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2. DIMENSÃO PESSOAL

2.2. E XPECTATIVAS E IMPACTO COM O CONTEXTO DE ESTÁGIO

2.2.3. Grupo de Educação Física

Do Grupo de EF, contava com um grupo de partilha, acreditando na ideia de Nóvoa (2009, p.214), segundo o qual os novos modos de profissionalidade docente implicam um reforço das dimensões coletivas e colaborativas, do trabalho em equipa, da intervenção conjunta nos projetos educativos de escola: a constituição de “comunidades de prática”.

Conhecendo parte dos professores que constituem este grupo, esperávamos também continuar a aprender com eles, neste novo contexto em que fomos seus pares. A promoção deste diálogo foi certamente útil no sentido de entendermos a dinâmica que animava a escola no que diz respeito às aulas de EF: quais os hábitos da escola? Que matérias podem ser abordadas em

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que espaços? Como estruturar as aulas em função do espaço que nos é atribuído? Como é que o material disponível influencia quer a estrutura da aula quer a seleção das situações de aprendizagem?

No sentido de partilha e entreajuda, os professores do grupo mostraram- se sempre muito disponíveis, tendo uma relação muito particular com o professor responsável pelo clube de Badminton com quem debatia algumas dúvidas sobre o ensino de diferentes modalidades e sobre a carreira docente.

Este relatório retrata um EP que decorreu num tempo definido. Por isso, procedemos também a uma caraterização da profissão docente que vive tempos de crise. Segundo Sá-Chaves (2002) a fase que vivem os professores não tem uma denominação, revelando a complexidade dos seus problemas, identificando como indicadores da crise da profissão docente a reduzida eficácia (face à atual explosão e natureza dos conhecimentos; expansão e massificação do ensino), a desvalorização social (desgaste da imagem do professor e do seu tradicional papel de autoridade nas questões de ensino), a diminuição de autoestima e do bem-estar docente.

Não só pelas greves realizadas, o mal-estar docente foi muitas vezes visível ao longo do ano letivo, sendo um problema quando interfere nas práticas dos professores. Julgando que o ponto de viragem destes tempos negativos terá de ser uma revolução, acreditámos que os professores terão um papel fundamental como líderes da juventude.

Correndo o risco de sermos injustos, concecionámos o professor como o herói dos nossos tempos, este tem de servir de exemplo.

Ao contrário de transmitir uma mensagem de desespero, revolta contra o governo, de saque constante,... o professor tem de se situar, e fazer viver os valores espirituais de solidariedade, partilha, e entreajuda. Em vez de reclamar mais ou menos dinheiro, o professor tem de fazer os alunos valorizarem as pequenas coisas da vida. Em vez de fomentar o ódio pelo poder político, o professor tem de fazer ver aos alunos que o amor pelo próximo é a base da construção de uma sociedade mais solidária e justa.

Como alunos, nunca tivemos uma imagem muito positiva dos professores de EF, sendo que sempre acreditámos que poderíamos

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acrescentar muito no ensino desta área disciplinar aos nossos alunos. Lembrámo-nos dos sentimentos antagónicos que tínhamos nas aulas, quase como uma relação amor ódio, em que adorávamos a área disciplinar (o seu objeto: jogar, competir, correr, lançar, saltar, ganhar, ...) mas não gostávamos nada da forma como as aulas decorriam pois não éramos corrigidos, os professores não explicavam o modo de realização das habilidades nem as histórias apaixonantes como aparecem as várias modalidades desportivas,... Enquanto alunos, o desporto estava mais presente no recreio escolar que propriamente nas aulas de EF.

Tani (2011) refere que em termos profissionais, o professor de EF é muitas vezes desvalorizado, sendo entendido como um simples executante, resultando esta imagem da formação proporcionada que prepara profissionais de perfis indefinidos e sem orientação face à sua prática profissional.

A respeito da importância do grupo na formação de professores, Nóvoa (1992b) refere a importância da formação que valoriza a dimensão coletiva na emancipação profissional e estabilização de um ofício que adquiriu autonomia na construção dos seus conhecimentos e valores.

Confrontando a realidade, verificámos que, como nos restantes ramos profissionais, em todos os sítios, encontrámos bons e maus profissionais. Considerámos importante incluir esta reflexão no relatório, pois como Pacheco & Flores (1999) explicam, a experiência como aluno (professores que viu em ação) faz emergir na formação enquanto professor um modelo de comportamento profissional que aceita ou nega.

Positivamente, destacamos aqueles professores que participavam mais ativamente nas reuniões de grupo, se debruçaram sobre os problemas comuns ao grupo (roulement,...), tinham uma prática organizada (ex: na avaliação realizar registos,...), e que influenciavam mais os seus alunos, desenvolvendo uma relação consoante as caraterísticas do grupo com que se deparavam.

Negativamente, evidenciamos o professor que sistematicamente desenvolve uma “prática livre” nas aulas; aquele que após iniciar uma dada atividade, abandona o grupo e vai conversar ou sentar-se no banco sueco, indiferente; o professor que não coopera no grupo, não marcando presença

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nas reuniões e nas atividades de grupo; aquele que faz da preparação física o porta-estandarte da EF.

A convivência com exemplos que considerámos positivos e negativos foi importante para aprender, respetivamente, por modelação e por oposição.

Nóvoa (2002) defende a importância da promoção de aprendizagem entre os pares, do debate e da discussão, não se reduzindo esta estratégia a uma simples cooperação, mas à possibilidade de fomentar uma cultura profissional e do professor integrar os seus princípios no grupo.

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