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CAPÍTULO 3 – PLANO METODOLÓGICO

3.3.2 Grupos de trabalho

Nesta investigação, ao nível das metodologias de ensino, enfatizou-se o trabalho dos alunos em pequenos grupos, tendo como objectivo proporcionar um ambiente de aprendizagem tendo por base a teoria construtivista e colaborativa.

Assim, a turma, constituída por vinte e um alunos, organizou-se em pequenos grupos, dos quais nove pares e um grupo de três alunos. A distribuição dos alunos não foi ao acaso, tendo-se procurado formar grupos homogéneos e heterogéneos quanto ao seu nível de desempenho em Matemática. Consequentemente, três grupos eram constituídos por bons alunos, quatro grupos por um bom aluno e outro médio, dois grupos por dois alunos médios e um grupo de alunos com fraco aproveitamento a Matemática.

A opção pelo trabalho em pares deveu-se aos seguintes aspectos: a) a valorização da troca de ideias e da inter-ajuda na resolução das tarefas, que eram novas para os alunos; b) a valorização do confronto de opiniões sobre os resultados obtidos; c) o reduzido número de computadores disponíveis na escola; e d) o estudo das respostas e comportamento dos alunos.

Esta metodologia de trabalho é apoiada por vários autores, nomeadamente Ponte (1997), que considera que trabalhar em pequeno grupo possibilita aos alunos apresentar as suas ideias, escutar os seus colegas, questionar, debater estratégias e soluções, argumentar e criticar.

Também, no mesmo sentido, Varandas (1999) refere que com o trabalho em grupo se pode criar assim o ambiente propício à troca de ideias, confronto de opiniões e argumentos, onde o receio de ―arriscar‖ conjecturas é relativamente reduzido. As interacções conduzem a um trabalho mais rico, pois os alunos desenvolvem grande parte da actividade em colaboração, partilhando o seu pensamento matemático (as ideias de um são aproveitadas pelos outros e vice-versa), para dar continuidade ao trabalho (p. 2).

Esta forma de trabalhar proporciona ao professor um contacto mais próximo e directo com os alunos, de forma a tirar partido das suas características e promover a sua socialização (NCTM, 1991).

Neste contexto, Ponte (2001) salienta a importância da cooperação entre os elementos do grupo na medida em que enriquece a qualidade do resultado final e as divergências de pontos de vista provocam a discussão e troca intensa de opiniões até se chegar a um consenso.

―O trabalho em pequenos grupos pode contribuir para que os alunos se tornem mais independentes no processo de aprendizagem‖ (NCTM, 1991, p. 80) e ―são particularmente úteis nos primeiros anos para avaliar a integração do conhecimento matemático dos alunos‖ (p. 243).

Todos os grupos que participaram no presente estudo demonstraram sempre muito interesse, entusiasmo e responsabilidade em todas as tarefas propostas.

Para cada grupo foi criada uma pasta no computador para gravar todos os trabalhos realizados ao longo das sessões. Para tal, no final de cada sessão, a investigadora procedia à gravação dos procedimentos e imagens produzidos pelos alunos.

3.4. Métodos e instrumentos de recolha de dados

A recolha de dados foi realizada nas aulas de Matemática, da turma do 2.º ano, onde os alunos procederam ao estudo da Geometria com recurso à linguagem de programação LOGO.

O presente trabalho teve como finalidade central estudar o processo de construção, as propriedades e a aplicação de figuras geométricas (quadrado, rectângulo e triângulo), e analisar as atitudes/reacções dos alunos face ao método de ensino-aprendizagem de noções básicas de Geometria utilizando a linguagem LOGO.

A problemática em questão conduziu, neste caso, a optar por uma metodologia de natureza predominantemente qualitativa, pois pretendeu-se observar, descrever e interpretar os processos desenvolvidos pelos alunos. Por outro lado, como todas estas acções acontecem em tempo real e num ambiente natural de sala de aula, permitem ao investigador ainda intervir nesse desenvolvimento.

Bogdan e Biklen (1994) consideram que a pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contacto directo do investigador com a situação onde os fenómenos ocorrem e são influenciados pelo seu contexto. Nesta perspectiva, estes autores enunciam cinco características principais da investigação qualitativa:

(1) a recolha de dados em ―ambiente natural‖, sendo o investigador o ―instrumento principal‖ dessa recolha;

(2) a natureza descritiva dos dados recolhidos;

(3) a preferência pelos processos, o ―como‖, em preterição dos resultados ou produtos;

(4) a análise indutiva dos dados;

Nesta investigação, de índole qualitativa, o objecto de estudo caracteriza-se pelas intenções e situações, ou seja, baseia-se em pesquisar as ideias, em descobrir significados nas acções individuais e nas interacções sociais dos alunos (Pacheco, 1993). Em consequência, nesta investigação educativa, fundamentada nos paradigmas interpretativo e descritivo, privilegiam-se os seguintes métodos de recolha de dados: observações, documentos e entrevistas (Bogdan & Biklen, 1994; Goetz & LeCompte, 1998; Lüdke & André 1986; Guba & Lincoln, 1994; Patton, 1990; Yin, 1988).

Nesta perspectiva, prevaleceu a observação como a principal fonte de recolha de dados do nosso estudo, sob a forma de observação participante, uma vez que a investigadora foi também um sujeito activo durante toda a intervenção, permitindo, desta forma, uma aproximação do investigador aos significados que os sujeitos atribuem às suas acções e ao contexto que os rodeia (Bogdan & Biklen, 1994). Durante a observação foram tomadas também notas de campo sobre aspectos considerados relevantes para o estudo em questão.

Por outro lado, com o objectivo de obter dados relevantes sobre a construção de conhecimentos e de detectar possíveis dificuldades na realização das tarefas, complementou-se a recolha de dados com os documentos produzidos pelos alunos. Neste caso, para evitar perder informação, à medida que os alunos iam progredindo nas suas tarefas, a investigadora procedia à gravação dos programas que efectuavam.

O teste (anexo 3) foi outro dos instrumentos de recolha de dados utilizado, e focou-se na avaliação dos conhecimentos que os alunos tinham inicialmente sobre as figuras geométricas (quadrado, rectângulo, triângulo), assim como na sua progressão com intervenção de ensino.

Por conseguinte, aplicou-se aos alunos intervenientes no estudo um teste antes da utilização da linguagem LOGO, em 12/05/2008, com o objectivo de identificar os seus conhecimentos prévios relativamente às figuras geométricas em questão. Mais tarde, em 18/06/2008, imediatamente após a conclusão da implementação da experiência, passou-se novamente o teste, para avaliar em que medida a intervenção de ensino, centrada na utilização da linguagem LOGO, tinha alterado os conhecimentos dos alunos.

A recolha de dados decorreu durante o horário normal da turma, nas aulas da disciplina de Matemática. A intervenção didáctica teve início na segunda semana de Maio e os alunos tiveram todos os dias da semana uma sessão destinada à aprendizagem de conceitos

geométricos com recurso à linguagem de programação LOGO, com a duração de 45 minutos por sessão, perfazendo um total de vinte e três sessões.