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A Geografia escolar, ao longo de sua trajetória apresentou os conteúdos quase sempre de forma teórica, provocando o educador e o educando à significá-los. Para esta reflexão, compreender o homem como um ser relacional e, para tal, a pedagogia Visgotskiana, colabora na compreensão de significar também, os elementos da aprendizagem no envolvimento de professor e aluno no espaço escolar.

Cavalcanti (2005, p. 187), escrevendo sobre a pedagogia Vigotskiana, afirma que “Vigotski buscava elaborar categorias e princípios para desenvolver uma teoria psicológica que desse conta do psiquismo humano, fundamentando-se na dialética”. Busca assim, “identificar o mecanismo do desenvolvimento de processos psicológicos no indivíduo (formação da consciência) por meio da aquisição da experiência social e cultural” (Idem).

Relacionando a teoria Vigotskiana com a Geografia a professora Cavalcanti (2005), destaca como o pensamento geográfico pode influenciar o aluno no raciocínio espacial. Ter os elementos geográficos nos espaço escolar, não é o bastando para entendermos o papel da Geografia Escolar na compreensão e reflexão crítica do espaço.

A partir dessa compreensão afirma que:

Para analisar esse tema e refletir sobre o ensino de Geografia, tenho partido de alguns pressupostos: na relação cognitiva de crianças, jovens e adultos com o mundo, o raciocínio espacial é necessário, pois as práticas sociais cotidianas têm uma dimensão espacial, o que confere importância ao ensino de Geografia na escola; os alunos que estudam essa disciplina já possuem conhecimentos geográficos oriundos de sua relação direta e cotidiana com o espaço vivido; o desenvolvimento de um raciocínio espacial conceitual pelos alunos depende, embora não exclusivamente, de uma relação intersubjetiva no contexto escolar e de uma mediação semiótica (CAVALCANTI, 2005, p. 198).

A geografia constitui uma formação necessária na composição disciplinar da escola porque ajuda o aluno compreender e a se situar espacialmente no mundo. Professor e aluno, numa relação dialógica assimilam informações fundamentais na educação de jovens que buscam ampliar o conhecimento de forma relacional. Cavalcanti (2005, p. 199) esclarece que na geografia implementada como disciplina curricular “devem ter em mente que essa disciplina se constituiu na história da formação escolar congregando basicamente conhecimentos de uma área científica que pretende ser uma perspectiva de análise da realidade, que é a geográfica”. Enquanto complemento curricular “essa área tem constituído um conjunto de conceitos, categorias e teorias, a partir dos quais constrói seu discurso” (Idem). Acrescenta ainda que no caso da geografia na escola é “para que o aluno aprenda Geografia, não no sentido de assimilar as informações geográficas, mas de formar um pensamento que lhe permita analisar a realidade na perspectiva geográfica, é preciso que ele trabalhe com essa linguagem” (CAVALCANTI, 2005, p. 200). Dessa forma, “a aprendizagem geográfica requer, a formação de conceitos geográficos, ainda que não se considere essa formação suficiente” (Idem). E continua dizendo que, “sendo assim, o ensino deve se voltar para a apropriação de significados geográficos, processo que ocorre na negociação de significados resultante da relação dialógica” (Ibidem).

Cavalcanti (2005, p. 200) reconhece a importância do ensino da Geografia no espaço escolar, uma vez que esse se constitui em “um processo de apropriação cultural específico, para a formação de um modo particular de pensar e de ver a realidade, um modo geográfico,

com base no desenvolvimento de conceitos geográficos como ferramentas desse pensamento espacial”.

A aplicação dos conceitos geográficos fomenta o aluno a olhar de modo diferente para realidade. “É preciso que o desenvolvimento de conceitos é, ao mesmo tempo, uma mudança na forma de lidar praticamente, empiricamente com o objeto e na forma de pensar teoricamente” (CAVALCANTI, 2005, p. 200).

Segundo Vigotski (2009, p. 82):

Muito mais difícil do que a transferência em si é a tarefa de definir um conceito quando já não tem quaisquer raízes na situação original e tem que ser formulado num plano puramente abstrato, sem referência a nenhuma situação ou impressão concreta.

Significa assumir a importância dos conceitos e sua articulação com a realidade empírica. Continua o autor:

Nas nossas experiências, há crianças ou adolescentes que resolvem corretamente o problema da formação do conceito, mas descem a um nível muito mais primitivo de pensamento quando se trata de definir verbalmente o conceito e começam muito pura e simplesmente a enumerar os vários objetos a que aquele se pode aplicar na configuração particular em que se encontra (VIGOTSKI, 2009, p. 82).

Em relação às palavras afirma Vigotski (2009, p. 82) “Neste caso operam com a palavra como um conceito, mas definem-no como complexo – forma de pensamento esta que vacila entre o conceito e o complexo e que é característica e típica desta idade de transição”. Também em relação ao conceito afirma que:

A maior de todas as dificuldades é a aplicação de um conceito que o adolescente conseguiu finalmente apreender e formular a um nível abstrato a novas situações que têm que ser encaradas nos mesmos termos abstratos – um tipo de transferência que habitualmente só é dominado pelo fim do período de adolescência A transição do abstrato para o concreto vem a verificar-se tão árdua para o jovem, como a primitiva transição do concreto para o abstrato. As nossas experiências não deixam quaisquer dúvidas que neste ponto, de qualquer forma, a descrição da gênese dos conceitos dada pela psicologia tradicional, a qual se limita a reproduzir o esquema da lógica formal, não tem qualquer relação com a realidade (Idem).

Hoje buscamos na escola formar educandos que sejam capazes de construir e escrever o seu conhecimento no em que estão inseridos. O diálogo dos conceitos com a realidade, certamente favorece uma construção. No caso de criança e adolescente quando o aproxima do real, facilita a construção de significados com maior generalidade.

A geografia escolar vem ao encontro desses anseios nas escolas. De forma acadêmica e escolar, a Geografia faz a sua leitura e interpretação da situação física e social que envolve o espaço. Concordando com Callai (2011, p. 15) reitera-se que “fazer a educação geográfica requer o esforço de superar o simples ensinar Geografia ‘passando conteúdos’, e procurar com que os alunos consigam fazer as suas aprendizagens tornando significativos para suas vidas esses conteúdos”.

A Geografia escolar aborda de forma didática e pedagógica as informações físicas e sociais, ministradas no contexto da sala de aula para o educando interpretar e compreender a realidade. Como afirma Callai (2011, p. 15):

A Geografia ensinada na sala de escola tem uma história e a sua complexidade advém exatamente daí, pois a Geografia escolar se constitui como um componente do currículo na educação básica, e seu ensino se caracteriza pela possibilidade de que os estudantes reconhecem a identidade e o seu pertencimento a mundo em que a homogeneidade apresentada pelos processos de globalização trata de tornar tudo igual. É, portanto, um componente curricular que procura constituir as ferramentas teóricas para entender o mundo e para pessoas se entenderem como sujeitos nesse mundo, reconhecendo a espacialidade dos fenômenos sociais.

A Geografia escolar tem nesse conjunto de aprendizagens um papel importante. Segundo Vesentini (2009, p. 6) “deve levar o aluno a compreender o mundo em que vivemos”. Ainda possibilita entender que no sistema escolar a Geografia deve considerar às possíveis transformações que decorrem das formas de vida da população e das várias possibilidades de análise. O ensino da Geografia tem, portanto, fundamental importância no processo educacional, devendo ser tratado de forma sistemática para que possa contribuir significativamente na compreensão do espaço. Aprender geografia requer aprender seu campo empírico e conceitual.

O conhecimento geográfico não está só na escola, esteve presente no século XV, XVI e XVII; como instrumento para chegar às novas terras (África, América, Ásia e Oceania); nos séculos XVIII e XIX, de forma restrita no início da Revolução Industrial. E, no século XX usada como expansão no segundo processo de colonização da África, principalmente durante as décadas de 1950, 60, 70 e 80. Em relação à trajetória da Geografia no processo de ensino, diz Vesentini (2009, p. 69): “O ensino da Geografia, a bem da verdade, atravessou de forma capenga a segunda revolução industrial, especialmente no seu apogeu ou período áureo, logo após a Segunda Guerra Mundial”.

Acrescenta ainda que “esse ensino foi gerado ou promovido pela primeira revolução industrial, na época da construção dos Estados nacionais e da necessidade de desenvolver um nacionalismo exacerbado” (VESENTINI, 2009, p. 69). Também “com o avanço do fordismo e, em especial, com a crescente internacionalização da economia, principalmente após 1945, essa disciplina escolar – que era chauvinista e essencialmente e voltada para a memorização – sofreu muito e quase não sobrevive” (Idem).

A geografia se constitui como disciplina escolar apesar dos reveses que sofreu em sua história. Vesentini (2009, p. 70-73) mostra como o ensino da Geografia veio sendo constituído e as dificuldades que a geografia, como disciplina, enfrentou no Brasil e no mundo. Analisa o que a disciplina enfrentou nos Estados Unidos, no Japão e outros países.

O autor mostra a dificuldade para se ensinar Geografia nos 90 nos Estados Unidos e como ela foi tratada como disciplina nesse país. Os resultados, devido ao desprezo e descuido com ensino da Geografia, não foram produtivos para as aprendizagens e geraram um fenômeno que ficou conhecido como “Analfabetismo Geográfico” (VESENTINI, 2009, p. 75). A constatação do “analfabetismo Geográfico” levou as associações de geógrafos e professores americanos a participar “de uma campanha em prol da Geografia entre a população e estudantes” (VESENTINI, 2009, p. 75). O conhecimento geográfico possibilita compreender a relação do homem com natureza e assim perceber que:

A ação do homem é tão poderosa que pode secar os pântanos e os lagos, a nivelar os obstáculos que separam os diversos países, a modificar a repartir original das espécies vegetais e animais, e por isso mesmo de importância decisiva nas transformações sofridas pelo aspecto exterior do planeta. Pode embelezar a Terra mas pode também desfeá-la; segundo o estado social e os costumes de cada povo, ora contribui para degradar a natureza ora para transfigurá-la (POIRIER, 1998, p. 25).

A concepção de educação como processo construtivo e permanente compõe um elemento fundamental para a formação de professores, pois forma a base de um profissional de qualquer profissão. O profissional de Geografia, seja, na área de licenciatura ou bacharelado tem na formação continuada uma meta constante, atitude esta que vai minimizar o processo de “analfabetismo geográfico”8.

8Os norte-americanos criaram nos anos 1960, a expressão “analfabetismo geográfico” (geographic illiteracy).

VESENTINI, José William. Repensando a geografia escolar para o século XXI. São Paulo: Plêiade, 2009. p. 80.

Nessas rápidas e competitivas mudanças provocadas pela globalização, os países não se inserem de forma homogênea no processo econômico. O modo de produção capitalista cresceu de tal forma que “ser competitivo neste mundo globalizado dos nossos dias também passa por conhecer Geografia, conhecer o mundo, os demais países, continentes e mercados regionais, e até mesmo os nossos problemas e potenciais” (VESENTINI, 2009, p. 72).

Hoje, na escola fala-se muito da dificuldade de aprendizagem. Muitas vezes, apesar de avançar nas etapas o aluno pouco aprende. Neste sentido como afirma Callai (2013, p. 38) “a escola pode ser um lugar para aprender a pensar, para aprender a dominar e manejar instrumentos da tecnologia, para exercitar um pensamento crítico, para construir referenciais capazes de fazer esta leitura do mundo da vida”. Para entender o processo de globalização a escola é um espaço privilegiado. Pode constituir-se em espaço\tempo de reflexão critica sobre a realidade.

O conhecimento insere-se aos conhecimentos geográficos. Hoje se reconhece a pertinência dos conhecimentos geográficos. Brasil (2006, p. 56) afirma que:

A Geografia que se quer ensinar para o ensino Médio deve ser pensada no sentido de formar um cidadão que conheça os diferentes fenômenos geográficos da atualidade tendo em vista o processo de globalização e suas rupturas, dadas pela resistência dos movimentos sociais e as contradições inerentes ao sistema capitalista, além de privilegiar os diferentes cenários e atores sociais, políticos e econômicos em diferentes momentos históricos.

Para a Geografia ser compreendida em suas possibilidades pedagógicas é necessário o seu reconhecimento no espaço escolar. É preciso afirmar-se a construção e preservação de sua identidade disciplinar, de busca e abertura para as mudanças, tão importantes na compreensão e na organização do espaço, hoje, caracterizado por mudanças cada vez mais rápidas.

A Geografia como disciplina e conteúdo de ensino nas escolas carece ter reconhecimento de sua importância social. Pensar a Geografia como disciplina presente nas escolas é importante, permite ao aluno ascender à compreensão do espaço natural e social.

Na compreensão e organização do espaço geográfico, é importante levar em conta as diversas realidades presentes na sociedade. Sobre o modo de abordar a Geografia no Ensino diz Azambuja (2010, p. 23): “Oportunizar espaço e tempo para a necessária relação das pessoas com o conhecimento é finalidade primeira da escola. O trabalho formativo de apropriação recriada do saber científico constitui a centralidade da instituição escolar”. E reitera que “uma educação libertadora precisa assumir essa qualidade, ou seja, realizar com competência o acesso às ferramentas culturais e cientificas da Humanidade” (Idem).

A Geografia na educação contribui para formação de consciência no que se refere ao homem e a compreensão do espaço. Assim pode colaborar, juntamente com outras ciências, na construção de uma sociedade melhor para nós e para outras gerações que virão.

O espanto diante da falta de conhecimento geográfico presente em estudantes de educação básica, em universitários e em toda população em relação aos outros países, fez com que os Estados Unidos optassem pela renovação e mais investimentos no ensino da Geografia. Vesentini (2009, p. 74-75) destaca três aspectos:

Primeiro, um motivo geopolítico e geoeconômico: o fato de os Estados Unidos, desde pelo menos os anos 1970, estarem perdendo terreno em termos internacionais (econômicos e mesmo estratégico-militares) em favor do maior crescimento relativo de outros Estados: Japão, países da Europa, os “tigres asiáticos” e, mais recentemente, a China e a Índia. As autoridades do país – e logicamente os seus assessores, em especial aqueles que pensam o papel do país no mundo: geopolíticos, militares e estrategistas, determinados economistas etc. – enxergaram que uma das principais fraquezas dos Estados Unidos era o seu sistema escolar precário em comparação com aqueles outros países. Dentro desse sistema escolar relativamente atrasado, um dos aspectos destacados – embora não o único – foi a quase total ausência de um verdadeiro ensino da Geografia.

No primeiro aspecto, os Estados Unidos veem o mundo aproximando-se das opiniões políticas que até então eram deles. O crescimento econômico das diversas instituições financeiras e também das empresas transnacionais que globalizaram a economia, colocam nações de grande tradição política e econômica numa aproximação com países que, hoje, estão emergindo para o cenário econômico de forma competitiva. Vesentini (2009, p. 75) acrescenta:

Em segundo lugar, tivemos a campanha, iniciada desde pelo menos os anos 1960, promovida pela mídia norte-americana e que contou com grande apoio e suporte das associações de geógrafos e professores de Geografia daquele país, contra o “analfabetismo geográfico” no seio da população em geral e até dos estudantes universitários. Essa campanha foi intensa e contínua, tendo ocasionado uma percepção na opinião pública – e todo Estado democrático é sensível a ela! – que o norte-americano não deveria ser tão ignorante em Geografia.

Nos Estados Unidos, a partir do segundo fator apresentado por Vesentini, ou seja, a participação dos professores e outros profissionais da educação no empenho e desejo de mudança no modo de conceber o ensino da Geografia, fez com que o ensino da disciplina começasse a resolver a situação da falta de conhecimento da população americana. Confirma- se, assim, a importância do conhecimento na relação global, no desenvolvimento cultural e econômico de qualquer nação.

No terceiro fator citado por Vesentini (2009), refere-se ao envolvimento das autoridades governamentais na luta contra o analfabetismo geográfico. Para os Estados Unidos que perceberam a falta de conhecimento geográfico nas escolas e entre a população, ficou clara a decisão por renovação do ensino de Geografia. Segundo Vesentini (2009, p. 77):

Nos Estados Unidos os Standards (os parâmetros curriculares) da disciplina Geografia foram totalmente reformulados para se introduzir novos temas diferentes dos tradicionais: globalização, geopolítica, desigualdades internacionais e inter- regionais, urbanização, problemas ambientais, civilizações, problemas demográficos etc.).

Não se pode abandonar a Geografia ou um modo de conceber a Geografia, no Brasil ou em qualquer outra parte do mundo, só por que em outro contexto histórico, a ciência geográfica foi “usada para a guerra”. O modo de conceber a Geografia não perde a sua finalidade por causa de seu uso intencional em um dado momento da histórica. Fica difícil para a Geografia ou qualquer outra disciplina ser eficiente no processo global sendo entendida de forma inadequada. “A globalização afeta a praticamente a todos na atualidade, com maior ou menor intensidade” (VESENTINI, 2009, p. 79). E continua, “e não existe mais nenhum lugar ou região que não dependa do mundial, do global, sendo este último mais do que a mera soma dos inúmeros lugares” (Idem).

A Geografia no Brasil, assim como muitas ciências, deve ter uma ampla compreensão dos ramos que a compõem para que não haja divergências desnecessárias para o crescimento dessa ciência, do mundo das licenciaturas e dos bacharelados. Na França, associações de geógrafos e professores,

se encaram como inimigas e possuem concepções diversas do que seria Geografia: ora uma ciência humana, ora uma geociência (logo, uma ciência natural), ou às vezes até uma espécie de ramo das matemáticas ou das engenharias (para algumas mais ligadas aos SIGs9 e à cartografia) (VESENTINI, 2009, p. 76).

Com acentuadas disputas a geografia corre o risco, no Brasil e em qualquer parte do mundo, de ficar desarticulada. “Transmitem para a sociedade a imagem de uma ciência e de uma disciplina escolar que não sabe ao certo o que é ou qual é a sua utilidade, que não conseguem, enfim, ter um mínimo de coesão ou mesmo de coerência” (VESENTINI, 2009, p. 76).

A defasagem ou equívoco no ensino da Geografia causam prejuízos para o conhecimento e para a compreensão do espaço. Estudar a Geografia de forma fragmentada, negligenciando a sua participação na construção e na formação escolar, faz com que o aluno construa um conhecimento geográfico abreviado. Consequentemente, obterá uma formação defasada em relação à Geografia. Assim, a escola que oferece essa formação restrita corre o risco de formar “analfabetos geográficos”, sabendo que a dificuldade educacional é uma realidade no Brasil e no mundo.

Mas ainda caímos na falta de condição para trabalhar os inúmeros conhecimentos geográficos, caracterizando assim o que chamamos de analfabetismo funcional, ou seja, uma aparente aprovação nas escolas e uma real reprovação na compreensão do mundo educativo.

Não se pode conceber ou entender o processo educativo da geografia desvinculado de uma reflexão social. Segundo Vesentini (2004, p. 227-228):

A Geografia escolar crítica vai muito além desses avanços que ocorreram na Geografia tradicional – embora os assimilando à sua maneira – e preocupa-se basicamente com o desenvolvimento da autonomia, da criatividade e da Criticidade educando, com' a cidadania, afinal, que é ao mesmo tempo o resultado e a condição da existência de cidadãos ativos e participantes, isto é, que questionam a realidade e (re) constroem os direitos democráticos ou direitos do homem (inclusive os direitos das minorias e o direito de ser diferente), direitos esses que hoje tendem a se expandir para abarcar os não humanos (as árvores, os animais).

Entendo que o pensamento geográfico na educação deva ser “a Geografia crítica escolar, portanto, não consiste na mera reprodução nas escolas elementar e média daquilo que foi anteriormente elaborado pela produção universitária crítica” (VESENTINI, 2004, p. 227). O processo educacional não pode ser simplesmente compreendido como um exercício de certeza, até porque alunos e professores não vão necessariamente corresponder, de modo uniforme, ao que se é proposto no processo de ensino e aprendizagem. “Isso até pode ocorrer, mas não é – e nunca foi – o essencial ou mesmo a regra geral. O fundamental é levar em conta a realidade dos alunos e os problemas de sua época e lugar” (Idem). Aprendemos de modo social. Se não pensarmos a escola de modo social, em vão serão os nossos esforços para renovar o modo de ensinar e aprender na escola.

Portanto, um ensino crítico da Geografia não se limita a uma renovação do conteúdo - com a incorporação de novos temas/problemas, normalmente ligados às lutas sociais: relações de gênero, ênfase na participação do cidadão/morador e não no planejamento, compreensão das desigualdades e das exclusões, dos direitos sociais (inclusive os do consumidor), da questão ambiental e das lutas ecológicas etc. (VESENTINI, 2004, p. 228).

Pensar a Geografia escolar crítica significa “combate aos preconceitos; ênfase na ética, no respeito aos direitos alheios e às diferenças; sociabilidade e inteligência emocional e habilidades (raciocínio, aplicação/elaboração de conceitos, capacidade de observação e de crítica etc.)” (VESENTINI, 2004, p. 228). Assim a escola pode contribui na compreensão da realidade através do estudo crítico em sala de aula.

Para o estudo da Geografia nas escolas é importante considerar alguns critérios quanto

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