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3. COLETA E ANÁLISE DOS DADOS PESQUISADOS

3.3 Generalização e apresentação dos resultados

Nesta seção apresentaremos as razões pelas quais pretendemos que os resultados apurados possam ser generalizados para todos os pequenos negócios estabelecidos no Brasil e,

por fim, apontaremos os percentuais que resultaram do conjunto de perguntas e respostas contidas nos questionários aplicados.

A generalização da obra

Como já referimos, durante a coleta e tratamento dos dados houve limitações decorrentes da limitação do tempo disponível e da simplicidade da formulação dos quesitos. Assim também, existiram limites pela extração dos indicadores lógico-matemáticos reduzidos apenas a números percentuais. Mesmo diante disto, o método que adotamos permitiu que dados quantitativos fossem levantados gerando base sólida de respostas às nossas conclusões. Embora a maioria das pessoas que responderam nossos questionários reside e trabalha no Rio Grande do Sul, há razões para se pretender que os resultados medidos e as conclusões extraídas possam ser generalizados a toda a população das pequenas empresas brasileiras.

Nossa pretensiosa conclusão se sustenta sobre quatro motivos principais. Primeiramente, em vista da ampla gama de sujeitos pesquisados e da quantidade de questionários respondidos (foram pesquisadas 178 pessoas). O segundo motivo que sustenta nossa visão é que também foram sujeitos da consulta microempresários, titulares de escritórios contábeis e empregados estabelecidos em diversos municípios. Aplicamos 76 questionários em Porto Alegre; 75 no interior do Rio Grande do Sul e 27 em outros estados da federação brasileira.

Em terceiro lugar, a possibilidade de inferência dos resultados ao conjunto de microempresas brasileiras deve-se à aplicação dos questionários e aos dados colhidos mediante respostas de indivíduos estabelecidos em sete estados do Brasil, distribuídos em quatro regiões da federação nacional. Nesta direção, nossa pesquisa atingiu: Região Sul (Rio Grande do Sul e Santa Catarina); Região Sudeste (Minas Gerais e Rio de Janeiro); Região Centro-Oeste (Distrito Federal e Goiás); Região Nordeste (Rio Grande do Norte).

O último motivo: as respostas obtidas nos outros estados federados não foram diferentes, pelo contrário, apresentaram resultados muito aproximados dos números percentuais apurados pela pesquisa no Rio Grande do Sul.

Nossos apontamentos também encontram amparo acadêmico em Demo (1995, p. 90). “Se, de um lado, as transformações históricas se dão de maneira estruturada, porque não são caos, nem pura veleidade humana, nem intromissão dos deuses, de outro lado, aportam informações inovadoras, nas quais predomina o novo sobre o velho.”

Os resultados apurados

A pesquisa acadêmica, os confrontos com os resultados de outras pesquisas recentes e as conexões simétricas do conjunto de perguntas feitas e de respostas oferecidas merecem destaque especial. Nestas condições, a partir de agora passamos a apresentar os números que extraímos em cada quesito apresentado.

Perguntado aos profissionais contábeis se os microempresários têm ou não conhecimento sobre contabilidade que lhes possibilitam analisar balanços e outros demonstrativos contábeis, chama atenção que 89,13% dos contadores e técnicos em contabilidade pesquisados responderam que os empreendedores não têm estes conhecimentos em grau suficiente e necessário para analisar dados e informações gerenciais.

Noutro extremo, quando o pesquisado é o micro e pequeno empresário: (a) indagados sobre seus conhecimentos de contabilidade e finanças suficientes para poder analisar as informações contidas nas demonstrações financeiras da empresa, 52,86% responderam que não têm estes conhecimentos; (b) consultados sobre seus conhecimentos para conceituar e calcular ponto de equilíbrio, a necessidade de capital de giro e a alavancagem operacional e financeira, 68,57% afirmam que não sabem conceituar e calcular estes números.

No mesmo sentido, nosso interesse também foi pesquisar se os menores executivos elaboram ou não projeções dos resultados e dos fluxos de caixa para períodos seguintes. À indagação, 47,14% das respostas dos pequenos empresários foi sim e 52,86% responderam não.

Simetricamente, perguntado aos profissionais contábeis se enviam ou não, mensalmente, relatórios gerenciais aos microempresários: (a) 71,11% responderam que não enviam estes demonstrativos; (b) 89,13% responderam que não enviam relatórios contábeis, porque os menores empresários não dispõem de conhecimentos suficientes para analisá-los; e (c) 84,78% responderam que não enviam as demonstrações, porque os dados fornecidos aos escritórios são incompletos.

À pergunta respondida sob a ótica dos microempresários no sentido inverso, ou seja, se os contábeis enviam mensalmente relatórios sobre a situação econômica, financeira e patrimonial dos seus negócios, 40% deles responderam que sim e 60% responderam não.

Indagado aos profissionais contábeis se os pequenos empresários emitem ou não notas fiscais para cada operação de venda e se só compram mercadorias e/ou matérias-primas acompanhadas de documentação fiscal e se exigem documentação idônea quando de outros

pagamentos, pela amostragem, destaca-se outro indicador: 15,91% responderam sim à pergunta e 84,78% responderam não. Essa amostragem aponta que, na visão dos profissionais da contabilidade, são poucos os microempresários que enviam aos escritórios toda a documentação relativa às operações de seus estabelecimentos.

Quando o questionamento é sobre o valor dos honorários pagos mensalmente pela empresa ao escritório de contabilidade, conquistamos percentuais que não surpreendem. Para os pequenos dirigentes, os honorários pagos são altos (30%); médios (51,43%) e baixos (18,57%). Por conseguinte, 81,43% dos microgestores afirmaram que são médios e altos os valores pagos aos escritórios de contabilidade.

Na outra ponta do mesmo fio, sobre o valor dos honorários recebidos, 60,87% dos s responderam que são baixos e 39,13% dos profissionais indagados responderam que são razoáveis os honorários pagos pelas micro e pequenas empresas. Chama atenção que nenhum profissional respondeu que os valores pagos a título de honorários são altos.

Também referimos, questionados sobre o volume de trabalho para atendimento das exigências burocráticas: 95,65% dos profissionais da contabilidade responderam que é alto ou médio o tempo consumido para atender à imposição da burocracia nacional.

Para ser respondida sob a percepção dos microempresários, outra pergunta foi: “Se a empresa compra a prazo e paga em 30 dias, você acha que conseguiria, junto aos fornecedores, aumentar este prazo, por exemplo, para 40 dias? Do grupo de respostas 40% responderam sim; 48,57% assinalaram não e 11,43% afirmaram que só compram à vista.

Quais são os maiores problemas da micro e pequena empresa: financeiros, da burocracia, de Recursos Humanos, de vendas ou outros? A indagação foi respondida sob a percepção dos microempresários. Para 61,43% deles os maiores problemas são financeiras e de burocracia. Um detalhe importante: questionados sobre os maiores problemas e dificuldades, apenas 10% dos pequenos empreendedores afirmaram que são problemas com seus empregados.

Indagados os empresários sobre o valor das despesas com impostos, encargos sociais e trabalhistas pagas pelas microempresas, as respostas foram as seguintes: alto (78,57%); médio (15,71%) e baixo (5,71%).

Respondidos sob o ponto de vista dos empregados das menores empresas: a) se o valor do salário mensal é baixo, médio ou alto? b) se há possibilidade de progredir em termos funcionais na atual empresa? Para eles, os salários recebidos são baixos (59,68%); médios

(38,71%) altos (1,64%). À segunda indagação, 77,42% dos trabalhadores disseram que é baixa ou média a probabilidade de ascensão profissional.

Como bem definem Baron e Shane (2007, p. 94), por estes e por tantos outros motivos “[...] a maioria dos novos negócios iniciados por empreendedores acaba em alguns anos”. Em função dos resultados apurados pela amostragem pesquisada, bem como pelas reflexões racionais possíveis de extrair, é suficiente e ilustrativo afirmar que, definitivamente, dá para ratificar a posição dos autores.

Voltamos à pesquisa para sintetizar uma resposta que precisa ser encarada sob o ponto de vista positivo. Quase metade dos pequenos empresários (47,14%) respondeu que elabora mensalmente projeções de resultados e de fluxos de caixa.

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