienação do próprio EU.

Falando sobre a missão do grupo Afro- Reggae, o entrevistado A caracteriza bem o sentido da inclusão na formação do sujeito:

O Afro-Reggae tem uma ideologia que na verdade tem muito a ver com a nossa missão, que é promover a inclusão e a assistência social utilizando a arte e a cultura afro-brasileira; educação, juntar, unir diferenças, criar pontes e não vias de mão dupla, onde você possa de alguma maneira projetar um mundo melhor, onde negros, brancos, pardos, azuis, verdes e amarelos etc e tal possam estar comungando, e na nossa realidade as facções narcotráfico, a gente o tempo inteiro com elas, onde você possa romper estas proibições de transitar, porque quem mora em favela hoje vive um jugo da ditadura do tráfico muito forte.

A fala nos faz refletir, não sobre a já conhecida exclusão, decorrente das desigualdades sociais, mas da exclusão que também acaba ocorrendo dentro dessas próprias comunidades, conseqüência do jogo de poder, ali ,existente, e responsável, em parte, por tanta violência. Certamente, isso influenciará em muito a formação dos valo res dessas crianças e jovens que vivem nesse contexto e, por outro lado, de como esta inclusão precisa ser transformadora da própria realidade.

Existem duas idéias que estão diretamente relacionadas à noção de Sujeito, para Morin: a afetividade e a liberdade. A afetividade é o que permite os vínculos, e pode ser expressa de diversas formas, nas nossas atitudes com as pessoas. É um fator fundamental no trabalho em equipe, pois sem este vínculo afetivo entre as pessoas, o sentimento de coesão

fica comprometido e, conseqüentemente, seu funcionamento e seus resultados, sejam eles de qualquer natureza, econômica ou social.

Num depoimento muito emocionado a entrevistada B, conta sobre as crianças que participam de um determinado projeto que ela coordena:

Eu não esperava e elas vinham direto para o meu colo, e você olha aquele ser em construção, assustados, sem estima, sem perspectivas, sem valores, criados na violência, chorando e te chamando de Mãe Loura, Tia , minha amiga. Sou mãe aqui, sou tia, eles precisam dessa ligação, parentes, ser meu parente, alguma coisa minha, são carentes disso, precisam de família, o 1o núcleo social.

O papel da afetividade na formação do sentimento de confiança, como base para a auto-estima, para desenvolvimento das inteligência s e para o aprendizado já foi abordado por diversos autores da psicanálise, da psicologia e da educação. Por esses estudos e pela análise dos dados coletados na pesquisa ficou evidente para mim, que a capacidade de expressão emocional é reunida em padrões comportamentais inatos, mas o significado psicológico que passa a ser associado a estas expressões é adquirido gradualmente e depende essencialmente do contexto onde o indivíduo se desenvolve.

Já a liberdade “supõe, ao mesmo tempo, a capacidade cerebral ou intelectual de conceber e fazer escolhas, e a possibilidade de operar essas escolhas dentro do exterior”, ou seja, “o sujeito pode, eventualmente, dispor de liberdade e exercer liberdades” (MORIN, 2004,p.126). Isto me chama atenção para o fato de que, mesmo dispondo de liberdade, podemos não exercê- la, o que se tratando de trabalho em equipe dentro de organizações, pode ocorrer com muita freqüência, dependendo do maior ou menor grau de maturidade e assertividade do sujeito e, até mesmo, da cultura organizacional vigente.

O entrevistado D, um jovem executivo muito bem sucedido em sua carreira, falando do por quê decidiu ir trabalhar no Terceiro Setor e fundar uma ONG, mostra claramente que a escolha existe, mas realmente depende do próprio sujeito exerc ê- la ou não:

... eu comecei a refletir mais sobre a vida. Como eu me via daqui a 10 anos? ... .eu me via, em 10 anos, mais rico mas não mais feliz ou satisfeito, realizado. E, justamente comecei a identificar que o que sempre me trouxe esse sentimento de realização, de satisfação pessoal, estava vinculado ao desenvolvimento social, ao trabalho como voluntário. Então, foi aí que comecei a fazer certa reflexão: - É isso que eu quero para minha vida? É esse caminho que eu quero percorrer ou eu quero fazer alguma coisa diferente? Então percebi e cheguei à conclusão , mais ou menos rápida, que eu tinha que investir num novo caminho. Mas qual? E como?E o quê? E foi no final do ano, que numa noite, eu tive um sonho e, nesse sonho... mas o fato que foi essa experiência que apontou uma direção, mostrou um caminho. E esse caminho pra mim, ficou muito claro. Eu lembro que, no dia seguinte, eu me senti muito energizado, motivado, feliz de estar vendo esse caminho, mas também com um pouco de insegurança que isso ocorresse, porque eu ia deixar um nível de vida, digamos assim, mais comum, ou mesmo que não seja mais comum, é o que está no imaginário das pessoas, a pessoa ter a sua própria empresa, crescer no mercado , ganhar dinheiro, e aí eu ia fazer outra coisa que era uma sombra, Será no que vai dar essa sombra? É uma interrogação. Eu lembro também que uma imagem apareceu que me motivou: - eu me via assim com 70 ou 80 anos, numa cadeira de balanço, pensando assim: - Será que eu deveria ter feito alguma coisa para ter transformado aquele sonho em realidade?

Quanto à relação sujeito- liberdade, cabe refletir sobre as idéias de Sen (2000), que, apesar de não se referir a um Sujeito, mas sim, à Identidade, acredita que esta é resultado de um processo de formação ao longo da vida, influenciada por condicionamentos impostos pela sociedade, por meio da família e diversos grupos sociais. O autor relaciona a realização do indivíduo na sociedade à sua liberdade de escolha, e diz que tal

liberdade depende da igualdade de oportunidades e do acesso ao conhecimento.

Sen (2000) defende que as liberdades instrumentais (política, facilidades econômicas, oportunidades sociais, garantias de transparência e segurança protetora) ligam- se, umas às outras, e contribuem para o aumento da liberdad e substantiva. O depoimento abaixo de um adolescente que participou de um dos workshops , exemplifica a cruel realidade de algumas comunidades locais:

... em outras áreas que você vai aí, você chega pra um adolescente de 12, 13 anos, ele vai falar de fuzil, de pistola, ou ele vai falar que tá a fim de matar um, ou fala que vai fumar, que vai cheirar. Aqui em Vigário não, quando chega um adolescente de 12,13 anos ele pergunta que dia que tem capoeira, que dia que tem percussão, que dia que tem show do Afroreggae, se vai ter ensaio da Trupe ou da Tribo. Acho que aqui em Vigário, o jovem não pensa em entrar pra boca de fumo porque ele está vendo o resultado que está tendo. Hoje ele pensa em alguma coisa que vai levar ele além daquilo. Ele vem com o pensamento de ser alguém na vida, vou querer aproveitar a minha vida, e no caso, aqui em Vigário Geral ele tem a oportunidade, porque nas outras comunidades não há mesma oportunidade que aqui. Todo o jovem hoje em dia, não adianta falar que não pensou, porque pensou em ser bandido. Quem não pensou?...Aqui em Vigário tem essa oportunidade: Não vou virar bandido não. Vou fazer capoeira, vou virar percursionista, vou fazer basquete, vou fazer dança pra ocupar a mente, vou estudar.

Como esta pesquisa envolveu profissionais que atuam em projetos sociais, e possuem como missão e como tônica de seu discurso intervir socialmente, é interessante perceber como esses paradigmas da necessidade de igualdade de oportunidades estão presentes, como demonstra o depoimento de uma participante de um dos workshops em que se usou a técnica de construção com fotografias. Disse ela, enquanto escolhia as fotos:

A gente vive em um país rico, que tem vários recursos naturais e assim, é inadmissível você ver pessoas passando por necessidades. Claro que a gente sabe que sempre vai existir o rico e o pobre, só que a pobreza tem que ter um limite....Você pode ter tudo de baixa qualidade mas você tem que ter casa, comida...Tem gente que não tem nem isso, isso pra mim é uma coisa que não existe.

Sen ressalta a influência dos valores no comportamento dos indivíduos, mas não nega que os interesses materiais possam se sobressair nas decisões e atitudes pessoais, e, para ele, está neste ponto a origem da corrupção. A formação dos valores, o surgimento e a evolução de uma nova ética social, que além da liberdade, promova o comprometimento social, são tão importantes quanto outros mecanismos, como o mercado e as instituições democráticas, para o desenvolvimento social e sustentável. A este respeito o entrevistado A, coloca textualmente:

Aqui se planta e se colhe, é um país rico, é um país que hoje tem uma tecnologia interessante, é um país de ponta, você pega, por exemplo, desde da medicina à própria tecnologia de comunicação está sendo muito desenvolvid a aqui .... Aqui é um país que realmente tem tudo para acontecer. É um país que é top de linha, mas pela corrupção, pela má gestão, em todas as esferas do poder, ... existe tanta falta de oportunidade.

Morin (2004, p.127) quando se refere à incerteza como o quinto princípio da construção do sujeito, esclarece que esta incerteza diz respeito à dúvida de - “até que ponto Eu faço um discurso pessoal e autônomo, ou sob a aparência, que acredito ser pessoal e autônoma, não faço mais do que repetir idéias impressas em mim?”. Este princípio nos reporta a Guerreiro Ramos (1989), quando distingue entre o comportar e o agir: - Comportamento é forma de conduta que se baseia na racionalidade funcional ou na estimativa utilitária das conseqüências – conveniência – des provido de conteúdo ético, e a ação é própria de um agente que

delibera, que está consciente de suas finalidades intrínsecas e de uma ética de conduta.

Para o autor, a sociedade moderna se define como um precário contrato entre indivíduos, que maximizam a utilidade, na busca da felicidade pessoal, entendida como uma busca de satisfação de uma interminável sucessão de desejos . O mundo social competitivo se torna estranho ao homem, que tenta superar sua alienação, seja anulando-se através da passiva conformidade a papéis ou se recolhendo dentro de si mesmo. Segundo ele, os seres humanos não agem; apenas comportam-se. O mundo vai se desdobrando de acordo com um esboço já estabelecido, em que o puro cálculo das conseqüências substitui o senso comum do ser humano.

A síndrome comportamentalista constitui o credo não anunciado das organizações que funcionam em uma sociedade centrada no mercado. Os indivíduos interiorizam seus padrões cognitivos, sem perceber, e eles passam a ser naturais, ou seja, a síndrome comportamentalista é uma disposição socialmente condicionada – as pessoas confundem as regras e normas de operações peculiares a sistemas sociais episódicos com regras e normas de sua conduta como um todo – ofuscando seu senso pessoal. O indivíduo ilusoriamente ganhou melhora material em sua vida e pagou por ela com a perda do senso pessoal de auto-orientação (RAMOS, 1989).

Nesse aspecto, este estudo permitiu observar que, pelo menos no caso da população pesquisada, em particular no grupo de voluntários, existe uma forte tendência ao AGIR, na concepção de Guerreiro Ramos, e um elevado grau de comprometimento com o discurso de suas organizações, na medida em que tal discurso reflete o próprio conjunto de crenças e valores dos indivíduos. Isso nem sempre ocorre nas organizações

privadas, onde algumas pessoas se submetem aos valores e regras da empresa, pelo poder econômico ou outro tipo de conveniência.

O depoimento de dois participantes do grupo de voluntários ilustra bem o que foi relatado aqui:

Não basta ficar só criticando, porque eu sei das dificuldades da minha sociedade, então eu tenho que fazer alguma coisa pra ajudar.

O nome diz é voluntário, não pode dizer “Agora você vai ser voluntário”. Tem que ser de forma espontânea, você te m que buscar o resultado, tem que ter uma satisfação própria e buscar uma satisfação nos outros... .

A Diretora do RIOVOLUNTÁRIO reafirma isto com o seguinte depoimento:

A dedicação do voluntário, o prazer com que ele faz a atividade é muito grande, a gente sabe, quando eles entram aqui para trabalharem, eles vêm com humor, a gente sente que eles estão muito felizes de estarem fazendo aquela ação. A felicidade dos voluntários é inenarrável, realmente, eles estão assim, exultantes de estarem ali.

Nova mente o entrevistado A, contribui com pontos importantes de reflexão, quando responde sobre o que considera importante no perfil das pessoas que vai contratar para trabalharem na ONG que coordena:

Geralmente o que me atrai é o empreendedorismo e algum tipo de ideologia que aquela pessoa tenha, mesmo que seja uma ideologia equivocada, pois se ela tem ideologia, mesmo equivocada, para ela absorver a nossa ideologia, que não consideramos equivocada, é mais fácil do que aquela pessoa que não tem ideologia de nada, zero, que não tem ideologia de vida, aquela pessoa que é solta. É óbvio que aquela pessoa que não tem ideologia, que é ansiosa, que é solta, nos interessa para trabalhar como uma pessoa em formação, não como profissional.

Sobre o que ele chama atenção, é que as pessoas não precisam concordar com tudo, mas têm de ter alguns valores definidos e opiniões formadas, ou seja, ter a sua Identidade já constituída, caso contrário, não poderão contribuir para a formação do Outro.

Outro ponto relevante na fala do entrevistado A é o conceito de empreendedorismo, que comumente esteve relacionado a negócio “de mercado”, mas que hoje, muitos autores já estudam numa perspectiva do “negócio social”, isto é, o foco de atuação é na parceria comunidade, governo e setor privado, conforme vemos nas três ONGs pesquisadas e, de forma mais específica, nas figuras de seus três diretores.

Melo Neto e Froes afirmam que

“desse empreendedorismo social autêntico vão surgir propostas de solução para os problemas sociais, novas estratégias de inserção social, projetos sociais inovadores e as ações empreendedoras auto- sustentáveis”. (2002, p: XVII)

Estes autores definem o empreendedor social como

“um tipo de líder – suas idéias e inovações não são incorporadas aos produtos e serviços a serem produzido e prestados. Mas, sobretudo, são adicionadas à metodologia utilizada na busca de soluções para os problemas sociais, objeto das ações de empreendedorismo”. (MELO NETO e FROES, 2002,p.9)

Dito em outras palavras, um dos ge stores entrevistados ratifica a citação dos autores:

Na verdade, não há uma grande diferença entre o empreendedor empresarial e o empreendedor social, porque o que está por trás do empreendedor, no fundo, é uma visão. Normalmente o empreendedor assume riscos, é um sujeito que vai em frente. Ele se arrisca, se posiciona, tem uma opinião. Para o empreendedor social o objetivo não é

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