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3.3 Grupos de Interesse

3.3.1 Grupo de Interesse 1: Órgãos Governamentais

Em um primeiro momento, foram realizadas entrevistas junto ao SEBRAE, MAPA, INPI, APEX representada pelo IBRAVIN e EMBRAPA UVA E VINHO para compreender em detalhes os processos de criação e registro das marcas compartilhadas (indicação geográfica, marca coletiva e marca setorial), assim como para obter junto a estes órgãos listagens e informações (dados secundários). As entrevistas com o Grupo de Interesse 1 foram realizadas no mês de outubro de 2014, em Belo Horizonte (MG) durante o Seminário Internacional de Indicações Geográficas e Marcas Coletivas e as informações obtidas estão consolidadas no Referencial Teórico, pois serviram de subsídio para o entendimento acerca das IGs, Marcas Coletivas e Marcas Setoriais. As entrevistas do IBRAVIN e da EMBRAPA Uva e Vinho foram realizadas em maio de 2015 na cidade de Bento Gonçalves (RS). Os relatos tiveram duração média de 40 minutos.

Os documentos analisados como dados secundários foram normas, leis, relatórios encontrados junto aos órgãos governamentais. No roteiro – Apêndice A – constaram questionamentos, tais como: Forma de estruturação dos projetos, Dados e informações sobre estes setores; Quais empresas que fazem parte destas marcas; Como se dá o processo de registro, Como funcionam os projetos setoriais; o que os órgãos governamentais esperam da marca compartilhada em relação à VCS. Assim, tem-se:

- SEBRAE – realiza estudos e diagnósticos, apoiando na demarcação da área e nos levantamentos históricos que comprovam a notoriedade da região vinculada ao produto para pedido de IG junto ao INPI. Funciona como um instrumento de aproximação entre os institutos tecnológicos e as micro e pequenas empresas, com o objetivo de incentivar a inovação nos pequenos negócios e aumentar a competitividade e a produtividade. Trabalha associado às informações e mapeamentos realizados pelo IBGE (SEBRAE, 2014). O contato com o SEBRAE possibilitou o entendimento das IGs e Marcas Coletivas no cenário nacional, a partir do apoio que é dado pelo SEBRAE aos pequenos produtores que se interessam em constituir uma IG ou uma marca coletiva. Com o SEBRAE tem-se a promoção de eventos como o Seminário Internacional de Indicações Geográficas e Marcas Coletivas, no qual os mais diversos produtores que já obtiveram registros podem se encontrar e debater a temática, aprimorando seus conhecimentos e esforços para o progresso de tais ações. Com o SEBRAE tem-se ainda a organização e apoio ao projeto de uma IG e o lançamento do catálogo das Indicações Geográficas Brasileiras, documento que permite o entendimento global destas práticas no Brasil. Para a tese, o SEBRAE contribuiu com estas informações tanto do Seminário quanto do Catálogo e a experiência de acompanhar o processo das IGs e marcas coletivas.

- MAPA – O MAPA realiza a inspeção de produtos vegetais e animais e concede os registros antes da comercialização dos produtos. Possui a Câmara Setorial Viticultura, vinhos e derivados que é o agrupamento de representantes dos organismos públicos e privados, que compõem os elos de uma cadeia produtiva do agronegócio. Atuam como foro consultivo na identificação de oportunidades ao desenvolvimento das cadeias produtivas, definindo ações prioritárias de interesse comum, visando à atuação sistêmica e integrada dos diferentes segmentos produtivos. Tem por finalidade propor, apoiar e acompanhar ações para o desenvolvimento das atividades das cadeias produtivas do agronegócio brasileiro (MAPA, 2014). Para a tese, o MAPA contribuiu com o entendimento inicial de como se dá o processo

para o pedido de uma IG, sob o prisma da liberação e aprovação dos produtos e o potencial dos mesmos para se tornar uma IG.

- INPI - órgão governamental responsável por analisar os processos de pedidos de indicação geográfica (indicação de procedência e denominação de origem) e marcas coletivas, realizando os trâmites legais para o registro ou o arquivamento do processo (INPI, 2014).O contato com o INPI possibilitou, para a tese, o entendimento dos conceitos de IG e Marca Coletiva e as diferenças existentes entre estas duas modalidades, bem como o processo destes registros no Brasil, de acordo com a legislação vigente, como todos os trâmites legais, documentação e adequação dos produtores para os pedidos de IGs ou de marcas coletivas, de acordo com cada caso específico.

- APEX/IBRAVIN - em 2011, a APEX apoiou a participação de empresas brasileiras em 977 eventos realizados no Brasil e exterior. As ações beneficiaram 12.403 empresas, responsáveis por 15,46% da pauta exportadora do país. Praticamente todos os setores da economia brasileira encontram suporte junto à APEX. Atualmente são desenvolvidos 65 Projetos Setoriais em parceria com entidades representativas que podem ser vistos no ANEXO B. Assim sendo, a APEX representa uma importante fonte de informações e contribuiu para o estudo desta tese no entendimento do conceito de marca setorial, nas informações sobre os projetos setoriais desenvolvidos e nas ações traçadas para auxiliar diversos setores da economia brasileira na exportação de seus produtos e serviços (APEX, 2014).O Wines of Brasil é um projeto setorial desenvolvido pelo IBRAVIN em parceria com a APEX.

- EMBRAPA Uva e Vinho – também denominada Centro de Pesquisa Nacional da Uva e Vinho – é uma unidade da EMBRAPA que desenvolve ações de pesquisa com uva, vinho, maçã e outras frutas de clima temperado como pêssego e mirtilo. É a pioneira no tema das indicações geográficas no Brasil, ao estimular o desenvolvimento das pesquisas no setor de vinhos. Em 1995, teve início o primeiro projeto para atender a demanda dos produtores da região do Vale dos Vinhedos, que se tornou a primeira IG. brasileira. O projeto das IGs registradas e em andamento no setor de vinhos foram coordenadas pela EMBRAPA Uva e Vinho. (EMBRAPA, 2014; O4). As informações coletadas junto à EMBRAPA Uva e Vinho serviram para a tese no sentido do entendimento da história da uva e vinho no Rio Grande do Sul e o desenrolar dos avanços agrícolas e de vinificação nas últimas décadas na região. Além

disto, possibilitou a visão dos especialistas da EMBRAPA em relação à temática das marcas compartilhadas e a Vantagem Competitiva Sustentável.

A relevância da pesquisa, junto a estes órgãos governamentais, está no fato de que as IGs acontecem por meio do trabalho integrado destes órgãos, pois o produtor em regime de associação busca apoio do SEBRAE para os estudos de viabilidade de uma IG, que devem ser pautados pela liberação e aprovação do MAPA. Para o setor de vinhos as pesquisas e o acompanhamento do projeto de IG é realizado pela EMBRAPA Uva e Vinho. Além disto, conta-se com o trabalho do INPI para a análise dos pedidos e registros tanto das IGs quanto das Marcas Coletivas. E, por fim, a APEX apoia o empresariado principalmente em projetos que visem à exportação dos produtos brasileiros e o fomento das Marcas Setoriais.

O Quadro 7 apresenta este grupo de interesse (Órgãos Governamentais). Para a codificação dos sujeitos foi utilizada a seguinte terminologia padrão “O” para representar os integrantes deste Grupo seguido pela numeração de acordo com a ordem que as entrevistas foram realizadas. Ressalta-se que SEBRAE, MAPA e INPI não possuem forma de identificação no Quadro 7 porque as informações já estão consolidadas junto ao Referencial Teórico da tese. Quadro 7 - Grupos de Interesse – Órgãos Governamentais

Órgãos Governamentais

Cargos Forma de identificação dos

entrevistados nos resultados SEBRAE Responsável pela Unidade de Acesso

à Inovação e Tecnologia

MAPA Chefe da Divisão/DPDAG/SFA-RJ

INPI Diretor de Marcas

Coord. do grupo de marcas coletivas e marcas de certificação

Coord. do grupo de marcas coletivas e marcas de certificação

IBRAVIN Analista de Promoção O1

Analista de Promoção O2

Analista de Promoção O3

EMBRAPA UVA E VINHO Especialista e Pesquisador O4

Fonte: Elaborado pela autora

Nesta fase foram 9 entrevistas com SEBRAE, MAPA,INPI, IBRAVIN e EMBRAPA Uva e Vinho. Estas entrevistas trouxeram um conhecimento panorâmico sobre as marcas compartilhadas, forneceram dados secundários, contatos e caminhos para o entendimento dos

conceitos praticados e da estruturação para o planejamento da fase de coleta com os Grupos de Interesse 2 e 3. Ressalta-se que após estas entrevistas a pesquisadora manteve contato com a equipe do grupo de marcas coletivas e de certificação do INPI, complementando estas primeiras entrevistas com dados, sanando dúvidas e aprofundando na temática das IGs e Marcas Coletivas, por meio telefônico e eletrônico.