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gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;

Relato 11 F (Coordenador das creches) Depois de almoçarem fazem o horário do descanso, nesse período

VIII- gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - 1996 estabeleceu em seu artigo 64 a “formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional básica” deve ser realizada “em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critérios da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional”.

Através desse artigo temos englobada a orientação para a formação de gestores, sem

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei nº 9394/96

Art. 14 - Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I- participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II- participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

129 grande aprofundamento e clareza.

Pazzeto e Wittmann (2001) analisam que tanto a Constituição de 1988 quanto a LDB 9394/1996 regulamentaram as formas de participação da comunidade na escola e ao mesmo tempo em que possibilitaram a ampliação dos princípios democráticos, engessaram as formas de autonomia escolar.

Martins (2001) também explicita que falar em “gestão democrática” muitas vezes é fazer menção, a delegação de tarefas, retomada de normas e a prática de uma autonomia monitorada, que são atribuídas como parte do trabalho dos profissionais da educação, portanto, cristalizando a possibilidade de vivência do princípio da autonomia e da participação.

Quando focamos o Plano Nacional de Educação (PNE) - Lei n 10.172/2001, vemos que ele corresponde as indicações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/1996), apoiando a criação dos Conselhos Municipais de Educação e prevendo a gestão democrática.

O Plano Nacional de Educação de 2001 estabelece em seu Título V- Magistério da Educação Básica, item 10 – Formação dos professores e Valorização do Magistério, algumas diretrizes para a formação de profissionais da educação e sua valorização, sendo abordada como meta a vivência da gestão democrática.

PNE/ 2001: Título V- Magistério da Educação Básica

Os cursos de formação deverão obedecer, em quaisquer de seus níveis e modalidades, aos seguintes princípios:

a) sólida formação teórica nos conteúdos específicos a serem ensinados na Educação Básica, bem como nos conteúdos especificamente pedagógicos;

b) ampla formação cultural;

c) atividade docente como foco formativo;

d) contato com a realidade escolar desde o inicio ate o final do curso, integrando a teoria e a prática pedagógica;

e) pesquisa com principio formativo

f) domínio das novas tecnologias de comunicação e da informação e capacidade; para integrá-las á pratica do magistério;

g) análise dos temas atuais da sociedade, da cultura e da economia;

h) inclusão das questões relativas a educação dos alunos com necessidades especiais e das questões de gênero e de etnia nos programas de formação;

i) trabalho coletivo interdisciplinar

j) vivência, durante o curso, de formas de gestão democrática do ensino; k) desenvolvimento do compromisso social e político do magistério; e

l) conhecimento e aplicação das diretrizes curriculares nacionais dos níveis e modalidades da educação básica.

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Ainda no Plano Nacional de educação, a gestão democrática é retomada no Título V, item 11.2:

Finalmente, no exercício de sua autonomia, cada sistema de ensino há de implementar gestão democrática. Em nível de gestão de sistema na forma de Conselhos de Educação que reúnam competências técnica representativa dos diversos sistemas educacionais, em nível das unidades escolares, por meio da formação de conselhos escolares de que participe a comunidade educacional e formas de escolha da direção escolar que associem a garantia da competência ao compromisso com a proposta pedagógica emanada dos conselhos escolares e a representatividade e liderança dos gestores escolares.

Ao prever a gestão democrática está se prevendo a participação da população por meio da participação em conselhos escolares ou equivalentes, pensando na articulação escola - famílias e a comunidade, visando a integração da sociedade com a escola, por meio de sua participação.

Enfim, as previsões/metas são indicadas, mas o como são viabilizadas no cotidiano escolar, e quais são as práticas de gestão que vemos nas escolas?

- Como os gestores educacionais visualizam seu trabalho e revelam o seu fazer no cotidiano educacional.

Guedes (2004) retoma a importância de pensarmos a escola em seu cotidiano com suas realidades e contraditoriedades.

A riqueza da prática administrativa cotidiana em que ocorrem as tomadas de decisão revela interesses, responsabilidades, percepções individuais sobre a didática e demonstra que a administração é ela própria um processo pedagógico, já que é centrado no convencimento e na compreensão pelo incentivo da inteligência de cada um (GUEDES, 2004, p.544).

Neste sentido, esta pesquisa investiga as práticas de gestão relatadas pelos gestores educacionais que participaram de um curso de especialização em Gestão Escolar no período de 2007-2009, buscando extrair de seus relatos sobre seu cotidiano de trabalho a riqueza desta prática administrativa e pedagógica, desvelando os véus que cobrem a realidade das escolas de Educação Infantil e revelando suas especificidades.

Tendo como parâmetro um cenário legal que tem como norte a gestão democrática, devemos analisar como as pessoas compreendem esse termo e retomar as posições apresentadas por Leite e Hypólito (2011) principalmente quando nos relembram que

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convivemos com diferentes modos de gestão escolar e estes muitas vezes são anunciados como democráticos quando na realidade apresentam práticas que revelam concepções conservadoras ou apresentam ações que se distanciam do ideário democrático.

O fato da gestão democrática da educação ter sido alcançada como dispositivo legal e constitucional, por si só, isto não garante que esta se efetive na prática, pois ela pode ser reinterpretada, perdendo, seguidamente, o sentido original dado pelos seus proponentes. Assim, entende‐se que a democratização da gestão escolar, é algo mais próximo daquilo que resulta dos embates em torno de seus significados e das formas como os preceitos legais e suas políticas são constituídos nos diferentes contextos (LEITE; HYPÓLITO, 2011, p.536).

Além disso, Mendonça (2000) nos chama a atenção para o fato de que muitas vezes a participação é controlada e a autonomia operacional, gerando no mundo econômico trabalhadores com ações racionalizadas e demarcadas conforme os objetivos da organização.

Dentro da mesma lógica devemos analisar a gestão da educação: a participação

controlada e a autonomia operacional levam os que nela atuam a viverem uma situação de possível ilusão de que deliberam (MENDONÇA, 2000, p.72).

Processos de concessão de autonomia controlada e de descentralização de responsabilidades sem a contrapartida das condições materiais objetivas podem ser, contraditoriamente, parte de um quadro de centralização e controle dirigidos por um Estado apenas operacionalizador e legitimador de decisões tomadas fora de seu âmbito. Se assim o for, a gestão democrática do ensino público, para ser consequente com seus objetivos proclamados, precisará ser uma prática de resistência (MENDONÇA, 2000, p 72).

Ao analisar os relatos elaborados pelos gestores educacionais sujeitos desta pesquisa, será possível visualizar as diversas perspectivas que os mesmos constroem sob seu trabalho como gestores bem como suas concepções de gestão e de participação que tem norteado as práticas.

De forma geral, ao olhar para o registro realizado pelo gestor em forma de Primeiro Relato é possível perceber o movimento da escola, a visão de educação e o projeto que guia as ações vivenciadas em seu cotidiano educacional. Essas singularidades serão tratadas no próximo capítulo, onde o foco está na análise dos relatos até então mencionados.

133 C

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O conselho tecido na substância viva da existência tem um nome: sabedoria. A arte de narrar está definhando porque a sabedoria - o lado épico da verdade - está em extinção. (Benjamin, 1994, p.200-201)

Após a leitura dos relatos nos quais os gestores focam o seu dia na escola iniciamos a busca e mapeamento de pontos comuns que se revelaram presentes em sua diversidade, pontuando momentos, percepções, contextos, enfim, singularidades na forma de abordar o contexto vivenciado na Educação Infantil enquanto gestores educacionais.

Num primeiro momento a busca por essas singularidades presentes na diversidade dos relatos se deu por meio de palavras-chaves 44, que nos permitiram balizar e pensar em agrupamentos por tópicos, sendo estes constituídos pela especificidade do assunto a que se referem e funcionando como indicadores das formas de expressão e percepção do trabalho educacional dos gestores ligados a Educação Infantil.

Os tópicos construídos a partir das palavras-chaves levantadas foram:

 Etapa educacional – indicando os termos utilizados pelos gestores que fazem menção ou ao menos nos permite relacioná-los com um determinado contexto educacional. Como o recorte dessa pesquisa são os relatos produzidos por sujeitos ligado a educação infantil, é interessante observar as terminologias utilizadas para demarcar o local de trabalho;

 Coletivo – esse termo é utilizado, pois ao longo dos relatos os gestores apresentam o trabalho realizado na escola referindo-se a coletividade presente neste contexto e expressando através de diferentes expressões “o sentido” de coletivo;

 Atividade – esse termo foi escolhido por indicar o movimento presente no cotidiano das escolas de educação infantil, assim, neste tópico estão presentes palavras que indicam as ações que possuem regularidade, ou seja, permeiam a gestão das escolas de educação infantil segundo seus gestores;

 Habitual – imerso neste tópico estão palavras que designam objetos presentes na escola, sendo estes concretos como “planilha” ou abstratos como “vaga”, mas que

44 Constituíram-se como palavras-chaves aquelas que apresentaram maior número de incidência ao longo do

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nos remetem a contextos de trabalho que fazem parte da rotina dos gestores, bem como parte do movimento escolar;

 Encargo – neste contexto concentram-se palavras utilizadas pelos gestores para expressar suas ações, suas atribuições revelando neste momento formas de visualizar sua atuação como profissionais da educação que ocupam cargos na área da Gestão Educacional.

Apresentamos a seguir o agrupamento dos tópicos construídos a partir do mapeamento realizado nos relatos indicando em cada tópico as palavras que o constituem e a freqüência com que apareceram nos relatos analisados.

Figura: Diagrama de contextos vivenciados pelos gestores educacionais – O trabalho do gestor

educacional: concepções, cenários e práticas – FE/Unicamp, 2012 – Palavras e número de ocorrências

Coletivo Grupo - 144 Conselho - 26 Comunidade - 47 Família - 78 Pais – 244 Mães -55 Responsáveis -24 União – 04 Crianças – 692 Profissionais – 48 Professoras – 483 Professor - 65 Educadoras – 39 Educador - 18 Educadores - 52 Monitoras – 80 Monitores - 35 Encargo Responsabilidades – 23 Tarefas - 53 Trabalho - 315 Problemas -128 Conflitos -11 Planejamento - 57 Ocupações - 02 Rotina - 110 Movimento - 28 Administrativo -18 Pedagógico -96 Encaminhamentos - 23 Burocrático - 17 Providências -18 Decisões - 14 Contagem – 06 Cargo – 14 Função – 31 Práticas - 48 Atividade Coordenação - 14 Integração - 06 Reunião -181 Educação – 261 Cuidados - 26 Avaliação -37 Discutir – 07 Conversar - 54 Comprar - 15 Organizar – 57 Acompanhar – 34 Orientar - 05 Educar – 06 Cuidar – 06 Metas - 10 Objetivos - 46 Habitual Planilha - 06 Balancete - 05 Matriculas - 29 Freqüências - 19 Prestaçãode contas - 03 Diário oficial - 04 Telefone -51 Vaga - 85 Processo - 51 Comunicado - 18 Cardápio - 16 Tempo - 108 Conta-Escola - 05 Verbas – 06 Registro - 72 Secretaria - 153