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Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE)

IV. EXEMPLOS DE TRANSFERÊNCIAS INTERGOVERNAMENTAIS NO BRASIL

4.1. Fundos de Participação

4.1.1. Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE)

O Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE) é uma modalidade de repartição tributária, cuja origem remonta à Constituição de 1946200. A denominação “Fundo de Participação dos Estados” foi instituída pela Constituição de 1967.

Atualmente, o Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE) encontra-se previsto no art. 159, inciso I, alínea a, da Constituição Federal de 1988, que dispõe:

“Art. 159. A União entregará:

I – do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados quarenta e oito por cento da seguinte forma:

a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal”;

Nesses termos, as receitas que compõem o FPE compreendem 21,5% da arrecadação líquida (arrecadação bruta deduzida de restituições e incentivos fiscais) do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), sendo arrecadadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), contabilizadas pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e distribuídas pelo Banco do Brasil, sob comando da STN.

A arrecadação bruta do IR e do IPI é apurada decendialmente pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), que deduz as restituições e incentivos fiscais (Finor, Finam, Funres, PIN e Proterra) ocorridos no mesmo período, e comunica o montante da arrecadação líquida resultante à Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Essa Secretaria, por sua vez, procede à contabilização dessas arrecadações líquidas no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), informando, em seguida, ao Banco do Brasil o montante financeiro a ser transferido.

Nos termos do art. 161, parágrafo único, da Constituição Federal de 1998, compete ao Tribunal de Contas da União efetuar o cálculo das quotas referentes ao FPM. Ademais, o TCU deve fiscalizar a entrega dos recursos que devam ser efetivamente creditados aos beneficiários e acompanhar, junto aos órgãos competentes da União, a classificação das receitas que dão origem ao Fundo.

O art. 159, § 1º da Constituição Federal de 1988 estabelece, ainda, que o cálculo desse valor é feito excluindo-se a parcela da arrecadação do imposto sobre a renda pertencente aos Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do disposto nos arts. 157, I, e 158, I. Assim, Estados e Distrito Federal não poderão incluir no cálculo o valor que já recebem do imposto sobre a renda por meio de retenção na fonte relativamente aos rendimentos que tenham pago (incluídas as autarquias e fundações que tenham instituído ou que mantenham).

Ressalte-se, outrossim, que são deduzidos também os percentuais do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), quando da distribuição da quota financeira que cabe a cada Estado, de acordo com a Emenda Constitucional nº 53/2006, regulamentada pela Lei nº 11.494/2007.

O Fundo de Participação dos Estados (FPE) constitui importante instrumento de redistribuição da renda nacional, visto que promove a transferência de parcela dos recursos arrecadados em áreas mais desenvolvidas para áreas menos desenvolvidas do país: 85% dos recursos são destinados aos Estados das Regiões Norte (25,37%), Nordeste (52,46%) e Centro-Oeste (7,17%) e 15% aos Estados das Regiões Sul (6,52%) e Sudeste (8,48%)201. A distribuição dos recursos dos fundos de participação é regulada pela Lei Complementar nº 62/89.

Assim, o grande mérito do FPE é promover uma redistribuição de recursos fiscais entre regiões, retirando recursos dos Estados do Sul e do Sudeste e repassando-os aos Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Posteriormente, é feita uma divisão que utiliza fundamentalmente três critérios: a superfície territorial, a população e a renda per capita de cada Estado ou Distrito Federal. Segue-se a disciplina dos artigos 88 a 90 do CTN, que estabelece um percentual de 5%, proporcionalmente à superfície de cada entidade participante, e de 95%, proporcionalmente ao coeficiente individual de participação, resultante do produto do fator representativo da população pelo fator representativo do inverso da renda per capita de cada entidade participante.

O artigo 88 do CTN leva em consideração a extensão territorial, de sorte que 5% dos recursos do Fundo serão distribuídos proporcionalmente à superfície de cada entidade participante, assegurando maior repasse de recursos para as unidades federativas de grande extensão e pequena densidade demográfica, a exemplo do Amazonas e do Pará. Em um segundo momento, o mesmo dispositivo prevê que a distribuição dos 95% restantes se faça

201 Esses percentuais são obtidos somando-se os coeficientes de participação dos Estados de cada região, conforme a tabela transcrita mais à frente. Constam, ainda, do artigo 2º da LC 62/89.

proporcionalmente ao coeficiente individual de participação pelo fator representativo do inverso da renda per capita, de cada entidade participante.

Segundo o artigo 89 do CTN, o fator representativo da população é diretamente proporcional à percentagem que a população da entidade participante representa da população total do país. Vale dizer, por este critério, são beneficiadas as unidades de maior densidade demográfica, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Os coeficientes (fruto desses critérios marginais definidos pelo CTN), inicialmente criados para aplicação até o exercício de 1991, estão determinados no anexo único da LC 62/89 e são utilizados até os dias de hoje, tendo em vista que não há a lei específica determinada pela própria LC 62/89 (art. 2º)202.

FPE – Coeficientes de Participação

Ordem Unidade da Federação Coeficiente

1 Acre 3,4210 2 Alagoas 4,1601 3 Amapá 3,4120 4 Amazonas 2,7904 5 Bahia 9,3962 6 Ceará 7,3369 7 Distrito Federal 0,6902 8 Espírito Santo 1,5000 9 Goiás 2,8431 10 Maranhão 7,2182

202 Art. 2° Os recursos do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal - FPE serão distribuídos da seguinte forma:

I - 85% (oitenta e cinco por cento) às Unidades da Federação integrantes das regiões Norte, Nordeste e Centro- Oeste;

II - 15% (quinze por cento) às Unidades da Federação integrantes das regiões Sul e Sudeste.

§ 1° Os coeficientes individuais de participação dos Estados e do Distrito Federal no Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal - FPE a serem aplicados até o exercício de 1991, inclusive, são os constantes do Anexo Único, que é parte integrante desta Lei Complementar.

§ 2° Os critérios de rateio do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal, a vigorarem a partir de 1992, serão fixados em lei específica , com base na apuração do censo de 1990.

§ 3° Até que sejam definidos os critérios a que se refere o parágrafo anterior, continuarão em vigor os coeficientes estabelecidos nesta Lei Complementar.

11 Mato Grosso 2,3079

12 Mato Grosso do Sul 1,3320

13 Minas Gerais 4,4545 14 Pará 6,1120 15 Paraíba 4,4889 16 Paraná 2,8832 17 Pernambuco 6,9002 18 Piauí 4,3214 19 Rio de Janeiro 1,5277

20 Rio Grande do Norte 4,1779

21 Rio Grande do Sul 2,3548

22 Rondônia 2,8156 23 Roraima 2,4807 24 Santa Catarina 1,2798 25 São Paulo 1,0000 26 Sergipe 4,1553 27 Tocantins 4,3400 TOTAL 100,0000

Fonte: Lei Complementar nº 62, de 28 de dezembro de 1989

A Lei Complementar nº 62/89, por intermédio do seu art. 4º203, estabelece prazos para a transferência dos recursos para contas individuais dos Estados e do Distrito Federal, nos termos da Portaria STN nº 722/2007204.