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3. COLETA E ANÁLISE DOS DADOS PESQUISADOS

3.1 Metodologia da pesquisa

Qual a percepção dos empreendedores de pequeno porte, dos contábeis e dos empregados destes minúsculos negócios sobre o valor dos tributos, dos salários e dos

encargos sociais; sobre os honorários pagos pelas empresas e recebidos pelos escritórios contábeis; sobre o tempo consumido para o atendimento das exigências burocráticas; sobre a possibilidade de progressão funcional dos trabalhadores; sobre o envio regular – ou não – de relatórios contábeis aos pequenos empreendedores?

Qual a percepção dos pequenos gestores e dos contábeis sobre conhecimentos gerenciais por parte dos gestores; sobre projeções dos resultados e dos fluxos de caixa; sobre a emissão ou não de documentos fiscais para cada operação de venda; sobre compras de mercadorias e/ou matérias-primas acompanhadas de documentação fiscal; sobre a possibilidade de conseguir aumento no prazo de pagamento das compras?

As respostas foram buscadasna pesquisa que realizamos. Sem dúvida, o conhecimento e a compreensão destes sentimentos e vínculos são fatores cruciais ao desempenho de qualquer atividade econômica e, portanto, mereceram uma investigação particular.

Em tópicos distintos, esta seção identificará a metodologia utilizada no estudo. Apresentaremos o método e os tipos de pesquisa – quanto aos fins e quanto aos meios – que orientaram o trabalho e conduziram aos resultados alcançados. Logo após, a seção apresentará a definição do universo e da amostra e a seleção dos sujeitos. Por fim, abordaremos as limitações do método escolhido.

O método

Os métodos em si são bastante complexos e muito além do escopo desta breve discussão; no entanto, sua essência foi descrita de forma concisa pelo filósofo francês Diderot (1753) há mais de 250 anos. Diderot sugeriu que há três formas principais de se adquirir conhecimento: observação,

reflexão e experimentação. A observação reúne os fatos; a reflexão os combina; a experimentação verifica o resultado dessa combinação (Barão e Shane, 2007, p. 19).

Reunimos fatos e os observamos do lado de dentro da microempresa e não como meros observadores e também colhemos dados mediante nossa pesquisa empírica; tabulamos esses dados e refletimos sobre os resultados apurados. Por fim, experimentamos.

Na medida do que foi possível, selecionamos as informações e os dados, que foram coletados conforme um conjunto de regras ou métodos usados para adquirir conhecimento confiável.

De acordo com a economista Giselle Aranha, da Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais – FEBRAFITE (Revista Febrafite 2009, p. 07), “Só no

Estado de São Paulo, por exemplo, dos 12 mil novos empreendimentos abertos por ano, cerca de quatro mil morrem em menos de um ano.” Nessa mesma direção, o Supervisor do Sebrae da Região Metropolitana de Porto Alegre, João Fernando Moreira Junior, afirma que “A estatística aponta que 60% dos negócios fecham em até dois anos” (Jornal do Comércio, 2008, p. 15).

Do ponto de vista desse histórico, o diagnóstico apontado sinaliza, em seu conjunto, que a inércia que paira sobre a questão induz à utilização de um modelo analítico diferente. “Quase todos os grandes avanços da humanidade aconteceram quando alguém questionou as normas e tentou outra abordagem” (Chér, 2008, p. 206).

Quanto ao método de investigação, seus pressupostos e sua importância, os pilares dos nossos argumentos foram extraídos da obra de Vergara (2007). O “método-raiz” que aplicamos, a partir do qual abrigou métodos-frutos específicos para a orientação da forma e dos passos trilhados neste estudo, foi o hipotético-dedutivo.

Aplicamos três questionários fechados, distintos para micro e pequenos empresários, para contadores e técnicos em contabilidade e para os empregados das microcorporações. Nas hipóteses expostas no presente trabalho de dissertação, um dos pressupostos elementares a seguir, é que cada padrão e solução encontrados devem estar sendo testados de novo. Em resumo, será imperativo relativizar o histórico dos resultados apurados. Dito de maneira mais simples, as informações que interferiram de modo relevante numa quantidade de dados colhidos podem ser encadeadas de maneira diferente em outra situação concreta.

Tipo de pesquisa

Nossa pesquisa se propôs a provar que as relações a que se envolvem as micro e pequenas firmas interferem em boa dose no sentido de agigantar o número de falências das menores empresas e concorrem para a inibição do crescimento de tantas outras. Nunca é demais repetir, aliado a tudo isto, o despreparo profissional dos micro e pequenos empreendedores também contribui de modo decisivo para estes resultados negativos.

Consideramos o critério de classificação proposto por Vergara (2007), que distingue dois tipos de pesquisa:

a) quanto aos fins, fizemos uma pesquisa aplicada com finalidade prática, ou seja, aquela “fundamentalmente motivada pela necessidade de resolver problemas concretos, mais

imediatos ou não” (Vergara, 2007, p. 47). Desse modo, a pesquisa procurou elucidar fatores que contribuem de alguma forma para a ocorrência de tantos insucessos no que se refere ao elevado nível de mortalidade das pequenas e microempresas.

b) quanto aos meios, fizemos uma pesquisa bibliográfica e outra, de campo. A pesquisa bibliográfica foi realizada a fim de reunir a literatura pertinente ao assunto estudado. Através de consulta em obras literárias de diferentes pesquisadores, pretendemos trazer ao trabalho alguns resultados apresentados por estudos já efetuados. Estes estudos sustentaram nosso referencial teórico. Por sua vez, a pesquisa também foi efetuada no campo, momento em que coletamos dados junto aos sujeitos da pesquisa. Tratou-se de uma “investigação empírica no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo” (Ibiden, 2007, p. 47).

Universo, amostra e seleção dos sujeitos

O universo da pesquisa abrangeu as pequenas empresas cujo faturamento anual, em 2008, não ultrapassou a R$ 1.200.000,00. Cabe ressaltar que adotamos o tipo de amostragem probabilístico baseado em procedimentos estatísticos. Mais especificamente, nossos procedimentos alcançaram uma amostra aleatória simples, onde cada elemento da população teve uma chance de ser selecionado.

As pessoas que forneceram os dados foram enquadradas em três grupos distintos de atores: (a) no primeiro grupo estiveram sujeitos à pesquisa os micro e pequenos empresários; (b) no segundo, os contadores responsáveis pelos escritórios de contabilidade; (c) no terceiro e último grupo, pesquisamos empregados do micro-estabelecimentos econômicos.

Limitação do método

“Todo método tem possibilidades e limitações. É saudável antecipar-se [...] explicitando quais limitações que o método escolhido oferece” (Ibiden, 2007, p. 91).

A partir do enunciado da professora Vergara (2007), passamos a destacar algumas deficiências e dificuldades que encontramos ao longo do caminho. Mesmo que o pesquisador tenha a pretensão de generalizar os achados da pesquisa, algumas restrições mereceram cuidado todo especial, especialmente no que se refere à amostra pesquisada.

A extensão e complexidade do tema, assim também a grandiosidade dos números de falências empresariais são fatores que não podem ter por fundamento e causa apenas as hipóteses que estudamos. Outros fatores de relevo certamente também influem nesses resultados.

Em relação ao resultado que apuramos, corremos o risco de que o conteúdo tenha ficado incompleto em razão da limitação do tempo disponível para o trabalho. Outra questão diz respeito à imparcialidade nossa e dos questionados, que também se nos apresenta como uma limitação importante, de vez que a parcialidade, a visão de mundo, a história de vida, as emoções e os sentimentos de ambos possam ter sido capazes de deformar os resultados atingidos. Por último, dificuldades de acesso serviram de mais um parâmetro que limitaram a abrangência do exame a que nos propomos. Enfim, são riscos a que todos os processos de investigação estão sujeitos a enfrentar.

Vergara (2007, p. 60), citando Cláudio Gurgel:

O tratamento dos dados exige um método de considerável complexidade, de modo que possamos trabalhar com alguma segurança no terreno ideologizado em que se transforma, frequentemente, a literatura das ciências sociais. Exige um método que compreenda os problemas e suas formulações, como delimitados pelas condições de existência. Portanto, permeados por interesses, representações da realidade e ambigüidade, que corresponde ao perene movimento da sociedade, suas lutas e seus acordos.

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