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Capítulo 3 – O bairro e a rádio

4.3. Repensando a(s) identidade(s)

4.3.1. Giddens e a reflexividade moderna

Giddens se posiciona neste debate a partir da perspectiva de que a atual natureza da modernidade apresenta um grau de complexidade bem mais acentuado em relação ao surgimento das instituições modernas e da própria sociologia como ferramenta de compreensão do social. Entender as formas institucionais presentes faz parte de um processo de reflexividade das ciências sociais, através do qual o uso do conhecimento adquirido permite reorganizar os símbolos, dando a estes outros significados possíveis e permitindo, de certa forma, organizar o futuro se apropriando do passado.

Noài te io àdoà ueàeleà aià ha a àdeà ode idadeà alta àouà ta dia ,àasài stituiç esà apresentam uma dinâmica que abalam hábitos e costumes tradicionais e que, por sua vez, alcançam dimensões globais. No entanto, Giddens (2002,p. 09) observa que tais mudanças têm alcance não apenas ao nível da extensão e da nova reordenação das estruturas da so iedade,à asàasàt a sfo aç esài t oduzidasàpelasài stituiç esà ode asàseàe t elaça à deà a ei aàdi etaà o àaà idaài di idualàe,àpo ta to,à o àoàeu .à

O atual momento histórico da era moderna aciona, segundo Giddens (2002, p. 09), dois extremos que se interligam e que são fundamentais para se entender a identidade atual e te,à ouà seja,à asà influencias globalizantes de um lado e disposições pessoais de out o .à áà glo alizaç oà seà ap ese taà o oà u à fe e oà dial ti oà o deà osà doisà p los,à oà global e o local, imprimem mudanças consideráveis em aspectos íntimos da vida pessoal. Para o autor (idem, p.20), ela seria o resultado do distanciamento entre tempo e espaço p ese ça-aus ia;à e e tosà eà elaç esà so iaisà à dista ia à o à o te tualidadesà lo ais à etc.). Giddens se empenha em estudar os novos mecanismos de identidade formados pelas instituições modernas, mas, pensados em termos de uma relação dialética em que tais mecanismos também são conformadores das instituições.

Através de esquemas abstratos, o autor procura compreender o caráter dinâmico da vida social moderna. É assim que enumera três elementos que para ele são essenciais: 1) separação de tempo e espaço; 2) o desencaixe das instituições sociais e 3) a reflexividade.

●àOà eu ,àpa aàGidde s,à à istoà o oàu àp ojetoà efle i o.àáà is oàdoàsujeitoà o oà efle i oà permite pensar na vasta gama de possibilidades de interação possíveis e os múltiplos tipos de relação social que estão abertos aos sujeitos;

●à Oà eu à t sà o sigoà uma trajetória permitindo que o indivíduo organize o futuro se apropriando do passado através de um repertório de experiências vividas que são

pe ei adas à otidia a e te;

●à Oà i di íduoà est à se p eà seà i daga doà o à pe gu tasà feitasà o s ie te e te.à Estaà autointerrogação, que se dá na busca de se saber o que está acontecendo, dá-se em intervalos regulares e faz parte da reflexividade do sujeito moderno;

●à áà efle i idadeà doà euà seà este deà aoà o poà eagi doà ati a e teà aoà i sà deà seà po ta à passivo;

●à Pa aà Giddens (idem, p. ,à aà auto ealizaç oà à e te didaà e à te osà deà u à e uilí ioà e t eàopo tu idadeàeà is o .àPo àsuaà ez,àoà u soàdeà idaà àu aàs ieàdeàpassage sàe à ueà todas elas pressupõem perdas e ganhos. As perdas precisariam passar pelo luto para que a autorealização seja possível.

Gidde sà ha aà aà ate ç oà ai daà pa aà oà ueà de o i aà deà su gi e toà daà políti a- ida ,àouàseja,àaàpolíti aàdeàestiloàdeà ida.àPa aàele,àoàeuàe à eioàaà o flitosàeàpe didoà aà fragmentação da vida não está separado da esfera política. Pelo contrário, o autor (idem, p. à afi aà ueà osà te asà osà uaisà dese ol euà e à elaç oà aà ide tidadeà ode aà te à implicações políticas, e mais que isso, são importantes para uma reconstrução de empreendimentos políticos e de problemas fundamentais nestaàfaseàdeàaltaà ode idade .à

Assim, a política-vida diz respeito a uma nova forma de agir politicamente, não hierarquizada, que afeta diretamente a auto-identidade do indivíduo.

Refere-se a questões políticas que fluem a partir do processo de auto-realização em contextos pós-tradicionais, onde influências globalizantes penetram profundamente no projeto reflexivo do eu e, inversamente, onde os processos de auto-realização influenciam as estratégias globais. (GIDDENS, 2002, p. 197)

Segundo essa perspectiva, a política-vida seria um estilo de agir/intervir politicamente que estaria mais em conformidade com o momento atual da modernidade tardia. Pressupõe-se assim uma postura frente a questões políticas que se diferencia do tipo de ação exigida pelo que Giddens chama de política emancipatória.

Esta, por sua vez, precede a política-vida e exigia, segundo Giddens (idem, pp. 198- ,à aà li e taç oà daà idaà so ialà dasà a a asà daà t adiç oà eà doà ostu e;à eduç oà ouà eliminação da exploração, desigualdade ou opressão; Interesse na distribuição de poder/recursos; obedece a imperativos sugeridos pela ética da justiça, da desigualdade e da pa ti ipaç o .à E à si to iaà o à aà di i aà daà ode idadeà eà asà id iasà deà e a ipaç oà humana, a política emancipatória foi o tipo de política que deu alicerce a movimentos e lutas coletivas como o estudantil e o feminista.

Tanto a política emancipatória como a política-vida pressupõe formas de agir e intervir na sociedade. Mas, bem mais que isso, pressupõem um estilo de vida em sintonia com os padrões morais de cada época histórica em que surgem, seja na modernidade ou na modernidade tardia.