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3 ECONOMIC VALUE ADDED COMO SISTEMA DE AVALIAÇÃO DO

3.3 INDICADORES DE DESEMPENHO FINANCEIRO

Young e O’byrne (2003, p.260) destacam fatores compartilhados por quase todas as empresas que adotam sistemas eficazes de medição de desempenho. Essas empresas:

a) estabelecem claramente uma visão estratégica consistente com o objetivo de criar valor;

b) selecionam indicadores-chave de desempenho que são relacionados com visão estratégica;

c) permitem que os indicadores evoluam com o tempo, à medida que mudam as condições e prioridades estratégicas;

d) vinculam os indicadores-chave aos planos de recompensa dos administradores, tanto para os gerentes seniores como para aqueles que ocupam posições de gestão nos níveis inferiores da organização;

e) implantam planos formais de comunicação para dar suporte aos indicadores e para reforçar o uso dessas medidas, uma vez que tenham sido adotadas;

f) atribuem um responsável, denominado de dono, para cada indicador;

g) restringem à 20, ou menos, o número total de indicadores comunicados à alta administração; e

h) comunicam os indicadores-chaves pelo menos em uma base trimestral, preferencialmente em uma base mensal (ou até mesmo com periodicidade menor, quando a tecnologia de informação permitir).

Segundo Weissenrieder (1997), a evolução dos indicadores de desempenho financeiros se divide em dois períodos distintos, antes e depois do surgimento do EVA. Antes do EVA, os indicadores mais utilizados para a análise eram a lucratividade, retorno sobre o investimento (do inglês, Return on Investiment – ROI), retorno sobre o patrimônio líquido (do inglês Return on Equity – ROE), lucro residual, dentre outros. Após o advento do EVA, surgiram novos indicadores de desempenho, como: Valor de Caixa Adicionado (do inglês,

Cash Value Added – CVA), Retorno Total para o Acionista (do inglês, Total Shareholder Return – TSR), Valor Adicionado para o Acionista (do inglês, Shareholder Value Added –

SVA), Valor Econômico Adicionado Refinado (do inglês, Refined Economic Value Added – REVA), EVA Ajustado (do inglês, Adjusted EVA – AEVA) e Retorno do Investimento do Fluxo de Caixa (do inglês, Cash Flow Return of investiment – CFROI).

Segundo Araújo (2002, p. 66), “com relação às medidas de desempenho, necessário se faz a distinção entre os indicadores conhecidos como tradicionais e os indicadores estruturados no conceito de valor.” Dentre os indicadores tradicionais, Martins (2001) comenta alguns, como: Resultado de Exercício; ROI; ROE; Retorno Operacional sobre o Investimento; e RI.

O resultado do exercício está totalmente ligado às normas e aos princípios contábeis. Ele também não considera o risco em sua análise e não tem ligação com a criação

de riqueza ao acionista, o que pode ser considerado como um fator negativo do indicador. O retorno sobre o investimento mensura a eficiência das operações em gerar lucros a partir de seus ativos. Um conceito mais refinado desse indicador é fornecido por Atkinson (2000). Na ótica desse autor, o ROI é o cálculo que relaciona a lucro de uma empresa com o investimento exigido para gerá-lo. Sua fórmula é descrita como margem operacional multiplicada pelo giro do ativo total. Como principal vantagem pode-se citar a facilidade do cálculo. Isso que motiva os gestores a prestarem atenção ao relacionamento entre vendas, despesas e investimentos, favorecendo a análise da margem de contribuição do investimento.

O ROE relaciona o ganho obtido pelos sócios sobre o patrimônio líquido. Sua fórmula consiste em relacionar o lucro ao investimento feito pelos sócios (Patrimônio Líquido). Sua vantagem é que permite ao proprietário observar a eficiência da gestão dos recursos próprios e de terceiros.

Em suma, o ROI mede o desempenho global dos recursos aplicados na empresa e o ROE mede a rentabilidade dos seus recursos investidos pelos sócios. O principal ponto negativo desses dois indicadores é que ambos não levam em consideração o custo do capital próprio. Dessa forma, o resultado é influenciado diretamente pela composição da estrutura de capital da empresa e não necessariamente pelo desempenho de suas atividades operacionais.

De acordo com Martins (2001), o retorno operacional sobre o investimento indica quanto os ativos estão produzindo de retorno. Esse indicador demonstra superioridade em relação ao indicador retorno sobre o investimento quando da exclusão de despesas financeiras sobre o capital de terceiros. Essa forma propicia o conhecimento de quanto os ativos (investimentos totais, independentemente de fonte de financiamento) estão produzindo de retorno e também pode ser desdobrada em margem de giro.

Ainda de acordo com esse autor, o lucro residual pode ser entendido como os recursos gerados pela entidade que sobram após a dedução dos juros reais aplicados sobre o capital investido pelos sócios.

No que diz respeito aos Indicadores Baseados em Valor5, Araújo (2002) afirma que na concepção de técnicas modernas de gestão financeira, as medidas de desempenho tradicionais cedem espaço para ferramentas mais arrojadas. Na verdade, verifica-se o refinamento de técnicas já existentes e a busca pela eficácia do sistema de gestão. Nesse

contexto, a Gestão Baseada em Valor prioriza a maximização do valor da empresa e para tanto se utiliza de técnicas e processos gerenciais orientados para tal premissa.

Segundo Araújo (2002), os Indicadores de Desempenho Baseados em Valor mais usuais no mundo empresarial são: Retorno do Investimento do Fluxo de Caixa (do inglês, Cash Flow Return on Investment – CFROI); Valor Adicionado para o Acionista (do inglês, Shareholder Value Added – SVA); EVA Ajustado (do inglês, Adjusted Economic

Value Added – AEVA); Valor Econômico Adicionado Refinado (do inglês, Refined Economic Value Added – REVA); Valor Econômico Adicionado (do inglês, Economic Value Added –

EVA) e Valor de Mercado Adicionado (do inglês, Market Value Added – MVA).

De acordo com Martins (2001), o CFROI é um produto oferecido pela Boston

Consulting Group e sua métrica é bem parecida com a Taxa Interna de Retorno, que converte

os dados de probabilidade em fluxos de caixa brutos. Dois são os processos: o primeiro consiste em mensurar e ajustar o fluxo de caixa pela inflação e compará-lo com o investimento corrigido, realizados pelos proprietários do capital; e o segundo versa sobre a utilização do índice apurado no primeiro processo com uma taxa interna de retorno. O CFROI pode ajudar na comparação de empresas com composição de ativos diferentes.

Para Rappaport (2001), o SVA estrutura-se no desconto de fluxos de caixa futuros a valor presente, calculando assim o valor da empresa. Enquanto o valor para o acionista caracteriza o valor econômico absoluto resultante do cenário previsto. O SVA aborda as mudanças no valor ao longo do período de previsão.

Segundo Araújo (2002), a ênfase do AEVA é utilizar o valor corrente de ativos substituindo o valor contábil. No REVA, utiliza-se o valor de mercado da firma do período anterior substituindo o valor contábil. Os dois indicadores adotam o fluxo de caixa ressaltando que os procedimentos norteadores de tais procedimentos são por demais complexos.

Para Stewart III (2005), de forma resumida, o MVA é a diferença entre o valor de mercado da empresa (valor das ações da empresa comercializada na bolsa de valores) e o valor nominal do capital empregado (valor do registro contábil do patrimônio).

Ainda segundo esse autor, o EVA é uma medida de renda residual que subtrai o custo de capital dos lucros operacionais gerados no negócio, ou seja, é o resultado operacional após o imposto de renda menos o total do custo anual do capital

Dentre os Indicadores de Desempenho Baseados em Valor, o que mais se destaca é o EVA, pois sua essência é de fácil entendimento e a métrica é simples, facilitando sua aplicação nas organizações. De acordo com Assaf Neto (2010, p.161), “o conceito de

avaliar o desempenho da empresa”.

Rappaport (2001, p.17) é categórico ao afirmar que, “nos próximos dez anos, o valor para o acionista mais do que provavelmente se tornará o padrão global para medir o desempenho das empresas”.

Segundo Araújo (2002), as principais vantagens dos Indicadores de desempenho Baseados em Valor são:

a) linguagem conceitual simplificada;

b) não implica em ruptura, mas sim agregação de conceitos;

c) um único instrumento atende a vários interesses. O EVA pode ser utilizado para análise de desempenho interno da organização, análise de investimento e análise de mercado;

d) apura o resultado que remunera realmente todos os acionistas stakeholders envolvidos levando em conta o risco e

e) Benchmarking quando usado para análise externa.

Diante deste contexto, neste estudo foi utilizado o EVA como Indicador de Desempenho Baseada em Valor. Esse indicador de desempenho será detalhado na próxima seção do trabalho.