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3. COLETA E ANÁLISE DOS DADOS PESQUISADOS

3.4 Interpretação e análise dos resultados

Finalmente serão encadeadas as contribuições e as possibilidades de utilização dos conhecimentos gerados pela pesquisa. Para isto, basta avaliar e projetar os resultados apurados, as conclusões estabelecidas; basta interpretar e projetar as percepções dos sujeitos pesquisados. Enfim, a aprendizagem adquirida e a confirmação de estudos anteriormente feitos será o objetivo principal da seção. .

Após a breve introdução ao assunto, a seção se desenvolverá em quatro tópicos distintos. Em Conexões do saber gerencial confirmaremos o despreparo do empreendedor; em Conexões correntes abordaremos o resultado das interações entre o proprietário e os empregados; em Conexões serenas, no terceiro tópico, analisaremos as relações entre aqueles e os titulares dos escritórios de contabilidade e; por último, em Conexões pesadas direcionaremo-nos à análise das interações entre os pequenos negócios, os escritórios de contabilidade e o Estado, no que concerne à excessiva burocracia e ao peso dos tributos impostos aos menores negócios.

Conexões do saber gerencial

Na verificação dos números extraídos da pesquisa, todas as respostas merecem destaque especial. Inicialmente, chama a atenção que 86,96% dos contadores e técnicos em contabilidade pesquisados responderam que os pequenos empresários não têm conhecimentos contábeis suficientes para analisar dados e informações contábeis.

De volta aos resultados, destaca-se que esta também é a visão de 52,86% dos pequenos gestores. Eles mesmos afirmaram que não sabem interpretar as informações contidas nas demonstrações contábeis. Também, 68,57% dos minúsculos empreendedores assinalaram que não sabem conceituar e calcular outros indicadores de análise contábil e financeira.

Definitivamente a maioria dos microempresários não tem conhecimento suficiente para analisar qualquer demonstrativo gerencial ou financeiro. Mesmo que não precisam ser especialistas, eles necessitam, contudo, de conhecimento mínimo dos conceitos, das técnicas e da terminologia empregada pela contabilidade e pela ciência das finanças corporativas.

Como as pesquisas apontam, a carência de saber gerencial encontra terreno fértil e pode constituir-se em um dos fatores preponderantes para a mortalidade precoce de tantas micro-organizações empresariais. Em outras palavras, a aquisição de conhecimentos por parte dos empresários para fins de capacitar-se a analisar e interpretar os relatórios gerenciais é questão emergente.

Sintetizando tudo, “Há evidências de desaparecimentos súbitos, de mortalidade em grande escala num dado momento. Analogamente à seleção natural, os fatores aleatórios ou quase aleatórios também não são raros na vida das organizações” (Thiry-Cherques, 2004, p. 19).

Os sistemas contábeis são a parte mais importante da infraestrutura financeira da empresa. Como referem Iudícibus et al., (2005), comerciantes italianos de Veneza em 1494, mesmo antes deles, empresários e gestores utilizavam informações contábeis para controlar seus negócios e para embasar suas decisões. Mais ainda, já os fenícios, gregos, romanos controlavam suas contas. Mesmo diante desse fato histórico, de volta aos resultados extraídos da pesquisa, hoje, no século XXI, os microempresários não utilizam informações contábeis, simplesmente porque não as recebem, são incompletas e porque não conhecem contabilidade. Referentemente ao perfil do dirigente da pequena empresa, nossa pesquisa possibilitou constatar quatro incapacidades básicas: 1) incapacidade de analisar as demonstrações contábeis, com isto, impossibilitando a medição do grau de endividamento, a liquidez e a rentabilidade do pequeno negócio; 2) incapacidade de conceituar e calcular o ponto de equilíbrio, fator que evidencia deficiência à análise do custo-volume-lucro, implicando dificuldade na avaliação do tamanho adequado da arquitetura estrutural, do volume de operações e do nível de atividades da microempresa; 3) incapacidade de conceituar e calcular o grau de alavancagem financeira e operacional, fator que inviabiliza a melhor formatação da

estrutura de capital corrente – capital de giro – e do capital estratégico, o cálculo do custo do dinheiro, a administração dos prazos médios e o ciclo operacional e financeiro do minúsculo empreendimento; 4) a baixa propensão à elaboração de projeções dificulta o planejamento econômico-financeiro e é fator que também dificulta a estimativa da necessidade de capital de giro e de geração de lucros para a sobrevivência da empresa no futuro.

Em resumo, as deficiências expostas impossibilitam avaliar a empresa no passado, mensurar o desempenho no presente e projetar perspectivas e cenários futuros. O parágrafo- síntese acima é um dos principais motivos que nos encoraja a propor um modelo novo de gestão, que será apresentado e estudado a partir do Capítulo 4.

Enquanto o mundo lá fora rodopia, na maioria das vezes por desconhecimento, sem perceber, acontece ao microempresário o mesmo que sucede com o sapo fervido. Jogue animal numa panela com água quente e ele salta fora imediatamente. Se, no entanto, você o coloca no recipiente com água fria e vá esquentando aos poucos, ele morrerá. “O sapo não quer morrer, ele apenas não se dá conta disso até que seja tarde demais” (Mintzberg, Ahlstrand e Lampel, 2000, p. 169).

Conexões correntes

Nas atividades diárias da microempresa convivem lado a lado o pequeno patrão e os empregados. A dimensão afetiva e emocional dessa convivência, muitas vezes, anda junta à dimensão racional das operações e das interações empresariais que ocorrem entre ambos.

Como as pesquisas apontam, 59,68% dos empregados nas empresas menores investigados em quatro regiões do país responderam que seus salários são baixos; 38,71% afirmaram que os salários são médios. O definitivo resultado: apenas 1,64% entendem que seus salários são elevados. O derradeiro percentual: exatamente metade dos empregados pesquisados (50%) afirmou que nas empresas pequenas inexistem expectativas de evolução pessoal e profissional. Quando a pesquisa investiga este quesito, tão somente 20,97%% dos trabalhadores em pequena empresa avalia oportunidades de progredir dentro da pequena empresa.

Um traço importante no lado oposto: 78,57% dos pequenos gestores percebem que são demasiadamente altos os custos com os encargos sociais, tributários, trabalhistas. Neste particular, tão somente 5,71% dos empregadores responderam que são baixos estes encargos.

Na mesma direção, apenas 18,57% dos pequenos empresários disseram que os honorários pagos aos escritórios de contabilidade são baixos.

Resumindo, de acordo com o que a pesquisa investigou, é possível identificar duas características comuns e diametralmente opostas: de um lado o empregado, sem perspectivas, ganha pouco; do outro lado a microempresa, vivendo perigosamente, gasta demais. Este contraditório soa como um sistema de alerta.

Portanto, a pesquisa apresenta o seguinte padrão: (1) de ressentimento e de desânimo dos pequenos empregados, sempre dispostos a abandonar o barco; (2) de frustração por parte dos proprietários, que reúnem recursos, concebem organizações e assumem os reveses. Estes parâmetros sinalizam para a possibilidade de fracasso dos pequenos negócios, eis que dificultam – ou mesmo inviabilizam – a administração lúcida e científica dos recursos humanos à disposição do comandante número um.

Do ponto de vista gerencial, sabemos que as atitudes e comportamento dos colaboradores são fatores exponenciais para o sucesso de qualquer organização. Neste quesito, os resultados que apontam as pesquisas são, sem dúvida, outra das possíveis razões que explicam tamanha fragilidade dos pequenos empreendimentos.

Neste particular, deparamo-nos com um quadro em que ficam evidentes as preocupações das autoridades no sentido de melhorar essas condições, refletindo-se, porém, em iniciativas que aparentemente não se conectam e se mostram como ações pontuais e independentes.

A recuperação do cenário como referência fundamental para o imaginário do cidadão – microempresário e pequeno trabalhador – e conseqüente aumento de autoestima passa por ações em três níveis: no plano empresarial, relacionado à geração de lucros e aumento nos salários; no plano psicológico, relacionadas a maiores estímulos e melhores perspectivas para ambos; e no plano conceitual, relacionadas a novas leis e novas regras mais flexíveis e adequadas.

No primeiro caso, destacam-se ações e algumas intervenções propostas através da implantação de poucos mecanismos de crédito aos pequenos, além de outros, todos englobados no Programa de Incentivo às Microempresas. Porém, quanto a iniciativas que venham a modificar as amarras das leis trabalhistas e previdenciárias, muito deverá ainda ser feito.

No plano psíquico, parece-nos profundamente lógico pensarmos que ainda resta muito a fazer para a recuperação da autoestima dos atores pesquisados. Por fim, no plano conceitual, podemos vislumbrar projetos de grande importância em andamento ou já vigentes, como o Estatuto da Micro e Pequena Empresa e a Lei que instituiu o SIMPLES Nacional.

Conexões serenas

Na percepção dos titulares dos escritórios, eles cobram pouco pela quantidade de serviços que prestam; na outra extremidade, os empresários alegam que pagam demais aos contábeis. Sob o ponto de vista dos primeiros, 60,87% responderam que são baixos os honorários pagos pelas pequenas empresas; sob a ótica dos segundos, 81,43% afirmaram que são médios e altos os valores pagos mensalmente aos escritórios de contabilidade.

Trata-se, pois, de uma relação tumultuada e essa dicotomia provoca dúvidas e tensões entre ambos. Na verdade, parece-nos, os pequenos empresários nem mesmo compreendem direito sobre a relevância do trabalho e sobre o papel dos profissionais da contabilidade. Nesta dimensão, também parece que os próprios profissionais de contabilidade não reconhecem a importância de seu papel.

De outra parte, destaca-se o terceiro indicador quando aponta que, conforme estes profissionais, 84,78% dos micro e pequenos empresários não enviam aos escritórios toda a documentação fiscal e comercial.

Os resultados que apuramos, pois, nos remetem para o quarto indicador. A maioria dos profissionais da contabilidade respondeu que não envia relatórios gerenciais aos pequenos gestores. A resposta dos contábeis a esta omissão está assentada em duas razões: l) 89,13% não enviam os relatórios sob o pretexto da falta de saber gerencial por parte dos pequenos empreendedores; 2) 84,78% alegam que o motivo desta omissão diz respeito às carências pela falta de remessa de todos os documentos aos escritórios.

Noutro extremo, quando o pesquisado é o micro e pequeno empresário, 60% deles responderam que não recebem dos escritórios demonstrativos gerenciais. Segundo a avaliação dos próprios empreendedores, 68,57% não têm conhecimento suficiente para analisar as informações contidas nas demonstrações contábeis.

Nesta mesma linha de raciocínio, se os escritórios não enviam demonstrações gerenciais aos micro e pequenos empresários; se estes não sabem interpretar os relatórios

financeiros, porque pouco ou nada entendem de contabilidade e finanças; se a documentação é incompleta e não representa a totalidade das operações que ocorrem nas empresas, implicando com isso que as demonstrações contábeis não correspondem à realidade patrimonial, então, cabe o primeiro questionamento: Para que serve a contabilidade?

Como repetimos à exaustão, três motivos substanciais se sobressaem neste particular. Primeiro, os pequenos empresários não recebem qualquer demonstração gerencial ao final de cada mês ou mesmo ao fim de períodos maiores. Segundo, mesmo que viessem a receber esses relatórios, a maioria deles não dispõe de conhecimento suficiente para analisar e interpretar os dados e as informações fornecidos.

O terceiro motivo: nem mesmo o balanço geral elaborado por exigência legal e fiscal, ao final de cada ano, presta-se a uma análise mais profunda e confiável. Segundo nossa pesquisa, repetimos, na visão de 84,78% contadores, os micro e pequenos empresários não encaminham documentação completa de todas as operações ocorridas. Em decorrência disto, os demonstrativos elaborados são incompletos, portanto, com pequeno valor gerencial. Dessa maneira, cabe agora a segunda indagação: para que servem essas demonstrações contábeis?

A resposta às duas perguntas se consolida numa só afirmação: pela a forma como se comportam contadores e empresários menores, a Contabilidade e as demonstrações por ela geradas têm restringida serventia. Melhor dizendo, uma vez que nossas pesquisas sinalizam que a documentação enviada ao escritório é incompleta, também são parciais os dados contidos nos demonstrativos contábeis.

Desse modo, os relacionamentos que se processam entre a microempresa e o escritório contábil precisam serem revistos a fim de contribuir para melhores dias às minúsculas organizações. Dito de modo mais analítico, entre a cruz e a espada, num mundo onde o grau de risco é exageradamente alto, a incerteza é uma variável presente, a viabilidade de êxito é quase nula, estes minúsculos estabelecimentos carecem de maior amparo e apoio especialmente por parte dos profissionais contábeis.

Definitivamente, os microempreendedores não sabem usar as informações prestadas pela contabilidade – que são poucas. Neste contexto, assinalamos a primeira recomendação: a formação gerencial dos seus proprietários urge. Em outros termos, o saber gerencial é essencial com vistas a sinalizar maior viabilidade de sobrevivência e prosperidade às empresas menores.

Inquestionavelmente, os menores gestores falham quando não enviam toda documentação ao escritório. Então, o segundo passo será o estabelecimento da segunda recomendação: os microgestores precisam entregar a documentação completa com vistas à geração de relatórios confiáveis e úteis.

Inquestionavelmente, os profissionais da contabilidade também falham quando não enviam relatórios gerenciais aos microempreendedores. Por isso, o terceiro passo caminha paralelo com a terceira recomendação: a prestação de melhores serviços por parte dos escritórios de contabilidade implica fornecer sistematicamente informações gerenciais às empresas.

Certamente, o ciclo contábil começa pela captação dos atos e fatos que afetam o patrimônio da entidade, ou seja, nas pequenas empresas este ciclo principia pela remessa da documentação comprobatória de todas as transações ocorridas ao escritório de contabilidade.

Diante do contexto, o definitivo passo desta caminhada necessita de uma mudança profunda de mentalidade em relação aos escritórios contábeis. Em outras palavras, para superar as dificuldades apontadas será necessário estabelecer nova correlação entre a percepção dos empresários e dos seus contadores para confronto destes posicionamentos, num processo diametralmente inverso do que vem historicamente ocorrendo.

Para manter-se conectado com o time que agrega valor aos pequenos estabelecimentos, estaremos propondo a formação de um enlace entre as microempresas e os escritórios. Aquela proposta pressupõe análises periódicas, detalhadas e precisas da performance real e projetada dos micronegócios. Como veremos no Capítulo 17, nossa proposta implica na constituição de elos de monitoramento e orientação por parte dos escritórios.

Enfim, neste processo de consertação, o casamento sugerido poderá apontar as bases para o desenvolvimento de uma parceria que, certamente, contribuirá para melhores dias aos estabelecimentos recém nascidos. Este derradeiro passo diz respeito à contribuição dos escritórios de contabilidade com vistas a melhor orientar os microempresários, funcional e institucionalmente, uma vez que a maioria deles tateia no escuro.

Desse jeito, melhor respondendo às questões formuladas na presente seção, a Contabilidade e seu produto – as demonstrações contábeis – têm valor inestimável ao gerenciamento dos pequenos negócios. Embora, longe de serem as únicas ferramentas capazes

de levar à redução da mortalidade infantil de tantas pequenas firmas, sua importância para melhor conduzir os negócios é significativa.

Neste sentido, referimos

A Contabilidade Gerencial está intimamente associada com os processos chamados de planejamento e controle estratégicos, que visam auxiliar que os recursos sejam obtidos e aplicados efetiva e eficientemente na realização dos objetivos de uma organização (Carvalho, Mário e Aquino, 2007, p. 218).

Conexões pesadas

Questionados sobre o volume de trabalho para atendimento das exigências burocráticas, na percepção de 60,87% dos titulares dos escritórios, eles cobram pouco pela quantidade de serviços que prestam às pequenas empresas.

Também referimos a outra resposta: respectivamente, 67,39%, 28,26% e 4,35% dos contábeis assinalaram que é alto, médio ou baixo o tempo consumido por seus escritórios para atendimento das exigências burocráticas. Será preciso reverter o quadro e, para tanto, precisa ser repensado o modo como ocorrem as relações microempresas-escritórios-poder público.

Inspirados em Tenório (2004, p. 134), em outro contexto, apontamos nossa primeira referência bibliográfica. O controle crescente pela burocracia tanto no setor privado quanto no setor público, imediatizado pela tecnologia da informação, “corrobora o colonialismo da racionalidade instrumental, no qual os chips são agora os capatazes do processo”.

A instabilidade do marco institucional, do sistema tributário, do exagerado padrão de exigências burocráticas, de medidas discricionárias do governo etc. minam a confiança no futuro e encurtam o horizonte decisório das empresas. “Ela [a instabilidade] reduz o volume de recursos financeiros disponíveis para novos investimentos, estimula a fuga de capitais e induz os poupadores domésticos à adoção de práticas defensivas, como o encurtamento dos prazos das aplicações e a exigência de imediata liquidez” (Giannetti, 2007, p. 274-275).

Como se vê, o excesso burocrático interfere no resultado dos pequenos negócios. Em outras palavras, a burocracia com suas regras rígidas e com suas exigências inflexíveissão um dos fatores-chaves do insucesso de muitos pequenos negócios. Primeiramente porque eleva os custos das empresas pelo trabalho adicional interno e pelo trabalho gerado aos escritórios; em segundo lugar, porque eleva os custos dos escritórios contábeis pelo acréscimo de horas

trabalhadas para atendimento dessas exigências; em terceiro lugar, porque também pode elevar o custo do dinheiro. Em síntese, a burocracia apropria mais um baque surdo nas combalidas finanças das menores firmas.

Acompanhando as idéias de Giannetti (2007) e de Tenório (2004), não estamos desejando aniquilar a racionalização burocrática das organizações. O que verdadeiramente questionamos e pretendemos é estimular uma reflexão que nos leve a perceber essas dificuldades.

Há um ponto adicional a se considerar. Os resultados experimentados na pesquisa nos remetem a outra nada surpreendente porcentagem: 84,78% dos profissionais contábeis afirmam que os microempresários não encaminham a documentação completa dos seus negócios aos escritórios. Neste mesmo diapasão, preocupa-nos quando 84,09% dos profissionais contábeis dizem que as demonstrações financeiras não correspondem à realidade. Nada deveria justificar, a priori, a omissão de informações aos escritórios.

A despeito do entendimento que aflorou da pesquisa de que a documentação entregue aos escritórios é incompleta, decorre dessa premissa que os dados e as informações fornecidos pela escrita contábil tornam-se substancialmente distorcidos.

Uma pedra basilar sinaliza para a necessidade do encaminhamento da documentação completa aos escritórios para a geração de dados válidos e confiáveis. Há, no fundo, uma desconexão entre a acumulação de dados e a evidenciação dos resultados pelas demonstrações contábeis.

A constatação de sonegação fiscal merece que acrescentemos um parêntese. “Quando falamos em tributos, o ambiente legal que encontramos no Brasil é, por um lado, o governo, impondo uma das mais altas cargas tributárias do mundo e, por outro lado, o contribuinte, ávido por evitar essa carga” (Vieira, 2008, p. 16).

Não é sem motivo que o microempresário deixa de encaminhar para registro parte da documentação empresarial. Não é por outra razão que ele esconde certa quantia da papelada, não emite notas fiscais nem compra mercadorias e serviços acompanhados de documentação idônea.

Ao menos na sua cabeça, certamente esses segredos e omissões têm reflexos no descumprimento da legislação fiscal e na pretensiosa redução do valor do imposto devido. Nossa experiência indica e as teorias reforçam que a poupança de certas quantias de dinheiro pela sonegação fiscal distorce os dados contábeis e tornam os balanços e as outras

demonstrações financeiras peças de pouca ou nenhuma validade. Mudar essa lógica é questão de urgência meridiana: consciência cidadã pelo lado do microempreendedor e, como veremos no Capítulo 17, aproveitamento dos impostos em benefício aos pequeninos.

Em razão disto tudo, encaminhamos um definitivo pensamento. “A cantoria da cigarra límbica embala a mente com o antegozo de iminentes delicias e as boas intenções perdem temporariamente a sua força motivadora” (Giannetti, 2007, p.178).

Encaminhando-nos para o final, o capítulo descreveu a estrutura metodológica seguida pela pesquisa que realizamos. Em primeiro lugar, apresentamos o método, o tipo de pesquisa, o universo, a amostra e a seleção dos sujeitos. O restante da primeira seção abordou a limitação do método. A segunda seção referiu inicialmente à coleta dos dados. Enquanto nossos estudos bibliográficos prosseguiam – muitas fontes potenciais de informação foram buscadas –, à tarefa da distribuição dos questionários aos sujeitos da pesquisa foi dispensada especialíssima atenção. Explicamos que, à medida que os questionários retornavam, os dados colhidos foram cuidadosamente preparados e tratados.

Em terceiro lugar, apresentamos razões para a generalização do nosso estudo no tópico número um e, no tópico seguinte, evidenciamos os resultados apurados. Culminando o capítulo, na quarta seção retornamos à discussão sobre as interações processadas atualmente entre os pequenos proprietários de organizações menores, os escritórios de contabilidade e os microempregados. Primeiramente falamos sobre proprietários-empregados e seguimos adiante abordando a relação proprietários-contadores. Ao final, interpretamos e comentamos os

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