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3 ECONOMIC VALUE ADDED COMO SISTEMA DE AVALIAÇÃO DO

3.2 GESTÃO BASEADA EM VALOR

A Gestão Baseada no Valor tem como foco principal aumentar o valor da organização. Para tanto, os colaboradores desde a presidência até o chão de fábrica devem se mobilizar para este objetivo.

Segundo Young e O’byrne (2003), a Gestão Baseada em Valor cria uma atmosfera mental na organização na qual todos aprendem a priorizar as decisões de acordo com a influência destas no valor da organização. Dessa forma, todos os processos e sistemas mais relevantes da organização devem estar orientados à criação de valor.

Para Copeland, Koller e Murrin (2002), a prioridade da VBM não deve ser o método, mas sim a mudança na cultura da empresa. A Gestão Baseada em Valor é um processo interativo designado para aperfeiçoar as decisões estratégicas e operacionais da organização com foco nos seus direcionadores de valor.

Young e O’byrne (2003) ainda afirmam que todos os processos e sistemas mais importantes da empresa devem estar orientados à criação de valor e que um programa amplo de Gestão Baseada em Valor deve considerar os seguintes elementos: planejamento estratégico; alocação de capital; orçamentos operacionais; mensuração do desempenho; recompensa salarial dos administradores; comunicação interna e comunicação externa.

A Figura 14 ilustra o princípio da criação de valor na VBM.

Retorno sobre o capital

2 - Neutralização do valor

1- Criação do valor

Custo do capital

3 - Destruição do valor

FIGURA 14. Gestão Baseada no Valor Fonte: Adaptado de Souza Filho (2007).

Por meio da observação da Figura 14, pode-se concluir que a Gestão Baseada em Valor ostenta que ocorre criação de valor quando a organização obtém um resultado que

seja suficiente para cobrir os custos operacionais e o custo do capital e ocorre destruição de valor quando esse resultado não for suficiente para cobrir esses custos.

Para Assaf Neto (2010), na implantação da VBM, as empresas devem desenvolver e utilizar estratégias financeiras diferenciadoras que possuam vínculo com direcionadores de valor adequados a elas. Ainda, de acordo com esse autor, capacidades diferenciadoras são estratégias para as empresas atuarem com diferenciação em relação aos concorrentes, assumindo uma vantagem competitiva e maior agregação de valor. Os Quadros 11 e 12 apresentam as capacidades diferenciadoras e de estratégias financeiras para a criação de valor e seu vínculo com os objetivos estratégicos da empresa.

QUADRO 11. Capacidades diferenciadoras e direcionadores de valor. CAPACIDADE

DIFERENCIADORA OBJETIVO ESTRATÉGICO DIRECIONADORES DE VALOR

Relações de Negócios

Conhecer a capacidade de relacionamento da empresa com o mercado financeiro, fornecedores, clientes e empregados, como fundamento diferenciador do sucesso empresarial.

Fidelidade dos clientes; satisfação dos empregados; atendimento dos fornecedores; alternativas de financiamento.

Conhecimento do Negócio

Ter a visão ampla da empresa a sinergia do negócio. Visa o efetivo conhecimento de suas oportunidades e mais eficientes estratégias de agregar valor.

Necessidade dos clientes; dimensão e potencial do mercado; ganhos de escala; ganhos de eficiência operacionais.

Qualidade

Desenvolver o produto que o consumidor deseja adquirir pelo preço que se mostra disposto a pagar.

Preço de venda mais baixo; produtos de maior giro; medidas de redução de custos; satisfação dos clientes com novos produtos.

Inovação

Atuar com vantagem competitiva em mercado

de forte concorrência, criando alternativas inovadoras no atendimento, distribuição, vendas, produção etc.

Rapidez no atendimento; redução de falta de estoque; tempo de produção; valor da marca; tempo de lançamento de novos produtos.

Fonte: Assaf Neto (2010).

QUADRO 12. Estratégias financeiras e direcionadores de valor. ESTRATÉGIAS FINANCEIRAS OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DIRECIONADORES DE VALOR Operacionais

Maximizar a eficiência das decisões operacionais, estabelecendo políticas de preços, compras, vendas e estoques etc., voltadas para criar valor.

Crescimento de vendas; prazos operacionais de cobranças e pagamentos; giro dos estoques; margem de lucros.

Financiamento

Por meio das decisões de financiamento, minimizar o custo de capital da empresa promovendo o incremento de valor.

Estrutura de capital; custo do capital próprio; custo do capital de terceiro; risco financeiro.

Investimento

Implementar estratégias de investimentos voltadas para agregar valor, por meio da obtenção de uma taxa de retorno maior que o custo de capital.

Investimento de capital de giro; investimento em capital fixo; oportunidade de investimento; análise de giro x margem; risco operacional.

Nesse sentido, Assaf Neto (2010), afirma que uma empresa somente demonstra capacidade de continuidade se, por meio de estratégias diferenciadoras, for capaz de executar uma gestão mais eficaz, atuando com vantagem competitiva.

Esse autor ainda faz as seguintes considerações em relação à criação do valor. Ele observa que:

a) criar valor para uma empresa ultrapassa o objetivo de cobrir os custos explícitos identificados nas vendas. A criação de valor deve incorporar a remuneração do custo de oportunidade do capital investido, não cotejado pela contabilidade tradicional;

b) o lucro somente garante a continuidade de um empreendimento se conseguir, pelo menos, igualar-se ao custo de oportunidade do capital investido;

c) a adoção da VBM, e não do lucro, permite que se identifique os ativos que destroem valor, ou seja, que são incapazes de remunerar os capitais que lastreiam o investimento.

No entanto, para Young e O’byrne (2003), às vezes a VBM é criticada por não considerar outras partes interessadas que não sejam os acionistas. Há evidências, entretanto, de que empresas de boa reputação em termos de qualidade do produto e serviço, que possuem capacidade de atrair, desenvolver e reter pessoas talentosas e que tem responsabilidade junto à comunidade e ao meio ambiente tendem a apresentar desempenho acima da média do mercado. Sendo assim, empresas geram valor para o acionista apenas quando elas produzem valor para todos os stakeholders.

Pode-se concluir por meio dos conceitos apresentados, que a VBM é um modelo de gestão que tem como principal objetivo orientar o processo decisório para a criação de valor para o acionista. Para tanto, primeiramente é necessário que todos os membros da organização passem a ter uma nova postura e procurem gerir por meio de alternativas que maximizem valor da organização.