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A função simbólica das representações

No documento O Realismo da Fenomenologia de Munique (páginas 183-197)

2.2 Os Dois Conceitos de Intencionalidade

2.4.2 A função simbólica das representações

É ainda a propósito da análise sobre o intender (ou querer em sentido geral) que Pfänder desenvolve a teoria da significação ou da função simbólica das representações. Na consciência do intender o que está presente como conteúdo psíquico é a representação do intendido e não propriamente este. O objecto intendido, precisamente porque é inten- dido, é algo que não se encontra na consciência; caso contrário, nada haveria a intender. Há pois que admitir uma relação intencional do eu com objectos não presentes, mas que são apresentados ou simboliza- dos pelas representações respectivas. A questão que se põe é saber em que consiste a significação, através de uma representação, de algo não presente.

Poder-se-ia julgar que o visar algo não presente à consciência fosse uma característica exclusiva do intender e que assim o sentimento de intender constituisse a consciência da relação entre o eu e algo não

presente. Contra tal ideia está o facto de, em muitos outros estados psíquicos que não os de querer ou intender, ocorrer essa mesma relação intencional. São os casos de recordações e expectativas de sensações, representações e sentimentos próprios e ainda os casos de percepção de sensações, representações e sentimentos de outras pessoas.98 O inten-

der, e mais ainda o querer, são apenas casos particulares da relação do eu a algo não presente.

O termo “não presente” tem um sentido duplo. O sentido pode ser, em primeiro, temporal. “Não presente‘” é então aquilo que é passado ou futuro. Os objectos das recordações ou das expectativas são não presentes neste sentido. O segundo sentido de “não presente” é o de tudo o que é representado e não directamente vivido. “Não presente” equivale então à vivência correpondente à representação que consti- tui o conteúdo imanente da consciência. Assim, as representações de sentimentos, sensações e outras vivências presentemente não vividas, independentemente de se situarem no passado ou no futuro ou de serem fantasiadas, são representações de algo não presente. Este último sen- tido de não presente, isto é, como representado, traz consigo a questão mais vasta acerca da relação entre representação de uma vivência e a vivência representada. Quer isto dizer que se um dos sentidos de não presente é o ser representado, então há que esclarecer a relação entre o que é representado e a representação. É o próprio sentido de represen- tação que acaba por estar em causa.

A sensação constitui o caso mais evidente de uma vivência di- rectamente presente à consciência.99 Por isso mesmo a relação en- tre as sensações e as representações respectivas constitui a via mais adequada ao estudo da relação entre uma vivência em geral e a sua representação. Pfänder procura obter o significado de representação confrontando-a com a sensação, inquirindo qual a diferença entre am-

98Cf. PFÄNDER 1900, p. 23.

99Pfänder utiliza na Phänomenologie des Wollens o termo sensação (Empfindung) num sentido diferente do que Husserl lhe confere nas Investigações Lógicas Gener- icamente pode-se dizer que Pfänder utiliza o termo sensação no sentido husserliano de percepção (Wahrnehmung).

bas. Para isso começa por se servir do sentido dos dois termos na lin- guagem comum.100 Tanto sensações como representações são conteú-

dos psíquicos. À primeira vista são fáceis de distinguir. Sobre a minha mesa de trabalho há livros com capas de várias cores: pretas, verdes, vermelhas. Vejo essas cores. Estas estão aqui à minha frente. Nenhum destes livros tem uma capa de cor roxa. Não obstante, posso muito bem representar um livro com uma capa dessa cor ou muito simplesmente representar a cor roxa. As cores que vejo são sensações, o roxo, por seu lado, é uma representação. O roxo é reproduzido. Se virar as costas ou fechar os olhos deixo de ter as sensações das cores dos livros que es- tão sobre a mesa, mas posso trazê-las à consciência através de uma representação. As cores que há pouco eram sensações são agora repre- sentações. Não existe pois grande dificuldade em perceber a diferença que existe entre elas. A dificuldade está em saber em que consiste essa diferença. Sejam sensações ou representações as cores não divergem. Continuam a ser preto, verde, vermelho. Também um som ouvido e o mesmo som representado têm a mesma altura, a mesma intensidade e a mesma duração. Não há uma diferenca de conteúdo que ponha em causa a identidade da sensação e da representação respectiva. Em que consiste então a sua diferença?

Pfänder recusa a explicação psicofísica, dada por exemplo por Theodor Lipps em Grundtatsachen des Seelenlebens, de que as sen- sações devem-se a afecções externas e as representações a estímulos internos. Numa descrição psíquica imanente há que deixar de parte tais factores. As alucinações, apesar de não terem a sua origem nas afecções externas, têm de ser tratadas como sensações pois que como conteúdos psíquicos são perfeitamente iguais a esta.101

A diferença dos dois géneros de conteúdos psíquicos também não é uma diferença quantitativa ou de intensidade. Um som ouvido não é

100O recurso à linguagem comum como ponto de partida da análise psicológica é uma das características do método fenomenológico de Pfänder. Cf. RICOEUR 1982, SPIEGELBERG 1982b e SCHUHMANN 1982 e 1988a.

mais alto que a respectiva representação, nem a cor preta do livro há pouco vista é mais escura que a respectiva representação na memória. Trata-se de uma diferença qualitativa específica completamente distinta das diferenças das sensações entre si. As observações de Lotze a este respeito, a saber, que às representações falta a frescura própria às sen- sações, uma cor representada não brilha e um som representado não ressoa, observações retomadas por Lipps102, resumem-se a identificar a diferença, mas não a elucidam.

O que distingue verdadeiramente as sensações das representações é o carácter simbólico destas. A natureza da representação de um som, de uma cor, etc., está em ser símbolo destes, em os re-presentar.103 A

característica das representações está na sua função simbólica, isto é, em remeterem sempre às sensações correspondentes. Isto não significa, todavia, que elas provenham de sensações vividas no passado, mas tão só que elas funcionam como símbolo das respectivas sensações. É as- sim que, na maior parte das vezes, quando recordamos ou fantasiamos algo, não temos em mira (meinen) a representação actual, mas sim a “sensação representada” .104

O problema que se põe, é como se pode ter algo em mira que não está presente à consciência. Ter simbolicamente em mira uma sensação não pode significar que se visa algo não presente no sentido que nada se encontra na consciência. Só se admitíssemos uma posição transcen- dente à consciência, como se uma consciência alheia analisasse de fora a situação, é que se poderia dizer que o que é visado é a sensação que não está na consciência. O que uma leitura imanente da consciência – e só este nível de leitura se coaduna com o método fenomenológico! – nos permite observar é unicamente que se encontra nela um determi- nado conteúdo psíquico. Ao princípio nada sabemos de representante

102Cf. LIPPS 1883, p. 67.

103“Die Vorstellung eines Tones, einer Farbe, so sagt man, “repräsentiert” diesen Ton, diese Farbe, oder ist “Symbol” derselben. Vorstellungen haben eine “symbol- ische Funktion”. Sie sind immer Vorstellungen “von etwas”. PFÄNDER 1900, p. 27.

nem de representado. Mas estes são precisamente os dois elementos que compõem qualquer re-presentação ou simbolização. Aqui temos de ter em conta o seguinte: O representante tanto pode ser conside- rado na sua qualidade de representante de algo como pode ser consi- derado em si, isto é, tão só como conteúdo psíquico, independemente da sua função simbólica. Como representante de algo ele deixa, de certa forma, de ser o que ele é em si. Se a re-presentação se basear numa analogia do representante e do representado, o que se toma em conta na apreensão do representante é apenas o que ele tem de comum com o representado. Ora sob um ponto de vista imanente nada sabe- mos, ao princípio, dessa dupla faceta do representante de tal modo que assim “o representante é para mim em certo sentido o representado” .105

A solução do problema está na estrutura da própria representação. Como todo qualquer conteúdo psíquico a representação constitui um relevo de que se pode destacar estes e aqueles momentos (Beachtungs- relief). Num objecto colorido podemos distinguir ora a forma, ora a cor, ora outro elemento. Também na representação podemos destacar dois diferentes momentos: o que ela possui de comum com a sen- sação e o que a distingue desta, ou seja, o carácter de representação (Vorstellungscharakter). Estes momentos são inseparáveis, mas dis- tintos. Pode-se centrar a atenção sobre um deles, pô-la no centro da consciência (Blickpunkt)106 e abstrair do outro. Já na conferência de

1897 sobre a atenção Pfänder verificara que a atenção é abstractiva, que o salientar um conteúdo implica um descurar os outros conteú- dos.107 Pois o que se passa com a representação é precisamente termos

em conta apenas a componente que lhe é comum à respectiva sensação. Não é o seu carácter de representação que nos interessa, mas tão só

105Cf. ibid., p. 28. “Der Repräsentant ist dann für mich in gewissem Sinne das Repräsentierte.”

106Cf. ibid. p. 29.

107PFÄNDERIANA C III 1, (p. 62): “Jede Aufmerksamkeit ist eine abstrahierende, d.h. sie ist zugleich verbunden mit einem absehen, mit einer Abstraktion von allen anderen gleichzeitigen Bewußtseinsinhalten.”

os elementos que nos levam, através dela, a visar a vivência não pre- sente. “Uma representação ser símbolo de uma sensação não significa senão que a representação tem qualidades que também se encontram na sensação. Visar através da representação a correspondente sensação significa que abstraímos do carácter representativo da representação e apenas nos apercebemos das qualidades comuns a ambas.”108

O que é válido para as representações das sensações é válido para as representações de todas as vivências psíquicas. É a atenção que o eu presta aos elementos das representações comuns às vivências que faz com que estas sejam representadas por aquelas.

Toda a representação, por conseguinte, está acoplada a uma de- terminada orientação da consciência. Ao ouvirmos uma conferência podemos ficar-nos pelas palavras do conferencista, dando atenção à riqueza vocabular ou à elegância da construção sintáctica. Podemos, no entanto, visar o sentido do discurso não dando quase atenção às palavras usadas pelo conferencista. Este caso torna bem explícito o pa- pel do eu na função simbólica de uma representação. É o modo inten- cional - Pfänder utiliza o termo Beachtung – de visar certos conteúdos psíquicos imanentes que leva à apreensão do que não está presente.109

Os conceitos pfänderianos de “relevo” (Beachtungsrelief ), de “ campo da consciência” (Blickfeld) e “centro da visão” (Blickpunkt) de- lineam o mesmo âmbito dos elementos da representação que Husserl em “Anschauung und Repräsentation” designa por “circunstâncias” (Umstände) ou fringes110. Quando Husserl escreve que as circunstân-

cias são elementos essenciais da representação, mas não são o objecto visado ou intendido, e Pfänder diz que abstraímos do carácter de repre- sentação enquanto conteúdo psíquico para centrarmos a atenção unica-

108“Eine Vorstellung ist Symbol einer Empfindung, das heißt nichts anderes als, die Vorstellung hat Qualitäten, die auch in der Empfindung sich finden. Wir ‘meinen’ eine der Vorstellung entsprechende Empfindung, das heißt, wir achten unter Abstrak- tion vom Vorstellungscharakter der Vorstellung auf jene Qualitäten oder ‘fassen’ nur diese Qualitäten an ihr ‘ins Auge’.” PFÄNDER 1900, p. 30.

109Cf. PFÄNDERIANA C III 1, (p. 75). 110Cf. HUSSERL 1979, pp. 278-283.

mente sobre os elementos que são comuns às sensações, então há aqui uma identidade de pontos de vista. As franjas que a representação, se- gundo Husserl, traz sempre consigo e a impedem de se dissolver na sua função representativa, podem ser entendidas como os elementos característicos das representações, indissociáveis mas distintos dos e- lementos simbólicos.

A verificação da estrutura de relevo da representação e a distinção dos seus elementos em “carácter de representação” e “elementos co- muns às vivências psíquicas respectivas” poderia conduzir à tentativa de iterar a distinção relativamente a esta segunda componente. Pois que os elementos considerados na representação são presentes e o que é visado (gemeint) é algo não presente, haveria que distinguir neles os subelementos próprios da presença psíquica e os subelementos propria- mente simbólicos. Os elementos da representação poderiam, portanto, ser encarados ou em si, como algo agora presente à consciência, ou como elementos comuns ao visado não presente. Uma nova iteração teria então lugar relativamente aos subelementos simbólicos e assim sucessivamente. O problema da representação de conteúdos não pre- sentes à consciência seria continuamente remetida para uma etapa pos- terior e, assim, o fenómeno da “significação de um não presente” (das Meinen eines Nichtgegenwärtigen) ficaria também por explicar. Pfän- der enfrenta esta objecção com uma distinção fundamental: a presença de um conteúdo na consciência não é idêntica à consciência dessa pre- sença. Um conteúdo psíquico presente não é habitualmente apreendido como sendo presentemente consciente. Mais ainda, a consciência de uma representação e a consciência da sua presença, isto é, de ocorrer agora, não é simultânea. A consciência da presença é posterior à re- presentação; “a consciência de que um conteúdo pertence ao presente, visado agora, só pode reportar-se ao conteúdo do momento acabado de passar.”111 Só regressivamente é que sabemos que um conteúdo é pre-

111 “Das ausdrückliche Bewußtsein, ein Inhalt gehöre der Gegenwart an, er sei jetzt, kann sich immer nur auf den Inhalt des eben vergangenen Momentes beziehen.” PFÄNDER 1900, p. 32.

sente. Assim, a fixação da atenção sobre os elementos simbólicos da representação, isto é, sobre os elementos comuns às sensações ou, en geral, às vivências respectivas é feita independentemente da consciên- cia da presença desses elementos. Com a abstracção do carácter de representação é abstraída a presença psíquica dos elementos simbóli- cos. Quer isto dizer que a função simbólica da representação não tem minimamente em conta a consciência da presença do representante. Deste modo fica desde logo impedida a iteração da distinção inicial entre o carácter de representação e os elementos comuns às ciências respectivas. Essa distinção não se pode aplicar a estes elementos co- muns precisamente porque não são visados como presentes.

A distinção entre a presença de um conteúdo na consciência e a consciência dessa presença vem também resolver o paradoxo que à primeira vista se prende com o sentido temporal de “não presente” e que tem a ver com a relação específica do intender. O objectivo in- tendido situa-se no passado ou no futuro. No passado quando, por exemplo, se deseja ter vivido anteriormente isto ou aquilo. Habitual- mente, porém, situa-se no futuro. Mas o que passou passou, já não é presente, e o que está no futuro ainda não é presente. Contudo, só se pode ter consciência desses conteúdos passados ou futuros no pre- sente. O que é passado ou futuro é assim, paradoxalmente, também presente.112 O paradoxo desaparece logo que nos damos conta da con- fusão aqui de duas perspectivas temporais diferentes: uma transcen- dente e outra imanente. Dos conteúdos passados ou futuros só de um ponto de vista transcendente é que temos consciência deles como con- teúdos presentes. Imanentemente não são presentes, mas passados e futuros. A presença fáctica deles na consciência não implica a cons- ciência deles como presentes. Se intendo um objectivo no futuro então tenho a consciência de que ele se encontra no futuro e que, portanto, não é presente. A presença fáctica do representante não é um óbice à simbolização de um conteúdo passado ou futuro na medida em que não é ela que é visada. Como conclusão valerá dizer que os conteúdos

psíquicos não se apresentam duas vezes à consciência, uma vez como estando presentes nela e uma outra vez como estando no passado ou no futuro. Todos se encontram efectivamente na consciência, mas todos visados de diferente modo, uns no passado, outros no presente, outros no futuro.

Do monismo à fenomenologia

A Phänomenologie des Wollens de Pfänder marca o início da fenome- nologia de Munique. Editada no mesmo ano do primeiro volume das Investigações Lógicasde Husserl, rompe com o psicologismo de Lipps e inaugura o método fenomenológico com a sua aplicação a um tema concreto da psicologia. Trata-se de uma obra de viragem. Daí a grande importância em acompanhar a sua génese a partir das conferências de Pfänder no “Akademischer Verein für Psychologie”.

A posição representada por Pfänder na primeira conferência, em Maio de 1895, sobre as sensações e os conteúdos da consciência como objecto da psicologia, encontra-se muito próxima do monismo sensua- lista de Ernst Mach.113 Nessa conferência, provavelmente a conferência inaugural do “Akademischer Verein”114, Pfänder procura demonstrar três pontos: 1) que a sensação não se reduz às suas condições somáti- cas; 2) que apenas nos apercebemos de conteúdos da sensação e que, portanto, não há uma percepção interna da sensação como actividade; 3) que nada mais se dá à consciência senão conteúdos psíquicos.115 A

posição de Pfänder não é radicalmente sensualista na medida em que, à semelhança de Theodor Lipps, admite sentimentos e que estes não se

113Karl Schuhmann na introdução do editor a essa conferência refere que Pfänder estudou física na Universidade Técnica de Munique onde seria muito provável que tivesse entrado em contacto com o pensamento de Mach, influente físico e filósofo positivista da época. Também é de presumir que Pfänder tivesse assistido às aulas de Hans Cornelius, formado em química e muito influenciado por Mach, Kirchhoff e Avenarius, e, desse modo, recebido as ideias do positivismo.

114Cf. PFÄNDERIANA C V 2, (p. 6-23). 115Cf. ibid., (p. 9).

reduzem a sensações. Contudo, também a posição de Lipps é monista já que nega a percepção de quaisquer da dos que não sejam conteúdos psíquicos.116 O monismo em causa consiste em reduzir a sensação uni- camente ao seu conteúdo, negando a possibilidade de uma percepção interna do acto do sentir. Expressamente contra Stumpf, Pfänder afirma que na audição de um som aquilo de que nos damos conta é o som e nada mais.117 O mesmo se aplica às representações e sentimentos. Também deles apenas sabemos directamente como conteúdos e não como actividades da consciência. Não existe, pois, uma consciência da consciência. A consciência reduz-se à consciência dos conteúdos dados, não havendo qualquer consciência do modo como esses conteú- dos são dados, isto é, como se tem consciência deles. Por isso mesmo, porque tudo é conteúdo, não há diferentes fenómenos, uns psíquicos e outros somáticos. Há apenas diferentes considerações dos mesmos fenómenos, vale dizer, diferentes modos como são por nós relaciona- dos. Tanto a psicologia como as ciências da natureza têm os conteúdos psíquicos como material da sua investigação. O que as distingue são as formas diferentes de se ocupar dos mesmos objectos. Enquanto a tarefa das ciências humanas está em estudar os fenómenos na medida em que são símbolos do que é objectivamente real, a psicologia abs- trai da relação dos conteúdos psíquicos aos objectos reais e ocupa-se apenas de fixar as leis que regem as relações dos conteúdos entre si e enquanto conteúdos.118 O seu objectivo é o de elaborar uma conexão

necessária do que é subjectivamente real. Pfänder adopta aqui a ideia de ciência proposta por Lipps na Logik119, ao apresentar a tarefa da psi- cologia como um enquadramento sistemático supletivo dos diferentes

116Cf. LIPPS 1883, p.18.

117Cf. PFÄNDERIANA C V 2, (p. 13): “Ich habe die Empfindung eines Tones, das heißt nichts weiteres als: ein Ton ist für mich da, ein bestimmtes Empfundenes, nämlich eben der Ton ist vorhanden. Aber von einem Empfinden des Tones, von einem Akt der Empfindungstätigkeit, nehme ich nichts wahr.”

118Cf. ibid., pp. 16, 19 e 23. É aqui que se encontra uma grande afinidade com Mach, como refere Schuhmann na introdução ao texto desta conferência, (p. 6).

fenómenos.

A concepção de consciência decorrente desta posição monista é a de um espaço em que os conteúdos psíquicos se encontram. Segundo Pfänder, pelo menos as sensações visuais e tácteis são extensas. Enten- dida a consciência como o conjunto de todos os conteúdos psíquicos, também ela será extensa. A sua extensão varia conforme os conteúdos que nela se encontram. Esta concepção de consciência como espaço é

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