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2.1 Atuação da rede de informações: olhos e ouvidos a serviço da repressão

FUNÇÕES Administração

Investigação Censura e Repressão Recepção, produção e difusão da INFORMAÇÃO

INFORMAÇÃO

INTERCÂMBIO

INSTITUCIONAL

DPF CIE CISA CENIMAR DOPS/PE DSIs PEx. SS

DOPS

ED – Entidade Detentora do

controle e vigilância social (hierarquia maior no estado)

OO – Órgão de Operação

SSP

O ponto de partida, a base de sustentação do aparato de segurança nacional A atuação da rede de informação local/nacional

SNI

Serviço Nacional de

Informações

federais. O que não significa uma desobediência do estado aos ditames das forças armadas. Essa disposição dos órgãos hierárquicos, aqui representados, se dá porque, neste caso, estamos visualizando a estrutura de segurança a partir do estado, onde a SSP é a autoridade máxima da rede atuando na jurisdição estadual. O que não anula nos casos de uma demanda ou diligência urgente emanada das Forças Armadas, do Serviço Nacional de Informações ou de qualquer órgão de informação da rede (sendo ou não das Forças Armadas) a determinação “superior” não seja cumprida, obedecida. É importante perceber que na ‘mentalidade de informação’ o que está em jogo é a Segurança Nacional, sendo imprescindível para o efetivo cumprimento do controle priorizar a fonte, a informação e o que de novo a partir dela for determinado, inclusive com a chancela do CUMPRA-SE.

2.2.1 Evolução da estrutura administrativa do DOPS-PE e sua articulação na rede nacional

É possível observar três momentos significativos na trajetória do DOPS. O primeiro tem início no período 1931/1934, anterior à sua criação, onde se percebe a existência de uma polícia política se estruturando, imperando a intenção de institucionalizar uma polícia especializada numa atividade política que passa a ser criminalizada, constituindo uma crescente ameaça, caracterizada pela polícia como

crime político. Esse organismo é oficialmente criado em suas linhas gerais em 23 de

dezembro de 1935, após o levante Comunista de novembro do mesmo ano, ocorrido em Natal (RN), Pernambuco e no Rio de Janeiro.

O segundo momento significativo destaca-se como uma preparação, já no período da II Guerra, de uma forma de atuação que será reeditada e ampliada no decorrer do regime civil-militar instaurado em 31 de março de 1964, quando a polícia política passará a agir articulada, integrando os órgãos e instâncias militares e policiais no controle da “desordem” do país.

Essa atuação será posta em prática já a partir de 1938, quando ao Estado são impostas novas necessidades de defesa nacional, sobretudo após os ataques aos navios brasileiros praticados pelos alemães. Nesse contexto, o DOPS vai voltar- se para o combate das idéias totalitárias, não só de esquerda “(como comunismo,

marxismo, trotskismo, e leninismo), mas também de direita (como integralismo, fascismo, nazismo e falangismo)”84.

Nesse momento se opera uma importante alteração em sua linha de ação, quando a DOPS-PE, passa a integrar a rede de espionagem internacional, atuando ao lado da Cristian Childre’s Fund. Inc. de Richomont, embrião da futura CIA, o Bureau Central Nacional - INTERPOL, Polícia Marítima e Polícia Federal no período da Segunda Guerra Mundial, no intuito de coibir o avanço da Gestapo no Brasil – polícia secreta de Hitler, cuja atuação estava em franco crescimento no país.

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A polícia passa a agregar elementos de uma vigilância preventiva, que atua monitorando idéias e comportamentos sociais considerados perigosos, os quais os alemães radicados em Pernambuco, passam a representar em primeira mão o alvo principal da repressão. Para a polícia não importa se as idéias são de direita ou de esquerda, mas o grau de ‘nocividade’ e a ‘perturbação’ que podem provocar no social, ameaçando as bases de organização do Estado.

No interior da estrutura administrativa da Delegacia de Ordem Política e Social, a partir de 1939 até 1946, podemos observar que além de suas atribuições originais o organismo vai agregar outras funções, que passam pelo combate às idéias totalitárias de esquerda, mas também de direita, de maneira que a sociedade passa a ser monitorada, sobretudo os segmentos que maior tensão provocam, seja nas manifestações, seja no teor dos discursos que condenam, entre outras coisas, a interferência dos Estados Unidos no país.

O organograma do DOPS de 1939 a 1963 vai demonstrar com muita clareza as funções da polícia política, caracterizada em duas frentes: a abrangência do órgão em face das demandas de controle social e a forma como o organismo policial pensa a sociedade e elabora as práticas de intervenção. Ele mostra quão grande e fracionada internamente é a estrutura e como está configurada para atender às necessidades de investigação, censura e repressão, pensadas pela polícia no período. É interessante perceber que cada uma das atribuições das

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Fundo: SSP/DOPS/APEJE. Prontuário Funcional n. 29.638. Regimento interno da DOPS do ano de 1938 e Documentos Administrativos da Delegacia Auxiliar e DOPS. 1938-1985.

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SILVA, Marcília Gama. A Rede de Espionagem Internacional instalada em Pernambuco na Segunda Guerra Mundial. Pesquisa em andamento desde 2004, no Apeje. Fundo: SSP/DOPS/APEJE. Prontuário Funcional n. 28.329

seções diz respeito a uma hierarquia de controle a serviço da repressão. É comum, por exemplo, perceber a criação, substituição ou extinção de competências, que são feitas no intuito de aparelhar melhor a instituição para atuar de forma mais incisiva e eficaz junto à sociedade.

Gráfico 3 - Organograma da Delegacia/Departamento de Ordem Política e Social de Pernambuco, 1939-196186

Erro!

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Fonte: Fundo SSP/DOPS/APEJE. Prontuário n. 29.638, Documentos Administrativos da Delegacia Auxiliar e DOPS. Doc. n. 98, p. 98-101. O documento em forma de texto expõe a estrutura do DOPS, onde destaca a criação de uma Delegacia Adjunta “em 1º

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